google.com, pub-8049697581559549, DIRECT, f08c47fec0942fa0 VIDA NATURAL: CULTIVO ORGÂNICO DO GENGIBRE (Resumo)

ANUCIOS

quinta-feira, 10 de outubro de 2019

CULTIVO ORGÂNICO DO GENGIBRE (Resumo)



CULTIVO ORGÂNICO DO GENGIBRE 

INTRODUÇÃO
A produção de alimentos orgânicos não significa apenas substitui insumos sintéticos por insumos orgânicos no manejo dos cultivos que se pretende fazer. Representa muito mais que isso. Subentende-se cumprir princípios no âmbito da Agroecologia, que envolve os aspectos ecológicos produtivos da cultura por meio da aplicação dos conceitos da agricultura orgânica, os aspectos socioeconômicos, culturais e políticos, como por exemplo, a proteção dos direitos dos agricultores ao livre acesso as sementes, a participação de jovens e mulheres na agricultura, a certificação dos produtos, para aumentar a confiabilidade no processo e alcancar a sustentabilidade num sentido amplo.
Este capitulo esta dividido em três seções distintas: ‘Princípios agroecológicos aplicados ao cultivo orgânico’, ‘Técnicas e praticas da agricultura orgânica’ e ‘Manejo organico da cultura do gengibre’, seções que se complementam para atingir a meta de produção organica de gengibre dentro dos princípios da Agroecologia. Para tanto, faz-se necessário o planejamento técnico do sistema produtivo, definindo as etapas necessárias para alcançar
esse proposito, de forma sustentável e eficaz.

Gengibre
     Acredita-se que o gengibre (Zingiber officinale Roscoe), também conhecido como gingibre, gengivre, mangarataia e mangaratiá, pertencente à família Zingiberaceae, seja originário da Índia e, posteriormente, introduzido em várias pares do mundo, em regiões de clima tropical e subtropical. Bem adaptada às regiões de clima quente e úmido do país, ocorre na faixa litorânea que vai do Amazonas a Santa Catarina. As principais áreas de cultivo estão no Espírito Santo, sul de São Paulo, Paraná e Santa Catarina. As raízes são ramificadas, carnosas, geralmente de cor amarela (Figura 1), sendo encontradas variedades de cor branca e azul. É uma planta herbácea, conhecida pelo homem há milênios como raiz comestível perene de sabor picante e parte aérea anual com folhas verdes-escuras, que pode atingir mais de um metro de altura (Figura 2). 



Figura 1. Raízes de gengibre


Figura 2. Lavoura de gengibre


Uso culinário, propriedades nutricionais e terapêuticas

     Os rizomas são utilizados na alimentação, na indústria de bebidas e como produto medicinal. O gengibre é uma raiz aromática, muito usada em condimentos e, que contém teores relevantes de niacina e ferro. O consumo pode ser in natura (em receitas de pratos doces e salgados), em forma de balas, óleo, pó, em conserva ou cristais (pequenos pedaços desidratados). O gengibre também tem uso na elaboração de licores e refrigerantes. Feito com cachaça, açúcar e especiarias, o quentão se distingue pelo sabor picante do gengibre, seu principal ingrediente. Por meio de destilação em corrente à vapor, pode ser extraído e empregado no processo de produção de perfumes, um óleo essencial que contém propriedades terapêuticas, como cafeno, felandreno, zingibereno e zingerona. No Japão é comum aplicar o produto durante massagens de coluna e articulações. Outra opção é consumi-lo em chás, bastando ferver 10g de gengibre descascado em 150 ml de água por 7 minutos, coar e beber. O chá de gengibre ajuda no tratamento contra gripe, tosse, resfriado e até ressaca. Há locutores e cantores que mastigam pequenos pedaços de gengibre para cuidar bem da voz. O gengibre em banhos e compressas quentes é indicado para aliviar os sintomas provocados por doenças como gota, artrite, dores de cabeça e da coluna, diminuindo inclusive o congestionamento nasal e cólicas menstruais.


     Os benefícios do gengibre à saúde humana são reconhecidos pela OMS - Organização Mundial da Saúde, especialmente quanto aos efeitos sobre o sistema digestivo. A OMS indica a hortaliça para evitar enjoos e náuseas. Mas a planta tem outras propriedades medicinais: O rizoma tem ação cicatrizante, desintoxicante, antialérgica, estimula o sistema imunológico e a produção de hormônios e, combate os radicais-livres. Com isso, protege contra gripes, resfriados, alivia os sintomas de tensão pré-menstrual, previne contra o envelhecimento e até desenvolvimento de câncer. A vitamina C da planta também ajuda a combater colesterol alto. Minerais como magnésio, selênio e zinco estão presentes nesse alimento, que faz bem para as articulações e ameniza sintomas de doenças como artrose. O gengibre é também considerado afrodisíaco, já que melhora a circulação sanguínea e ajuda contra disfunção erétil. 

     Para quem tem hipertensão grave, o gengibre não é recomendado, já que aumenta a pressão sanguínea. Pessoas com problemas de cálculos biliares ou que fazem uso de anticoagulantes também não devem consumir o gengibre. 


Cultivo
O clima tropical e subtropical, quente e úmido, com temperaturas entre 25 e 30ºC  favorece o cultivo de gengibre. A estação das chuvas é a indicada para iniciar o plantio de gengibre, em especial os meses de setembro a dezembro.
Cultivares: São encontradas diversas variedades de gengibre que recebem nomes regionais com variações quanto ao aspecto, conteúdo de fibras e de óleo, aroma e rendimento. No Brasil, a variedade mais cultivada é o “Gigante”, com melhor padrão comercial. Os clones regionais, geralmente, tem reduzido tamanho de raiz e pouca aceitação comercial. 

Propagação: O plantio é feito através de pedaços de raízes com 5 a 10 cm de comprimento, apresentando diversas gemas. Gasta-se, em média, de 3 a 4 t de raízes para o plantio de 1 ha. São usados como sementes, as raízes colhidas no mesmo ano, de preferência oriundas de lavouras que não sofreram ataque de doenças. Para acelerar a emergência das plantas no campo, recomenda-se induzir a brotação das raízes-sementes, antes do plantio, amontoando as raízes no campo, em camadas de 15 a 20 cm de altura e cobrindo com palha e, irrigando sobre a palha, diariamente, para mantê-las úmidas. Quando as brotações começarem a aparecer, as mudas estão no ponto ideal para o plantio.

Preparo do solo e plantio: O solo ideal é o argilo-arenoso, fértil, com pH entre 5,5 e 6,0 e boa drenagem. No preparo do solo deve-se eliminar os torrões muito grandes. O plantio do gengibre deve ser feito em sulcos com profundidade de 10 a 15 cm, dependendo do tamanho das raízes-sementes, 20 cm entre as plantas e 1,20 a 1,40 m entre as linhas. As raízes-sementes devem ser distribuídas ao longo dos sulcos posicionados transversalmente dentro do sulco, para que as novas brotações, cresçam perpendicularmente ao sulco, evitando que as raízes de uma planta entrelacem nos da planta vizinha e se partam na hora da colheita. Após estarem dispostos adequadamente, devem ser cobertos com uma camada de 5 a 10 cm de terra.

Adubação orgânica: recomenda-se adubar conforme a análise do solo e do adubo utilizado. Em geral, recomenda-se 15 t de composto orgânico por hectare, sendo aplicado de forma parcelada: 5 t/ha no plantio; 5 t na primeira cobertura, antes da primeira amontoa (90 dias) e 5 t/ha na segunda cobertura, antes da terceira amontoa.

Irrigação: durante períodos longos de seca, o gengibre deve ser irrigado. No entanto, excesso de umidade no solo pode apodrecer as raízes.

Capinas: A capina deve ser feita em faixas, eliminando-se com cuidado as plantas que crescem junto aos pés de gengibre, para não danificar as raízes. As plantas espontâneas (“mato”) que cresce entre as linhas de cultivo deve ser preservadas até iniciarem as amontoas. A partir desse momento não será mais possível preservar o mato nas entrelinhas devido a quantidade de terra exigida na amontoa. Por isso, devem ser planejados corredores de refúgio ao redor da lavoura ou em faixas de 20 em 20 m no interior da lavoura, com o objetivo de abrigar os inimigos naturais das pragas. 

Amontoa: é o chegamento de terra junto aos pés das plantas, de forma a recobrir as raízes que começam a aparecer na superfície. Essa operação deve ser feita de 3 a 4 vezes durante o ciclo do gengibre. Recomenda-se iniciar as amontoas quando as plantas estiverem com cerca de 30 cm de altura. Normalmente, as amontoas são realizadas aos 90, 120, 150 e 180 dias após o plantio. 

Adubação de cobertura: a 1ª adubação de cobertura é feita por ocasião da primeira amontoa e outra na terceira amontoa, ou seja, aos 90 e 150 dias após o plantio, respectivamente, de acordo com a análise do solo.

Manejo de pragas e doenças: Dentre as pragas, pode ocorrer a lagarta rosca (Agrotis ipsilon) que pode atacar as brotações cortando-a no colo da planta e os nematoides. A rotação de culturas com gramíneas e leguminosas é uma prática eficiente no manejo de pragas. Dentre as doenças pode ocorrer o ataque de fungos (Fusarium, Phoma e etc.). A escolha de raízes-sementes sadias para o plantio e a rotação de culturas, são medidas preventivas e eficientes no manejo destes fungos.


Colheita

     O ponto de colheita é indicado pelo amarelecimento e secamento das folhas e brotos. O gengibre deve ser colhido de 7 a 10 meses, o que ocorre entre junho e agosto. As raízes são extraídas da terra, manualmente, com enxada ou enxadão e lavadas cuidadosamente para evitar ferimentos, pois podem ser porta de entrada de patógenos. O uso de estrados de bambú para colocar as raízes, utilizando-se jatos d’água no próprio campo, é uma das formas simples de lavagem logo após a colheita






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