google.com, pub-8049697581559549, DIRECT, f08c47fec0942fa0 VIDA NATURAL: dezembro 2019

ANUCIOS

sábado, 28 de dezembro de 2019

Cultivo Orgânico de Alho-poró e Couve de Bruxelas



Alho-porró
O alho-porró (Allium porrum L.), de origem européia, pertence à família botânica das Amarilidáceas (anteriormente era tido como pertencente à família das Liliáceas). O alho-porró, também chamado de alho-francês, alho-macho e alho-poró (Figura 1), é bastante cultivado, especialmente na França e Inglaterra. No Brasil, especialmente no Sul, seu cultivo tende a ser feita em escala crescente, devido às condições favoráveis de clima e solo. Em vez de formar um bulbo arredondado, como a cebola, o alho-porró produz um longo cilindro de folhas encaixadas umas nas outras, esbranquiçadas na zona subterrânea, sendo esta a parte das folhas a mais utilizada na culinária, ainda que a parte verde também possa ser utilizada, por exemplo, em sopas. A planta é herbácea, tenra e bienal, produz talo e folhas no primeiro ano e a haste floral, flores e sementes no segundo ano. As folhas que são compridas e relativamente largas, possuem bainhas longas, que sobrepões umas às outras para forrar um falso caule, cilíndrico, também chamado talo; este, de 10 a 20 cm de comprimento e três a seis cm de diâmetro, tem a base dilatada em forma de bulbo. O sistema radicular é constituído por raízes fasciculadas, semelhantes ao alho comum.

Figura 1. Hortaliça-folhosa: alho-porró


Uso culinário e propriedades nutricionais e terapêuticas: Sua composição nutricional chama a atenção pelas baixas calorias. O alho-porró contém vitamina A, B, C e potássio, mas em pequenas concentrações. A sua principal característica, no entanto, é não conter enxofre em grande quantidade como é o caso da cebola. O alho-porró é útil em uma variedade de pratos, onde seu sabor, semelhante ao da cebola, é apreciado. Pode ser fervido e peneirado com batatas e servido como sopa. Pode-se também refogá-lo em caldo sem gordura para ser servido quente ou pincelar levemente com azeite de oliva e grelhá-lho para servir com legumes. As principais propriedades medicinais do alho-porró são: desinfetante, digestivo, diurético, estimulante, expectorante e laxante; combate a má digestão, melhorando o funcionamento dos rins e intestinos; previne a arteriosclerose, gripes e resfriados e, ainda descongestiona as vias respiratórias. No entanto, deve-se evitar em casos de úlceras e gastrites.

Cultivo: É considerada uma hortaliça de inverno, sendo necessário para o seu bom desenvolvimento, que as temperaturas médias mensais estejam entre 13 e 24ºC. É uma planta pouco tolerante à acidez do solo, preferindo solo com pH entre 6,0 e 6,8. O solo deve ser fértil, profundo com boa capacidade de retenção de umidade, rico em húmus e solto, para facilitar a operação de amontoa, a fim de haver o necessário branqueamento do talo. Para o plantio de um hectare, são necessários, aproximadamente, 700 g de sementes (1 g contém, em média, 400 sementes), no espaçamento de 0,5 m entre linhas por 0,15 m entre plantas. As sementes de alho-porró perdem o poder germinativo e o vigor rapidamente, porém, quando guardadas em latas hermeticamente fechadas e, em local fresco, conservam-se por mais tempo. Caso não seja utilizadas todas as sementes, recomenda-se guardá-las em saco plástico, tomando-se o cuidado de retirar o ar do mesmo, colocando-o na última gaveta da geladeira. São indicadas as seguintes variedades: Gigante-Musselburg, Gigante-de-carentan e Gigante americano. Tendo em vista que as sementes são muito pequenas, recomenda-se, após a semeadura, cobrir-se o solo com capim seco ou sombrite, retirando quando emergirem (6 a 8 dias), para evitar a formação de uma camada superficial dura no solo. As melhores mudas para o transplante devem estar com 10 a 15 cm de altura e com três a quatro folhas, geralmente aos 50 a 65 dias após a semeadura. O canteiro deve ser bem irrigado na ocasião do arrancamento das mudas para facilitar a operação. O sulco para o plantio definitivo deve ter 10 cm de profundidade. As capinas, as escarificações e amontoa são importantes, sendo esta última operação que consiste em chegar terra às plantas (amontoa), cerca de 30 dias antes da colheita (90/100 dias após o plantio), para proporcionar o necessário branqueamento e maciez do talo ou falso caule. A rotação de cultura deve ser feita com milho, arroz, tomate, repolho, etc. É interessante incluir uma leguminosa (adubo verde), na rotação de culturas, como crotalária ou feijão-de-porco, a qual será incorporada ao solo antes de florescer.

Colheita: a colheita se dá cinco a seis meses depois da semeadura, quando, então, as hastes têm de 2,5 a 4 cm de diâmetro. Deve-se cortar as hastes junto ao solo, lavando-as e retirando as folhas secas e, posteriormente amarrando-as em maços para a comercialização. Ao comprar alho-porró, prefira os mais finos, que são mais macios e, escolha os que têm a mesma proporção de parte verde e branca. O alho-porró pode ser conservado na geladeira, envolvido em um saco plástico por 3-4 dias.


Couve-de-bruxelas

A couve-de-bruxelas teve origem na Bélgica nos meados do séc. XVIII, tendo sido uma das ultimas variedades botânicas de Brassica oleracea a serem diferenciadas. É uma hortaliça-folhosa (Brassica oleracea, grupo Gemmifera) que lembra pequenos repolhos e por isso, também é chamada de repolhinho; pertence à família botânica das brássicas, a mesma da couve, repolho, couve-flor, brócolis, couve-rábano, nabo, agrião e rúcula. Ela tem a particularidade de crescer ao longo do talo da planta, que na época da colheita fica totalmente coberto pelos pequenos repolhos (Figura 2).

Figura 2. Hortaliça-folhosa: couve-de-bruxelas

Uso culinário e propriedades nutricionais e terapêuticas: Na cozinha a couve-de-bruxelas é usada de várias maneiras, principalmente recomendada como acompanhamento para carnes. Também pode ser usada no preparo de sopas, ensopados e cozidos. A couve-de-bruxelas é rica em sais minerais, principalmente fósforo e ferro. Contém vitaminas A e C, ambas importantes para os olhos e para a pele. Como tem poucas calorias, pode fazer parte das dietas de emagrecimento. Além disso, é rica em fibras de celulose, sendo recomendada para as pessoas que têm problemas intestinais.

Cultivo: A couve-de-bruxelas se desenvolve de forma semelhante às demais couves e ao repolho, necessitando de uma longa estação fria para o seu crescimento. Devido a sua exigência climática, em torno de 15 °C a 19 °C, nunca obteve uma disseminação muito grande na área produtiva. O solo para o cultivo deve ser bem drenado e rico em matéria orgânica. Solos mais arenosos são aconselháveis para plantas precoces e recomenda-se ajustar o pH do solo para 6,5 ou um pouco mais, quando se busca rendimentos maiores. A forma de propagação da cultura se dá por semente, entretanto a semeadura normalmente não é direta. Primeiramente é realizada a semeadura em sementeiras ou em bandejas de isopor para, posteriormente, efetuar-se o transplante. A época mais recomendada para a semeadura da couve-de-bruxelas é de fevereiro a junho, colocando-se em torno de 200 g de semente por ha, sendo que a germinação ocorre normalmente entre 5 a 7 dias. O transplante para o local definitivo deve ser realizado de preferência em dias nublados, quando as plantas atingirem em torno de 10 cm de altura. Recomenda-se utilizar o espaçamento de 80 cm entre linhas e 40 cm entre plantas, obtendo-se uma população de 31.000 plantas/ha. O desenvolvimento adequado e uma boa produção de couve-de-bruxelas estão diretamente relacionados com a época de semeadura, já que esta é uma cultura de clima frio e necessita de temperaturas adequadas durante 90 dias da germinação até a colheita. Temperaturas frias durante o desenvolvimento dos pequenos repolhos são importantes para sua qualidade e forma compacta. Para cultivos de verão recomenda-se procurar variedades resistentes ao calor, já que os pequenos repolhos que amadurecem em condições de altas temperaturas e umidade estão mais suscetíveis à doenças. Para o manejo de pragas e doenças da couve-de-bruxelas, recomenda-se seguir as orientações mencionadas no cultivo da couve (espécie da mesma família botânica e, por isso, possui pragas e doenças comuns), na matéria postada em 14/08/2012 neste blog (Cultivo orgânico de hortaliças-folhosas - Parte II). É importante lembrar que a rotação e consorciação de culturas, são práticas que devem ser realizadas antes e depois do plantio das brássicas, 

Colheita: deve ser realizada quando os pequenos repolhos apresentarem o tamanho adequado e consistência levemente firme, antes deles sepois ajudar a reduzir as pragas e doenças, além de outros benefícios. A rotação de culturas consiste em plantar um cultivo de uma espécie da família das brássicas e, depois de colher, plantar uma outra planta que não seja desta família como exemplo milho, tomate, cenoura, mucuna, crotalária, aveia e outras. Em outras palavras, não devemos plantar culturas sucessivas de repolho, couve, couve-de-bruxelas, brócolis ou substituir uma lavoura de repolho por couve-flor, brócolis ou couve-de-bruxelas e, assim por diante. Os primeiros repolhos próximos à base da planta ficam prontos para colheita, em torno de 3 meses após o transplante. Retiram-se as folhas abaixo dos repolhos maduros e, em seguida, é efetuada a colheita girando-se os até descolarem do caule. Os repolhos são colhidos à medida que amadurecem, usualmente a cada duas semanas de intervalo. A colheita se estende pelo período em que novos repolhos são formados e vão amadurecendo. A conservação dos repolhos é realizada em câmaras frias a uma temperatura de 0,0 °C a 1,2 °C e umidade relativa de 90% a 95%.





sábado, 21 de dezembro de 2019

Cultivo Orgânico de Couve e Rúcula



Couve
O cultivo de couve (Brassica oleracea L. variedade acephala), muito comum em todo o país é originária da costa do Mediterrâneo onde é cultivada desde antes de Cristo. Pertence à família botânica das brássicas, assim como o repolho, couve-flor , brócolis, couve-de-bruxelas, couve-rábano, rabanete, rúcula, agrião, mostarda e nabo.
Figura 1. Hortaliça-folhosa: Couve

Uso culinário e propriedades nutricionais: especialmente utilizada na culinária portuguesa e brasileira, a couve pode ser frita ou consumida crua. O modo tradicional de consumir couve é cozida. Para preservar as vitaminas A e C, deve-se cozinhá-la rapidamente com pouca água ou preferencialmente cozida no vapor, picada e refogada com outras hortaliças ou ainda cozida em caldo para uma deliciosa sopa. É excelente fonte de beta-caroteno, que o corpo humano transforma em vitamina A, vitamina C e E e, ainda boa fonte de ácido fólico, cálcio, ferro e potássio. Uma xícara de couve contém o dobro das necessidades diárias desses nutrientes. 

Outros nutrientes encontrados numa xícara de couve são: 5 mg de vitamina E, 30 microgramas de folato, 135 mg de cálcio, 2 mg de ferro e 450 mg de potássio. Também fornece mais de 1g de fibras com apenas 50 calorias, o que torna a couve um alimento muito nutritivo, altamente recomendado para quem se preocupa com o peso. Além disso, a couve contém mais ferro e cálcio do que qualquer outra folhosa; seu alto teor de vitamina C aumenta a capacidade de absorção destes minerais pelo organismo. Servir couve com molho de limão ou com outras frutas cítricas na mesma refeição acelera a absorção de ferro e cálcio. O suco de couve crua com limão, além de ser eficaz como remédio contra as lombrigas (parasitoses intestinais), é nutritivo e delicioso; Ingredientes: couve, 1 limão, água e açúcar a gosto. Como fazer: bata a couve com água e coe, esprema o limão e adoce a gosto.

Propriedades terapêuticas: Contém bioflavonóides e outras substâncias que protegem contra o câncer. Ela também contém indóis, compostos que podem diminuir o potencial cancerígeno do estrogênio e induzir a produção de enzimas que protegem contra doenças. A couve, por ser muito rica em cálcio, fósforo e ferro, favorece a formação e manutenção de ossos e dentes e a integridade do sangue. Contém ainda vitamina A, indispensável à boa visão e à saúde da pele e vitaminas do Complexo B, que tem por funções proteger a pele, evitar problemas do aparelho digestivo e do sistema nervoso. Esta hortaliça é ótima remineralizante para o organismo, laxante pela sua grande quantidade em fibras e, boa para a asma e bronquite. Além disso, a couve é muito boa para combater as enfermidades do fígado, como a icterícia e os cálculos biliares, assim como os cálculos renais, as hemorróidas, e as menstruações difíceis ou dolorosas. Em suco, é um tônico excelente, muito recomendado às crianças em fase de desenvolvimento. O caldo da couve cozida é indicado nas enfermidades da pele. A couve  também combate a artrite, desinfeta o intestino, cura as úlceras gástricas e dá ótimo resultado no combate à vermes. Em caso de febre, aplica-se à cabeça do enfermo cataplasma refrescante de folha de couve, que serve, também, para tratar feridas inflamadas. As folhas de couve cozidas ao vapor e aplicadas de hora em hora, em forma de cataplasma quente, são boas para combater a gota, a artrite, as dores reumáticas em geral, e as nevralgias. Também tiram a dor em casos de inflamação dos rins e do fígado. Mesmo cozidas, podem causar flatulência (gases intestinais).

Cultivo:  O cultivo é muito fácil. Para plantar é só lascar o galho de um pé maior de couve e que tenha uns brotinhos próximos das folhas; enterre este galho em uns 10 cm de terra, depois molhe pelo menos uma vez por dia. Dentro de pouco tempo ela brota e começa a sair mais folhas. A melhor época para o plantio vai de fevereiro a maio, mas pode ser cultivada o ano todo. A cultura não é exigente, mas prefere solos levemente argilosos, ricos em matéria orgânica, úmidos e drenados, com pH entre 6 e 6,8. Nas regiões de clima ameno (até 22º C) pode ser plantada o ano inteiro, sendo que nas demais regiões deve-se escolher o período de meses úmidos e de calor menos intenso, sendo portanto uma planta típica de outono e inverno. O meio mais fácil e rápido de propagação é feito por mudas destacadas do "pé-mãe"; essas mudas são brotos que nascem nas axilas das folhas, principalmente durante a época mais quente. Propaga-se também por sementes. Um grama de sementes fornece mudas para cerca de 50 m2. As variedades de couves mais conhecidas são: Manteiga verde lisa, Manteiga verde crespa, Manteiga roxa e Gigante. Dentre as variedades, as couves-manteiga são preferidas por serem mais tenras. Os principais tratos culturais são: capinas, desbrotas e condução da planta de modo a deixar as hastes crescerem livremente. Deve-se também observar que, quando já estiverem bem altas, há possibilidade de se fazer o corte do broto central, favorecendo assim, a formação de mudas. O período crítico de competição com as plantas espontâneas é de até 30 dias após o transplante. As capinas são feitas somente nas linhas de plantio, mantendo-se as plantas de cobertura ou ainda as plantas espontâneas nas entrelinhas. Quando necessário, deve-se roçar nas entrelinhas para evitar competição com a couve. A cobertura morta (palha de arroz, de milho, de feijão, capim-elefante e outros capins é outra alternativa para o manejo de plantas espontâneas, além de conservar a umidade no solo. As adubações de cobertura, se necessário, são feitas 15 a 20 dias após o transplante e 20 dias após a 1ª. Em sistema de produção orgânico equilibrado, não ocorre ataque de pragas e doenças. As principais pragas que podem causar danos às plantas são: as lagartas (Figura 2), traças e pulgões (Figura 3). No manejo das principais pragas, a traça (Plutella xylostella) e o curuquerê da couve (Ascia monuste orseis) recomenda-se, quando necessário, produtos à base de Bacillus thuringiensis, conhecido como dipel ou o preparado de sálvia (planta medicinal e aromática). Modo de preparar a sálvia: derramar 1 L de água fervente sobre 2 colheres (sopa) de folhas secas de sálvia; tampar o recipiente e deixá-lo em repouso durante 10 minutos (infusão). Agitar bem, filtrar e pulverizar imediatamente sobre as plantas para repelir a borboleta branca que coloca os ovos nas folhas das plantas cultivadas, originando as lagartas que comem as folhas. O chá de boldo, aplicado a cada dois dias, também repele as borboletas impedindo-as de colocar os ovos nas plantas. Se houver chuvas logo após a aplicação dos preparados de sálvia ou boldo, deve-se repetir a pulverização. Quando o ataque ocorre em apenas algumas plantas e, dependendo do tamanho da lavoura, a catação manual dos ovos e lagartas é uma prática eficiente. Para o manejo de pulgões, que surgem em condições de tempo seco e quente, recomenda-se diversos preparados à base de plantas (pimenta, alho, cebola, confrei , losna e coentro – ver matéria postada neste blog em 1/7/2010). Modo de preparar a pimenta: colocar num recipiente as pimentas, preferencialmente a malagueta e, em seguida, adicionar álcool até cobrí-las. Deixar em repouso por três dias. Pulverizar as plantas atacadas, utilizando uma colher de sopa do preparado para 1 L de água. Para evitar o odor da pimenta, pulverizar, no mínimo, até 12 dias antes da colheita. A irrigação por aspersão e os inimigos naturais (joaninha), reduzem a incidência de pulgões.
Figura 2. Ataque de lagartas na couve
Figura 3. Ataque de pulgões na folha de couve

As principais doenças são causadas pelos fungos (podridão mole e fusariose), mosaico e a bactéria (podridão negra). A podridão-negra (Xanthomonas campestris pv. Campestris) é causada por bactéria e a alternariose (Alternaria brassicae e A. brassicicola) provocadas por fungos; ocorrem em condições de tempo quente e úmido. Para estas doenças, deve-se fazer o controle preventivo. Entre as medidas, destacam-se: 1) na produção de mudas utilizar sementes sadias, semeadas em bandejas de isopor com substrato isento de doenças; 2) utilizar cultivares resistentes; 3) rotação e consorciação de culturas (Figuras 4 e 5); a rotação e consorciação de culturas com espécies de outras famílias botânicas (com excessão das brássicas), especialmente com adubos verdes, principalmente leguminosas é uma prática altamente recomendável pois além de diminuir as pragas e doenças, melhora a fertilidade do solo através da reciclagem de nutrientes, aumenta a matéria orgânica, fixa o nitrogênio do ar, abafa as plantas espontâneas, cobre o solo diminuindo a erosão e, ainda mantêm a umidade do solo e 4) eliminar restos de culturas anteriores de espécies pertencentes a mesma família botânica (brássicas). Caso necessário, recomenda-se a pulverização com calda bordalesa (0,5%); é importante lembrar que este fungicida é tolerado no cultivo orgânico, mas deve-se obedecer a carência que é de 7 dias entre a última aplicação e colheita das folhas.

Figura 4. Consórcio de couve com mucuna anã e crotalária: as leguminosas, além de melhorarem a fertilidade do solo, reciclando os nutrientes, fixam o nitrogênio do ar e ainda cobrem o solo, abafando as plantas espontâneas, evitando a erosão e mantendo a umidade no solo.
Figura 5. Consórcio de couve com coentro (hortaliça-condimento que atrai inimigos naturais das pragas que atacam as hortaliças)

Colheita: pode ser feita 50 dias após o plantio das mudas e 90 dias após a semeadura. Colhe-se praticamente o ano todo. Uma boa planta produz cerca de 4 a 5 kg de folhas por ano. A couve conserva-se em geladeira em boas condições por uma semana.


Rúcula
Nem todos gostam do sabor levemente 'ardido' da rúcula. Na culinária, o uso da rúcula (Figura 6) é um pouco restrito devido a seu sabor forte que elimina o dos outros alimentos. Mas é justamente essa característica que fez a hortaliça ganhar espaço no cardápio da população brasileira. Planta originária da região do Mediterrâneo e Europa, e conhecida desde a Antiguidade, a rúcula (Eruca sativus Mill.), também conhecida como mostarda persa, pertence à família das brássicas (repolho, couve, couve-flor, brócolis, nabo, agrião, mostarda e rabanete).
Figura 6. Hortaliça-folhosa: rúcula

Uso culinário e propriedades nutricionais e terapêuticas: é servida crua em saladas ou refogada e como ingrediente de tortas, massas e sanduíches; também é utilizada como cobertura de pizza, combinada com tomates secos e muçarela de búfala. A rúcula é um excelente complemento de refeições mais pesadas (ex.: carne de porco). Em feiras, supermercados e centrais de abastecimento, a hortaliça é vendida em maços, mas também há a opção de comprá-la limpa e embalada em grandes redes de varejo. Planta herbácea, tem folhas lisas de 12 a 16 cm de comprimento, macias, perfumadas e de sabor amargo. Seus brotos são comestíveis e muito saborosos. A rúcula é rica em proteínas e vitaminas A e C, com bom teor de cálcio e ferro e pobre em calorias. A rúcula é excelente como estimulante de apetite, depurativa e diurética e, ainda indicada para diabetes.

Cultivo: prefere os climas amenos, pois com o calor emite flores, o crescimento é insatisfatório, além de prejudicar a qualidade das folhas.  A hortaliça apresenta bom crescimento entre 15 e 18 graus, pois em faixas com temperaturas mais elevadas suas folhas ficam menores e com textura inadequada para comercialização. Contudo, é possível o cultivo de rúcula mesmo em locais quentes.  Nas regiões quentes, recomenda-se a semeadura entre março e agosto. Prefere solos equilibrados entre argilosos e arenosos, com muita matéria orgânica e com acidez baixa. Terrenos com risco de encharcamento favorecem surgimento de doenças na cultura. A propagação é feita por sementes, sendo que um grama contém, em média, 525 sementes.  Há dois métodos de plantio: diretamente no canteiro definitivo ou em bandejas de isopor; em ambos deve-se manter de 20 a 25 cm de espaçamento entre linhas e à 0,5 cm de profundidade, cobrindo as sementes com terra. Na semeadura direta, usa-se apenas 0,2 grama de semente por metro linear. Em bandejas, o indicado é usar, em cada célula, de quatro a oito sementes, que germinarão entre três e quatro dias. Nas horas mais frescas do dia, deve-se fazer o transplante assim que a muda apresentar de três a quatro folhas. Quando as plantas estiverem com 10 cm de altura, faz-se o desbaste, deixando as plantas vigorosas a cada 5 cm. Após a semeadura, recomenda-se cobrir o canteiro com capim seco sem sementes, retirando-o no início da germinação das plantas ou então utilizando cobertura com sombrite, sustentada por arcos de bambu. Regas diárias são necessárias, bem como a limpeza dos canteiros, o que estimula novas brotações. Os insetos que mais atacam as plantas são: lagarta-da-couve (o adulto é uma mariposa de asas brancas com pontas pretas), lagarta-rosca (ataca as mudas à noite), traça-das-folhas (pequena lagarta que fura as folhas e as deixa rendadas) e os pulgões (de cor branca, sugam as folhas e transmitem doenças). As doenças mais comuns são: mosaico que deixa as folhas crespas; a podridão mole, mais frequente nos períodos chuvosos, causando lesões úmidas; a podridão negra que ataca as folhas deixando uma mancha na forma de "V"; a fusariose que amarela parte da folha ou do pé e o míldio que são filamentos brancos na parte inferior das folhas. Para o manejo das pragas e doenças da rúcula, vale as mesmas recomendações para a cultura da couve, pois sendo da mesma família botânica estas são comuns. A rotação e de culturas com espécies de outras famílias botânicas (com excessão das brássicas), especialmente com adubos verdes, principalmente leguminosas é uma prática altamente recomendável pois além de diminuir as pragas e doenças, melhora a fertilidade do solo através da reciclagem de nutrientes, aumento da matéria orgânica e fixação do nitrogênio do ar, abafa as plantas espontâneas, cobre o solo diminuindo a erosão e, ainda mantêm a umidade do solo.

Colheita: a hortaliça está pronta para o consumo entre 30 e 40 dias após o plantio. Deve-se evitar passar desse prazo, pois a rúcula inicia o período reprodutivo e as folhas ficam mais fibrosas. A colheita é feita preferencialmente arrancando-se a planta inteira, com folhas e raízes. Porém, pode-se apenas retirar as folhas para permitir nova brotação. Nesse caso, elas devem ser cortadas acima da gema apical. Corta-se as folhas, 3 a 4 vezes, até que se inicie o florescimento. A rúcula é comercializada em maços. Quando fresca, as folhas são bem verdes, firmes e viçosas; se estiver amareladas, murchas ou com pequenos pontos pretos, já não servem para o consumo. Para conservar a rúcula por 2 a 3 dias, coloque em saco plástico e guarde na gaveta inferior da geladeira.