google.com, pub-8049697581559549, DIRECT, f08c47fec0942fa0 VIDA NATURAL: julho 2016

ANUCIOS

sexta-feira, 29 de julho de 2016

Manejo de pragas e doenças em cultivo orgânico parte 1



1. Manejo da Horta e Prevenção de Pragas

Em agricultura orgânica sempre se busca o equilíbrio ecológico e a prevenção de problemas que afetam a saúde das plantas.
Através do uso de algumas técnicas simples é possível reduzir a presença de pragas e doenças. Nesse sentido, é importante lembrar de fatores de produção que servem para enfrentar esse problema:

Manejo correto do solo e adubação orgânica, com fornecimento equilibrado de nutrientes para as plantas;

Manejo da água e da umidade (irrigação bem feita e drenagem se for preciso, no caso de solo que tem facilidade de encharcar);

Uso de rotação e consorciação de culturas;

Diversificação (plantio de vários tipos de plantas);

Respeito do espaçamento e da época certa de plantio;

Uso de quebra ventos, quando necessário;

Limpeza manual das plantas doentes e eliminação do material que foi retirado;

Manejo correto das plantas nativas;

Eliminação de hospedeiros;

Armadilhas luminosas;

A escolha de plantas resistentes;



2. Receitas de Defensivos Naturais


Mesmo com boas práticas de manejo da horta, pode ter ataques

de insetos ou doenças na plantação. Muitos produtores usam os 

agrotóxicos para prevenir e combater estes ataques. Estes 
produtos são perigosos, tanto para a saúde do/a agricultor/a 
como do consumidor e também para a Natureza. Eles matam não 
só as pragas, mas também as minhocas e os insetos bons. Além 
disso, os agrotóxicos são caros!
Existem defensivos naturais que também combatem as pragas e 
doenças sem prejudicar ninguém. Mas, é importante lembrar 

ainda que até os defensivos naturais devem ser aplicados 
sempre na quantidade e freqüência certa e somente quando 
necessário.
Se encontra um monte de receitas usando defensivos naturais, 
com vários modos de usar e varias concentrações; se for a 

primeira vez que se usa uma receita é melhor testá-la numa parte 
só da horta para comprovar o efeito da dosagem sem correr risco
de queimar as hortaliças.
Por fim, sempre lembre que mesmo não sendo agrotóxico, defensivo 
natural é produto ativo e tem que deixar pelo menos dois dias passar 

depois da aplicação para poder colher as hortaliças.


Farinha de Trigo com Detergente
Dissolver 1kg de farinha de trigo em 20 litros de água, junto com 
500 ml (meio litro) de detergente neutro.
Pode-se usar na hora. Aplicar de manhã em cobertura total nas 
folhas. O seu emprego é favorável em dias quentes e secos, com 

sol. Mais tarde, as folhas secando com o sol, formam uma 
camada que envolve as pragas e cai com o vento.

Indicações: pode servir para combater a mosca branca, ácaros, 

pulgões e lagartas na horta, por exemplo, nos pés de tomates.


Pimenta Malagueta

Bater 500 g de pimenta vermelha (malagueta) em um 


liquidificador com 2 litros de água até a maceração total. Coar o 



preparado e misturar com 5 colheres (sopa) de sabão de coco em 

pó, acrescentando então mais 2 litros de água (dá 4 litros no total).
Indicações: pulverizar sobre as plantas atacadas por pulgões, 

vaquinhas, grilos e lagartas. Fazer a colheita depois de pelo 



menos 12 dias, para evitar que os frutos fiquem com cheiro forte.


Folha do Nim (Azadirachta indica)
Misturar 250g de folhas e ramos verdes picados com 20 litros de 

água. Deixar repousar as folhas na água de um dia para outro.
Coar e pulverizar.
Indicações: O nim serve de repelente para uma grande 

variedade de insetos, inclusive lagarta, besouro, percevejo 



(Maria-fedida), pulgão, barbeiro, mosca branca, cochonilha, 

mosca do chifre, gafanhoto, nematóide, grilo, barata.


Fumo
Misturar 250g de fumo com 20 litros de água. Deixar de molho 

pelo menos 24h horas.
Indicações: o fumo é excelente inseticida tendo ação de contato 

contra pulgões, vaquinhas, cochonilhas, lagartas e outras 



pragas.



Acolheita do vegetal tratado deve ser feita, somente 3 dias após a 



aplicação do fumo. Não deve ser empregado o fumo em plantas 







da família da batata ou tomate (Solanaceae).



Alho
Dissolver um pedaço de sabão de coco do tamanho de um polegar 
(50 g) em 4 litros de água. Juntar 2 cabeças picadas de alho e 4 

colheres de pimenta vermelha picada. Coar com pano fino e aplicar.
Indicações: O alho é um bom repelente de insetos, bactérias, 
fungos, nematóides e serve de inibidor de digestão de insetos.

Urina de vaca
Deixar curtir a urina de vaca uns 4 dias num recipiente fechado, 
depois misturar 100ml com 20 litros de água 
Indicações: Serve, principalmente, para combater ataques de 
moscas, pulgões, e lagartas nas verduras. Ao mesmo, tempo 

serve como adubo.

Angico
Deixar 1 Kg de folhas e vagens de angico de molho em 10 litros de 
água durante 5 a 8 dias. Coar, misturar 1 litro com 5 a 10 litros de 

água, e pulverizar.
Indicações: pulgões, lagartas, formigas, outros.

3. Plantas Companheiras
O plantio de linhas de plantas companheiras pode ser benéfico 
em pequenas áreas para espantar alguns tipos de pragas. Entre 

outras, são conhecidos os efeitos repelentes das seguintes 
plantas, bastante comuns:
Alecrim repele borboleta da couve e moscas da cenoura;
Hortelã repele formigas, ratos e borboleta da couve;
Mastruz repele pulgões e outros insetos;
Urtiga repele percevejo do tomate;
Outras plantas como a erva-cidreira e o girassol são também 
indicadas para repelir pragas dos cultivos;
O gergelim é outra planta útil, que é cortado e levado pelas 
saúvas (formigas cortadeiras, Atta sp.), intoxicando o fungo 

do qual elas se alimentam.

3. Plantas Benéficas
Na vegetação natural tem plantas que servem de abrigo e 
reprodução de insetos que se alimentam de outros insetos. O 

manejo correto destas ervas e da adubação verde permitirá um 
controle natural de algumas pragas.
Dentre as plantas que servem para o manejo ecológico, está o 
sorgo granífero. No caso do sorgo, suas panículas em flor 
favorecem o abrigo e a reprodução de insetos e ácaros benéficos, 
como o percevejo Orius Insidiosus, predador de lagartas, ácaros
e trips da cebola.



Considerações:

Normalmente, quando se considera o solo como um “organismo vivo” e tratando-o com métodos ecologicamente corretos, associados ao uso de práticas preventivas, não ocorrem doenças e pragas.  Estas quando surgem, são um sinal de desequilíbrio e indicam problemas no manejo do solo. Por outro lado, quando se pratica a agricultura moderna que prioriza o uso da monocultura (cultivo de apenas uma espécie), o uso intensivo de mecanização, adubos químicos e agrotóxicos em solos desequilibrados, favorecem o surgimento de inúmeras pragas e doenças que se não forem controladas podem prejudicar parcialmente ou totalmente a produção de alimentos e, o que é pior, contaminam o solo,  rios, lagos, córregos,  e ainda trazem sérias consequências  à saúde do agricultor e consumidor. Estima-se que para cada notificação oficial ocorrem pelo menos 10 casos que não são registrados, devido a dificuldade de diagnosticar corretamente os casos de intoxicação.
     A agricultura orgânica, por sua vez, trata o solo como um “organismo vivo”, ou seja, revolvendo o solo o mínimo possível, sem uso de agroquímicos e priorizando a adubação orgânica, adubação verde, rotação, sucessão e consorciação de culturas, cultivo mínimo, plantio direto e outras que visam o equilíbrio do solo, favorecendo o desenvolvimento dos cultivos e os  inimigos naturais e desfavorecendo o surgimento de pragas e doenças. A ocorrência de insetos-pragas e doenças são a conseqüência e não a causa do problema. Por isso, em agricultura orgânica tratam-se as causas para que os resultados sejam os mais duradouros e equilibrados possíveis. Adotando as práticas recomendadas no cultivo orgânico e os métodos de prevenção, dificilmente os cultivos são atacados por pragas e doenças. A prevenção é a maneira mais fácil de manejar as pragas e doenças. Os principais métodos que previnem o aparecimento de pragas e doenças são:                        
Escolha correta da área – a área deve ser bem drenada e ensolarada, pois os raios solares auxiliam no manejo das doenças e pragas. Terrenos sujeitos a neblinas devem ser evitados;                                  
Destruição dos restos culturais:   deve-se sempre, antes de iniciar o cultivo, retirar da lavoura os restos do cultivo anterior (ramos, folhas e frutos)  e  fazer compostagem  (processo de fermentação através de camadas alternadas de resíduos vegetais e esterco fresco de animais),  para evitar possíveis doenças, especialmente se forem verificados focos de plantas murchas ou amarelecidas. Recomenda-se também destruir plantas que apresentam sintomas durante o cultivo. Esta é uma prática importante, especialmente para as espécies das famílias botânicas das solanáceas (batata, tomate, pimentão, beringela e fumo), cucurbitáceas (abóbora, abobrinha, moranga, melão,  melancia e pepino) e brássicas (repolho, couve-flor, couve e brócolis), cultivos mais sensíveis às doenças e pragas;                               
Adubação equilibrada:  a adubação orgânica, com base na análise de solo e nos nutrientes do adubo aplicado, é muito importante, pois as plantas bem nutridas possuem mais resistência às doenças e pragas. O excesso de nitrogênio resulta na produção de tecidos jovens e suculentos, atrasando a maturidade da planta. Por outro lado, plantas mal supridas com nitrogênio tem um fraco crescimento e amadurecimento precoce dos tecidos. Em ambos os casos, a planta se torna mais susceptível ao ataque de doenças e pragas. Em relação ao potássio, geralmente, tem-se demonstrado seu efeito benéfico na redução da severidade de inúmeras doenças.Todavia, o excesso do potássio causa desequilíbrio nutricional e aumenta a severidade,  de  doenças foliares. A sarna da batata é um exemplo de  doença favorecida pelo excesso de cálcio;   
Uso de material de propagação sadio e variedades resistentesé importante, sempre que possível, utilizar cultivares resistentes com sementes e materiais propagativos (tubérculos, ramas, estolhos, bulbilhos e etc.) livres de  pragas e doenças. O plantio de ramas de batata-doce sadias é uma opção para evitar a doença “mal do pé”.  O tomate do tipo cerejinha  e tipo italiano são considerados mais resistente às pragas e doenças que os tomates de mesa tipo Santa Cruz e tipo Salada. O híbrido de repolho Fuyutoyo é considerado resistente à podridão negra. O híbrido de couve-flor Júlia F1 é resistente à alternariose.  As variedades de batata Epagri 361 Catucha  e SCS 365-Cota (Figura 1) são resistentes à requeima (sapeco) e pinta preta. A variedade de batata-doce Princesa é resistente ao “mal-do-pé” e a Brazlândia Roxa é tolerante aos insetos que causam perfurações nas raízes. A variedade de feijão-vagem Preferido é tolerante à ferrugem e antracnose, enquanto que a Favorito tolera a ferrugem e oídio.  As cenouras do grupo Brasília são resistentes ao sapeco;
Rotação e consorciação de culturas : o cultivo intensivo da mesma espécie na mesma área esgota o solo e ainda aumenta a ocorrência de pragas e doenças, especialmente no solo. A rotação e consorciação de culturas, além de melhorar o solo, desfavorece o surgimento de pragas e doenças e ainda, podem servir de abrigo para os seus inimigos naturais. Para o sucesso destas práticas, deve-se seguir dois princípios básicos: - não cultivar, no mesmo terreno, plantas da mesma família botânica, pois estão sujeitas às mesmas pragas e doenças. É o princípio de “matar de fome” os insetos, os fungos e as bactérias que atacam as plantas cultivadas. Ex.:onde se cultiva batata, não deve-se plantar fumo,tomate e pimentão, pois todas estas espécies pertencem a mesma família botânica, sabidamente as que mais possuem problemas de doenças e pragas;     -as espécies a serem incluídas no sistema de rotação devem ter diferentes exigências nutricionais e com diferentes sistemas radiculares para não esgotar o solo e também para explorar ao máximo os nutrientes que estão nas camadas mais profundas.