google.com, pub-8049697581559549, DIRECT, f08c47fec0942fa0 VIDA NATURAL: outubro 2018

ANUCIOS

sexta-feira, 12 de outubro de 2018

Agricultura Orgânica vs Agricultura Convencional parte 7 (Plantas Daninhas)



 Na agricultura convencional, o "mato" ou "inços" são chamados de "plantas daninhas" pois leva-se em conta somente os efeitos negativos sobre a produção. Em uma conceituação ampla, planta daninha "é toda e qualquer planta que ocorre onde não é desejada". Em termos agrícolas, planta daninha pode ser conceituada como "toda e qualquer planta que germine espontaneamente em áreas de interesse humano e que, de alguma forma, interfere prejudicialmente em suas atividades agropecuárias" A solução encontrada pela agricultura "moderna" são os inúmeros herbicidas que acabam contaminando as fontes de água e, o que é pior, contaminando as pessoas, especialmente quando o uso for nas cidades. Felizmente, em Santa Catarina, esta prática é proibida por lei. Precisamos estar atentos e denunciar para a Anvisa – Agência Nacional de Vigilância Sanitária em seu município, esta prática irregular, especialmente realizado pelas prefeituras.
Lei proíbe a capina química nas cidades em Santa Catarina 
A lei nº 14.734 que proíbe a capina química em áreas de faixa de domínio de ferrovias, rodovias, vias públicas, ruas, praças, passeios, calçadas, avenidas, terrenos baldios, margem de arroios e valas em todo o território de Santa Catarina, foi sancionada pelo governador Luiz Henrique da Silveira em 17/06/2009. A lei nº 15.117 de 19/01/2010 alterou a redação, incluindo o parágrafo único: "a proibição contida na lei 14.734 não se aplica em áreas rurais e nas capinas amadoras em imóveis particulares devidamente protegidos do acesso público".
Mas o que é capina química? é todo método de eliminação de plantas invasoras pelo uso de herbicidas.

Figura 1. Por força de lei esta cena não pode ser mais vista nas cidades de Santa Catarina e, o que é pior, sem nenhum equipamento de proteção ao aplicador.

Capina química nas cidades: Por que proibir?
    Devido a ausência de segurança toxicológica, desde 2003, a Anvisa não permite a aplicação de herbicidas em ambientes urbanos, pois não tem como proibir o trânsito de pessoas, por pelo menos 24 horas após a aplicação; Todos os produtos registrados para uso agrícola, possuem, como regra, um período de reentrada mínimo de 24 horas, ou seja, após a aplicação do produto, a área deve ser isolada e sinalizada e, no caso de necessidade de entrada no local durante este intervalo, o uso de equipamentos de proteção individual é obrigatório.Em ambientes urbanos, o isolamento de uma área por 24 horas é impraticável, isto é, não tem como assegurar que a população, especialmente as crianças, analfabetos e deficientes visuais, sejam avisados e impedidos de entrar na área, principalmente logo após aplicação, quando ainda está molhado, o que aumenta muito o risco de intoxicação.
     A capina química com herbicidas nas cidades expõe a população ao risco de intoxicação, além de contaminar os animais, os vegetais, o solo e as fontes de água. São vários os fatores para proibir a capina química nas cidades, uma questão muito importante para resguardar a saúde pública. Dentre os fatores, destacam-se:
. A elevada densidade populacional nas áreas urbanas em contraposição aquela encontrada nas áreas rurais, onde é mais frequente o uso de agrotóxicos, significa um número bem maior de expostos, visto a concentração de moradias e atividades. É praticamente inviável interditar praças e ruas da circulação de pessoas durante e após a aplicação do agrotóxico;
. Os herbicidas autorizados para uso em áreas urbanas são os mesmos utilizados na agricultura, os quais, possuem regras restritas para manipulação e acesso as áreas tratadas. Além do agricultor não acessar as áreas após o tratamento, os solos agrícolas são permeáveis o que diminui o acúmulo e o escoamento superficial do produto aplicado;
. As áreas urbanas são pavimentadas ou de solo compactado favorecendo ao acúmulo superficial do herbicida aplicado, e nos casos de chuva, devido ao escoamento do produto, ocorre a formação de poças e retenções de água com elevadas concentrações do veneno, as quais, ocasionam importante aumento do risco de exposição de adultos, crianças, flora e fauna existente na área aplicada;
. As crianças, em particular, são mais sujeitas as intoxicações em virtude dos seguintes fatores: quanto menor o peso menor a dose de veneno necessária para intoxicar; as crianças utilizam os espaços públicos para brincar, muitas vezes sentando-se no chão e/ou utilizando poças e águas paradas para diversão e ainda levam com freqüência até a boca, objetos e alimentos que caem ou estão no chão onde se encontra o veneno;
. Os animais domésticos, tais como: cães, gatos, cavalos, pássaros e outros podem ser intoxicados, tanto pela ingestão de água contamina, como pelo consumo de capim, sementes e alimentos espalhados nas ruas. Soma-se a estes, o fato destes animais utilizarem calçadas e ruas como local de descanso.
    Para orientar municípios de todo país sobre os perigos do uso de herbicidas nas cidades, a Anvisa publicou a seguinte nota técnica em 15/01/2010: "os herbicidas são produtos essencialmente perigosos e sua utilização, mesmo no meio rural, deve ser feita sob condições de intenso controle, não apenas por ocasião da aplicação, mas também com o isolamento da área na qual foi aplicado" Na mesma nota, acrescenta: "fica evidenciado que não seria possível aplicar medidas que garantam condições ideais de segurança para o uso de agrotóxicos em ambiente urbano".
Todos os herbicidas causam preocupações em termos de saúde pública. Os principais são: 2,4D, glifosato (round-up) e paraquat (gramoxone).
    O paraquat provoca, quando absorvido, especialmente por via digestiva, lesões hepáticas e renais e principalmente, fibrose pulmonar irreversível, determinando a morte em cerca de 2 semanas, por insuficiência respiratória. Causa lesões na pele (via dérmica), lesões graves nas mucosas (via oral), sangramento pelo nariz, mal-estar, fraqueza e ulcerações na boca, torna as unhas quebradiças, produz conjuntivite ou opacidade da córnea (contato com os olhos). Não há tratamento médico adequado para esta situação.
    O 2,4D é bem absorvido pela pele, via digestiva e inalação, determinando de forma aguda, alterações da glicemia de forma transitória e ainda pode simular um quadro clínico de diabetes, além de alterações neuro-musculares provocando um processo inflamatório dos nervos longos dos membros inferiores e superiores.
  O Glifosato (round-up) causa problemas dermatológicos, principalmente dermatite de contato. Além disso, é irritante de mucosas, principalmente da mucosa ocular.
A evolução das intoxicações registradas pelo hospital universitário da UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina, revela que na década de 1991 a 2000 ocorreram, 350 casos de pessoas intoxicadas por ano, enquanto que década de 2001 a 2010 foram registrados 600 casos de pessoas intoxicadas por ano. Fonte: www.cit.sc.gov.br 
A intoxicação consiste em uma série de efeitos sintomáticos produzidos quando uma substância tóxica é ingerida ou entra em contato com a pele, olhos ou membranas mucosas. Os agrotóxicos podem determinar três tipos de intoxicação: aguda, subaguda e crônica. Na intoxicação aguda os sintomas surgem rapidamente, algumas horas após a exposição excessiva, por curto período, a produtos extrema ou altamente tóxicos. Pode ocorrer de forma leve, moderada ou grave, a depender da quantidade de veneno absorvido. Os sinais e sintomas são nítidos e objetivos. A intoxicação subaguda ocorre por exposição moderada ou pequena a produtos altamente tóxicos ou medianamente tóxicos e tem aparecimento mais lento. Os sintomas são subjetivos e vagos, tais como dor de cabeça, fraqueza, mal-estar, dor de estômago e sonolência, entre outros. A intoxicação crônica caracteriza-se por surgimento tardio, após meses ou anos, por exposição pequena ou moderada a produtos tóxicos ou a múltiplos produtos, acarretando danos irreversíveis, do tipo paralisias e neoplasias.
Tendo em vista o aumento significativo na última década nos casos registrados de intoxicação por agrotóxicos em Santa Catarina em até 70%, apelamos para que as pessoas denunciem para a vigilância sanitária de seu município, quando houver aplicação de herbicidas em sua cidade. A proibição é para todos os tipos de herbicidas! Não existe herbicida mais ou menos ecológico como alguns estão tentando vender o "Mata-Mato" e outros produtos proibidos para aplicação em zona urbana!