google.com, pub-8049697581559549, DIRECT, f08c47fec0942fa0 VIDA NATURAL: março 2020

ANUCIOS

sábado, 28 de março de 2020

Cultivo Orgânico da Melancia


Melancia
Originária da África Tropical, a melancia (Citrullus lanatus L.) tem a forma selvagem encontrada em muitas regiões de clima tropical e subtropical, sendo o fruto redondo e pequeno. A espécie pertence a família das curcubitáceas, assim como a abóbora, moranga, pepino, chuchu e melão. É uma planta rasteira, com folhas grandes e flores pequenas, de cor amarela. O fruto é arredondado ou alongado, com tamanho variável entre 25 e 75cm. A casca é lisa, lustrosa, verde clara ou verde escura, com estrias de um verde mais forte no sentido do comprimento (Figura 1). A planta tem caule rasteiro e ramificado. As folhas são ovais, subdivididas em três lobos, apresentando estruturas em espiral, presas ao caule, denominadas "gavinhas". A polpa é abundante com cor que varia de branco-rósea, amarelada, avermelhada ou purpúrea, com as sementes avermelhadas ou pretas. Há uma variedade de melancia, conhecida como melancia japonesa ou kodama, que tem polpa amarela.

Figura 1. Hortaliça-fruto: melancia

Propriedades nutricionais e terapêuticas: Embora constituída em sua maior parte de água, com pouquíssimas calorias (25 a 30 kcal em 100g), a melancia é nutritiva, pois fornece vitaminas A e C, e sais minerais como o cálcio, fósforo, ferro e potássio. A melancia, assim como o melão, têm alto teor de biovlafonóides, carotenoides e outros pigmentos vegetais que ajudam a proteger contra o câncer e outras doenças. A melancia contém licopeno, um carotenoide que parece reduzir o risco de câncer de próstata. Em geral, a melancia é consumida ao natural, como sobremesa, principalmente no verão. Com sua polpa é possível fazer um excelente suco. Tem propriedades hidratantes (contém cerca de 90% de água). Essa polpa é, também, bastante aquosa, sendo a proporção de água ainda superior à dos melões. Em situações de extremo calor, nada melhor do que uma melancia fresca para repor os líquidos perdidos pela transpiração. Sem dúvida nenhuma, esta é a melhor ocasião e maneira de saboreá-la. Por esse motivo, a melancia é uma das frutas mais refrescantes existentes, superando o melão, por ser menos indigesta. As sementes da melancia são um alimento de grande valor, pois contêm muitos sais minerais, vitaminas, óleos essenciais e proteínas, que são muito importantes para o organismo das pessoas. Sementes cruas e secas, depois de moídas e peneiradas, formam um pó que pode ser misturado a alimentos como massas, sopas, bolos, biscoitos e cuscuzes. O chá das sementes da melancia, secas e trituradas, ajuda no tratamento da pressão alta. O suco, feito com a polpa da melancia, é muito bom, pois elimina o ácido úrico, causador da gota e impede a formação de pedras nos rins; limpa o estômago e os intestinos; ajuda a controlar a pressão alta; diminui a acidez do estômago, conhecida como queima ou azia; ajuda no tratamento da inflamação das vias urinárias; elimina gases e dores intestinais; ajuda no tratamento da bronquite crônica; ajuda no tratamento do reumatismo e da artrite (inflamação nas articulações ou juntas). Para tratar a erisipela (inflamação aguda da pele), deve-se aplicar suco da polpa e da casca da melancia sobre a parte afetada, como cataplasma. A hortaliça ainda permite exercitar a criatividade, conforme pode ser visto nas Figuras 2 e 3.

Figura 2. Arte culinária, utilizando a melancia

Figura 3. Arte culinária, utilizando a melancia

Cultivo: A melancia, como todas as espécies que pertencem a família das cucurbitáceas, não gosta do clima frio, por isso produz melhor no calor e com bastante luz. Agosto e setembro são os meses aconselhados para o plantio no litoral; o ideal é observar a temperatura da região, pois a semente não germina em temperatura inferior a 18ºC.  Ao invés do semeio direto no campo, recomenda-se a produção de mudas em copinhos de papel (ver na matéria "Cultivo orgânico de hortaliças-frutos: parte I" como fazer) ou bandejas de isopor, utilizando-se substrato de boa qualidade e protegidas em abrigo. Este sistema diminui as perdas ou falhas no campo, melhora a uniformidade do estande e permite um melhor controle fitossanitário e manejo das plantas espontâneas. Além disso, os riscos de perdas de plantas devido ao frio excessivo (as plantas não toleram geadas), praticamente não existe, pois as mudas estão protegidas.. Semeia-se 3 sementes por copo e realiza-se o desbaste quando as plantas apresentarem uma folha definitiva, deixando-se 2 mudas por copinho. As mudas devem ser transplantadas quando não houver risco de geadas e tiverem duas folhas e, no máximo no início de surgimento da terceira folha verdadeira. A melancia, embora possa ser produzida em vários tipos de solos, desenvolve-se melhor em solos de textura média, arenosos, profundos, bem drenados e férteis. Deve-se evitar os solos argilosos por serem muito compactados, principalmente nas épocas de seca. 

Preparo do solo: No Rio Grande do Sul, a melancia é cultivada em solos arenosos, onde o sistema de preparo convencional com aração e gradagens, é o mais usado. O preparo convencional do solo favorece a perda de umidade, tendo em vista que a cultura da melancia não forma um dossel vegetativo capaz de cobrir inteiramente o solo. O solo deve ser preparado com cerca de 2 meses de antecedência com uma aração (apenas superficial) e gradeação, deixando-se alguns torrões de terra para dar sustentação à planta. Em área com boa topografia, deve-se fazer sulcos em duas direções, formando um xadrez; já em terrenos acidentados recomenda-se fazer os sulcos em apenas uma direção, evitando-se, assim, a erosão. O sistema de Plantio Direto ou Semeadura Direta que consiste na manutenção da palha e restos vegetais sobre a superfície do solo, também é recomendado no cultivo de melancia; neste caso, a mobilização do solo ocorre apenas no sulco onde são distribuídas as sementes ou mudas e o adubo orgânico. No Rio Grande do Sul, a principal espécie usada como planta de cobertura no período de inverno é a aveia-preta, devido as seguintes características: rusticidade, a capacidade de perfilhamento, a resistência às pragas e doenças, rapidez na formação da cobertura do solo e a elevada produção de fitomassa, mesmo nos solos pobres em fertilidade, bem como a tolerância à seca, em vista do sistema radicular bastante desenvolvido, eficiência na ciclagem de nutrientes, baixa taxa de decomposição dos resíduos e o elevado efeito alelopático sobre muitas invasoras. 

Cultivares e híbridos: Os cultivos comerciais de melancia no Brasil são com cultivares de origem americana ou japonesa, que se adaptaram bem às nossas condições edafoclimáticas. No entanto, deve-se considerar que entre estas, a mais plantada é a cultivar Crimson Sweet e tipos semelhantes, que é de origem americana, respondendo praticamente por mais de 90% do fornecimento ao mercado consumidor. A indústria de sementes tem, nos últimos anos, se dedicado ao desenvolvimento de híbridos de melancia, por causa do seu maior retorno comercial aos programas de melhoramento, o que pode ser verificado pelo grande número de cultivares lançadas em todo o mundo tais como: Jetstream, Madera, Starbrite, TopGun entre outros. Os híbridos, cujas sementes são mais caras, geralmente possuem maior precocidade, produtividade e maior uniformidade. Mais recentemente, estão surgindo as melancias sem sementes como os híbridos Tiffany e Shadow; o alto custo das sementes é um fator limitante. Embora os híbridos sejam produtivos, recomenda-se a cultivar Crimson Sweet pelo custo mais barato das sementes e com produtividade semelhante, conforme resultados de pesquisa obtido pela Epagri/Estação Experimental de Urussanga, na propriedade de agricultor em Içara. Os frutos da cultivar Crimson Sweet tem formato arredondado, casca clara com estrias verde-escuro, polpa vermelho intenso muito doce, sendo os frutos de tamanhos médio e grande.

 Espaçamento:  As covas devem ter no máximo 3 cm de profundidade, no espaçamento de 2 x 2 metros para as variedades japonesas e, de 2 x 2,5 ou 2,5 x 3 metros para as variedades americanas. Após lançar as sementes, deve-se cobrir com terra e cerca de 30 dias depois do plantio, realizar o desbaste, onde as mudas mais fracas são retiradas, ficando somente as vigorosas. O desbaste é feito no sistema de plantio com sementes, quando as plantas apresentarem três a quatro folhas definitivas - entre 10 e 15 dias após o plantio, de acordo com desenvolvimento das mesmas; é realizado eliminando-se as plantas mais raquíticas e mantendo-se o número de plantas por cova pré-estabelecido, de acordo com o espaçamento e a finalidade da produção de frutos. A eliminação das plantas excedentes deve ser feita, preferencialmente, por meio de corte com facas, tesouras ou canivetes. Caso se deseje fazer arranque manual, é preferível fazê-lo logo após a irrigação, para não danificar as demais plantas, ou após uma chuva, se o cultivo for de sequeiro. O desbaste deve ser realizado também com os frutos, para uma boa colheita, ficando somente aqueles mais desenvolvidos (dois por rama). As ramas da melancia crescem arrastando-se pelo solo e procuram os torrões de terra para fixarem-se; é comum ficarem enroscadas umas nas outras. O produtor deve observar e ajudar a planta a se esparramar de maneira uniforme, desembaraçando, sem feri-la.  

Condução das ramas ou penteamento: Essa prática consiste no afastamento das ramas para fora dos sulcos de irrigação e das faixas do terreno reservados ao trânsito. Esta operação deve ser feita até três vezes antes da frutificação. Além de facilitar as capinas, as pulverizações e a colheita, evita o apodrecimento dos frutos causado pelo contato com água ou por danos mecânicos. O penteamento, após a frutificação, deve ser evitado, pois pode causar o seu desprendimento. É importante planejar o plantio de maneira que a direção dos ventos facilite o posicionamento das ramas de melancia, evitando-se, assim, o desgaste das plantas por sucessivas operações de penteamento ou movimentação pelos ventos. 

Polinização: As flores masculinas e femininas de melancia localizam-se separadamente na mesma planta. Cada flor permanece aberta por apenas 1 dia; a abertura ocorre 1 a 2 horas após o aparecimento do sol e, o fechamento, à tarde. As abelhas são os principais agentes polinizadores em melancia, que é uma espécie alógama. A polinização das flores no dia da antese, normalmente, ocorre pela manhã. A presença de abelhas durante a fase de florescimento é fundamental para aumentar a frutificação e a produtividade, melhorando a qualidade dos mesmos e reduzindo o número de frutos defeituosos. Desbaste de frutos: devem ser eliminados todos os frutos defeituosos e com podridão estilar (fundo preto) pois, além de as plantas direcionarem energia para frutos que não serão comercializados, a presença dos mesmos inibirá o pegamento de outros frutos de qualidade na planta. 

Proteção da parte inferior e posicionamento na vertical dos frutos: Recomenda-se evitar o contato direto dos frutos com o solo, principalmente em épocas chuvosas. Os frutos devem ser calçados com palha de arroz, capim seco ou similar evitando-se o apodrecimento de frutos e a mancha de encosto, o que melhora a cotação do produto no mercado. Outra prática utilizada para melhorar o formato e a qualidade do fruto é colocá-lo na posição vertical — a região apical do fruto voltada para o solo, quando estiver com aproximadamente 20 dias após a polinização das flores. Com esta prática, a mancha de encosto ficará mais discreta, dando uma melhor aparência ao fruto. 

Rotação de culturas: Depois da colheita, deve-se plantar outra cultura de espécie e família diferentes da melancia, não sendo indicados plantios de melão, abóbora, chuchu, moranga ou pepino na mesma área. O plantio sucessivo de plantas da mesma família na mesma área favorece o ataque de pragas e doenças e, consequentemente, diminui a produção e a qualidade dos frutos. O coquetel vegetal é a mistura de diferentes espécies, normalmente leguminosas e gramíneas, cultivadas antes da espécie a ser plantada ou entre as linhas da cultura principal. Sua utilização tem importância por melhorar a diversidade de espécies na área reduzindo as pressões dos patógenos oportunistas que se encontram no local. Além disso, o uso do coquetel vegetal, principalmente com leguminosas, permite a fixação de nitrogênio no solo e transporte de nutrientes de camadas inferiores para camadas superiores, pela ação dos diferentes sistemas radiculares presentes, melhorando química, física e biologicamente o solo da área. Se o produtor optar por incorporar o coquetel visando à fertilização adicional do solo - leguminosas, é importante fazê-lo com um mínimo de antecedência de 50 dias da data prevista para o plantio da melancia. Caso seja para formar uma densa camada de cobertura morta com gramíneas-, o corte das plantas poderá ser feito próximo ao plantio da melancia, tomando-se o cuidado de fornecer nitrogênio suficiente nas covas, na forma de compostos orgânicos, torta de mamona, biofertilizantes, etc., evitando-se uma competição com as bactérias decompositoras, que atuarão sobre a palhada. 

Cobertura morta: Espécies de gramíneas possuem baixa velocidade de decomposição da parte aérea e, apesar de suas raízes ocuparem o espaço mais superficial do solo, a parte aérea se mantém por mais tempo sobre o mesmo, formando cobertura morta (mulch), muito recomendado em regiões quentes e secas como no Semiárido nordestino. Também contribuirá no manejo de plantas espontâneas e evitará a formação da mancha de encosto dos frutos. Manejo de doenças e pragas da melancia: Além das recomendações relacionadas na matéria postada no dia 31/10/2012 "Cultivo orgânico de hortaliças frutos - Parte I", outras práticas culturais são importantes, entre as medidas gerais no manejo de doenças e pragas da melancia: 

a) escolher a área de plantio não contaminada por doenças do solo e fazer rotação de culturas por 3 anos; 
b) evitar o plantio próximo à áreas cultivadas com melancia e outras espécies da família das cucurbitáceas; 
c) plantio de sementes ou mudas produzidas por empresas idôneas; 
d) adubar corretamente, de acordo com a análise do solo e do adubo orgânico, pois as plantas bem nutridas são mais resistentes às pragas e doenças; 
e) irrigar de forma correta, evitando o excesso de água o solo, pois favorece às doenças; 
f) controlar os insetos que provocam ferimentos nas plantas, servindo de porta de entrada para as doenças (bactérias, fungos e viroses); 
g) eliminar os frutos e plantas doentes da área para evitar a transmissão para as plantas sadias  
h) eliminar os restos culturais após a última colheita.

Colheita: A colheita é feita cerca de 100 dias após plantio Quando as flores abrirem, elas indicam que aproximadamente 40 a 45 dias, os frutos estarão no ponto para serem colhidos. Mas há outros meios que identificam os frutos maduros: 
a) Ao bater com dedos no fruto e este emitir um som oco, está maduro (som metálico, ainda está verde); 
b) O fruto fica pálido e a casca está mais resistente a pressões; 
c) A gavinha próxima ao pendúnculo fica seca; 
d) A parte da casca que fica em contato com o solo, que antes era branca, fica amarelada. 

Colher os frutos maduros nas primeiras horas do dia, cortando o pendúnculo com uma faca afiada, à cerca de 5 cm da fruta, para evitar a penetração de fungos que apodrecem a melancia durante a armazenagem. Devem ser armazenadas deitadas, nunca em pé, e como não são colocadas em caixas, todo o cuidado é necessário ao transportá-las. No caminhão, a carroceria deve ficar forrada com 10 cm de capim seco, e as bordas protegidas. Também entre uma camada e outra, é recomendado proteger os frutos com palha ou saco de estopa. Não se aproveita os frutos rachados ou cortados durante o transporte. Fora da geladeira, a melancia se conserva bem durante uma semana, se guardada em lugar fresco e arejado. Depois de cortada, deve ser conservada na geladeira, envolvida em plástico ou papel alumínio, para evitar que absorva o odor de outros alimentos.

domingo, 22 de março de 2020

Cultivo Orgânico do Pepino



Pepino

Em épocas de temperaturas altas, o pepino (Cucumis sativus) é uma das hortaliças que têm lugar certo nas mesas dos brasileiros (Figuras 2, 3 e 4). Composto por 95% de água, destaca-se em diferentes receitas culinárias. De vários tamanhos e formato cilíndrico, o pepino tem casca verde-clara ou verde-escura, com estrias esbranquiçadas. A polpa de cor clara envolve sementes achatadas. Pertencente também à família das cucurbitáceas (abóboras, morangas, abobrinhas, melancia e melão), o pepino tem origem atribuída à Índia, de onde o cultivo teria se espalhado para a China e países europeus; foi muito apreciado pelos gregos e romanos na Antiguidade. 

Figura 2. Pepino para salada


Figura 3. Pepino em conserva

Uso culinário, propriedades nutricionais e terapêuticas: são muito utilizados em saladas ou como picles. O seu suco é utilizado em máscaras faciais, cremes, loções, xampus e outros cosméticos. O prato mais comum no Brasil feito com pepinos é a salada, onde é servido cru, cortado em cubos ou fatias, junto com tomate e cebola e, temperado com azeite, vinagre e ervas. Como são compostos de aproximadamente 95% de água, os pepino têm um teor de calorias muito baixo (menos de 15 calorias em uma xícara de pepino), boa fonte de fibras e pequenas quantidades de vitamina C e folato. Também contém ferro, cálcio, fósforo, cloro, enxofre, magnésio, potássio, sais minerais e vitaminas A, C e do complexo B. Os naturalistas geralmente recomendam o pepino como diurético natural, mas qualquer aumento na frequência da urina provavelmente se deve ao seu conteúdo de água e não à outra substância. Embora seja mais comum seu uso em salada e como picles – vegetais em conserva –, também pode ser feito um suco que auxilia no tratamento de inflamações do tubo digestivo e da bexiga, pressão alta e afecções dos dentes e da gengiva. O pepino também tem capacidade para combater enfermidades da garganta quando combinado com mel, purificar o organismo e eliminar gorduras. Cabelos e unhas se beneficiam do alto teor de sílica e flúor que a planta apresenta. O pepino batido no liquidificador, com água e mel, serve para as mãos ressecadas por detergente. 

Cultivo: Existem inúmeras cultivares e híbridos de pepino, para salada e para indústria, disponíveis no mercado. Para as cultivares e, especialmente aquelas que o produtor vem melhorando a cada ano, recomenda-se que o produtor retire as sementes das melhores plantas para multiplicação. Clima quente, com temperaturas entre 26 e 28 ºC, é o mais adequado para o plantio do pepineiro. Em regiões mais frias, o cultivo deve ser realizado em locais protegidos, onde seja possível monitorar a variação da temperatura. A exemplo das abóboras, a produtividade depende da eficiência da polinização pelas abelhas, que tem a maior atividade entre 28 a 30ºC. Na maioria das cultivares, as flores são monóicas, com predominância das masculinas sobre as femininas. Mas, trabalhos de melhoramento genético criaram híbridos que produzem, quase exclusivamente, flores femininas, o que aumenta a produtividade, uma vez que somente as flores femininas geram frutos. O pepineiro depende da polinização cruzada realizada por insetos como as abelhas, que fazem o transporte do pólen, por isso é proibido a aplicação de inseticidas, uma vez que exterminam com elas, além de contaminar os frutos e o meio ambiente.  Temperaturas mais elevadas proporcionam maior número de flores masculinas; por outro lado, temperaturas mais amenas e, com período curto de luz, estimulam maior número de flores femininas que darão origem aos frutos. Por não tolerarem o frio, o pepino pode ser semeado no litoral, a partir de setembro e, no máximo, até o final de janeiro. Em regiões com altitude superior a 800 m, a semeadura pode ser feita de agosto a fevereiro. As variedades mais plantadas nas regiões Sudeste e Sul pertencem aos grupos Caipira, Aodai e Japonês (tipo salada), com tamanhos que variam de dez a 30 centímetros de comprimento. Para a conserva, os frutos não devem ultrapassar dez centímetros de comprimento; os mais produtivos são híbridos, destacando-se as cultivares Guaíra, Colônia, Ginga Ag-77, Premier, Primepak, Pioneiro e Score, entre outros. Os do grupo Caipira produz frutos de tamanho médio, com 10 a 14 cm, claros, alongados ou bojudos, com 3 a 5 lóculos; Dentre estes destacam-se as cultivares Pérola, Rubi, Colonião, Imperial II, Nobre, Safira, entre outros. Os do grupo Aodai produzem frutos alongados, cilíndricos, bem retos, com 20 a 25 cm de comprimento, 4 a 5 cm de diâmetro e peso médio de 320 a 400g; Dentre estes destacam-se as cultivares Monark, Vitória, Nazaré, Ginga, Midori, Sprint 440 S, dentre outras. Os pepinos do grupo Japonês (Figura 4) são híbridos mais adaptados ao plantio em abrigo, tais como Tsuyataro, Rensei, Seiriki nº5, Nikkey, Top Green, Ancor 8, Flecha, dentre outros. Ambos os tipos (salada e conserva) têm produção mais comum a céu aberto.

Figura 4. Pepino Japonês

Tanto o pepino para conserva como para saladas, podem serem tutorados e protegidos (Figura 5), o que facilita os tratos culturais e a colheita, além de produzir frutos de melhor qualidade (frutos com melhor coloração e menos deformados). Formação de mudas, plantio e adubação:  Grande parte dos produtores faz a semeadura direta na cova, semeando 3 a 4 sementes por cova, a uma profundidade de 2 cm, fazendo-se o desbaste e deixando uma a duas plantas por cova, quando tiverem duas ou três folhas definitivas. Mas, quando se usa sementes híbridas, de custo elevado, o melhor é semear em recipientes, como os copos de jornal ou de plástico e bandejas de isopor, para se obter melhor aproveitamento (na matéria postada neste blog, em 31/10/2012, ensina como fazer copos de jornal). Em locais mais frios, a formação das mudas em recipientes, nos abrigos, favorece a germinação, a emergência e o desenvolvimento inicial das plantas, garantindo uma colheita antecipada. Neste caso deve-se semear uma semente por copo ou célula da bandeja e transplantar a muda quando tiver o primeiro par de folhas definitivas. As covas indicadas para o pepino tutorado devem ser preparadas no espaçamento de 1 a 1,20 m entrelinhas por 40 cm entre plantas. Para o pepino conserva, no sistema rasteiro, recomenda-se o espaçamento de 1 m entre linhas por 30 cm entre plantas, deixando-se uma ou duas plantas por cova. A germinação ocorre cinco dias após o plantio e leva mais 25 dias para a floração. Tanto a adubação de plantio, como de cobertura, se necessário, deve serem baseadas na análise do solo e do adubo orgânico. Tutoramento: O pepineiro pode ser plantado no sistema rasteiro, porém, o tutoramento é o mais indicado no cultivo orgânico, pois facilita os tratos culturais, especialmente os fitossanitários e a colheita, além de diminuir os riscos de ataque de doenças, deformação e má coloração dos frutos. O tutoramento indicado é o vertical, feito com varas de bambu ou de madeira com 2,2 a 2,5 metros de comprimento, apoiadas em um arame de 1,2 a 1,8 m de altura do solo. À medida que a planta for se desenvolvendo, é preciso fazer amarrações dos ramos no tutor.  Irrigação: O solo deve ser mantido úmido por meio de distribuição de água nos sulcos de 30 a 40 centímetros de abertura e 25 a 30 centímetros de profundidade, ou da irrigação pelo sistema de gotejamento (preferencialmente), microaspersão ou aspersão convencional. Manejo das plantas de pepino: No caso do pepino japonês, recomenda-se eliminar os primeiros frutos, quando estiverem pequenos (1 a 2cm), dos três primeiros nós da haste principal. À medida que a planta se desenvolve, haverá emissão de frutos na haste principal e emissão de hastes laterais, em cada nó da planta, que produzirão seus próprios frutos. Para obter-se mais frutos dentro do padrão exigido pelo mercado, ou seja, 20 cm de comprimento e 3 cm de diâmetro, aproximadamente, recomenda-se: a) eliminar todos os frutos da haste principal e b) manter apenas dois frutos por cada haste lateral, podando a mesma antes de emitir o 3º fruto. Manejo de plantas espontâneas: O uso de adubos verdes, a exemplo do cultivo do chuchuzeiro, é recomendado para o pepino, com o objetivo de melhorar o solo, reduzir a infestação de plantas espontâneas e a erosão. Principais pragas e doenças, rotação e consorciação de culturas: ver matéria "Cultivo orgânico de hortaliças-frutos - Parte I", postada em 31/10/2012.

Figura 5. Cultivo tutorado e protegido de pepino

Colheita: No pepino conserva a colheita inicia-se 28 dias após o plantio, prolongando-se por dois meses. Para o pepino salada, a colheita inicia-se entre 60 e 80 dias após a semeadura, prolongando-se por dois meses, aproximadamente. Colheitas frequentes estimulam a produtividade. Recomenda-se fazer no mínimo três colheitas por semana nos pepinos para salada, enquanto que nos tipos para conserva, dependendo da exigência do mercado, pode ser até diária e, no máximo, a cada 2 dias.


sábado, 7 de março de 2020

Cultivo Orgânico do Chuchu (xuxu)


Chuchu

O chuchuzeiro Sechium edule (Jacq.) Swartz é uma planta herbácea, perene e trepadeira, conhecida há séculos e originário da América Central e ilhas vizinhas. Já era conhecido na antiguidade pelos astecas e tinha grande destaque entre as demais hortaliças cultivadas na época. Atualmente, o chuchu (hortaliça-fruto) é cultivado em várias regiões tropicais e subtropicais no mundo e, está entre as dez hortaliças mais consumidas no Brasil. O chuchu (Figura 1) é uma hortaliça que pertence à família botânica das cucurbitáceas, assim como o pepino, as abóboras, o melão e a melancia. O chuchuzeiro pode produzir por vários anos; possui ramas longas com até 15m de comprimento, apresentando gavinhas para sustentação; das ramas saem folhas numerosas com formato de coração. As flores são amareladas e separadas em femininas e masculinas, distintas na mesma planta; a fecundação da flor é totalmente dependente da polinização de abelhas. O fruto (chuchu) é suculento com forma alongada, cor branco-creme, verde-claro ou verde-escuro, liso ou enrugado, com ou sem espinhos. Existem 3 grupos básicos (tipos) de chuchuzeiros segundo a coloração do fruto branca ou creme, verde-claro e verde-escuro. Dentro dos grupos há variações no tamanho, formato, rugosidade e espinhos do fruto; o fruto verde-claro, pouco rugoso e sem espinhos, na forma de pera e alongado, é o preferido comercialmente.

Figura 1. Hortaliça-fruto: chuchu

Uso culinário, propriedades nutricionais e terapêuticas: É um dos alimentos mais comuns na mesa dos brasileiros, embora seu sabor não seja dos mais marcantes. Mas talvez seja esse o seu principal atrativo, pois ele absorve com muita facilidade o gosto de outros alimentos e, por isso, raramente é preparado sozinho. O chuchu acompanha os refogados de cenoura e batata, entra como ingrediente de maioneses e cozidos e, é muito apreciado em associação com o camarão. A fama de vegetal sem graça e sem sabor, não faz jus às qualidades do chuchu. Os frutos não são consumidos crus. Devem ser cozidos e podem ser servidos na forma de refogados, cremes, sopas, suflês, bolo ou salada fria. Para consumo como refogado ou salada, deve-se preferir os frutos mais novos, menores e com casca brilhante. Quando os frutos estão maduros, com a parte de baixo se abrindo, são excelentes para a elaboração de suflês, pois são mais consistentes e têm mais fibra. A casca pode ser removida antes ou após o cozimento. Quando os frutos estão bem novos podem ser consumidos com casca e miolo. Também podem ser consumidas as folhas, brotos e raízes da planta. Os brotos refogados são ricos em vitaminas B, C e sais minerais como cálcio, fósforo e ferro.
Recomenda-se cortar e descascar os frutos crus sob água corrente, pois estes têm uma liga que gruda nas mãos. As propriedades nutricionais do chuchu não devem serem desprezadas, pois ele é rico em fibras, o que faz com que desempenhe um importante papel no funcionamentos dos intestinos e, é uma fonte significativo de ferro, magnésio, potássio, fósforo e cálcio. Em menor proporção, o chuchu possui uma pequena quantidade de vitaminas do complexo B e um pequeno teor de vitamina C. Se for cozido sem sal, o chuchu é recomendado para o tratamento da pressão arterial alta e tem efeitos diuréticos, auxiliando nos problemas renais e urinários.

Cultivo: As temperaturas entre 13ºC e 27ºC são as mais favoráveis para o cultivo; temperaturas mais elevadas provocam queda das flores e frutos. Temperatura baixa prejudica a produção; a planta é muito sensível à geadas e ventos fortes que podem quebrar ramas e brotações ou fazer cair frutos pequenos; em regiões com ventos fortes e frequentes, recomenda-se utilizar quebra-ventos tais como o capim elefante. O chuchu exige boa luminosidade para produzir. Os solos areno-argilosos à argilo-arenosos favorecem o cultivo, sendo os de baixada, quando bem drenados, os preferidos. A propagação do chuchuzeiro é feita via frutos maduros brotados; os agricultores produzem seus próprios frutos (sementes). O fruto deve estar maduro e sadio, com características de forma e textura desejadas. A semente (fruto), está apta para o plantio quando a brotação tiver 10 a 15cm de altura. Frutos selecionados são colocados sobre o leito de terra, em local bem sombreado e arejado e, ligeiramente úmido, deitados lado a lado; após duas semanas a brotação aparece.  

Preparo do solo: consiste em limpeza do terreno, aração e gradagem; antes e depois da aração aplica-se o calcário de acordo com a análise do solo. O preparo do solo deve ser iniciado 90 dias antes do plantio. Em áreas declivosas não recomenda-se a movimentação do solo para evitar a erosão. 

Suporte do chuchuzeiro: é feito com espaldeiramento. Usa-se estacas com 2,5 m de comprimento, arame farpado e arame liso nº 16. As estacas são fincadas para ficarem a 1,8m de altura no espaçamento de 2m x 2m (áreas declivosas), 3m x 3m em áreas mais planas. Após fincar as estacas distribui-se arame farpado no seu topo, à uma distância de 30cm entre si; no sentido cruzado ao arame farpado, estende-se o arame liso. Nas últimas estacas de cada fila coloca-se escoras pela parte interna do chuchuzal. Para hortas domésticas, pode-se utilizar cercas, árvores secas e outros materiais para suporte do chuchuzeiro.  

Espaçamento/covas e adubação: os espaçamentos variam de 3m x 3m até 7m x 7m. As covas devem ter 30 a 40cm de boca por 30 a 40 cm de profundidade. Na abertura da cova separar a terra dos primeiros 15cm de profundidade para ser colocada no fundo da cova. A adubação deve ser orgânica, preferencialmente com composto orgânico, seguindo a análise do solo. Se for utilizado estercos de animais, o preparo e a adubação da cova deve ser feito com antecedência mínima de 15 dias. 

Plantio: efetuado no início da estação chuvosa ou o ano todo (sob irrigação). São colocadas 2 sementes (frutos) por cova (em pé ou deitados) à 5cm-8cm de profundidade. Os brotos devem ficar acima do nível do solo. Recomenda-se colocar uma cobertura morta sobre o solo, em volta da cova, para conservar a umidade. 

Manejo de plantas espontâneas: A cobertura do solo com adubos verdes é uma prática recomendável, pois além de reduzir a infestação de plantas espontâneas, através do abafamento e também da alelopatia, ainda melhora as propriedades física, química e biológica do solo e evita a erosão, especialmente na implantação e no início do desenvolvimento do chuchuzal. Recomenda-se a semeadura de adubos verdes de inverno tais como aveia ou então o consórcio de aveia, ervilhaca e nabo forrageiro, nas quantidades de 60, 18 e 4 kg/ha, respectivamente. Sobre a cobertura dos adubos verdes, prepara-se as covas para o plantio das mudas, mantendo-se estas no limpo, através de capinas. 

Limpeza e amarrio: periodicamente retira-se com faca os ramos e folhas secas, principalmente nos meses frios, quando grande parte delas morre para rebrotar na primavera. Leve até os arames as novas ramas que brotarem. Não puxe as ramas. 

Irrigação: o chuchu é sensível à falta de chuvas, pois suas raízes se concentram nos primeiros 20cm de profundidade. Usa-se o sistema de irrigação por aspersão ou infiltração, em turnos de rega diárias ou dias alternados; nas épocas quentes, 2 irrigações diárias são suficientes. Na frutificação a necessidade de água é maior. Adubação em cobertura: de dois em dois meses, se houver necessidade e, de acordo com a análise do solo e do adubo orgânico. 

Manejo de doenças e pragas: Entre as principais doenças que atacam o chuchuzeiro são os fungos Oídio (Oidium sp.), Antracnose (Colletotrichum lagenarium), Mancha Zonada da folha (Leandria momordica) e o nematoide de galhas (Meloidogyne incógnita e M. javanica). No manejo do fungo Oidio e de pragas, recomenda-se ver a matéria "Cultivo orgânico de hortaliças-frutos - Parte I", postada em 31/10/2012. Para o manejo das principais doenças que ocorrem no chuchuzeiro e, de forma geral, para todas as cucurbitáceas, recomenda-se as seguintes práticas preventivas: a) escolher áreas novas e bem arejadas e ensolaradas; b) fazer rotação de culturas com espécies que não pertencem à mesma família botânica (cucurbitáceas); c) plantio somente de mudas vigorosas e sadias; d) sempre que possível, dar preferência à irrigação localizada, ao invés da aspersão; e) eliminar plantas doentes e f) ao final do ciclo da cultura, eliminar todos os restos culturais da lavoura, destruindo-os através da compostagem. Rotação de culturas e consorciação de culturas: 

Colheita e conservação: A colheita inicia-se aos 85 à 120 dias após o plantio e, prolonga-se por 3 anos (comercialmente). O ponto de colheita é quando o fruto está tenro, com tamanho de 10-15cm, o que ocorre 10-15 dias pós aberturas das flores. Destaca-se o fruto com a mão, efetuando-se leve torção. O fruto colhido é levado para o galpão. É conveniente colher a cada 3 dias. Os frutos podem ser mantidos em condição ambiente, por 3 a 5 dias depois de colhidos; a partir de 5 dias começam a murchar. Podem ser conservados por maior tempo, 6 a 8 dias, na parte de baixo da geladeira, embalados em saco de plástico. O produto já descascado e picado conserva-se por até 3 dias após seu preparo, desde que mantido embalado em vasilha tampada ou em saco de plástico, na gaveta inferior da geladeira.