Chicória
A chicória (Cichorium endivia L.) é uma planta que tem sua origem na Índia Oriental e é conhecida e utilizada na alimentação humana desde o Egito antigo, na forma cozida ou como salada. Existem duas variedades claramente definidas que são Cichorium endivia var. crispa L., que é a chicória crespa, caracterizada pelas folhas bastante recortadas e, Cichorium endivia var. latifolia L., variedade lisa que tem no Brasil o maior consumo e valor comercial. Ambas têm o característico sabor amargo, que é mais forte nas folhas mais verdes. A chicória (Cichorium endívia), hortaliça-folhosa, de ciclo anual, conhecida também por endívia, escarola e chicarola, pertencente a família botânica das Asteraceae, conhecida também por Compositae ou Compostas; são aproximadamente 50.000 espécies, sendo os representantes desta família a alface, o crisântemo, o girassol, a margarida e muitos outros. A chicória é cultivada na região centro-sul do país e não forma cabeça (Figura 1). Endívias produzidas no escuro têm o sabor mais suave e doce, e coloração branca-amarelada. As flores das chicórias são azuis, muito bonitas e delicadas.
Uso culinário e propriedades nutricionais e terapêuticas: Endívias e escarolas podem ser consumidas cruas, refogadas, cozidas no vapor ou assadas. Na culinária é mais uma opção no preparo de saladas , mas também fica ótima em sopas, purês, cozidos, além de ser especialmente recomendada como recheio de pizzas. Apesar de amargas, elas têm sabor refrescante e são muito apreciadas na culinária européia. Endívias acrescentam um toque de requinte em entradas e combinam muito bem com azeite de oliva, alho, queijos cremosos, coalhadas e tomates secos. Suas folhas côncavas podem ser recheadas e servidas de várias maneiras e têm um excelente efeito na apresentação dos pratos. Elas possuem pouquíssimas calorias, cerca de 17 kcal por 100 gramas e desta forma são muito indicadas para dietas de emagrecimento. As folhas da chicória destacam-se das demais hortaliças pelo seu elevado teor de potássio. Trata-se de uma hortaliça rica em fibras, ótima para o bom funcionamento do intestino. Além disso, contém a vitamina A e é rica em vitaminas do complexo B. Possui , ainda , sais minerais como cálcio , fósforo e ferro, importantes para manter o equilíbrio do organismo. As principais propriedades medicinais são: limpa o fígado, estimula o baço e, é recomendada para os problemas de visão em geral; também fortalece os ossos, dentes e cabelos e ativa as funções do estômago, intestino e fígado e estimula o apetite. Ativa a função biliar, quando a secreção da bile se mostra escassa, e atua como laxante.
Figura 1. Hortaliça-folhosa: chicória
Cultivo: A chicória produz melhor sob temperaturas amenas, embora haja cultivares tolerantes a temperaturas mais elevadas. Geralmente a semeadura ocorre no outono e inverno, porém pode-se cultivar ao longo do ano, em regiões de altitude. Prefere solos areno-argilosos, férteis, ricos em matéria orgânica, drenados e com o pH entre 6 e 6,8. A semeadura desta hortaliça é realizada da seguinte maneira: primeiramente, na sementeira, procede-se a semeadura utilizando-se 4 g/m2 de sementes. Após ter transcorrido quatro a cinco semanas as plantinhas terão 4 a 6 folhas, momento do transplante para o local definitivo, em canteiros com cerca de 20 cm e irrigado regularmente. A época de cultivo das chicórias varia de acordo com o clima e com a cultivar. A chicória lisa é a variedade com maior valor comercial e é colhida em até 80 dias após a semeação. As diversas cultivares de chicória apreciam o clima ameno, com temperaturas entre 14º e 18ºC. Em climas quentes elas tendem a ficar com o sabor muito amargo. Temperaturas acima de 25ºC afetam o desenvolvimento da planta, que fica com folhas mais grossas e menores. Chicórias são muito exigentes em fertilidade e, se ressentem em caso de excesso ou carência de adubos. Rega-se abundantemente. Para se conseguir chicórias de melhor apresentação, mais claras e tenras, recorre-se ao estiolamento, procedendo da seguinte forma: amarra-se um cordão ou material similar de modo a proteger o "coração" da planta dos raios solares e mantendo-se neste estado por uns 15 dias. As regas não deverão atingir o "coração" da planta.
Outros tratos culturais importantes são as irrigações freqüentes e escarificações, mantendo o solo fofo, a fim de possibilitar à planta melhores condições de desenvolvimento. As doenças e pragas que atacam a chicória são basicamente as mesmas que atacam o alface, que são os pulgões, lesmas, caracóis e insetos que mastigam suas folhas. As doenças mais comuns são a podridão-basal, o vira-cabeça, a septoriose e a queima-de-saia, entre outras. Dentre as medidas preventivas para o manejo das pragas e doenças, estão a adubação equilibrada conforme análise do solo, pois um solo bem suprido de nutrientes dará maior resistência às plantas e a rotação de culturas com espécies de famílias botânicas diferentes; por ser uma hortaliça folhosa é bastante exigente em nitrogênio, por isso, na rotação de culturas recomenda-se, especialmente as leguminosas. Caso seja necessário o uso de produtos alternativos no manejo de doenças e pragas, recomenda-se os utilizados no cultivo de alface (ver matéria postada neste blog em18/01/2011).
Colheita: A colheita deve ser realizada aos 80 a 90 dias após a semeadura, com rendimento aproximado de 25 a 30 toneladas por hectare. A chicória pode ser guardada em geladeira, em sacos plásticos, sem lavar, por até 7 dias.
Espinafre
Os primeiros relatos do cultivo do espinafre (Figura 2) vêm da Espanha na época das cruzadas. Provavelmente foi trazido pelos árabes no seu avanço pela Península Ibérica. Logo foi introduzido na Europa inteira e no século 16 já era uma das verduras mais encontradas no continente. Existem dois tipos de espinafre, originários de diferentes regiões. Um deles pertence à família Chenopodiaceae, é nativo do sul da Ásia e foi levado para a Europa no início do século 12. O outro, mais fácil de ser encontrado no Brasil, é da família Aizoaceae, com origem na Nova Zelândia e Austrália. É cultivado principalmente nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. É muito consumido na Europa e nos Estados Unidos. Atualmente, o consumo no Brasil já é considerado bastante elevado, apesar de proporcionalmente bem menor do que nos países europeus e nos Estados Unidos. A planta (Spinacia oleracea) possui flores masculinas e femininas que, desta forma, são responsáveis pelo desenvolvimento e proliferação deste vegetal. O caule do espinafre é curto e as folhas crescem ao seu redor.
Uso culinário e propriedades nutricionais e terapêuticas: Na culinária, o espinafre é muito utilizado cozido ou em saladas, sopas e recheios de tortas, massas, como pasteis, calzones, raviolis e pizzas, além de patês e molhos cremosos para carnes e massas. O espinafre é uma planta bastante apreciada pelas suas características nutritivas, por conter muitas vitaminas, principalmente a C e por ter apenas 25 calorias em cada 100g. A hortaliça é rica em ferro, vitaminas A, B1, B2, B5, C, D, E, K, cálcio, fósforo, potássio, magnésio, ferro, sódio, enxofre, cloro e silício. O espinafre é indicado para pessoas com anemia e desnutrição, além de ajudar no combate à pressão arterial alta e colesterol. Porém não é recomendado para quem sofre de ácido úrico, gota e cálculos renais, por ter alta concentração de ácido oxálico, o que atrapalha a absorção de ferro, cálcio e outros minerais. As folhas verde-escuras contêm antioxidantes e bioflavonóides que ajudam a bloquear as substâncias causadoras de câncer, especialmente do pulmão e próstata. Uma xícara de espinafre fresco também fornece 190 mcg (microgramas) de folato, um nutriente especialmente importante para mulheres grávidas ou que estejam planejando engravidar, porque ajuda a prevenir defeitos neurológicos congênitos. A deficiência de folato pode causar também um tipo grave de anemia. As quantidades de vitaminas e minerais em 100 gramas de espinafre cru são:. vitamina A (9376 UI), C (28.1 mg), E (2.0 mg), K (483 mcg), B6 (0.2 mg), niacina (0.7 mg), tiamina (0.1 mg), riboflavina (0.2 mg), folato (194 mcg), cálcio (99.0 mg), ferro (2.7 mg), magnésio (79.0 mg), fósforo (49.0 mg), potássio (558 mg), cobre (0.1 mg) e manganês (0.9 mg).
Figura 2. Hortaliça-folhosa: Espinafre
Cultivo: Foram desenvolvidas muitas variedades de espinafres, que se dividem em três tipos principais: Savoy (de folhas verde-escuras e crespas, sendo o tipo mais vendido fresco em molhos), Folha plana e lisa (de folhas maiores, arredondas, planas, lisas e mais fáceis de limpar; utilizadas principalmente na indústria de alimentos) e Semi-savoy (tipo híbrido, de folhas crespas porém mais fáceis de limpar; é cultivado tanto para consumo in natura como para a indústria). As cultivares mais antigas tendem a ter um sabor mais amargo e as folhas mais escuras, além de serem mais sensíveis ao calor, florescendo mais rapidamente. Já as cultivares modernas, apresentam sabor mais suave, folhas mais largas e sementes arredondadas, além de serem mais precoces e demorarem mais a florescer. O espinafre é uma hortaliça que se desenvolve melhor em temperaturas médias e amenas, entre 15 e 21 ºC. Em locais com temperaturas um pouco mais altas, dependendo da variedade, o ambiente pode ficar mais favorável ao florescimento. O plantio no Brasil é feito, normalmente, de março a julho, a não ser em regiões com verão mais ameno, onde pode-se plantar o espinafre durante todo o ano. O excesso de calor prejudica o crescimento da hortaliça e facilita o florescimento precoce. No entanto, há cultivares mais tolerantes, que podem ser plantadas o ano inteiro.
Os solos mais indicados para esta cultura são os areno-argilosos, férteis, e adubados de acordo com o resultado da análise de solo. O pH indicado deve ficar entre 6 e 7. A semeadura é feita diretamente no solo ou em sementeiras, para depois serem transplantadas para o canteiro. Em geral, utiliza-se de 3 a 4g de sementes por metro quadrado de sementeira. Quando as mudas apresentarem de 4 a 5 folhas, devem ser transplantadas para o local definitivo No plantio direto, coloque de duas a três sementes por cova, com profundidade de um a dois centímetros. O espaçamento entre covas pode mudar de acordo com a época do cultivo e variedade cultivada, entre outros fatores. Experiências na Embrapa Hortaliças obtiveram sucesso com espaços de 30 x 20 e de 30 x 30 centímetros Uma dica importante que deve ser utilizada na época do plantio é deixar as sementes imersas em água, durante cerca de 24 horas, antes da semeadura. Esse procedimento é indicado para facilitar a germinação, fazendo com que ocorra mais rápido. É uma planta relativamente resistente a pragas e doenças, sendo as mais comuns alguns tipos de fungos, além de alguns insetos que ''devoram'' as folhas ou sugam a planta. Algumas variedades híbridas são muito resistentes às doenças e às temperaturas bastante elevadas. Por este motivo, a escolha da variedade a ser plantada deve levar em consideração, principalmente, as médias de temperatura da região e a necessidade de resistência maior a algum tipo de praga que possa atacar, naquela região. Os tratos culturais indicados são: regas diárias ou irrigação nas sementeiras e adubação de cobertura, após o transplante das mudas para o local definitivo. Além disso, a adubação deve ser reforçada após cada corte das plantas. O terreno deve ser limpo, sempre que necessário, através de capinas.
Colheita: A colheita deve ser realizada de 40 a 60 dias após a semeadura, quando esta é feita diretamente no local definitivo. Em geral, após este período, as folhas estão com cerca de 25 a 32cm de comprimento, apresentando uma forte coloração verde-escura.
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