Alho-porró
O alho-porró (Allium porrum L.), de origem européia, pertence à família botânica das Amarilidáceas (anteriormente era tido como pertencente à família das Liliáceas). O alho-porró, também chamado de alho-francês, alho-macho e alho-poró (Figura 1), é bastante cultivado, especialmente na França e Inglaterra. No Brasil, especialmente no Sul, seu cultivo tende a ser feita em escala crescente, devido às condições favoráveis de clima e solo. Em vez de formar um bulbo arredondado, como a cebola, o alho-porró produz um longo cilindro de folhas encaixadas umas nas outras, esbranquiçadas na zona subterrânea, sendo esta a parte das folhas a mais utilizada na culinária, ainda que a parte verde também possa ser utilizada, por exemplo, em sopas. A planta é herbácea, tenra e bienal, produz talo e folhas no primeiro ano e a haste floral, flores e sementes no segundo ano. As folhas que são compridas e relativamente largas, possuem bainhas longas, que sobrepões umas às outras para forrar um falso caule, cilíndrico, também chamado talo; este, de 10 a 20 cm de comprimento e três a seis cm de diâmetro, tem a base dilatada em forma de bulbo. O sistema radicular é constituído por raízes fasciculadas, semelhantes ao alho comum.
Figura 1. Hortaliça-folhosa: alho-porró
Uso culinário e propriedades nutricionais e terapêuticas: Sua composição nutricional chama a atenção pelas baixas calorias. O alho-porró contém vitamina A, B, C e potássio, mas em pequenas concentrações. A sua principal característica, no entanto, é não conter enxofre em grande quantidade como é o caso da cebola. O alho-porró é útil em uma variedade de pratos, onde seu sabor, semelhante ao da cebola, é apreciado. Pode ser fervido e peneirado com batatas e servido como sopa. Pode-se também refogá-lo em caldo sem gordura para ser servido quente ou pincelar levemente com azeite de oliva e grelhá-lho para servir com legumes. As principais propriedades medicinais do alho-porró são: desinfetante, digestivo, diurético, estimulante, expectorante e laxante; combate a má digestão, melhorando o funcionamento dos rins e intestinos; previne a arteriosclerose, gripes e resfriados e, ainda descongestiona as vias respiratórias. No entanto, deve-se evitar em casos de úlceras e gastrites.
Cultivo: É considerada uma hortaliça de inverno, sendo necessário para o seu bom desenvolvimento, que as temperaturas médias mensais estejam entre 13 e 24ºC. É uma planta pouco tolerante à acidez do solo, preferindo solo com pH entre 6,0 e 6,8. O solo deve ser fértil, profundo com boa capacidade de retenção de umidade, rico em húmus e solto, para facilitar a operação de amontoa, a fim de haver o necessário branqueamento do talo. Para o plantio de um hectare, são necessários, aproximadamente, 700 g de sementes (1 g contém, em média, 400 sementes), no espaçamento de 0,5 m entre linhas por 0,15 m entre plantas. As sementes de alho-porró perdem o poder germinativo e o vigor rapidamente, porém, quando guardadas em latas hermeticamente fechadas e, em local fresco, conservam-se por mais tempo. Caso não seja utilizadas todas as sementes, recomenda-se guardá-las em saco plástico, tomando-se o cuidado de retirar o ar do mesmo, colocando-o na última gaveta da geladeira. São indicadas as seguintes variedades: Gigante-Musselburg, Gigante-de-carentan e Gigante americano. Tendo em vista que as sementes são muito pequenas, recomenda-se, após a semeadura, cobrir-se o solo com capim seco ou sombrite, retirando quando emergirem (6 a 8 dias), para evitar a formação de uma camada superficial dura no solo. As melhores mudas para o transplante devem estar com 10 a 15 cm de altura e com três a quatro folhas, geralmente aos 50 a 65 dias após a semeadura. O canteiro deve ser bem irrigado na ocasião do arrancamento das mudas para facilitar a operação. O sulco para o plantio definitivo deve ter 10 cm de profundidade. As capinas, as escarificações e amontoa são importantes, sendo esta última operação que consiste em chegar terra às plantas (amontoa), cerca de 30 dias antes da colheita (90/100 dias após o plantio), para proporcionar o necessário branqueamento e maciez do talo ou falso caule. A rotação de cultura deve ser feita com milho, arroz, tomate, repolho, etc. É interessante incluir uma leguminosa (adubo verde), na rotação de culturas, como crotalária ou feijão-de-porco, a qual será incorporada ao solo antes de florescer.
Colheita: a colheita se dá cinco a seis meses depois da semeadura, quando, então, as hastes têm de 2,5 a 4 cm de diâmetro. Deve-se cortar as hastes junto ao solo, lavando-as e retirando as folhas secas e, posteriormente amarrando-as em maços para a comercialização. Ao comprar alho-porró, prefira os mais finos, que são mais macios e, escolha os que têm a mesma proporção de parte verde e branca. O alho-porró pode ser conservado na geladeira, envolvido em um saco plástico por 3-4 dias.
Couve-de-bruxelas
A couve-de-bruxelas teve origem na Bélgica nos meados do séc. XVIII, tendo sido uma das ultimas variedades botânicas de Brassica oleracea a serem diferenciadas. É uma hortaliça-folhosa (Brassica oleracea, grupo Gemmifera) que lembra pequenos repolhos e por isso, também é chamada de repolhinho; pertence à família botânica das brássicas, a mesma da couve, repolho, couve-flor, brócolis, couve-rábano, nabo, agrião e rúcula. Ela tem a particularidade de crescer ao longo do talo da planta, que na época da colheita fica totalmente coberto pelos pequenos repolhos (Figura 2).
Figura 2. Hortaliça-folhosa: couve-de-bruxelas
Uso culinário e propriedades nutricionais e terapêuticas: Na cozinha a couve-de-bruxelas é usada de várias maneiras, principalmente recomendada como acompanhamento para carnes. Também pode ser usada no preparo de sopas, ensopados e cozidos. A couve-de-bruxelas é rica em sais minerais, principalmente fósforo e ferro. Contém vitaminas A e C, ambas importantes para os olhos e para a pele. Como tem poucas calorias, pode fazer parte das dietas de emagrecimento. Além disso, é rica em fibras de celulose, sendo recomendada para as pessoas que têm problemas intestinais.
Cultivo: A couve-de-bruxelas se desenvolve de forma semelhante às demais couves e ao repolho, necessitando de uma longa estação fria para o seu crescimento. Devido a sua exigência climática, em torno de 15 °C a 19 °C, nunca obteve uma disseminação muito grande na área produtiva. O solo para o cultivo deve ser bem drenado e rico em matéria orgânica. Solos mais arenosos são aconselháveis para plantas precoces e recomenda-se ajustar o pH do solo para 6,5 ou um pouco mais, quando se busca rendimentos maiores. A forma de propagação da cultura se dá por semente, entretanto a semeadura normalmente não é direta. Primeiramente é realizada a semeadura em sementeiras ou em bandejas de isopor para, posteriormente, efetuar-se o transplante. A época mais recomendada para a semeadura da couve-de-bruxelas é de fevereiro a junho, colocando-se em torno de 200 g de semente por ha, sendo que a germinação ocorre normalmente entre 5 a 7 dias. O transplante para o local definitivo deve ser realizado de preferência em dias nublados, quando as plantas atingirem em torno de 10 cm de altura. Recomenda-se utilizar o espaçamento de 80 cm entre linhas e 40 cm entre plantas, obtendo-se uma população de 31.000 plantas/ha. O desenvolvimento adequado e uma boa produção de couve-de-bruxelas estão diretamente relacionados com a época de semeadura, já que esta é uma cultura de clima frio e necessita de temperaturas adequadas durante 90 dias da germinação até a colheita. Temperaturas frias durante o desenvolvimento dos pequenos repolhos são importantes para sua qualidade e forma compacta. Para cultivos de verão recomenda-se procurar variedades resistentes ao calor, já que os pequenos repolhos que amadurecem em condições de altas temperaturas e umidade estão mais suscetíveis à doenças. Para o manejo de pragas e doenças da couve-de-bruxelas, recomenda-se seguir as orientações mencionadas no cultivo da couve (espécie da mesma família botânica e, por isso, possui pragas e doenças comuns), na matéria postada em 14/08/2012 neste blog (Cultivo orgânico de hortaliças-folhosas - Parte II). É importante lembrar que a rotação e consorciação de culturas, são práticas que devem ser realizadas antes e depois do plantio das brássicas,
Colheita: deve ser realizada quando os pequenos repolhos apresentarem o tamanho adequado e consistência levemente firme, antes deles sepois ajudar a reduzir as pragas e doenças, além de outros benefícios. A rotação de culturas consiste em plantar um cultivo de uma espécie da família das brássicas e, depois de colher, plantar uma outra planta que não seja desta família como exemplo milho, tomate, cenoura, mucuna, crotalária, aveia e outras. Em outras palavras, não devemos plantar culturas sucessivas de repolho, couve, couve-de-bruxelas, brócolis ou substituir uma lavoura de repolho por couve-flor, brócolis ou couve-de-bruxelas e, assim por diante. Os primeiros repolhos próximos à base da planta ficam prontos para colheita, em torno de 3 meses após o transplante. Retiram-se as folhas abaixo dos repolhos maduros e, em seguida, é efetuada a colheita girando-se os até descolarem do caule. Os repolhos são colhidos à medida que amadurecem, usualmente a cada duas semanas de intervalo. A colheita se estende pelo período em que novos repolhos são formados e vão amadurecendo. A conservação dos repolhos é realizada em câmaras frias a uma temperatura de 0,0 °C a 1,2 °C e umidade relativa de 90% a 95%.
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