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ANUCIOS

quarta-feira, 25 de junho de 2025

CULTIVO ORGÂNICO DO ALHO

 

CULTIVO ORGÂNICO DO ALHO


O cultivo orgânico de cebola, também importante hortaliça-bulbo, já foi postada neste blog em 13/04/2011.

     Embora não haja unanimidade, tudo indica que a Ásia é o continente de origem do alho (Allium sativum L.). Desde os tempos bíblicos já era cultivado no Oriente, de onde ganhou a Europa, tendo sido introduzido nas Américas pelos colonizadores portugueses e espanhóis. Apresenta folhas lanceoladas que diferem dependendo da localização na planta e possui pseudocaule formado pelas bainhas das folhas. Em condições climáticas favoráveis as gemas do caule se desenvolvem formando cada uma um bulbilho (dente), que em conjunto forma o bulbo (cabeça)O alho, pertencente à família botânica das Liliaceae (a mesma da cebola, alho-porró e aspargo), é uma planta assexuada que se propaga através do plantio dos bulbilhos ou dentes. Caracteriza-se por um bulbo arredondado, conhecido como cabeça, composto dentes ou bulbilhos (Figura 1), envoltos por uma casca que pode ser branca, rosada ou roxa. O número de bulbilhos é muito variável, sendo esta uma característica usada para diferenciar as cultivares. Cada bulbilho possui uma gema, capaz de originar uma nova planta, sendo assim,  dente de alho é a muda utilizada no plantio. A característica mais marcante do alho é o seu cheiro e este se deve à presença da alicina (óleo volátil sulfuroso). Quando as células do alho são quebradas, libera-se uma enzima chamada aliniase que modifica quimicamente a substância alinia em alicina, que resulta no cheiro do alho. Por muitos anos o alho foi desprezado na cultura de países do Ocidente, como Inglaterra e EUA, por causa do mau hálito que provoca. Para todas as culturas mundiais, o alho era um item na alimentação quase tão importante quanto o sal. A diferença de importância foi dada pela rejeição das classes mais altas, em razão do seu cheiro; para anular os odores do alho no hálito, recomenda-se mastigar ramos de salsa fresca. O alho foi reintroduzido na cozinha norte-americana graças aos imigrantes que chegaram a partir de meados do século XIX. O reconhecimento do alho como um superalimento saudável tem crescido nas últimas décadas, tanto que hoje são comuns os suplementos de alho, embora quase todos concordem que o alho consumido fresco é melhor.

Figura 1Bulbo e bulbilhos de alho


Uso culinário, propriedades nutricionais e terapêuticas: o alho tem sido empregado por milênios, numa variedade de funções. A arqueologia tem descoberto esculturas de barro e pinturas em tumbas egípcias, que têm o alho como tema, que datam de 3.200 anos antes de Cristo. Um papiro egípcio de 1500 anos, recentemente descoberto recomenda o alho como tratamento para a cura de 22 doenças comuns. Embora algumas vezes malvisto no decorrer dos séculos, o alho tem sido adotado num amplo conjunto de aplicações nutricionais e medicinais através da história e até os dias de hoje continua melhorando nossa saúde. É importante ressaltar que diminuiu o preconceito no emprego do alho na culinária. Os dentes de alho podem ser usados inteiros, amassados ou em lâminas, dependendo da intensidade de aroma e sabor que se queira dar ao prato.. O alho destaca-se quanto ao valor nutricional, pelo seu conteúdo em calorias, proteínas, carboidratos, fósforo, tiamina (B1) e vitaminas A, B2 e B6. Com relação às propriedades medicinais a Dra. Eloísa C. Pimentel, médica fitoterapeuta e homeopata da Prefeitura de Campinas destaca as seguintes propriedades medicinais: analgésico, anti-inflamatório, anti-séptico, antibacteriano, antimicótico, antiviral; protege o fígado,  é diurético, antioxidante, estimula o sistema imunológico; também é indicado no controle da hipertensão, na redução do colesterol, para gripes e resfriados e ainda como vermífugo (contra amebas); é anticoagulante mas não deve ser usado concomitante com outros anticoagulantes; lactentes não devem usá-lo, pois pode causar cólicas no bebê.  O alho atua com eficácia na prisão de ventre e é um ótimo estomáquico, aumentando a secreção dos sucos digestivos, facilitando a digestão. É um antibiótico natural (contém alicina) e previne as tromboses, purifica as mucosas e evita a formação de catarro. Também tem efeito contra o excesso de ácido úrico, o reumatismo e a arteriosclerose. O alho é altamente indicado para diabetes, sinusite, nevralgia, garganta inflamada, bronquites e asma. Os efeitos benéficos do alho são obtidos com o consumo diário de 2 a 3 dentes. Segundo pesquisa do instituto norte-americano,  homens que habitualmente consomem alho têm menor risco de desenvolver câncer de próstata, devido ao composto à base de sulfeto presente no alimento.  Embora não fosse sabido nos tempos remotos, a ciência hoje confirma que os poderes curativos do alho vêm dos compostos voláteis de sulfa encontrados no alho, incluindo allicin (responsável pelo odor forte), alliin, cyroalliin diallyldisulphide.  O allicin do alho cru é capaz de eliminar 23 tipos de bactérias, incluindo a salmonela e a staphylococcus. Outro composto do alimento, diallyldisulphide-oxide, foi provado ser eficaz contra o mau colesterol, prevenindo que as artérias venham a se entupir. As vitaminas encontradas no alho estimulam o corpo a limpar as toxinas e até mesmo ajudam a prevenir outros tipos de câncer, como o de estômago.  Além do uso culinário, valor nutricional e terapêutico, o alho é uma ótima matéria-prima para fazer caldas, fertilizantes e preparados para o manejo de pragas e doenças das hortaliças. O alho é repelente contra pulgões e lagartas que atacam a lavoura de alho e de outras culturas, além de proteger o alho-semente de nematoides.


Cultivo:   O alho é uma cultura de clima frio, suportando bem baixas temperaturas, sendo inclusive, resistente à geadas. A planta exige pouco frio no início do desenvolvimento, muito no meio do ciclo e dias longos no final. Portanto, temperatura e fotoperiodo são fatores climáticos extremamente importantes à cultura do alho, influindo na fase vegetativa, no bom desenvolvimento e na produtividade. O comprimento do dia ou fotoperiodo, determina em que região e em que época cada variedade deve ser plantada. Cultivares: Existem diferentes tipos de alho e quase todos diferem em relação a tamanho, cor, forma, sabor, número de dentes por bulbo, acidez e capacidade de armazenamento. Acredita-se que exista mais de 600 variedades de alho no mundo e isto ocorre porque as características individuais do alho são modificadas de acordo com as condições de cultivo, do solo, da temperatura, do período de chuvas e da altitude de cada lugar. Dentre os diversos tipos de alho, há os chamados alhos nobres que possuem sempre menos de 20 dentes ou bulbilhos por cabeça, formando um bulbo com diâmetro por volta de 6 cm. Já os alhos comuns podem apresentar mais de 20 dentes por bulbo. As cultivares são também chamadas de clones, porque as mudas são pedaços da planta-mãe. Atualmente, as cultivares que produzem bulbilhos de maior tamanho e em menor número,  são os preferidos dos consumidores. Como exemplos temos as cultivares Amarante,  Gigante de Lavínia,  Gigante Roxão,  Gigante Curitibanos, Chonan, Roxo Pérola Caçador, Quitéria e Caçapava. É muito importante consultar o técnico de seu município para saber as variedades que mais se adaptam à região de cultivo. Soloo alho prefere solos leves, soltos, ricos em matéria orgânica e bem drenados. Não suporta terrenos úmidos. Solos pesados e mal drenados não permitem o bom desenvolvimento das raízes, prejudicando a nutrição das plantas, além de dificultar a colheita. Por outro lado, os solos arenosos não tem capacidade para reter a umidade e os nutrientes necessários para o bom desenvolvimento. As combinações de solos areno-argilosos são os mais favoráveis, bem como os solos turfosos. Adubação: A adubação orgânica deve ser equilibrada, baseada na análise do solo e do adubo a ser incorporado. O pH ideal do solo deve estar em torno de 6,0 a 6,5. O excesso de nitrogênio pode provocar o superbrotamento, produzindo bulbilhos sem nenhum valor comercial. O alho é muito sensível à falta do micronutriente boro, causando o encurvamento anormal das folhas. O excesso de boro também pode ser prejudicial, causando fitotoxicidade nas plantas. Preparo do alho-semente: após a seleção dos bulbos, deve-se selecionar os bulbilhos ou dentes, de acordo com seu tamanho em grandes, médios e pequenos. Os chamados de “palitos” (dentes pequenos e finos que ficam no miolo do bulbo) também podem serem aproveitados, pois além de baratear o custo da “semente”, produzem bulbos normais. Se os bulbilhos, não classificados, forem plantados misturados, a lavoura terá plantas mais ou menos vigorosas, interferindo diretamente nos tratos culturais e na época de maturação.   Época de plantio e preparo do solo:   para as regiões Sul, Sudeste, Nordeste e Centro-Oeste, recomenda-se o plantio em maio à junho; março à abril; maio e março à abril, respectivamente. Havendo necessidade de corrigir a acidez do solo, recomenda-se a aplicação da metade da dose de calcário e, posteriormente uma aração profunda  para  incorporar os restos culturais e o calcário, três meses antes do plantio. Em seguida faz-se a incorporação da segunda metade da dose de calcário, com uma gradeação. A segunda gradagem deve ser feita próximo ao plantio, incorporando-se, se necessário, adubação orgânica. O uso de canteiros é recomendado no caso do terreno for sujeito ao encharcamento, devido principalmente às chuvas frequentes e intensas. Plantio e espaçamento:  tanto no plantio direto como em canteiros, pode-se utilizar o espaçamento de 0,25 a 0,30m entrelinhas por 0,10m entre plantas. Os sulcos de plantio devem ter cerca de 10 cm de profundidade. Após a distribuição nos sulcos, os bulbilhos devem ser cobertos com uma camada de 2 a 3 cm de terra. Cobertura morta:   havendo material disponível, recomenda-se , por exemplo, a cobertura morta que pode ser com palha de arroz, milho, feijão, capim sem sementes (7 a 10 cm), e outros,  logo após o plantio, pois favorece a retenção da umidade do solo, diminui a necessidade das irrigações, diminui a temperatura do solo e, especialmente, retarda o surgimento das plantas espontâneas. Irrigação:  especialmente, nas fases de crescimento da planta e de enchimento dos bulbos é muito importante manter o solo úmido, mas sem encharcar. A irrigação dos alhos de ciclo precoce e ciclo médio ou tardio, deve ser suspensa 10 dias e 15 a 25 dias antes da colheita, respectivamente. Capinas: a cobertura morta reduz bastante as capinas necessárias para o bom desenvolvimento das plantas. Quando cultivado em canteiros, recomenda-se deixar entre eles, a vegetação nativa para servir de refúgio, alimento e multiplicação de predadores do ácaro do chochamento e do tripes que atacam o alho. Adubação de cobertura:  30 dias após o plantio, normalmente, é necessário fornecer  o nitrogênio que as plantas necessitam, através de composto orgânico (5 t/ha) ou chorume de composto (1 parte de composto orgânico peneirado e 2 a 5 partes de água) ou ainda biofertilizantes  (400 ml/m2), aplicando junto a linha de plantio. Manejo de doenças e pragas: Dentre as doenças, a que mais preocupa no cultivo orgânico do alho, especialmente no início do desenvolvimento, é a mancha púrpura ou queima das folhas, causada pelo fungo Alternaria porri  e favorecida pelas temperaturas em torno dos 25ºC. Os sintomas iniciais são manchas brancas, pequenas, alongadas ou irregulares, que se tornam púrpuras, posteriormente, favorecida por condições de umidade e temperaturas elevadas. Aplicações semanais, a partir dos 60 dias após o plantio, com calda bordalesa a 1%, são eficientes no manejo desta doença. Dentre as pragas, as que mais preocupam no cultivo orgânico são o tripes (Thrips tabaci)  que provoca o amarelecimento e secamento prematuro das folhas e o ácaro do chochamento (Eriophyes tulipae) que provoca deformações nas folhas, com retorcimento e secamento prematuro das plantas, afetando o desenvolvimento e a perda de peso e qualidade dos bulbos. O tripes, inseto minúsculo, ataca formando colônias de coloração prateada em vários pontos da folha, mas principalmente a superfície interna da bainha, raspando a folha e sugando a seiva das plantas. O manejo destas pragas pode ser feito com a presença dos inimigos naturais, atraídos pela vegetação nativa que cresce entre os canteiros ou nos corredores de refúgio.  A calda bordalesa (1%) e a calda sulfocálcica também auxiliam no manejo destas pragas. Além da rotação de culturas,  os preparados com alho de acordo com as receitas descritas a seguir, também podem auxiliar no manejo das pragas e doenças que ocorrem no alho e em outras culturas:

-Preparado com alho (Allium sativum)-  manejo de tripes, cochonilhas, ácaros, pulgões, lagarta do cartucho do milho e doenças (podridão negra, ferrugem e alternária): o alho é um antibiótico natural e pode ser usado como inibidor ou repelente de parasitas de plantas ou animais.                                                                                                                                                Receita 1: dissolver 50 g de sabão em 4 litros de água, juntar 2 cabeças picadas de alho e 4 colheres de pimenta vermelha picada. Coar e pulverizar as plantas atacadas;                              Receita 2: moer 100g de alho e deixar em repouso por 24 horas em 2 colheres de óleo mineral. Dissolver, à parte,  10g de sabão em 0,5 l de água. Misturar todos os ingredientes e filtrar. Antes de usar o preparado nas plantas atacadas, diluí-lo em 10 litros de água;                  Receita 3:  7 dentes de alho macerados em 1 litro de água. Deixa-se essa mistura em repouso durante 10 dias. Antes de pulverizar as plantas atacadas, diluir em 10 l de água.


Colheita, cura e armazenamento:  a colheita deve ser feita, manualmente, com o solo levemente úmido, para facilitar a retirada das plantas, pela manhã e em dias ensolarados. Colhe-se quando a planta apresenta, no final do ciclo, a secagem parcial das folhas. Algumas cultivares apresentam o estalo ou tombamento da parte aérea, outras permanecem eretas, depois do amadurecimento. Após a colheita, o alho deve passar pela pré-cura, ainda no campo (1 a 3 dias,

dependendo das condições de clima), organizando-se as fileiras de modo que os bulbos de uma linha sejam cobertos pelas folhas da fileira do lado, para proteção do sol direto. Posteriormente, o alho deve ser levado para um galpão, bem seco e arejado, para fazer uma cura mais lenta (20 a 60 dias). O alho pode ser conservado por 4 a 6 meses em armazéns não refrigerados. O alho pode ser armazenado com a rama, solto ou em réstias; ou sem a rama em caixas e sacos. Quando  pendurado em réstias, facilita a conservação do alho-semente para o próximo plantio.



segunda-feira, 3 de fevereiro de 2025

Práticas não Sustentáveis na Agricultura

 

   O conceito de agricultura mais sustentável envolve o manejo adequado dos recursos naturais, evitando a degradação do ambiente de forma a permitir a satisfação das necessidades humanas das gerações atuais e futuras. O conceito absoluto de agricultura sustentável pode ser impossível de ser obtido na prática, entretanto é função das empresas de pesquisa e extensão rural de todo o Brasil, oferecer opções para que sistemas “mais sustentáveis” sejam adotados na agricultura.

Revolvimento e uso inadequado do solo 

     Em regiões de clima tropical e subtropical, predominantes no Brasil, a utilização intensiva e exagerada de máquinas e equipamentos pesados (trator equipado com arado, grade, escarificador e, principalmente a enxada rotativa), contribuem para desagregar e compactar cada vez mais o solo (Figuras 1 e 2), causando rápida decomposição da matéria orgânica em quantidades maiores do que a reposição e, em consequência, diminuindo a produtividade. Além disso, as chuvas intensas e frequentes, cada vez mais comum, associada aos declives dos terrenos e, especialmente o preparo do solo “morro abaixo”, causam grande perdas de solo (erosão) assoreando os rios e, contribuindo para as enchentes. O manejo inadequado do solo torna as lavouras cada vez mais exigentes em insumos e, em geral menos produtivas e, o que é pior, com alto custo de produção, pois a maioria dos agroquímicos são importados. Em outras palavras, o revolvimento do solo não combina com o uso sustentável da terra em nosso país; somente se justifica em algumas situações específicas para algumas culturas mais exigentes no preparo do solo e, principalmente, quando houver a necessidade de corrigir a acidez e a fertilidade do solo e, especialmente, em países onde o solo permanece coberto por neve em longos períodos do ano. 


Figura 1. A compactação do solo impede o desenvolvimento normal das raízes das plantas. O preparo do solo com máquinas e implementos pesados, especialmente em áreas de declive acentuado, provocam a erosão e a compactação do solo.


Figura 2. Pé-de-arado ou pé-de-grade: Camada de solo compactada que se desenvolve abaixo da camada superficial, devido às frequentes arações, gradeações e uso de enxadas rotativas

    Outro problema é o uso incorreto do solo para o cultivo de determinadas espécies. Em solos com declividade acentuada não recomenda-se o plantio de espécies anuais. Havendo alguma declividade, deve-se utilizar práticas que visem a conservação do solo, tais como o plantio em curva de nível, plantio direto, construção de terraços e outras. Para mais informações sobre as práticas de conservação dos solos, sugiro acessar o seguinte endereço: http://catuaba.cpafac.embrapa.br/pdf/doc90.pdf

     No cultivo orgânico o solo é tratado como um “organismo vivo”, ou seja, priorizando a manutenção de cobertura vegetal, a adubação orgânica e o revolvimento mínimo do solo, entre outras práticas (Figura 3). O manejo adequado do solo proporciona o aumento da resistência das culturas às pragas, doenças e adversidades climáticas (estiagens e chuvas intensas). A vida do solo depende da matéria orgânica (solo sadio). Por outro lado, o revolvimento exagerado do solo, associado à utilização indiscriminada de agroquímicos, tem provocado, cada vez mais, a compactação do solo (Figuras 1, 2 e 3), o surgimento de doenças e pragas e, o que é pior, a contaminação de alimentos, solo e água, bem como a intoxicação de consumidores, agricultores e da fauna (solo doente). A verdadeira fertilidade é resultado da interação entre os aspectos químicos, físicos e biológicos do solo, sendo que a intensa atividade biológica no solo, determinará melhorias duradouras em suas qualidades químicas e físicas.



Uso indiscriminado e exagerado de agrotóxicos e fertilizantes químicos
     Boa parte dos agrotóxicos aplicados no campo é perdida. Estima-se que cerca de 90% dos agrotóxicos aplicados não atingem o alvo, sendo dissipados para o ambiente e tendo como ponto final reservatórios de água e, principalmente, o solo. As perdas se devem, de forma geral, à aplicação inadequada, tanto em relação à tecnologia quanto ao momento de aplicação; em alguns casos, porque a aplicação foi feita para dar proteção contra uma praga ou patógeno que não estão presentes na área. Isso ocorre porque ainda são realizadas pulverizações baseadas em calendários e não na ocorrência do problema.

     A agricultura “moderna” está baseada no uso intensivo de insumos. A adoção do sistema de monoculturas, o uso desequilibrado e altas doses de fertilizantes químicos e os agrotóxicos favoreceram a ocorrência de epidemias causadas por doenças e pragas em plantas. Os adubos químicos solúveis, especialmente os nitrogenados como a ureia e, os agrotóxicos, através do estímulo a um processo chamado proteólise, promovem a formação de substância orgânicas simples na seiva das plantas, tornando-as mais vulneráveis e atrativas às pragas e doenças. Para reduzir as perdas provocadas pelas doenças e pragas, o controle químico através da aplicação de agrotóxicos foi a principal ferramenta utilizada durante muitos anos. No entanto, a partir da publicação do livro Primavera Silenciosa, de Rachel Carson, em 1962, os cientistas e a sociedade perceberam a necessidade de buscar alternativas para eliminar os agrotóxicos na agricultura. Os agrotóxicos são apontados como formulações potencialmente perigosas, pois deixam resíduos nos alimentos, além de contaminar a água, o solo e os agricultores. Os agrotóxicos podem apresentar uma eficiência reduzida por ser afetados por inúmeros fatores (condições climáticas, especialmente no momento da aplicação e o local a ser protegido), além de selecionar populações resistentes de plantas espontâneas, pragas e microrganismos. 

     Além dos agrotóxicos serem perigosos para a saúde humana e para o meio ambiente, as medidas para o uso seguro destas substâncias, não são seguidas (Figura 4). Raquel Rigotto, professora do Departamento de Saúde Comunitária da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC), em entrevista, ela defende o debate sobre uso de agrotóxicos como um tema estratégico e critica a ideia de que é possível utilizá-los de forma segura, devido aos seguintes fatores:

     O receituário não funciona. Pode-se chegar numa agropecuária e comprar um veneno e usar conforme as instruções; Há pouquíssimos laboratórios para análises (contaminação da água e pessoas); 450 ingredientes ativos de agrotóxicos registrados no Brasil em mais de 5.000 municípios; Assistência técnica deficiente: 5 milhões de estabelecimentos agrícolas (16 milhões de trabalhadores rurais, inclusive crianças com escolaridade baixa), conforme censo; maior assistência é feita em propriedades maiores de 200 ha; Fiscalização deficiente: Como fiscalizar a forma correta de aplicar, o uso de EPI, a carência dos agrotóxicos e, o que é pior, aqueles não registrados e proibidos num país continental?


Figura 4. O desconhecimento sobre os riscos no uso dos agrotóxicos e a falta de proteção na aplicação agrava ainda mais a contaminação dos trabalhadores rurais, consumidores e meio ambiente.

  A utilização dos adubos químicos, dos agrotóxicos e das sementes híbridas, além de tornar os agricultores dependentes destes insumos, aumentando ainda mais o custo de produção (grande parte são importados), forma um círculo vicioso e insustentável, interessante apenas para as multinacionais da agroindústria que visam o lucro, sem nenhuma preocupação com o meio ambiente. As sementes melhoradas necessitam mais adubação para se desenvolverem; a utilização do adubo químico torna as plantas mais fracas e mais suscetíveis ao ataque de pragas e doenças e, por isso, se tem que utilizar cada vez mais adubos químicos, inseticidas e fungicidas para manter o nível desejável de produção. Os problemas causados pelos adubos químicos não param por aí: acidificam o solo, tornando a prática da calagem necessária, no mínimo a cada 5 anos, aumentando ainda mais o custo de produção dos alimentos.


As queimadas das matas, bosques, capoeiras e restos culturais e as capinas químicas

     Estas práticas, comuns na agricultura “moderna” com o objetivo de limpar o terreno e facilitar o preparo do solo e o plantio (Figura 5), são totalmente contrárias ao desenvolvimento sustentável, pois além de contaminar o meio ambiente e retirar a cobertura do solo, favorecendo a erosão, ainda desperdiça a matéria orgânica, essencial para a nutrição das plantas e reduz a biodiversidade (nº de espécies), que pode servir de abrigo e alimento aos inimigos das pragas dos cultivos. Em consequência, o produtor terá que gastar mais para a aquisição de insumos visando manter a produtividade dos cultivos. 

Figura 5. Devastação de florestas: além de causar a erosão do solo, reduz a biodiversidade, essencial, para o equilíbrio ecológico.

 É importante ressaltar que ao mesmo tempo que uma planta espontânea (“mato”) indica um problema, também ajuda a solucioná-lo, pois estas plantas indesejáveis ajudam a cobrir o solo, reduzindo a erosão e o aquecimento superficial. A competição por água e nutrientes exercida pelas plantas espontâneas é uma preocupação para o hemisfério norte, onde a estação de crescimento é fria, única e curta. Nas condições tropicais e subtropicais, clima predominante no Brasil, esta competição é menos problemática do que a falta de cobertura do solo; ao reduzir a erosão e o aquecimento superficial, contribuem para melhorar a disponibilidade de água e a absorção de nutrientes pelas raízes, as quais paralisam esta atividade quando o solo atinge temperaturas acima de 32ºC. As plantas espontâneas aumentam a densidade e a diversidade radicular, contribuem para a reciclagem de nutrientes e para melhorar as características físicas, químicas e biológicas do solo. São fontes de biomassa, produzem flores que atraem insetos predadores e podem servir de alimento preferencial para pragas das culturas. Por isso, as plantas espontâneas não merecem ser chamadas de “daninhas” e sim, ser consideradas, como uma reação da natureza à falta de cobertura do solo. 

     Na agricultura orgânica as plantas espontâneas (“mato”) são consideradas “amigas” das plantas cultivadas e, por isso, não devem ser totalmente eliminadas. Ocorre um mecanismo de sucessão natural de espécies numa determinada área e, por isso, a intervenção deverá ser no sentido de auxiliar a natureza para que este processo ocorra ao longo do tempo, para que a população de plantas espontâneas mais “agressivas” seja reduzida a níveis toleráveis, cedendo espaço para as mais “comportadas” e de mais fácil manejo. O crescimento das plantas espontâneas ao redor dos cultivos ou o estabelecimento de áreas ou faixas de vegetação espontânea fora da área cultivada tem a vantagem de assegurar maior estabilidade do sistema produtivo, reduzindo os problemas com pragas e doenças e aumentando a atividade dos inimigos naturais das pragas. 


Redução da biodiversidade através do monocultivo e da extinção de matas, bosques, capoeiras e faixas de contorno

     A diversificação da paisagem geral da propriedade é muito importante, pois restabelece o equilíbrio entre todos os seres vivos da cadeia alimentar, desde microrganismos até pequenos animais, pássaros e outros predadores. A introdução de espécies vegetais com múltiplas funções no sistema produtivo é a base do (re)estabelecimento do equilíbrio da propriedade, incluindo-se espécies de interesse econômico, adubos verdes, arbóreas, atrativas, plantas medicinais, ornamentais e até plantas espontâneas. A preservação de bosques, cercas vivas e até capoeiras, próximos da área cultivada é muito importante para servir como abrigo e alimento de inimigos naturais e, até como quebra-ventos. Recomenda-se incluir nas lavouras faixas de adubos verdes e até deixar refúgios de plantas espontâneas ao redor dos cultivos, pois favorecem os inimigos naturais das pragas que atacam as culturas.

     O cultivo de apenas uma espécie de planta (monocultivo) na mesma área, além de reduzir a biodiversidade, favorece o desequilíbrio nutricional do solo(esgotamento e excesso de alguns nutrientes) e aumenta o número e intensidade das pragas e doenças.

quarta-feira, 6 de novembro de 2024

Cultivo do Nabo Orgânico

Nabo

O nabo (Brassica rapa L.) da família das brássicas, assim como o repolho, couve, couve-flor, brócolis e rabanete, é uma planta herbácea, bienal cultivada como anual, onde a raiz é a parte comestível. O sistema radicular do nabo é carnudo e pode assumir diversas formas e ter coloração uniforme ou ser bicolor, sendo o branco e o roxo as mais comuns (Figura 3). Alguns têm raízes compridas, outros redondas e há ainda outros de forma achatada. As folhas dos Nabos são de cor verde médio a escuro, rugosas, ásperas, pubescentes e dispostas em roseta durante a fase vegetativa do ciclo. As flores são amarelas, agrupadas numa haste floral. O fruto dos nabos é uma síliqua, característica da brássicas. Nativo da Europa e Ásia Central, o nabo foi cultivado pela primeira vez no Oriente Médio há 4.000 anos. O nabo, assim como os outros membros do gênero Brassica, foi introduzido no Brasil pelos colonizadores portugueses. Desde então, tem sido parte da alimentação dos brasileiros por ser um alimento saboroso e nutritivo. Uma das vantagens de se cultivar esta espécie é a possibilidade de aumentar a renda durante o tempo transcorrido entre duas outras culturas de ciclo mais longo (consórcio), pois além de ser relativamente rústica, apresenta ciclo muito curto (cerca de 30 dias), com retorno rápido.

Figura 3. Raízes e folhas de nabo redondo

Uso culinário, propriedades nutricionais e terapêuticas

     É cultivado devido às raízes, que são comestíveis, mas suas folhas também podem ser utilizadas para saladas e sopas. As raízes de nabo são conhecidos pelo sabor característico levemente amargo, porém refrescante, apreciado na culinária de vários países, principalmente em saladas. A maioria das pessoas serve os nabos frescos ou cozidos, mas eles também podem ser assados e cozidos no vapor ou fritos. Por sua versatilidade e pelo sabor doce e ao mesmo tempo picante, o nabo pode ser usado em saladas, cozidos, sopas e pratos de legumes. As raízes de nabo são ricas em vitamina C, fibras e sais minerais como o potássio, sódio, cálcio e fósforo. Por conter baixas calorias (100 gramas possui apenas 35 calorias), o nabo é muito indicado em dietas de restrições calóricas, por ser leve e ainda ajudar no processo de digestão. As folhas de nabo também são comestíveis e seu sabor é semelhante ao de mostarda. Mais nutritivas do que as raízes, as folhas de nabos são uma excelente fonte de beta-caroteno (Vitamina A), contêm boas doses de vitaminas K e C, folatos e cálcio. Uma xícara de folhas cozidas fornece 40 mg de vitamina C, aproximadamente 200 mg de cálcio e quase 300 mg de potássio. 

     O nabo (raiz) também serve como uma excelente fonte de cálcio e, um maior consumo deste importante mineral tem sido associado com uma diminuição significativa no risco de cancro do cólon e reto. O teor de fibra dietética das raízes aumenta ainda mais a sua capacidade de oferecer proteção contra o cancro colorrectal. É também uma boa fonte de fibras solúveis que ajudam a controlar os níveis de colesterol no sangue. Além disto, as folhas possuem uma substância chamada luteína, um poderoso antioxidante carotenóide. O beta-caroteno das folhas de nabo é importante porque os baixos níveis de vitamina A, que pode ser formada no organismo, a partir de beta-caroteno, são associados com artrite reumatóide O nabo possui ainda outras propriedades medicinais: é diurético, expectorante, purificador do sangue, emoliente, antipirético, alcalinizante e possui um leve efeito laxativo. No entanto, nas raízes também são encontradas quantidades mensuráveis de oxalatos, substâncias que se excessivamente concentrada nos fluidos corporais podem se cristalizar e causar sérios danos a saúde. O nabo é uma brássica (família de vegetais que inclui o repolho, c. flor, brócolis e o rabanete) que contém compostos sulfurosos que protegem contra certos tipos de câncer. No entanto, como outros vegetais desta família botânica, pode provocar gases e distensão abdominal.

Cultivo 

A cultura prefere climas frescos e úmidos e suporta geadas ligeiras. Em regiões ou épocas do ano quentes e secas, a produtividade é reduzida e a qualidade das raízes é afetada. As temperaturas ótimas situam-se entre os 15 a 20 Cº.

Época de plantio: O plantio na Região Sul e Sudeste é entre fevereiro e novembro e para as demais regiões entre maio e julho. 

Solos: Os nabos preferem solos de textura média (textura franco-arenosa), ricos em matéria orgânica (entre 2 a 4%), com pH entre 6,0 e 7,5, bem drenados e com boa capacidade de retenção de água durante a fase de crescimento. 

Cultivares: Existem os híbridos, com raízes compridas, chamados de Natsu Minouwas e as variedades Tokinashi Kokabu, Purple Topwhite Globe, Chato Francês, Shogoin, Snowball e outras. As melhores variedades são: Chato Francês, “Snowball”, Purple Top e Comprido Japonês (Figura 4).

Figura 4. Nabo japonês e nabo redondo

Irrigação: O nabo é muito exigente em água, principalmente na fase de engrossamento das raízes. 

Plantio e espaçamento: A semeadura é feita no local definitivo, depois de preparar o terreno e adubá-lo, conforme análise do solo. O espaçamento mais recomendado é de 30 x 10cm ou 40 x 15 cm, dependendo da variedade cultivada. Deve-se utilizar na semeadura, sementes na proporção de 3 kg/ha, sendo que um grama contém cerca de 70 sementes. Semear numa profundidade de 1 cm e regar.

Tratos culturais: resumem-se em desbaste (raleio), deixando um intervalo de 10 a 15 cm entre plantas, capinas e escarificações.

Manejo de doenças e pragas: É uma planta muito resistente e não costuma apresentar problemas com pragas e doenças, no cultivo orgânico, mas pode sofrer algum ataque de fungo e pragas como pulgões e as lagartas. Para os pulgões diversos preparados de plantas são eficientes tais como o extrato de pimenta e preparado de cebola (ver matérias postadas em 01, 16 e 27/09/2011 e 21 e 26/10/2011: “Manejo ecológico de insetos-pragas”) No manejo das lagartas, o uso de Baccilus thurigiensis (controle biológico) como o Dipel (produto comercial) e outros é eficiente. A adubação orgânica equilibrada, com base na análise do solo, e a rotação e consorciação de culturas que não pertencem a mesma família botânica (brássicas) são práticas preventivas muito eficientes no manejo de pragas e doenças, além de melhorar a fertilidade e as características físicas e biológicas do solo.

Colheita

O ciclo cultural tem a duração de cerca de 40 a 60 dias na primavera e verão e 90 a 100 dias no inverno. O ciclo do nabo comprido, também conhecido como nabo japonês é de 60 dias no verão e 80 dias no inverno. 


quinta-feira, 11 de agosto de 2022

Cultivo Orgânico da Batata Baroa (Mandioquinha Salsa)

 

   A batata-salsa (Arracacia xanthorrhiza Bancroft) é uma planta tipicamente sul-americana, sendo o centro de origem, a região andina da Colômbia, Venezuela, Equador, Peru e Bolívia.. A chegada de mudas trazidas da Colômbia para a Sociedade de Agricultura localizada no Rio de Janeiro em 1907, é uma das explicações mais aceitas sobre a introdução no Brasil. O seu cultivo espalhou-se pelos estados do Centro-Sul do Brasil, sendo que em cada região recebeu uma denominação distinta, como batata-salsa (Paraná e Santa Catarina), mandioquinha-salsa (São Paulo e Sul de Minas Gerais), batata-baroa (Rio de Janeiro e Zona da Mata de Minas Gerais), batata-fiuza, batata-aipo, cenoura-amarela, entre outras. As áreas de altitude elevada e clima mais ameno de Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina, Espírito Santo e São Paulo concentram a maior parte da produção. 


     A batata-salsa pertence à família botânica das Apiaceae (antiga Umbelliferae), a mesma da cenoura, a salsa, o coentro, o aipo, o funcho, entre outras. É planta perene que raramente atinge a fase reprodutiva, pois a colheita é realizada antes do florescimento, no final do estádio vegetativo. O caule, cilíndrico e rugoso, compõe-se de uma cepa, comumente chamada de pescoço, de cuja parte superior saem ramificações curtas denominadas rebentos, filhotes ou propágulos, em número de 10 a 50, conforme a variedade e as condições ambientais, de onde nascem as folhas. Esse conjunto é chamado comumente de coroa, touça ou touceira. Da parte inferior da cepa saem as raízes tuberosas, que constituem a parte comercializável. Podem ser alongadas, cilíndricas ou cônicas, com coloração variando de branco a amarelo-intenso ou púrpura-escuro, conforme o clone. Têm película brilhante e tamanho variando até 25 cm. São produzidas em número de seis ou mais por planta. O mercado brasileiro, porém, apresenta preferência por raízes de formato cônico alongado e de coloração amarela intensa (Figura 1). 

Figura 1. Hortaliça-raiz: batata-salsa ou mandioquinha-salsa

A batata-salsa possui mercado crescente, sendo a produção abaixo da demanda, o que explica, em parte, o alto preço do produto. É considerada um produto saudável, quase orgânico, devido a rusticidade, o que vai ao encontro da crescente demanda por produtos ecológicos, com qualidade superior em termos de segurança alimentar, comparando-se àqueles produzidos convencionalmente, pela ausência de resíduos de agrotóxicos. De acordo com a Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), é entre os meses de maio e agosto que os consumidores encontram as melhores raízes de batata-salsa no mercado, por preços mais acessíveis. 


Uso culinário, propriedades nutricionais e terapêuticas: Tradicionalmente, o consumo é na forma cozida pura ou de sopas e cremes e, por isso é mais utilizada no inverno. Entretanto, outras formas de preparo são particularmente saborosas, como fritas fatiadas (“chips”), com costela bovina, com frango caipira, com rabada e agrião, nhoque ao molho gorgonzola ou bolonhesa, suflês, pães doces ou salgados, rocambole com calabresa ou camarão, creme com catupiri ou requeijão e bacon, bolinhos empanados e doces, entre outras receitas. Basicamente, nas receitas que utilizam batata, cenoura e mandioca, pode-se empregar batata-salsa em substituição a essas. A batata-salsa é predominantemente usada para consumo direto. Entretanto, é crescente sua demanda como matéria-prima para indústrias alimentícias na forma de sopas, cremes, pré-cozidos, alimentos infantis (“papinhas”), fritas fatiadas ("chips"), extração de amido e processamento mínimo. Com a industrialização do produto, abre-se a oportunidade de exportação, devido à reduzida conservação pós-colheita. Sua fácil digestibilidade, seu valor energético em vista do alto teor de carboidratos, dos quais 80% é amido, aliado ao alto teor de vitamina A, cálcio, fósforo e ferro, além de outros elementos como vitaminas B1, B2, C, D, e E, potássio, silício, enxofre, cloro e magnésio, a torna ideal para dieta infantil, idosos, convalescentes e atletas. Do ponto de vista terapêutico é tida como um bom diurético. Segundo nutricionista o alto nível de fósforo (29 mg/100g) e manganês (0,22mg/100g) presentes na batata-salsa são importantes; O fósforo é importante para a manutenção do metabolismo ósseo e o manganês atua, dentre várias funções, como antioxidante. Estudos apontam uma possível correlação entre baixo consumo de manganês e agravo de sintomas da TPM, como dor e mau humor. Além disso, a batata-salsa é um dos poucos alimentos, entre as hortaliças, que contém a niacina - também conhecida como vitamina B3, vitamina PP ou ácido nicotínico; Quando em falta no organismo, a niacina pode provocar lesões graves no aparelho digestivo, ocasionando problemas no processo de digestão e absorção dos alimentos, podendo levar ao comprometimento do estado nutricional, e no sistema nervoso central - desde uma simples cefaleia até a demência. Os restos culturais (parte aérea da planta e raízes não comercializáveis) prestam-se ao arraçoamento animal, havendo relatos de pequenos produtores da região de Lavras de que houve aumento na produção de leite pelo fornecimento de restos de mudas. 


Cultivo: Apresenta boa adaptabilidade à locais com clima semelhante ao de sua origem. No Brasil, é tradicionalmente cultivada no Sudeste e no Sul, em regiões com altitude superior a 800m e temperatura média anual entre 15°C e 18°C. Entretanto, verifica-se seu cultivo em áreas mais baixas, na Zona da Mata mineira e em baixadas litorâneas de Santa Catarina, assim como sua expansão para o Planalto Central, no Distrito Federal e Goiás, onde a temperatura média anual supera os 20°C. Solos: Prefere solos de textura média, profundo e bem drenado. Solos muito pesados ou mal preparados determinam a produção de raízes curtas, arredondadas, assemelhando-se à batatas. Não tolera encharcamento, devendo-se utilizar solos bem drenados. Para plantios em épocas chuvosas ou solos mal drenados, normalmente, deve-se utilizar leiras mais altas, de modo a minimizar o acúmulo de água junto às plantas. Quando produzida em solos soltos de coloração clara, as raízes apresentam melhor aparência e maior vida útil na comercialização. Solos com elevados teores de matéria orgânica apresentam restrições, pois proporcionam grande desenvolvimento vegetativo, em detrimento do acúmulo de reservas e produção de raízes; Além disso, por apresentarem em geral coloração escura, esses solos podem levar à produção de raízes com manchas superficiais escurecidas que não saem com a escovação (ideal) e nem com lavação, depreciando seu aspecto visual. No caso de uso de solos com alto teor de matéria orgânica, não se deve utilizar fertilizantes nitrogenados. Época de plantio: Em regiões de clima ameno, o plantio pode ser efetuado o ano todo. Os plantios de março a junho predominam, especialmente no Sudeste, em função do maior risco de perdas devido às épocas quentes e chuvosas. Em regiões altas, as melhores épocas de plantio compreendem os meses de outubro/novembro e de fevereiro/março, em áreas que possam ser irrigadas. Os plantios realizados no verão apresentam elevado índice de apodrecimento de mudas, devido às elevadas temperaturas e precipitação e à exposição do córtex das mudas pela ação do corte realizado no ato do plantio, favorecendo as bactérias e fungos de solo. Em consequência disso, verifica-se a redução do pegamento e, consequentemente, da produtividade. Embora seja uma cultura muito resistente ao frio, o plantio em épocas muito frias pode apresentar falhas e redução de produtividade se ocorrer fortes e numerosas geadas. No estágio inicial, quando ainda não possui grande quantidade de reservas, as plantas podem esgotar-se no caso da ocorrência de muitas geadas consecutivas. Cultivares: Existem diversos clones que apresentam boa produtividade e adaptabilidade ao sistema orgânico, como a Amarela de Carandaí e a Amarela de Senador Amaral. Amarela de Senador Amaral é uma cultivar de batata-salsa desenvolvida através de seleção de clones originários de sementes botânicas coletadas no sul de Minas Gerais, oriundas do material tradicionalmente cultivado. Esta cultivar vem sendo avaliada desde 1993 pela Embrapa Hortaliças, por produtores rurais e Instituições de Pesquisa e Extensão rural de diversos Estados brasileiros. Dentre as vantagens observadas em relação ao material tradicionalmente cultivado no país, destacam-se a alta produtividade de raízes comerciais (superior a 25 t/ha), com qualidade superior, a coloração de polpa amarela intensa, a precocidade de colheita e arquitetura de planta ereta, mantendo-se as características peculiares do material tradicionalmente cultivado, como o aroma típico e o sabor adocicado. Propagação e preparo das mudas: a propagação é feita através de filhotes ou rebentos, o que origina os clones. O preparo das mudas começa logo após a colheita, destacando os rebentos da coroa e fazendo uma seleção daqueles mais vigorosos e saudáveis. O ideal é que o produtor selecione as melhores plantas quanto à produtividade e resistência às pragas e doenças, em cada cultivo, para retirar as mudas. Deve-se utilizar apenas mudas provenientes de plantas sadias, principalmente, sem nematoides e fungos do solo, para evitar a contaminação da área de cultivo. Preferencialmente, devem-se usar mudas juvenis, ou seja, mudas ainda vigorosas e, em pleno desenvolvimento. Como a distribuição dos filhotes na touceira não é uniforme, deve-se utilizar filhotes com idades fisiológicas semelhantes, ou seja, de acordo com o tamanho da reserva dos propágulos. As melhores mudas são aquelas obtidas e plantadas logo após a sua separação da planta (Figura 2). Para conservação das mudas, entre a colheita e o plantio subsequente, deve-se manter as touceiras, sem que se destaque os perfilhos. As touceiras devem ser mantidas à sombra, após retiradas as raízes e as folhas, quando presentes, mantendo a base da planta em contato com o solo e irrigando-se duas vezes por semana. O preparo inicial das mudas consiste do destaque dos perfilhos e lavagem por imersão ou em água corrente para retirada do excesso de impurezas. O tratamento fitossanitário dos filhotes, após o destaque da planta mãe, é uma prática indispensável; recomenda-se sua imersão por 5 a 10 minutos em solução de água sanitária comercial, pela ação do cloro ativo, na proporção de 1L de água sanitária para 9l de água (considerando-se o teor médio de 2,2% de hipoclorito de sódio), seguida de secagem à sombra. Após a secagem dos filhotes tratados, efetua-se o preparo das mudas que consiste em efetuar corte em bisel (em ângulo inclinado), de modo a aumentar a área de enraizamento. Deve-se usar ferramenta afiada e lâmina chata, que corte o filhote sem rachá-lo. Recomendam-se estiletes ou lâminas de serra bem afiadas no esmeril. O corte bem efetuado sem que o filhote lasque, proporciona uma melhor inserção de raízes na cepa da planta, ou seja, as cicatrizes após o destaque das raízes ficam reduzidas, facilitando o destaque na colheita e aumentando sua conservação pós-colheita. Em mudas mal cortadas ou “lascadas”, é comum observar-se o crescimento desigual de raízes nas plantas e raízes com grandes cicatrizes causadas pelo destaque. Pré-enraizamento em canteiros (viveiros): A técnica consiste basicamente em promover o enraizamento delas em canteiros devidamente preparados, sob elevada densidade de plantio, distantes 5 a 10 cm entre si, por cerca de 45 a 60 dias, para, então, realizar o transplantio para o local definitivo. Os canteiros para pré-enraizamento, por vezes chamados de viveiros, devem possuir solo leve, com cerca de 20 cm de altura e largura em torno de 1m. O preparo da muda é semelhante ao realizado para o plantio convencional, devendo o corte ser feito em bisel, isto é, em ângulo inclinado, de modo a aumentar a área de enraizamento, usando-se ferramenta afiada e lâmina chata, cortando-se a muda sem rachá-la. A diferença no corte é que a quantidade de reserva pode ser menor, com até 1cm. Com o pré-enraizamento consegue-se lavouras mais uniformes e mais vigorosas. É interessante o uso de cobertura morta com palhada sem semente, especialmente necessária para a base dos perfilhos, pois esses apresentam grande propensão ao ressecamento devido ao corte na parte superior. Quanto à época, o plantio pode ser efetuado o ano todo em regiões de clima ameno. Para o sucesso desta técnica, recomenda-se que os filhotes sejam destacados de touceiras de plantas sadias, que ainda não perderam a folhagem, com no máximo 10 meses de idade e, cortados em bisel, por lâmina fina e bem afiada. O ideal é utilizar uma área de plantio destinada unicamente para a produção de mudas, independente da área de produção comercial. O pré-enraizamento de mudas apresenta as seguintes vantagens em relação ao plantio convencional: Maximização do índice de pegamento; redução de custos com tratos culturais, com maior controle da fase inicial da produção - 150 a 400 m2 de viveiro (canteiros de pré-enraizamento) para 1 ha de plantio; eliminação da ocorrência de florescimento precoce no campo definitivo; possibilidade de seleção apurada de mudas; uniformização da colheita devido ao estresse causado à muda por ocasião do transplantio e possibilidade de escalonamento da produção. Preparo do solo: O solo deve ser preparado através de aração e gradagem seguidas pelo plantio em leiras, em nível, para maior facilidade de colheita, o que constitui também uma excelente prática conservacionista. No sistema orgânico de produção de batata-salsa deve-se evitar a mobilização excessiva e compactação do solo. O preparo do solo no primeiro ano de cultivo deve basear-se em aração, gradagem e levantamento das leiras. Nos anos subsequentes evitar, na medida do possível, o uso de enxada rotativa e outros implementos que causem degradação excessiva de solo. Recomenda-se um sistema de preparo de solo com mecanização reduzida, deixando-o sempre protegido por cobertura morta ou verde. Plantio e espaçamento: Há diferentes métodos de plantio: diretamente no local definitivo (plantio convencional) ou com o pré-enraizamento em canteiros (viveiros) ou com o pré-enraizamento em água. O plantio convencional é feito diretamente no local definitivo no centro das leiras (camalhões), devendo as mudas serem enterradas no topo das leiras, à uma profundidade de 5 a 10 cm para não ficarem expostas à medida que a água de irrigação vai “acamando” a leira. O plantio convencional é realizado diretamente no local definitivo, usando-se mudas com a brotação cortada e grande tamanho de reserva (2 a 3 cm). As leiras, com cerca de 15 a 30 cm de altura, devem ser levantadas com espaçamento de um metro entre si e de 30 a 40 centímetros entre plantas, de acordo com a variedade, o local e a época de plantio. Deve-se evitar condição de fechamento excessivo da lavoura em épocas chuvosas, aumentando-se o espaçamento. Os clones de raízes brancas, extremamente viçosos, exigem espaçamento maior, no mínimo de 1m entre leiras e 50cm entre plantas. Esse espaçamento mais largo que o convencional, auxilia na redução da umidade interna da lavoura, minimizando problemas com mofo branco, causado por Sclerotinia sclerotiorum. Adubação orgânica: preferencialmente, deve-se adubar com composto orgânico no sulco (metade da quantidade), por ocasião do plantio, e o restante em cobertura, cerca de 120 dias após o plantio, conforme recomendação baseada na análise do solo e do adubo orgânico. Irrigação: Tendo em vista que a cultura é relativamente tolerante à seca, comparativamente a outras hortaliças, muitos produtores não utilizam a prática da irrigação. Contudo, em casos de adversidades climáticas, a produtividade é comprometida e o risco de insucesso, elevado. Apesar da tolerância moderada, a cultura responde favoravelmente às condições de boa disponibilidade de água no solo, o que torna a irrigação uma prática fundamental para produtores que têm como objetivo a obtenção de altas produtividades. A cultura necessita de fornecimento regular de água, em todo o seu ciclo. A produtividade pode ser severamente afetada pelo excesso de água, que reduz a aeração do solo e favorece maior incidência de doenças e lixiviação de nutrientes. Irrigações em excesso, notadamente em solos com problemas de drenagem, ocasionam maior incidência de doenças de solo, como podridão-de-esclerotínia e podridão-de-esclerócium e, principalmente, podridão-mole, causada por bactérias do gênero Erwinia. A cultura pode ser irrigada por diferentes sistemas de irrigação (aspersão e infiltração), sendo a aspersão o mais empregado, em função do baixo custo e de maior facilidade para ser utilizado em áreas com diferentes topografias, tipos de solo, tamanhos e geometrias. Capinas: manter limpo a linha de cultivo sobre as leiras, deixando crescer a vegetação espontâneas nas entrelinhas. Amontoa: Periodicamente, se necessário, deve-se refazer as leiras, chegando terra junto às plantas, de forma que as raízes permaneçam cobertas. Manejo de pragas e doenças: A cultura, em geral, não apresenta problemas com pragas e doenças, no sistema orgânico. No entanto, pode ocorrer o ataque de fungos do solo como a Murcha causada pelo fungo Sclerotinia sclerotiorum que provoca o apodrecimento das raízes e o amarelecimento e murcha da parte áerea, podendo ocorrer por ocasião do transporte e armazenamento das raízes. A disseminação da doença ocorre, principalmente, pela dispersão dos escleródios junto a material propagativo retirado de campos infectados, assim como pelo trânsito de máquinas, ferramentas e animais de campos contaminados para áreas sadias. O manejo da doença deve começar pela utilização de mudas sadias. Quando a doença se manifesta, recomenda-se arrancar a planta doente juntamente com a terra da cova, eliminando da área de plantio e, aproveitando na composteira. A rotação de culturas, com o plantio de culturas que não são atacadas pelo fungo e, o plantio de leguminosas são práticas que ajudam a desinfestar um solo atacado pelo fungo, porque quebra o ciclo de vida do mesmo. A escolha de áreas com boa drenagem e irrigação adequada, são medidas que desfavorecem o fungo. A Podridão das Raízes ou Podridão-mole é outra doença que pode ocorrer na batata-salsa, sendo o principal agente causal as bactérias do gênero Erwinia, principalmente na pós-colheita. Os sintomas iniciais da doença são depressões de aspecto encharcado nas raízes, causando posterior decomposição dos tecidos e odor característico e desagradável. A bactéria é extremamente dependente de umidade, portanto, a escolha de local com boa drenagem é de suma importância, devendo-se evitar áreas de baixada. Plantios em locais ou épocas mais úmidas devem utilizar leiras mais altas, com 35 a 40 cm. Espaçamentos mais largos podem ser úteis na manutenção de um microclima mais arejado, visando a desfavorecer a doença. A irrigação deve ser cuidadosa, sem molhamento excessivo. O próprio corte em bisel efetuado no plantio pode ser porta de entrada para o ataque da bactéria. Outras pragas e doenças, como a broca e os nematóides, podem causar ferimentos que abrem caminho para a infecção pela Erwinia. Também ferramentas ou implementos nas operações de capina podem causar ferimentos por onde a bactéria se instala. No campo, as plantas atacadas devem ser arrancadas, postas em sacos, retiradas da área e aproveitadas na compostagem. Na colheita e na pós-colheita, deve-se ser cuidadoso, de modo a minimizar a ocorrência de microferimentos. Provavelmente, os nematóides são os maiores causadores de danos à batata-salsa e também de outras espécies que pertencem a mesma família botânica. A rotação de culturas com o plantio de culturas que não são atacadas pelo fungo e nematóides (espécies não pertencentes à família botânica das Apiaceas tais como a cenoura, salsa, coentro e aipo), especialmente as leguminosas ajudam a desinfestar um solo atacado por fungo e contribuem para o manejo de nematoides, principalmente a Crotalária spectabilis (efeito alelopático). Para o manejo de pragas, deve-se utilizar as medidas preventivas tais como: seleção do material de cultivo, adubação adequada (fornecimento excessivo de nitrogênio favorece os pulgões e ácaros), retirada de plantas muito atacadas, manejo da irrigação, rotação de culturas e a destruição dos restos culturais. Os restos culturais devem ser retirados da área, pois neles a praga se multiplica, constituindo-se em inóculo para novos plantios. 

Figura 2. Mudas e raízes de batata-salsa

Colheita: A batata-salsa pode ser colhida com 240 a 330 dias após o plantio, ou seja, seu ciclo dura de 8 a 11 meses, dependendo da cultivar usada. Quando a planta amarelecer e as folhas mais velhas secarem, a planta está pronta para ser colhida. Atualmente, já existem cultivares mais precoces, como a Amarela de Senador Amaral, que pode ser colhida com 6 a 8 meses. Em solos soltos a batata-salsa pode ser arrancada do solo com as mãos; em solos mais compactados há necessidade de um afrouxamento do solo que pode ser feito com enxada ou enxadão. Em cultivos maiores o afrouxamento do solo para colheita pode ser feito com arrancadeiras. Deve-se tomar o cuidado para evitar ferimentos nas raízes que podem se transformar em porta de entrada para patógenos, causando podridões na fase pós-colheita. Todos os cuidados para diminuírem estes ferimentos resultam em melhoria da qualidade do produto e diminuição de perdas por deterioração. Também é importante a seleção de cultivares menos propensas ao desenvolvimento de infeções pós-colheita. A colheita da batata-salsa costuma ser feita quando a raiz atinge um diâmetro de 3 a 4 cm; raízes com diâmetro maior que 4 cm tem menor valor comercial. Se o preço estiver desfavorável, a colheita pode ser atrasada algumas semanas. O ideal para a comercialização das raízes de batata-salsa é não lavá-las, pois dessa maneira aumenta-se o período de conservação. O processo de lavagem das raízes, embora melhore a aparência, contribui para o aumento da perda de água durante o período de comercialização, pois a utilização do cilindro rotativo que provoca atrito entre as raízes danifica a película externa de proteção. Além disso, pode contaminar as raízes sadias pela água e facilitar o desenvolvimento de microrganismos, se a secagem for deficiente. Na hora de escolher as melhores raízes na feira, a Embrapa Hortaliças aconselha: as raízes mais frescas apresentam um amarelo mais intenso; evite comprar aquelas cortadas com ferimentos, áreas amolecidas ou manchas escuras; e, principalmente, dê preferência às menores, pois são mais macias. Para conservá-las por mais tempo, guarde em um recipiente bem fechado ou em saco plástico na geladeira. Dessa maneira, as raízes mais frescas duram até cinco dias. 

sábado, 9 de abril de 2022

Chá de Alecrim


Indicações e Ação Farmacológica: Suas ações são relacionadas geralmente na atividade de seu óleo essencial e seus compostos fenólicos antioxidante. Apresenta propriedade analgésica, espasmolítica, antiinflamatória, antifúngica e possível antineoplásica, bem como atividade antimicrobiana contra bactérias Gram-positivas e Gram-negativas. Também pode reverter dores de cabeça, reduzir o estresse, e ser benéfico no tratamento da asma e da bronquite. Externamente atua como estimulante do couro cabeludo e tem ainda ação anticaspa e previne a queda de cabelo. O outro grande uso de alecrim é na indústria de perfumaria, onde os óleos essenciais são utilizados como ingredientes naturais de fragrâncias. Estudos clínicos in vivo e in vitro demostraram os efeitos de Rosmarinus como inibidor da morte celular neuronal induzida por uma variedade de agentes, o potencial terapêutico dos compostos para a doença de Alzheimer abrangem vários alvos farmacológicos da doença.  

Não me canso de falar do alecrim, esta planta denominada também por erva da alegria, que têm sido sido objecto de vários estudos ao longo dos anos.

Trata-se de uma planta com propriedades anti-inflamatórias, cicatrizantes, bactericidas, anticépticas, estimula o relaxamento muscular e possui acção fortificante, entre outros benefícios.

A sua alcunha de erva da alegria, nasce do facto desta planta conter óleos essenciais, que favorecem a produção de neurotransmissores responsáveis pelo bem estar.

O chá de alecrim é bastante consumido pelas suas diversas indicações. É indicado nos problemas respiratórios, azia, dores de cabeça, debilidade cardíaca, hemorróides, depressão, insónia, combate o cansaço físico e mental, problemas de irrigação sanguínea e estimula a digestão.

Na idade média acreditava-se neste chá como fonte de rejuvenescimento. Segundo reza a historia a Rainha Elisabeth da Hungria, recebeu aos 72 anos uma formula do chá de alecrim através das mãos de um monge. Na altura estava praticamente paralítica e sofria de gota. Diz-se que recuperou que com este preparado recuperou a saúde, a alegria e a beleza.

10 razões para beber chá de alecrim


1-Gripes e constipações. Com acção expectorante e estimulante o chá de alecrim alivia as crises de asma, gripe, constipações e tosse incluindo as que são acompanhadas de catarro.

2-Hipertensão. Pelas suas características medicinais que ajudam a melhorar a  circulação sanguínea esta planta ajuda amenizar a tensão alta.

3-Redução dos gases. A sua acção carminativa ajuda na redução de gases intestinais, responsáveis pelo desconforto e mau estar de quem sofre deste mal.

4-Anemia. Controla a temperatura do sangue e consequentemente de todo o corpo. É recomendado nos problemas de anemia, má irrigação sanguínea, menstruações insuficientes e para o alivio de cólicas menstruais. As mulheres com períodos menstruais longos não devem abusar desta infusão, já que ela estimula o fluxo menstrual.

5-Perda de peso. O seu bom desempenho na irrigação dos órgãos e a sua acção desintoxicante, favorece o aumento do metabolismo e consequentemente a perda de peso.

6-Queda de cabelo e caspa. Deve-se beber o chá de alecrim e enxaguar o cabelo com ele.

7-Memoria. O alecrim aumenta o fluxo de sangue, estimulando cérebro e a memoria e aumentando a capacidade de aprendizagem. Contem um antioxidante, essencial para o sistema nervoso, que ajuda a atenuar as situações de stress e de estafa mental.

8-Saúde e beleza da pele. A infusão de alecrim acarreta muitos benefícios para a pele. Têm acção anti-inflamatória, refrescante, cicatrizante, anti-séptica e tonificante. Beneficia o tratamento de peles oleosas e com acne, ajuda na cicatrização e estimula a circulação periférica. Embeba um algodão no chá de alecrim bem concentrado e passe na pele.

9-Problemas digestivos. Alivia colicas intestinais e espasmos, estimula a libertação da bile o que ajuda à disgestão das gorduras.

Reumatismo. Devido a sua acção analgésica a infusão de alecrim quando aplicada localmente em forma de compressas atenua as dores.

10-Diabetes. Ajuda na assimilação de açúcares.

Como fazer o chá de alecrim


Como fazer este chá ou melhor dito, infusão. Leve 1 litro de água ao lume. Quando esta levantar fervura adicione 2 colheres de sopa de alecrim. Retire do lume e deixe em infusão cerca de 10 minutos.

Tome de preferência 2 vezes ao dia, idealmente uma antes de dormir.
Encontrará facilmente esta planta em qualquer ervanário e supermercado. Mas poderá também adquirir uma planta de alecrim, plantá-la no jardim um num vaso e colocá-lo no canto de uma varanda e desta forma ter a certeza que consome um produto sem agrotóxicos.


chá de alecrim  (rosmarinos officinalis) é um chá bastante consumido e tem diversas indicações. Tem seu uso datado desde a época da Idade Média e Renascimento, sendo usado para o rejuvenescimento, como conta uma história a respeito da rainha Elisabeth, da Hungria, que estava paralítica e sofria de gota aos setenta e dois anos, ao receber a receita de um monge e recobrar a saúde e a alegria. Aliás, naquela época antiga, também para a alegria ele era muito usado, considerado uma planta que combate a tristeza, ou seja, usado especialmente em casos de depressão. Costuma ser preparado por infusão (Veja a receita no final do artigo).

Veja algumas das indicações do chá de alecrim

Indicações: estimulante digestivo e para falta de apetite (inapetência), contra azia, para problemas respiratórios e debilidade cardíaca (cardiotônico), contra cansaço físico e mental, combate hemorróidas, antiespasmódico (uso interno) e cicatrizante (uso externo). Antidispéptico e anti-inflamatório.

Advertências


Não usar em pessoas com gastroenterites e histórico de convulsões. Não utilizar em gestantes. Doses acima das recomendadas podem causar nefrite e distúrbios gastrintestinais. Não usar em pessoas alérgicas ou com hipersensibilidade ao alecrim. Uso recomendado em pessoas acima de 12 anos.

Modo de preparo

Por Infusão: 01 xícara de cafezinho de folhas secas em 1/2 litro de água. Deixa a água ferver e colocar as folhas dentro da panela tampando-a e deixando em repouso 15 minutos após o preparo. Tomar uma xícara 3 ou 4 vezes ao dia entre as refeições.
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