MÉTODOS E
PRÁTICAS NA AGRICULTURA ORGÂNICA
MANEJO AGROECOLÓGICO DO SOLO
Consiste na
realização do manejo e preparo dos solos preservando o máximo possível a sua
estrutura, por meio de técnicas de cultivo mínimo e plantio direto na palha. No
plantio direto, não se prepara o solo com arações e gradagens antes da plantação,
mas se utiliza de equipamentos e implementos de manejo de plantas de cobertura
de solo, como roçadeiras, rolos-faca, trituradores, entre outros. Assim, uma
camada de palha sobre o terreno, além de protegê-lo contra o impacto direto das
chuvas intensas, que podem provocar erosões severas, dificulta o nascimento da
vegetação espontânea, devido à redução da iluminação e ainda contribui para reduzir
o aquecimento excessivo do solo e a emissão de CO2, gás causador do
efeito estufa.
ADUBAÇÃO ORGÂNICA
Sistemas orgânicos
utilizam adubos na forma de estercos de animais, compostos orgânicos ou outras
fontes recomendadas pelas normas técnicas de produção. A produção de composto
orgânico na propriedade é uma excelente estratégia para obter um adubo orgânico
de alta qualidade e baixo custo. O método de produção desse insumo adotado na
Unidade de Referência em Agroecologia (URA) do Incaper é o sistema ‘Indore’, em
pilhas de resíduos, em camadas alternadas, com reviramentos periódicos. O
composto é aplicado a lanço ou localizado em sulcos ou covas das diversas
culturas orgânicas estudadas. A Figura1 mostra o pátio de compostagem da URA e
a aplicação localizada em covas, em área preparada para plantio de tomate
orgânico.
ADUBAÇÃO VERDE
Uma das técnicas
essenciais na agricultura orgânica e muito utilizada na URA é o emprego de
plantas melhoradoras de solo, como as leguminosas para a fixação biológica de
nitrogênio e as gramíneas para fixação de carbono e melhoria da estrutura
física do solo. Essas espécies de plantas para adubação verde podem ser
utilizadas em cultivos solteiros, consorciados ou por meio de árvores adubadeiras
(Figura 2). A técnica da adubação verde consiste no cultivo de plantas enriquecedoras
do sistema de produção, que conferem aumento de produtividade de até 50% e
melhoria significativa no padrão comercial do produto orgânico.
COBERTURA MORTA E PROTEÇÃO DO SOLO
O emprego de resíduos
vegetais sobre a superfície do solo proporciona sua proteção contra insolação
excessiva e erosão, retenção de umidade, economia de água, ativação biológica
do solo e favorecimento do desenvolvimento das plantas.
Essas múltiplas
funções da cobertura morta desempenham papel fundamental para a saúde do
sistema, especialmente daqueles que manejam intensivamente o solo, com culturas
de ciclo curto, como na olericultura orgânica.
MANEJO DE ERVAS ESPONTÂNEAS
O manejo das ervas de
forma associada aos cultivos comerciais na agricultura orgânica é fundamental
para a preservação de habitat, que podem constituir locais para refúgio de predadores e,
consequentemente, influenciar o equilíbrio ecológico. Essa prática também
auxilia na proteção do solo e na ciclagem de nutrientes. O manejo deve ser
realizado por meio de corredores de refúgio e capina em faixa, de modo a evitar
a concorrência das ervas espontâneas com a cultura de interesse comercial e
mantê-las parcialmente no sistema. Esses pequenos habitat servem para abrigar
predadores de pragas agrícolas, como vespas, aranhas, sapos, rãs e outros
insetos e animais que são fundamentais para a manutenção da cadeia alimentar do
ecossistema local.
ADUBAÇÕES SUPLEMENTARES COM BIOFERTILIZANTES LÍQUIDOS
O emprego de
biofertilizantes pode ser feito via solo ou via foliar utilizando-se preferencialmente
soluções preparadas com recursos locais. O uso de biofertilizantes enriquecidos
com minerais e de biofertilizantes preparados apenas com esterco bovino fresco
e água são opções bastante eficientes. Além deles, biofertilizantes líquidos
enriquecidos com vegetais e cinzas, e chorumes preparados à base de
composto orgânico também são bastante utilizados.
ADUBAÇÕES AUXILIARES COM FERTILIZANTES MINERAIS DE BAIXA SOLUBILIDADE
O uso de minerais de
baixa solubilidade, que não alteram o equilíbrio do sistema solo/planta, é uma
prática importante nos sistemas orgânicos. Utilizamse pós de rochas de várias
fontes, a exemplo dos fosfatos naturais empregados para a correção de
deficiências em fósforo nos sistemas produtivos. A utilização de pós de rochas
também tem sido muito útil para a remineralização de solos muito intemperizados
repondo microelementos importantes para a nutrição e para o equilíbrio
fitossanitário das plantações orgânicas.
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