A hortelã (Figura 1) também chamada de menta pertence a família botânica das Lamiaceae. Acredita-se que é originária da Ásia, chegando no Brasil trazida pelos colonizadores. Existem várias espécies de hortelã que podem ser cultivadas na sua casa, que apresentam propriedades muito semelhantes, principalmente no que diz respeito ao aroma. As duas espécies mais comuns são: Mentha piperita e Mentha crispa A primeira espécie tem folhas lisas e de um verde mais claro. Já a segunda espécie tem folhas verdes escuras e são crespas. Seu aroma forte e muito característico é resultado da grande concentração de mentol, princípio ativo do seu óleo essencial. As partes utilizadas da planta são as folhas e flores. São plantas herbáceas, de aproximadamente 30 cm de altura, rasteiras, com flores pequenas reunidas em espigas, de cor rosa ou lilás. As folhas são ovais e dentadas e o caule é arroxeado. O cultivo orgânico da hortelã e outras plantas medicinais e condimentares é a melhor forma de garantir as características fitoquímicas e farmacológicas do produto para o mercado.
Figura 1. Hortelã
Principais usos: a hortelã é usada em receitas culinárias de muitos países pelo mundo todo, em chás, em adorno de pratos e composição de saladas. Na comética entra nas fórmulas de dentifrícios, sabonetes, cremes de massagem e para barba, desodorantes bucais e um sem números de aplicações. Contém muitos elementos químicos de uso farmacêutico utilizados para remédios. Na medicina popular é considerada excelente para tratamento de problemas estomacais, pois é digestiva, além de ajudar no tratamento de diarréias infantís e dores abdominais. Combate azia, gastrite, cólicas e gases intestinais. Também tem ação antifúngica e antiinflamatória. Seu suco ajuda a combater vermes intestinais. Tem possibilidade de ser usada em paisagismo de áreas sem pisoteio, pois seu caráter agressivo poderia ser melhor aproveitado para substituição de gramados ao redor de árvores e pequenos bosques. Tem também o poder de ser uma planta repelente de insetos de hortaliças como pulgões e besourinhos e poderemos usar deste poder para fazer um chá repelente que não tem nenhuma propriedade tóxica para animais em geral e humanos.
Propagação: por meio de estolões ou estacas colhidos de plantas adultas. Durante o seu crescimento, a planta desenvolve estolões, um tipo de caule que cresce rente ao solo. Deste caule, a planta emite ramos com folhas e raízes. Basta cortar um pedaço deste caule (cerca de 10cm), que tenha raízes e alguns ramos e plantá-lo, de acordo com as instruções abaixo. Para um ha são necessários 300 kg de rizomas.
Cultivo: seu cultivo é extremamente simples. O solo não deve ser bem adubado, pois quando há muito adubo disponível para a planta, ela cresce muito e não consegue concentrar sua essência. Então, quanto menor é a planta, mais concentrada será a essência. O plantio pode ser feito o ano todo, mas a melhor época é no início da primavera. O espaçamento recomendado é de 25 x 25 cm entre as plantas. Quando o plantio for feito por meio de estolões, basta colocar o caule com as raízes rente à superfície e cobrir com uma fina camada de terra, deixando os ramos com folhas acima do solo. Logo após o plantio, as mudas devem ser protegidas do excesso de sol, pois pode queimar as folhas. Quando adultas, elas toleram tanto ambientes bastante ensolarados, quanto sombreados. Um ambiente intermediário, ou seja, sujeito a sol e sombra ao longo do dia é o ideal. Quando plantada em vaso, a terra deve ser renovada no início da primavera. Neste momento você poderá podá-la, pois suas raízes ficam bem emaranhadas. Ótima época para fazer novas mudas. A hortelã plantada junto a alfaces e outras ervas aromáticas intensifica o sabor e perfume destas e é considerada planta companheira belos benefícios descritos. O plantio da hortelã em vaso é bem simples; Não esquecer, neste caso, de colocar o vaso junto a janelas onde haja sol direto que a planta necessita. A planta é atacada por doença (ferrugem) e pragas (formigas, lagartas, vaquinha e cigarrinha).
Colheita: A colheita pode ser feita o ano todo. Se deixada crescer livremente, sem colheita ou poda, pode se tornar uma planta invasora. Os ramos de hortelã podem ser armazenados quando secos. Para isso, você deve pendurar os galhos com as folhas voltadas para baixo, em local seco, arejado e na sombra. Quando as folhas estiverem bem secas e quebradiças, podem ser guardadas em potes fechados.
Manjericão
Pertencente à família Laminaceae, há o manjericão com folhas grandes (Ocimum basilicum) e o com folhas pequenas (Ocimum minimum). O de cor verde é o mais conhecido, mas também existem plantas de folhas avermelhadas - mais raras e com mais aroma. O perfume do manjericão tampouco é uniforme: há variedades com fragrância doce, lembrando limão, cinamato (canela), cânfora, anis e cravo.O manjericão (Figura 2) ou alfavaca (Ocimum basilicum L é originário do sul da Ásia. Planta herbácea de até 1,0 m de altura, bastante ramificada, forma irregular, de folhas ovais cor verde-claro, perfumadas. Flores pequenas brancas reunidas em espigas que surgem principalmente no verão.
Figura 2. Alfavaca(manjericão)
Principais usos: com sabor e aroma intensos, o manjericão é uma ótima sugestão para fazer toda a diferença numa receita. Usado em saladas, molhos, recheios, pizzas e em várias massas, ele dá um toque especial aos pratos e, ainda melhor, pode ser cultivado até em vasos pelo próprio consumidor.. Os frutos colhidos e secos dão excelente tempero para carnes, com acentuado sabor picante. As folhas podem ser colocadas in natura em molhos e temperos de carne ou grãos, como no brasileiríssimo feijão. Para usar como tempero, pode-se colher as folhas e secá-las sobre folhas de jornal, deixando em local arejado e sem sol direto. Também as sumidades florais poderão ser usadas secas para tempero. Colher assim que os frutos amadurecerem, deixando em local seco e sem sol, depois debulhar e guardar em recipiente fechado. Na região do Mediterrâneo, onde é presença comum na alimentação, o manjericão é plantado em beirais de janelas. Com propriedades que repelem insetos, afasta moscas e mosquitos. Mas suas belas flores também são vistas como ornamento. Conhecida por alguns como alfavaca cheirosa, essa planta com propriedade digestiva, antibiótica e anti-reumática é utilizada para tratamento de enjôos, problemas respiratórios e reumáticos e ainda como calmante dos nervos. Das folhas ainda podem ser extraídos óleos essenciais como o linalol. O produto - que também é obtido da árvore pau-rosa, espécie em extinção encontrada na floresta amazônica - serve de matéria-prima para a fabricação de perfumes e para o processo de aromatização de alimentos e bebidas. Não se sabe ao certo da sua origem, mas há indícios de que o manjericão tenha se espalhado pelo mundo a partir do Oriente Médio, norte da África e Índia.
Propagação: Sementes ou um das produzidas a partir de estacas de ramos novos. Necessita de 1,2 kg de sementes para produzir mudas para um hectare ou 3,0 a 5,0 kg para semeadura direta, raleando após a germinação.
Cultivo: Ambientes com muita luminosidade e chuvas regulares são os preferidos para o desenvolvimento da planta, que pode chegar a produzir por até três anos. O clima frio não agrada a todas as variedades, que podem ser determinadas pelo porte, formato da copa, tamanho e características do seu óleo essencial. As sementes devem ser germinadas no final da primavera, preferencialmente, em solos ricos em matéria orgânica e bem drenados. Recomenda-se uma adubação com esterco de gado bem curtido ou composto orgânico, quando necessário. O plantio pode ser feito no período de setembro a novembro. O espaçamento recomendado é de 0,6 x 0,25m entre as plantas. Embora seja bastante resistente, o manjericão pode ser atacado principalmente pela larva minadora, pelo bicho-mineiro e pelas doenças rhizoctoniose, fusariose e cercosporiose.
Colheita e beneficiamento: As folhas para consumo fresco podem ser colhidas ao longo do ano, enquanto as folhas destinadas à secagem devem ser colhidas juntamente com as flores, na época de floração. As folhas podem ser colhidas quando a planta atingir cerca de 1,2 m de altura. faça o primeiro corte somente após três meses do plantio. Ele deve ser a 40 centímetros do nível do solo. Repita o processo a cada 50 ou 60 dias, ou quando observar que há uma aproximação das copas, a ponto de prejudicar as folhas mais baixas por impedir a luminosidade. Os cortes favorecem a produtividade, pois o manjericão volta a brotar e a ramificar. Em geral, isso ocorre aos 60 dias. A primeira colheita, no entanto, é indicada somente após três meses do plantio
A cebolinha verde e a salsinha, chamados também de temperos ou cheiro-verde, são as hortaliças-condimentos mais apreciados pela população e consumida em quase todos os lares brasileiros.
Cebolinha verde
A cebolinha é uma planta condimentar considerada perene, muito apreciada pela população. É semelhante à cebola, mas não desenvolve bulbo. As raízes são fasciculadas, finas e curtas, formando touceiras. Pertence à família Alliaceae. Duas espécies são cultivadas: Alliaceae fistulosum (cebolinha verde ou comum) e Alliaceae schoenoprasum (cebolinha-de-folhas-finas ou galega). A cebolinha verde é natural do Oriente ou da Sibéria, possui folhas numerosas, fistulosas, com comprimento variando de 25 a 35cm e cor verde mais clara do que a galega. A cebolinha galega é originária da Europa e seu sabor é semelhante ao da cebola. As plantas formam tufos bem fechados com folhas numerosas, finas e cor verde-escura. Produz, na base da haste, um engrossamento semelhante a bulbos ovais.
Principais usos: No uso doméstico a cebolinha, tanto crua como cozida, é muito usada nas cozinhas chinesa e ocidental. É indispensável no preparo de saladas, sanduíches, sopas e omeletes. Dá sabor especial em manteigas, queijos cremosos, molhos, massas, carnes, peixes e patês. Pode decorar pratos prontos antes de serem servidos. Como planta medicinal é importante, pois contém ferro e vitaminas diversas, é estimulante do apetite, além de auxiliar a digestão. Ajuda no combate à gripe, e nas doenças das vias respiratórias.
Figura 1. cebolinha verde
Propagação: Embora possa ser propagada por sementes, na prática, é feita através dos perfilhos da touceira. Arranca-se a touceira plantada no ano anterior e abre-se a mesma, transformando-a em tantas mudas quantos forem os rebentos.
Cultivo: O cultivo da cebolinha é indicado para regiões de clima ameno, entre 8 e 22oC, resistindo ao frio. Para os demais locais a melhor época é de fevereiro a julho. Embora a planta suporte frios prolongados, existem cultivares que resistem bem ao calor, tendo poucas restrições para o seu plantio em qualquer época do ano. As cultivares mais conhecidas são 'Todo Ano', 'Futonegui' e 'Hossonegui'. As variedades do grupo 'Todo Ano', no entanto, toleram temperaturas altas. Prefere solos de textura média, ricos em matéria orgânica, bem drenados e com pH entre 6,0 e 6,8. Quando propagada por sementes faz-se a semeadura em canteiros, em sulcos distanciados de 10cm e com profundidade de 0,2 a 0,5cm, distribuindo-se as sementes em linha contínua. O transplante é feito 30 a 40 dias após a semeadura, em canteiros definitivos, em sulcos com profundidade de 3 a 4cm, distanciados de 0,25 entre linhas por 0,15 entre plantas. Outra opção é transplantar mudas de touceiras antigas, cortando as folhas acima da gema apical e podando as raízes. Deve-se ter o cuidado de transplantar as mudas à mesma profundidade em que se encontravam. Essa operação deve ser feita, de preferência, de março a julho, utilizando-se irrigação, sempre que necessário. A adubação de plantio deve ser por ocasião do plantio definitivo, preferencialmente, com composto orgânico, seguindo a recomendação baseada na análise do solo. Adubação orgânica de cobertura deve ser parcelada em três aplicações, aos 15, 30 e 45 dias após o transplante; à medida que vão sendo feitos os cortes, deve-se repetir a adubação de cobertura, parcelando-a em duas vezes, na época do corte e 15 dias após. A cultura deve ser mantida livre de plantas espontâneas pois, além da concorrência, a cebolinha perde valor comercial quando cortada juntamente com "mato". Fazer escarificações sempre que houver formação de crosta na superfície do canteiro.
As principais pragas são os pulgões e o tripes, enquanto que a doença que mais causa problema é o sapeco ou queima-das-pontas (Figura 2) que ataca a cebola de cabeça na fase de produção de mudas e no plantio definitivo e também a cebolinha verde; pode ser provocada por diversos fungos, deficiência hídrica, desequilíbrio nutricional, fitotoxidez, ozônio e, indiretamente, pelos patógenos do solo. Dentre as pragas, o tripes ou piolho (Thrips tabaci) podem causar danos econômicos e ainda favorecer a entrada de doenças. Quando a temperatura aumenta e ocorrem estiagens, o tripes pode causar sérios danos por meio da raspagem e sucção da seiva das plantas. Com o aumento do ataque ocorre o amarelecimento, o retorcimento e a seca dos ponteiros das plantas. A irrigação desfavorece a praga propiciando um melhor desenvolvimento da planta. No manejo da principal doença que ocorre no canteiro (sapeco), recomenda-se a aplicação de cinzas de madeira em pó (50 g/m2) ou diluído em água a 10%, em regas antes do orvalho da manhã evaporar.
Colheita: A colheita da cebolinha inicia-se entre 55 e 60 dias após o plantio ou entre 85 e 100 dias após a semeadura, quando as folhas atingem de 20cm a 40 cm de altura. Na cebolinha, o rebrotamento é aproveitado para novos cortes, possibilitando novas colheitas a cada 50 dias e podendo o cultivo ser explorado por 2 a 3 anos, principalmente em condições de clima ameno. O corte é feito entre 10 a 15 cm do solo (acima da gema apical). Quando houver excesso de produção, especialmente em épocas mais favoráveis para a produção, recomenda-se o corte das plantas, lavando-se as folhas e picando-se, colocando-se em potes de plástico e congela-se.
Rotação e consorciação de culturas: Recomenda-se a rotação de culturas com outras hortaliças pertencentes a outras famílias botânicas e também com gramíneas tais como o milho e aveia e também com leguminosas utilizadas como adubo verde. Nunca fazer rotação com culturas que pertencem a mesma família botânica como alho e cebola, pois estas espécies possuem pragas e doenças comuns. Trabalhos de pesquisa comprovaram bons resultados na consorciação cebolinha verde x radiche (almeirão). A associação/consorciação de culturas é um sistema de cultivo utilizado há séculos pelos agricultores e é praticado amplamente nas regiões tropicais, sobretudo por pequenos agricultores. Isso porque, ao utilizarem nível tecnológico mais baixo, procuram maximizar os lucros, buscando melhor aproveitamento dos insumos e da mão-de-obra ,geralmente da própria família. O aumento da produtividade por unidade de área é uma das razões para se cultivar duas ou mais culturas no sistema de consorciação, pois permite melhor aproveitamento da terra e de outros recursos disponíveis, resultando em maior rendimento econômico.
Salsa
Salsa ou salsinha (Petroselinum crispum (Mill.), pertencente à família botânica das Apiaceae (Umbelliferae) é uma planta herbácea bienal (demora 24 meses para completar o ciclo biológico), podendo-se também cultivar como anual. Forma uma roseta empenachada de folhas muito divididas, alcança 15 cm de altura e possui talos floríferos que podem chegar a exceder 60 cm. Natural da Europa, a salsa (conhecida também por salsinha, salsa-de-cheiro ou salsa-hortense) foi trazida para o Brasil no início da colonização. O cultivo da salsa faz-se há mais de trezentos anos, sendo uma das plantas aromáticas mais populares da gastronomia mundial. A salsa é rica em vitaminas A, B1, B2, C e D, além de cálcio e ferro, isto se consumidas cruas, já que o cozimento elimina parte dos seus componentes vitamínicos.
Principais usos: De aroma suave e agradável, é indispensável no preparo de saladas, sopas, molhos e temperos em geral. Quando cozida, a salsa destaca o sabor do prato principal. É usada em sopas, assados e cozidos de carnes e frutos do mar, refogados na manteiga, saladas e legumes cozidos no vapor. Ela desidratada é usada para codimentar ou decorar, usada em berinjela, canapés, macarrão, salpicada sobre legumes, omeletes, ovos mexidos ou recheados, sobre carnes, aves, peixes e camarões. Toda a planta pode ser usada: folhas, caules, raízes e sementes. Seu consumo está disseminado pelo mundo todo. É usada como condimento e/ou elemento decorativo de vários pratos. As principais propriedades terapêuticas são: diurética (facilita a secreção da urina); emenagoga (provoca a vinda da menstruação); carminativa (combate os gases intestinais); expectorante (facilita a expectoração); antitérmica (combate a febre); eupéptica (melhora a digestão); vitaminizante (colabora na regeneração das células); aperiente (estimula o apetite); antiinflamatória (combate inflamações). Alivia o mau hálito quando mascada e promove o enriquecimento da pele. A salsa, através de uso interno, é contra-indicada para gestantes e lactantes, pois um de seus componentes, o apiol, é estrogênico; isto é, altera o sistema reprodutor feminino e pode provocar o aborto.
Propagação: A salsa propaga-se por sementes.
Cultivo: As variedades são agrupadas pelo tipo de folha em: lisas (mais cultivadas no Brasil), crespas e muito crespas. As mais plantadas no Brasil são a Crespa, Gigante Portuguesa, Graúda Portuguesa, Lisa Comum e Lisa Preferida. Para regiões onde o inverno não é rigoroso, a melhor época é de março a agosto. O cultivo da salsa é indicada para regiões de clima ameno, desenvolvendo-se melhor sob temperaturas entre 8 e 22ºC. Temperaturas acima desta ocasiona o aparecimento precoce de flores e as temperaturas abaixo desta retarda o seu desenvolvimento. Em regiões de clima ameno, planta-se o ano todo; porém, em locais onde o inverno é rigoroso, evitar a semeadura nos meses frios. A semeadura é feita em canteiros definitivos, em sulcos com profundidade de 0,5 cm, em fileiras contínuas, e quando estiverem com duas folhas definitivas ou 5cm, fazer o desbaste das plantas fracas, mantendo-se distância mínima de 10cm ente plantas e 25cm entre fileiras. São necessários 2 a 3 kg de sementes por hectare. A germinação é muito lenta, de 12 a 13 dias quando a temperatura do solo está entre 25 e 30ºC e, até 30 dias quando está a 10ºC. A germinação pode ser apressada, deixando-se as sementes de molho por uma noite. Quando tiver que ralear plantas vigorosas aproveite-as para transplantes em outros espaços. É pouco exigente em fertilidade, mas prefere solos areno-argilosos, ricos em matéria orgânica, bem drenados e com pH entre 5,5 e 6,8. A Irrigação deve ser diária. Após a germinação das sementes, recomenda-se afofar a terra em volta das plantas, pois a irrigação e as chuvas acabam endurecendo a camada superficial do solo. Até a germinação das sementes, recomenda-se também cobrir o canteiro com palha ou sombrite, o que além de economizar água, evita a formação de uma crosta superficial que pode prejudicar a emergência das plantinhas. É uma planta resistente, mas pode ocorrer as seguintes pragas: lagartas, vaquinhas, pulgões e cochonilhas. As principais doenças fúngicas são: esclerotinia, septoriose, mancha de Alternaria e mofo-cinzento. Tendo em vista que a germinação da salsa é bastante lenta, cuidado especial deve-se ter com as plantas espontâneas que germinam mais rápido. Para retardar as plantas espontâneas, pesquisadores da Epagri/Estação Experimental de Ituporanga descobriram um método eficiente para canteiros, utilizando folhas de papel: após o preparo do canteiro, cobre-se o mesmo com jornal (uma folha apenas) ou papel pardo em toda a extensão e sobre este aplica-se 2cm de composto orgânico peneirado (Figura 3). ). Posteriormente, faz-se a semeadura a lanço ou no sulco e procede-se a cobertura das sementes. Recomenda-se este sistema especialmente para as culturas que possuem sementes pequenas e germinação mais demorada, como cenoura e salsa, e que são semeadas diretamente no canteiro, com objetivo de atrasar a emergência das plantas espontâneas na fase mais crítica (até 25 a 30 dias após a semeadura).
Figura 2. Salsa ou Salsinha
Colheita: A colheita inicia-se entre 50 e 70 dias após a semeadura, dependendo do cultivar, efetuando nova colheita a cada 30 dias. O corte é feito quando as plantas atingem cerca de 10 cm de talo. Corta-se a planta pela base, de forma uniforme no canteiro, cerca de 1cm acima da gema terminal. Tendo em vista que no verão, a salsa perde a qualidade, recomenda-se na época mais favorável, quando houver excesso de produção, recomenda-se o corte das plantas, lavando-se as folhas e picando-se, colocando-se em potes de plástico e congela-se.
Figura 3. Preparo do canteiro para semeadura, colocando-se o jornal e o composto orgânico
Soluções Alternativas para o Manejo de Pragas e Doenças
Apresentação
Durante o século XX houve uma onda de informaç&es, no mundo inteiro, difundindo o uso de produtos químicos na agricultura e na pecuária.
A utilização indiscriminada desses produtos trouxe repercussões negativas sobre a saúde humana, sendo percebidas quando resíduos desses produtos chegaram ao organismo através da alimentação.
Essa situação despertou em muitos profissionais e na sociedade como um todo, a urgência de se criar animais e de se cultivar a terra de maneira mais sadia para o homem, para os animais e para o Meio Ambiente.
A produção orgânica de alimentos se coloca como uma alternativa para corrigir efeitos nocivos do modelo de agricultura convencional. Pretende resgatar e aperfeiçoar o modelo de agricultura quase orgânico que por muitos séculos se praticou. Modelo este em que era comum o retorno da matéria orgânica ao solo, o uso de adubação verde, a rotação e o consórcio de culturas.
Esse modelo de agricultura, faz uso de produtos alternativos, relativamente simples de serem preparados e pode constituir em mais uma opção para controle de vários agentes indesejáveis que possam influir negativamente na produção. São caldas que podem não ter sido testadas em experimentos oficiais, porém de uso relativamente comum pelos agricultores.
Com o objetivo de disponibilizar informaç6es sobre as várias alternativas de manejo de pragas e doenças, principalmente na agricultura familiar, apresentamos uma coletânea de cuIdas alternativas. Nosso interesse é o de contribuir para evitar a contaminação do produtor e do consumidor; manter o equilíbrio da natureza, preservando a fauna e os mananciais de água; diminuir os gastos com a condução das culturas e atender a crescente procura por produtos sadios.
O produtor antes de fazer qualquer intervenção utilizando produto alternativo para o controle de praga ou doença, deve certificar se realmente o ataque é intenso e se justifica tal intervenção. Lembrar sempre que os princípios básicos agricultura orgânica estabelecem que toda praga tem inimigos naturais e que todas plantas podem suportar um ataque de determinada praga e/ou doença.
a) Estas informações são resultantes de observações em testes regionais e de trabalhos de revisão da literatura, servindo apenas como sugestões quanto ao potencial de uso das caldas.
b) Para o emprego das caldas, recomendamos que sejam feitas observaç6es preliminares em poucas plantas, considerando o local, clima, cultivar, etc, O tratamento em área total deverá ser efetuado somente após os testes iniciais.
c) O emprego das caldas fora das consideraç3es, uso de matéria prima de baixa qualidade, preparo e aplicações inadequadas, poderão causar problemas, baixa eficiência e até intoxicar as plantas.
I - MANEJO DE PRAGAS
1. MANEJO DE INSETOS DAS FRUTAS
A. ARMADILHA PARA MOSCA DAS FRUTAS
Função: No manejo da mosca da goiaba e da laranja.
Ingredientes: 80 g de Breu moído; 50 g de óleo de rícino.
Modo de preparar e usar: Misturar todos os ingredientes, levar ao fogo durante 5 minutos para derreter o breu, nao deixar ferver. Passar a cola resultante em tiras de lona amarela. Pendurar as tiras na bordadura dos locais em que se deseja combater os insetos. Serve para 8 dias.
B. GARRAFA CAÇA-MOSCA
Função: Usada para capturar a mosca-da-fruta.
Modo de preparar:
Consiste na utilização de garrafas de plástico. São feitas diversas "janelas" com 2 cm no sentido horizontal e 5 cm na vertical na parte mediana. A garrafa, fechada na parte superior, para evitar a entrada de água da chuva, é pendurada na planta a uma altura de 1,50cm , do lado que o sol nasce, na proporçao de uma garrafa para cada dez p/antasdo pomar.
Exemplos de Iscas para serem colocadas nas garrafas:
* 2 partes de água + uma parte de vinagre de vinho ou suco de uva ou suco de outra fruta.
* Uma parte de água + uma parte de suco de frutas maduras.
* 70 gramas açúcar mascavo ou suco de frutas maduras + 1 litros de água + uma colher "de café" de vinagre.
C. LANTERNA DE QUEROSENE
As lanternas de querosene, que são usadas para iluminação, podem também ser usadas para o controle da broca-dos-ponteiros (mariposa-oriental), que ataca bastante o pessegueiro e a nectarineira.
Uso correto
* Colocar a lanterna acesa, a partir das 7 horas da noite, no centro do pomar e deixar até a madrugada, no período de novembro a fevereiro.
* As mariposas atraídas pela luz batem no vidro da lanterna, caindo dentro de um saco aberto, que é colocado logo abaixo. No dia seguinte, os insetos que caíram no saco dever5o ser mortos.
2. INSETICIDAS NATURAIS
A. INSETICIDA DE CEBOLA E ALHO
Ingredientes: 3 cebolas; 5 dentes de alho; 10 litros de água.
Funçoes: Controlar pulgões em feijão, beterraba, cebola, alho. No tomateiro funciona como fungicida.
Modo de preparar e usar: Moer a cebola e o alho e misturar em 5 litros de água. Espremer para retirar o suco, coar e misturar ao restante da água. Pulverizar uma vez por semana.
B. CEBOLA OU CEBOLINHA VERDE
(allium cepa L. e Alium fistulosum)
Ingredientes: 1 kg de cebola ou cebolinha verde; 10 litros de água
Funçoes: Cortar a cebola ou a cebolinha verde e misturar em 10 litros de água, deixando o preparado curtir durante 10 dias. No caso da cebolinha verde, deixe curtir por 7 dias. Para pulverizar as plantas,
utilizar 1 litro da mistura para 3 litros de água.
Indicações: pulgões, lagartas e vaquinhas (repelente).
C. INSETICIDA DE URTIGA
Ingredientes: 500g de urtiga; 1 litro de água.
Funções: Controlar pulgão e lagarta
Modo de preparar e usar: Esmagar bem, misturar e deixar descansar durante dois dias. Pulverizar as plantas a cada 15 dias, diluído a 10%, (lOOmI em 1 litro de água ou 1 litro para 10 litros de água). Obs.: Pode-se adicionar ao frio fertilizante.
CUIDADO!
Trata-se de urtiga verdadeira, que tem as folhas pequenas e uma substância que causa irritação. Ao colher a urtiga proteger as mãos com sacos plásticos, porque a planta provoca irritação na pele.
D. INSETICIDA DE CRAVO DE DEFUNTO
Ingredientes: lOOg de ramos e folhas de cravo-de-defunto; 100 ml de acetona; 2 litros de álcool.
Funç8es: Controle de insetos e nemat6ides.
Modo de preparar e usar: Picar os ramos e as folhas e juntará acetona. Deixar repousar por 24 horas e juntar ao álcool. Pulverizar a 10% ou seja um litro da solução em 10 litros de água.
Obs.,: Plantar cravo-de-defunto na borda da plantação.
SAIBA UM POUCO MAIS SOBRE O NEEM!
O neem (ou nim) é uma árvore que tem origem na Índia e pertence a família das meliáceas, a mesma do mogno e do cedro. Essa planta é uma alternativa viável dentro da agricultura auto-sustentável, já que pode promover a redução de agrotóxicas nas lavouras, a preservação da saúde animal e humana, uma vez que não afeta os animais de sangue quente (homens e alguns bichos).
E. INSETICIDA NEEM - 1
Ingredientes: 50 g de sementes descarnadas; 1 litro de água.
Funções: Inseticida, repelente, fungicida, nematicida. Pode controlar até 200 tipos de insetos e pragas.
Modo de preparar e usar: Ralar e mergulhar em 1 litro de água. Pulverizar a 10%. (2 litros numa bomba de 20 litros).
E. INSETICIDA NEEM - 2
Ingredientes: 5 kg de sementes secas e moídas; 5 litros de água; 10 g de sab&o.
Modo de preparar : Colocar os 5 quilos de sementes de Neem moídas em um saco de pano, amarrar.
Colocar em 5 litros de água. Depois de 12 horas, espremer e dissolver 10 gramas de sabão neste extrato.
Misturar bem e acrescentar água para obter 100 litros de preparado. Aplicar sobre as plantas infestadas, imediatamente após preparar.
Funções: controlar lagarta do cartucho, lagartas das hortaliças, gafanhoto, bicho mineiro dos citros.
G. MANIPUEIRA
(suco de aspecto leitoso, extraído quando se espreme a mandioca ralada)
Modo de preparar Para o controle da formiga utilizar 2 litros de manipueira no formigueiro para cada olheiro, repetindo a cada 5 dias.
Em tratamento de canteiro contra pragas de solo, regar o canteiro usando 4 litros de manipueira por metro quadrado, 15 dias antes do plantio.
Para o controle de ácaros, pulgões, lagartas, usar uma parte de manipueira e uma parte de água, acrescentando 1% de açúcar ou farinha de trigo. Aplicar em intervalos de 14 dias.
Funções: controlar formigas, pragas de solo, ácaros, pulg6es, lagartas.
H. TOMATEIRO - 1
(Lycopersícon esculentum MilI. )
Ingredientes: 1/2 kg de folhas e talos de tomateiro; 1 litro de álcool, deixando em repouso por alguns dias
Função: controle de pulgões
Modo de preparar : Picar as folhas e talos do tomateiro e misturar com o álcool deixando em repouso por alguns dias. Coar com pano fino, pressionando para o máximo aproveitamento. Diluir um copo do extrato em um balde com 10 litros de água e pulverizar sobre as plantas.
1. TOMATEIRO - 2
Ingredientes: 25 kg de folhas e talos de tomateiro; 100 g de carbonato de sódio; 10 litros de água.
Função: controle de pulgões.
Modo de preparar : Misturar as folhas e talos de tomateiro bem picados em água e carbonato de sódio. Ferver estes ingredientes por uma hora. Depois de fervido, coar, completar para 100 litros de água e pulverizar sobre as plantas.
3. MACERADO DE ALHO
Ingredientes: alho e água.
Funções : controle de pulgões e nematádeos do alho.
Preparo : Esmagar 4 dentes de alho em um litro de água e deixar curtir por 12 dias.diluir em 10 litros de água e aplicar sobre a planta. Para ocaso dos dentes de alho que serão usados para plantio, colocar os mesmos na solução durante alguns minutos.
K. EMULSÃO DE SABÃO E QUEROSENE
Ingredientes : Água , sabão em barra e querosene.
Funç6es : Mata insetos que atacam as folhas (insetos que ficam nas folhas)cochonilhas e pulgão.
Modo de Preparar : Ferver 3 litros de água, jogar 200 gramas de sabão em barra bem picado e deixar derreter totalmente.
Retirar do fogo;
Jogar 4 litro de querosene aos pouquinhos e mexer uniformemente até engrossar amistura.
Estará pronto quando a mistura ficar uniforme, ou seja, quando o querosene misturar totalmente com a água e o sabão.
Uso Correto:
Para combater cochonilhas:
* diluir um copo da mistura emb copos de água e pulverizar as partes atacadas (proporção de 1 para 5). Pora combater pulg&es e outras pragas:
* Diluir um copo da mistura em 8 copos de água pura (proporção 1 para 8).
OBS: A emulsão para ser aplicada, deve estar fria, ou temperada de água de torneira. Caso for guardar uma parte da emulsão, derreter em banho - maria, quando for usá-la novamente.
L. MACERADO DE SAMAMBAIA
Ingredientes : folhas secas de samambaia e água.
Funções : controle de ácaros, cochonilhas e pulg6es.
Modo de preparar : Colocar 500 g de folhas frescas ou 100 g secas em um litro de água e deixar em repouso por 1 dia. Ferver por meia hora. Para a aplicação, diluir 1 litro de solução para 10 litros de água.
M.INFUSÃO DE LOSNA
Ingredientes : folhas secas de losna e água.
Funções : controle de lagartas e lesmas.
Modo de preparar : derramar um litro de água fervente sobre 30 g de folhas secas e deixar em infusão por 10 minutos. Diluir em 10 litros de água e pulverizar sobre as plantas.
N.SOLUCÃO DE ÁGUA COM SABÃO
Funç6es controle de cochonilhas, lagartas, pulg5es e piolhos.
Modo de Preparar Colocar 50 g de sabão caseiro em 5 litros de água quente, deixar esfriar e pulverizar sobre a planta.
O. SORO DE LEITE .
Função controle de ácaro.
Quando pulverizado sobre as plantas, provoca o ressecamento e mata o ácaro, que é uma praga que danifica muito as lavouras.
II - MANEJO DE DOENÇAS
1. MACERADO DE URTIGA
Ingredientes: 1009 de urtiga picada; 10 litros de água.
Função: Controle de Míldio.
Modo de preparar e usar: Secar à sombra por sete dias, depois de moer. Colocar a água e deixar descansar durante 8 dias, mexendo 2 vezes por dia. Pulverizar a 10%, lc para cada 1OL de água.
2. MACERADO CURTIDO DE URTIGA
Ingredientes : folhas de urtiga fresca e água.
Função: controle de míldio (aplicação no solo).
Modo de preparar : Colocar 500 g de urtiga fresca ou 100 g seca em 1 litro de água e deixar curtir por 2 dias. Para aplicação, diluir em 10 litros de água e pulverizar sobre a planta ou no solo.
3. PASTA BORDALESA
Ingredientes: 1 Kg de Sulfato de Cobre; 2 Kg de cal virgem; 10 litros de água.
Função: Gomose (Phytophithora) e Rubelose (Corticium salmomicolos).
Modo de preparar: Misturar 1 quilo de Sulfato de Cobre com 2 quilos de cal virgem, colocando água aos poucos, mexendo sempre até formar uma pasta.
Passar esta pasta após a poda e eliminação dos galhos afetados por doenças fúngicas (Rubelose,).
Pincelar o tronco e a base dos ramos principais com a pasta bordalesa pelo menos 4 vezes por ano ( maio
junho).
Pulverizar o tronco e o solo ao seu redor com calda bordalesa.
4. FOLHA DE MAMOEIRO
(Carica papaya 1... )
Ingredientes: 1 kg de folhas do mamoeiro picadas; 1 litro de água e 1009 de sabão.
Função: Controle de ferrugem do cafeeiro.
Modo de preparar: Cortar e bater no liquidificador os ingredientes citados acima. Filtrar com um pano e adicionar a 4 litros de água com sabão, feita com: 100 g de sabão em 25 litros de água.
Pulverizar sobre as folhas infestadas.
5. PERMANGANATO DE POTÁSSIO E CAL
Ingredientes: 125 g de Permanganato de Potássio (KMnO4); 1 Kg de cal virgem; 100 litros de água.
Função: controle de míldio e oídio.
Modo de preparar: diluir primeiramente o Permanganato de Potássio num pouco de água quente, para acelerar o processo. A cal também deve ser queimada à parte, colocando um pouco de água. Complete para 100 litros, incluindo a solução do permanganato.
6. CAMOMILA
(Alatricaria comomila L. )
Ingredientes: 509 de flores de camomila; 1 litro de água.
Funçoo: controle de doenças fúngicas.
Modo de preparar: Misturar 50 gramas de flores de camomila em 1 litro de água. Deixar de molho durante 3 dias, agitando a mesma 4 vezes ao dia. Após coar, aplicar a mistura 3 vezes a cada 5 dias.
7. PASTA DE ARGILA. ESTERCO. AREIA FINA E CHÁ DE CAMOMILA
Ingredientes: argila ( barro ), esterco, areia fina e chá de camomila.
Modo de preparar:
Misturar partes iguais de argila (barro), esterco, areia fina e chá de camomila de modo a formar uma pasta
Função: Usar para proteger os cortes feitos pela podo e também os ramos ou troncos doentes durante o outono, após a queda das folhas e antes da floração e brotação.
8. CHÁ DE CAMOMILA
Ingredientes: camomila e água.
Modo de preparar:
Mergulhar um punhado de flores em água fria por um a dois dias. Pulverizar as plantas, principalmente as mudas na sementeira.
Função: Controle de diversas doenças fúngicas.
III - MANEJO DE PRAGAS E DOENÇAS
1.ALHO - 1
(Alliun sativum 1..)
Ingredientes: 1009 de alho; meio litro de água; 109 de sabão; 2 colheres (de café) de 6leo mineral.
Função: controle de lagarta de maçã, pulgões, míldio e ferrugem.
Modo de preparar: Os dentes de alho devem ser finamente moídos e deixa-dos em repouso por 24 horas em 2 colheres de óleo mineral. A parte, dissolver 10 gramas de sabão em meio litro de água.
Misturar então, todos os ingredientes e filtrar. Antes de usar o preparado, diluir o mesmo em 10 litros de água, podendo no entanto ser utilizado em outras concentraç6es de acordo com a situação.
2. PREPARO E APL.ICACÃQ DE BIOFERTILIZANTES
A. CALDA BIOFERTILIZANTE
Desenvolvida e pesquisada pela EMATER-RIO, a calda biofertilizante demonstrou excelente efeito no aumento da resistência às pragas e moléstias e como adubo foliar para inúmeras plantas. O processo de produção é bastante simples, sendo viável sua produção na propriedade, desde que tenha
esterco de gado disponível.
Ingredientes: 10 litros de esterco de curral (fresco); 3- litro de esterco de galinha; 500 gramas de açúcar e água.
Funç6es: adubo foliar e aumentar a resistência contra pragas e moléstias.
Modo de preparar: Num recipiente plástico de 20 litros, colocar meia lata (10 litros) de esterco de curral, o esterco de galinha e o açúcar. Completar com água, deixando um espaço de 8 a 10 centímetros antes da borda acima, para evitar transbordar, fechar bem e deixar 5 dias.
Aplicação: A calda pronta deve ser diluída, misturando 1 litro da calda obtida para cada 10 litros de água.
( As sugestões a seguir são mais rápidas e podem ser experimentadas em diversas e novas situações. Estas caldas têm o objetivo de ser uma alternativa ao uso de tantos produtos
químicos/agrotóxicos e contribuir para o desenvolvimento de uma agricultura familiar mais sustentável do ponto de vista econômico e ecológico..)
B. BIOFERTILIZAN1-ES AERÓBIOS ENRIQUECIDOS
b. 1) Formulação COM esterco para 200 litros em 10 dias:
In9redientes: 40kg de esterco fresco de gado; 10 kg de esterco fresco de aves; 2 latas de 20 litros de diferentes folhas verdes; 30 litros de leite ou soro de leite (sem sal); 18 litros de garapa; 10 kg de cinza; 4 quilos de farinha de osso; 1 kg de calcário dolomítico;
* Completar com água e mexer bem, esperando de 7 a 10 dias para coar e usar;
* Usar 2 litros em 100 litros de água, para tratamento foliar e 20 litros em 100 litros de água para
adubar o solo.
b.2) Formulação COM esterco para um recipiente de 200 litros, pronto em 17 dias:
Ingredientes: 30 kg de esterco fresco de gado; 60 litros de água; 6 litros de leite ou soro de leite sem sal; 10 litros de caldo de cana ou 6 kg de açúcar mascavo; 2 kg de farinha de osso; 1 kg de fosfato natural; 3 J
Modo de preparar
1° dia - colocar o esterco, a água e acrescentar: 3 litros de leite ou soro de leite; 5 litros de caldo de cana ou 3 kg de açúcar; 3 kg de cinza; 2 kg de farinha de osso; 1 kg de fosfato natural. (Mexer bem e deixar fermentar por 7 dias);
7° dia- adicionar: 3 litros de leite ou soro de leite; 5 litros de caldo de cana ou 3 kg de açúcar; 3 kg de cinza; 3 kg de calcário dolomítico;
* Completar o recipiente com água e esperar 10 dias.
* Usar 2 a 5 litros em 100 litros de água.
b.3) Formulação SEM esterco, para 100 litros em 14 dias:
Ingredientes: 20 kg de diferentes folhas verdes; 40 litros de água; 6 litros de leite ou soro de leite
sem sal; 10 litros de garapa ou 6 kg de açúcar mascavo; 4 kg de cinza; 2 kg de farinha de osso; 2 kg de calcário dolomítico.
Modo de preparar
1° dia - colocar as folhas, a água e acrescentar: 3 litros de leite ou soro de leite; 5 litros de garapa ou 3 Kg de açúcar mascavo; 2 kg de cinzas; 2 kg de farinha de osso;
• Mexer bem e deixar fermentar por 7 dias.
novas situações. Estas caldas têm o objetivo de ser uma alternativa ao uso de tantos produtos
químicos/agrotóxicos e contribuir para o desenvolvimento de uma agricultura familiar mais
sustentável do ponto de vista econômico e ecológico..)
C. BIOFERTILIZAN1-ES AERÓBIOS ENRIQUECIDOS
b. 1) Formulação COM esterco para 200 litros em 10 dias:
In9redientes: 40kg de esterco fresco de gado; 10 kg de esterco fresco de aves; 2 latas de 20 litros de diferentes folhas verdes; 30 litros de leite ou soro de leite (sem sal); 18 litros de garapa; 10 kg de
cinza; 4 quilos de farinha de osso; 1 kg de calcário dolomítico;
* Completar com água e mexer bem, esperando de 7 a 10 dias para coar e usar;
* Usar 2 litros em 100 litros de água, para tratamento foliar e 20 litros em 100 litros de água para adubar o solo.
b.2) Formulação COM esterco para um recipiente de 200 litros, pronto em 17 dias:
Ingredientes: 30 kg de esterco fresco de gado; 60 litros de água; 6 litros de leite ou soro de leite sem sal; 10 litros de caldo de cana ou 6 kg de açúcar mascavo; 2 kg de farinha de osso; 1 kg de fosfato
natural; 3 J
Modo de preparar
1° dia - colocar o esterco, a água e acrescentar: 3 litros de leite ou soro de leite; 5 litros de caldo de cana ou 3 kg de açúcar; 3 kg de cinza; 2 kg de farinha de osso; 1 kg de fosfato natural. (Mexer bem e deixar fermentar por 7 dias);
7° dia- adicionar: 3 litros de leite ou soro de leite; 5 litros de caldo de cana ou 3 kg de açúcar; 3 kg de cinza; 3 kg de calcário dolomítico;
* Completar o recipiente com água e esperar 10 dias.
* Usar 2 a 5 litros em 100 litros de água.
b.3) Formulação SEM esterco, para 100 litros em 14 dias:
Ingredientes: 20 kg de diferentes folhas verdes; 40 litros de água; 6 litros de leite ou soro de leite sem sal; 10 litros de garapa ou 6 kg de açúcar mascavo; 4 kg de cinza; 2 kg de farinha de osso; 2 kg de calcário dolomítico.
Modo de preparar
1° dia - colocar as folhas, a água e acrescentar: 3 litros de leite ou soro de leite; 5 litros de garapa ou 3 Kg de açúcar mascavo; 2 kg de cinzas; 2 kg de farinha de osso;
• Mexer bem e deixar fermentar por 7 dias.
7° dia- adicionar: 3 litros de leite ou soro de leite; 5 litros de garapa ou 3 l
* Mexer bem e deixar fermentar por mais 7 dias;
* Usar 2 litros em 100 litros de água para tratamento foliar.
* Usar 20 litros em 100 litros de água para adubar o solo.
D. BIOFERTILIZANTE DE URINA
A utilização da urina de vaca leiteira, como também as de cabras e éguas, vem sendo pesquisado desde 1992 por pesquisadores da PESAGRO do Rio de Janeiro, com resultados bastante animadores.
A urina animal contém fenóis, hormônios e milhares de substâncias , com quantias de nutrientes bem superiores ao esterco, que atuam nas plantas fazendo com que as mesmas aumentem em muito o seu sistema de defesas, além de contribuir na melhoria do crescimento e brotações vegetais. Segundo o Eng. Agr. Ricardo Gadelha da PESAGRO-RIO, a urina de vaca é coletada com facilidade antes da ordenha do animal, e deve ser fermentada e misturada à água antes de ser aplicada nas raízes ou nas folhas de qualquer planta. As pesquisas atuais giram em torno da proporção.
Modo de preparar e usar: Imediatamente após o seu recolhimento no animal, a urina deve ser armazenada durante o período mínimo de 3 dias, em vasilhames hermeticamente fechados como aquelas garrafas plásticas de refrigerantes (2litros). Isto é realizado para que a uréia da urina se transforme em amônia.
* Desta forma vedada, a urina pode ficar armazenada por até 12 meses, que não altera.
* Pulverizar sobre a planta a cada 15 dias, para aumentar a resistência do tomate, quiabo, jiló e demais olerícolas. No caso de alface, aplicar no solo duas vezes durante o ciclo da planta.
* 100 litros de água; 1 litro de urina de vaca em lactação;
* Nutrientes presentes: K, Ca, 5, Na, N, P, entre outros.
D. FUNÇÕES DOS BIOFERTILIZANTES
* COMO NUTRIÇÃO DAS PLANTAS
QUIABO. JILÓ E BERINJELA
Ingredientes:
Água 100 litros
Urina 1 litro
Período de qplicação : pulverizar de 15 em 15 dias.
TOMATE, PIMENTÃO. PEPINO, FEIJÃO DE VAGEM, ALFACE E COUVE
Ingredientes:
Água 100 litros
Urina 1/2 litro ( 500 ml)
Período de aplicação uma vez por semana.
* FRUTEIRAS
Em fase de teste. Recomenda-se aplicar em pequenas áreas para observação.
ABACAXI
Ingredientes:
- até os4 meses de idade:
Água 100 litros
Urina 1 litro
Período de aplicaç6o: uma vez por mês - a partir dos 4 meses até antes da indução e floração:
Agua 100 litros
Urina 2,5 litros
Período de aplicação: uma vez por mês
Atenção: suspender a aplicação antes da indução da floração e só retornara aplicação após o avermelhamento.
MARACUJÁ
Ingredientes:
1° aplicação - via solo
Agua 100 litros
Urina 5 litros
2ª aplicação - via folha - (plantas pequenas: 30 dias ap6s a aplicação no solo)
3° Aplicação em diante a partir de 30 dias da 2° aplicação
Agua 100 litros
Urina 1 litro
Período de aplicação a cada 30 dias.
CAFÉ
Em fase de teste. Recomenda-se aplicar em pequenas áreas.
1 ª ApIicação ,via solo - plantas pequenas
Agua 100 litros
Urina 1/2 litro
1° Aplicação via solo - plantas médias
Agua 100 litros
Urina 1 litro
2° Aplicação via folha - plantas pequenas
Água 100 litros
Urina 1 litro
2° Aplicação ,via folha - plantas grandes
Agua 100 litros
Urina 5 litros
3° aplicação em diante - a partir de 30 dias da 2° aplicação
(1° aplicação via folha )
Agua 100 litros
Urina 1 litro
Período de aplicação a cada 30 dias
PLANTAS ORNAMENTAIS
* Diluir 5 ml de urina de vaca em 1 litro de água e aplicar 500 100 ml da mistura no solo, de acordo com o tamanho da planta, de 30 em 30 dias.
OBSERVAÇÃO:
* A urina de vaca deverá ser aplicada segundo as dosagens recomendadas. Ela pode queimar as plantas, se mal utilizada.
* Em pulverização a urina é aplicada da mesma maneira que o produtor pulveriza as plantas.
* Seguir os intervalos de aplicação.
* Não é necessário usar espalhante adesivo. A urina de vaca possui alto poder de penetração nas plantas.
FORMIGAS, FORMIGUEIRO, FORMIGAMENTO...
* Quase todas as plantas cultivadas podem ser atacadas por formigas além das as árvores, espécies invasoras e pastagens. O que significa que as formigas não dependem exclusivamente só de algumas plantas.
** Grande número de formigueiros podem surgir numa área e se expandir para outra quando o controle não é feito de forma mais abrangente.
* Existe um grande número de formigas por formigueiro.
* O combate pode ter custo elevado se não for acompanhado de práticas preventivas (manejo correto do solo ) e regionalizado.
* Há dificuldade de envolver comunidades como um todo. Existe ainda a resistência de algumas pessoas cujas propriedades se tornam foco de reinfestaçao.
* Danos econômicos significativos:
1 formigueiro adulto pode recolher 1.000 Kg de folha e talos por ano;
1 formigueiro de 10 m2, pode matar 37 árvores, o que representa 8 m3 de madeira/alqueire/ano
10 formigueiros considerados velhos, consomem até 21 Kg de capim/dia o que equivale a um boi e provoca uma redução de 50 % da capacidade de pasto; nas culturas já ocorre redução de produção a partir de 10 % de perda de área foliar.
IV - CONTROLE DE FORMIGAS
SOBRE PREDADORES
* 1 gavião consegue ingerir mais ou menos 37 Kg de insetos/ano.
* Aves em geral atacam rainhas novas no ar ou na terra quando estão cavando ninho.
* 1 tamanduá mantém livre de formigas, uma área de 5 a 10 hectares.
Atenção: As práticas de controle de vem ser utilizadas em conjunto com a vizinhança, do contrário não trazem bons resultados. Converse com seu vizinho e discuta os benefícios do controle natural para a sua a're a e para a comunidade toda.
1. MANEJO ALTERNATIVO DE FORMIGAS
a) Plantas atraentes: leucena, mandioca, cana-de-açúcar, gergelim, feijão-de-porco.
b) Produtos repelentes: casca de ovo moída, carvão vegetal moído, farinha de ossos, sal, cinza, vinagre
(aplicar nos formigueiros).
* Para árvores frutíferas, pode-se usar, também, um pano embebido com suco de pimenta-malagueta
2) Manejo do solo: as formigas, para se instalarem, preferem áreas limpas;
3) Físico: através de escavação, uso de água ou fogo.
e) CONTROLE QUÍMICO CASEIRO DE FORMIGAS
2. CAL VIRGEM
Ingredientes: 2 Kg de cal virgem para 10 litros de água quente, aplicar sobre os principais olheiros das formigas.
Modo de preparar : Misturar 500 gramas de Bórax a 500 gramas de açúcar e jogar sobre os canteiros e olheiros.
3. SOLUÇÃO DE CREOLINA
Ingredientes : Água e creolina.
Função: Mata formigas Lava - pés e quém - quém.
Preparo: Diluir 250 ml de creolina (metade de 4 litro ) em 10 litros de água pura, misturar bem.
Uso correto: localizar o formigueiro, remover a terra com uma enxada e encharcar o local como soluçao.
4. CONTROLE DE FORMIGAS COM PLANTAS:
a) AGAVE : Piteira ou Sisal
(Agave siso/ano Perrine)
Ingredientes: 5 folhas médias, 5 litros de água
Modo de preparar : Deixar de molho por 2 dias, 5 folhas médias e moídas de Agave e 5 litros água.
Aplicar 2 litros desta soluç&o no olheiro principal do formigueiro e tapar os demais para que as formigas rido fujam.
b) ANGICO
(Piptadenia spp.)
Ingredientes: 1 Kg de folhas de angico; 10 litros de água
Modo de preparar: Deixar de molho as folhas de angico em 10 litros de água, por 8 dias. Aplicar proporção de 1 litro desta solução por metro quadrado de formigueiro.
V - MANEJO DE PRAGAS DE GRÃOS ARMAZENADOS
1. FOLHAS DE LOURO, DENTES DE ALHO, SAL, FOLHAS DE EUCALIPTO
Funções: carunchos, gorgulhos e traças.
Mata formigas Lava-pés e quém-quém.
Modo de aplicar : Todos estes produtos são indicados para o controle de pragas de grãos armazenados.
Devem ser misturados com o produto a conservar. No caso do eucalipto usar a variedade citriodora em
camadas alternadas.
2. CINZA DE MADEIRA
Funções: controla, além das pragas de grãos armazenados, também pragas da parte aérea das plantas.
Modo de preparar: Para controlar o caruncho do feijão misturam-se 100 g de cinza em 100 kg de feijão limpo e seco.
Para controle de pulg6es e piolhos, deixar a cinza em água durante 1 dia, coar e pulverizar sobre as plantas.
3. PIMENTA - DO - REINO
Função: Também indicada para controle do caruncho do feijão.
Modo de preparar : Coloca-se o feijão em uma lata limpa, adiciona-se um pouco de pimenta-do- reino e fecha-se bem a lata. Diluída em água, pode ser pulverizada sobre as plantas para o controle de pulgões.
4. ENXOFRE PURO E ÁLCOOL
Funçoes: controlar carunchos e gorgulhos em galp5es.
Ingredientes: lOg de enxofre puro; 1 litro de álcool.
Modo de usar: Colocar a mistura em uma vasilha, levar ao galpão bem fechado, atear fogo à mistura.
Deixar o galpão bem fechado por 3 dias. Esta quantidade é suficiente para uma tonelada de grãos.
5. EUCALIPTO
(Eucaliptus citriodora)
Funções: Gorgulho e traças de grãos armazenados de milho, feijão, arroz, trigo, soja, farelos em geral e batata.
Ingredientes: Folhas de Eucaliptus citriodora;
Modo de preparar : Nos recipientes e locais onde armazenam grãos (milho, feijão, arroz, trigo, etc.) misturar lO a 20 folhas de eucaliptus citriodora para cada quilo de grão.
As batatas podem ser conservadas colocando-as sobre uma cama de folhas de eucalipto.
VI - MANEJO DE LESMAS
1. CINZA OU CAL
Modo de preparar: Colocar em linhas em volta dos canteiros.
Funçoo: mata lesmas.
2. CERVEJA COM ÁGUA AÇUCARADA
Modo de preparar: Colocar a noite, perto das plantas atacadas um prato raso com a mistura de cerveja e água açucarada. Na manha seguinte as lesmas estarão dentro do prato. Possibilita o controle mecânico, uma vez que esta associação apresenta-se bastante atrativa.
Função: atrativo para lesmas.
3.SAL DE COZINHA
Modo de preparar: Observar e identificar os locais onde elas se escondem e jogar o sal nos mesmos.
Função: mata lesmas.
4. MACERADO DE ALHO
Modo de preparar : Esmagar 4 dentes de alho em um litro de água e deixar curtir por 12 dias.
Diluir em 10 litros de água e aplicar sobre a planta. Para o caso dos dentes de alho que serão usados para plantio, imergir os mesmos na solução durante alguns minutos.
Funções: controle de pulgões e nematáides do alho.
VII - ESPALHANTES ADESIVOS ALTERNATIVOS
1. GELATINA
- 50 g de gelatina sem sabor (em folhas)
- lOO litros de água
Modo de preparar: Aquecer 1 litro de água e dissolver totalmente a gelatina. Diluir para 100 litros de água.
2. SABÃO DE COCO
- 500 g a 1kg de sabão de coco
- 100 litros de água
Modo de preparar: Aquecer 5 litros de água com o sabão. Após totalmente dissolvido, diluir esta solução para 100 litros de água.
O cultivo orgânico de hortaliças compreende, não somente deixar de utilizar agrotóxicos e fertilizantes químicos, substituindo-os por outros insumos, mas também tratar o solo como um "organismo vivo", protegendo-o e preservando a fertilidade e a estrutura do solo de forma duradoura, priorizando o revolvimento mínimo do solo (plantio direto e cultivo mínimo), a diversificação de espécies, a rotação, sucessão e consorciação de culturas, o uso de adubação orgânica (especialmente o composto orgânico, os restos de culturas e a adubação verde), o manejo das plantas espontâneas tornando-as "amigas" dos cultivos e, somente se for necessário, o uso de produtos alternativos que não contamine o meio ambiente e não prejudique a saúde do agricultor e consumidor.
Considerando a parte comestível, as hortaliças podem ser classificadas em: hortaliças-condimentos (Figura 1), hortaliças-folhosas, hortaliças-flores, hortaliças-frutos, hortaliças-raízes, hortaliças-bulbos, hortaliças-caule, hortaliças-rizomas, hortaliças-hastes, hortaliças-legumes e hortaliças-industrializadas. As hortaliças mais importantes e de maior expressão econômica já foram abordadas neste blog.
A partir de hoje, vamos postar matérias sobre as demais espécies de hortaliças, classificadas conforme a parte comestível, ainda não abordadas neste blog, mas também muito importantes no aspecto nutricional e, ainda com boas propriedades terapêuticas.
Figura 1. Hortaliças-condimentos: alho, cebolinha, pimenta, salsa e hortelã
Os condimentos são geralmente usados na culinária para modificar o sabor e o aroma dos alimentos e, também, para decorá-los. Os condimentos podem ser classificados, entre outras categorias, em picantes: pimenta, pimentão, mostarda, curry (é uma especiaria de origem indiana, composta por vários ingredientes), páprica (mais conhecido em Portugal por pimentão, é uma especiaria obtida do pimentão-doce) e gengibre; ácidos: tomate e limão; especiarias: canela, cardamomo (tempero originário da Índia, espécie pertencente à família botânica do gengibre), cravo, cominho e noz moscada; ervas aromáticas: coentro, alecrim, manjerona, cebolinha, salsa, hortelã, orégano, tomilho, aipo e manjericão e, bulbos: como alho, alho porró e cebola. Além disso, têm em sua composição química elementos importantes para a saúde, como vitaminas e sais minerais e, princípios ativos específicos, possíveis de uso terapêutico, sendo utilizados por indústrias farmacêuticas na produção de elixires e soluções de uso tópico (uso externo), entre outros. As plantas condimentares devem fazer parte de toda horta, pois elas são importantes não somente na alimentação humana, mas também para a produção de cosméticos, remédios naturais e até para a proteção de pragas e doenças que atacam outras hortaliças, aumentando a biodiversidade, princípio básico na agricultura orgânica. O valor econômico das plantas condimentares e medicinais é determinado pelos compostos químicos especiais, elaborados por elas e que são chamados princípios ativos. Há diversos fatores que influenciam na elaboração dos princípios ativos, como os de ordem genética que são transmitidos de geração em geração, os fatores externos, como temperatura, chuva, vento e solo e, também os fatores técnicos (forma de plantio, os tratos culturais, doenças e pragas, época e forma de colheita, entre outros).
Dentre os temperos citados, não abordaremos dentro do grupo das hortaliças-condimentos, o alho e cebola. O cultivo orgânico do alho, embora seja o condimento de maior importância sócio-econômica, vai ser abordado quando tratar-se das hortaliças-bulbos. Por outro lado, a cebola também considerada uma hortaliça-bulbo de grande importância sócio-econômica, já foi abordada em matéria postada neste blog em 13/04/2011.
Recomendações gerais para o cultivo das hortaliças-condimentos
Fatores climáticos: O teor de princípios ativos pode aumentar ou diminuir, de acordo com os fatores climáticos. Para cada espécie existe uma temperatura mínima, uma temperatura máxima e uma faixa de temperatura ótima para o desenvolvimento. A luz influencia na fotossíntese e em outros fenômenos fisiológicos, como crescimento desenvolvimento e forma das plantas. A falta de luminosidade adequada provoca o estiolamento, problema comum em sementeiras e viveiros muito adensados ou sombreados e pode afetar a capacidade de germinação das sementes. A água é essencial para a vida e o metabolismo das plantas. Porém, o excesso pode reduzir a concentração de princípios ativos das plantas. A altitude (altura de uma região em relação ao nível do mar) também influencia no desenvolvimento das plantas e na produção de princípios ativos, pois diminui as temperaturas. A latitude (distância de determinada região em relação à linha do equador, para o sul ou para o norte) também modifica o comportamento das diferentes espécies.
Escolha do local: . Recomenda-se que a área de cultivo esteja longe de rodovias (pelo menos 2 km) e de áreas industriais, evitando assim a deposição de poluentes e possíveis contaminações. Áreas pouco ensolaradas, de baixadas, mal drenadas, sujeitas à neblinas, devem ser evitadas, pois favorecem o aparecimento de doenças. A declividade do terreno deve ser a menor possível, mas se houver alguma inclinação, devem-se fazer as linhas de plantio em nível ou transversal ao declive para reduzir a erosão do solo. Para reduzir a erosão do solo em terrenos com muito declive, recomenda-se dividir a área em faixas, utilizando espécies como capins (capim-elefante) e até plantas medicinais. É importante também que na área não tenha sido cultivado recentemente espécies adubadas com fertilizantes químicos e, principalmente agrotóxicos. Os adubos minerais, especialmente os nitrogenados, por serem altamente solúveis, salinizam e acidificam o solo e, em consequência diminui a diversidade de organismos vivos que habitam naturalmente nesse ambiente; estes organismos vivos melhoram a aeração do solo e interagem com as plantas e outros microrganismos, contribuindo para a existência do equilíbrio do meio ambiente e tornando as plantas cultivadas mais resistentes às pragas e doenças. É muito importante também que no local escolhido haja uma fonte de água limpa nas proximidades para possibilitar a irrigação das plantas, especialmente na fase de estabelecimento das plantas. A análise do solo, com antecedência, é fundamental para se conhecer a fertilidade e a acidez do solo e, com base nesta análise, fazer-se a correção do solo, conforme recomendação do técnico do município.
Manejo do solo: De uma maneira geral, os solos estão sujeitos à erosão (perda do solo) causados por chuvas intensas, cada vez mais comum, especialmente em áreas com declives sem adoção de práticas de conservação. O preparo do solo deve ser realizado com menor mobilização possível (manejo conservacionista), a fim de preservar, melhorar e otimizar os recursos naturais. O manejo racional e correto do solo é essencial, pois auxilia no controle de pragas e doenças, de erosão, na manutenção da fertilidade e consequentemente no aumento da produtividade. Algumas práticas são importantíssimas, tais como, cobertura vegetal, preparo em nível, curvas de nível, cordão de contorno, entre outras. Os cordões de contorno e curvas de nível devem ser todos vegetados, o que pode ser feito com espécies medicinais. Algumas das espécies recomendadas são: capim-limão, citronela e o confrei. Os sistemas de plantio direto e cultivo mínimo, são práticas indispensáveis para o sucesso no cultivo de qualquer espécie. No cultivo direto não há revolvimento do solo; a camada de cobertura vegetal é mantida e se faz apenas a abertura de um pequeno sulco ou cova onde é colocada a semente ou muda. Por outro lado, o cultivo mínimo é o revolvimento mínimo do solo necessário para o estabelecimento das culturas, deixando-se uma cobertura vegetal nas entrelinhas (resíduos de culturas anteriores, plantas espontâneas e, sempre que possível, adubos verdes semeados anteriormente ou consorciado com as espécies cultivadas). Sempre que necessário, deve-se fazer uma redução da vegetação existente antecedendo ao plantio das hortaliças para facilitar as práticas culturais e também para evitar problemas de competição com a cultura que será implantada. Assim, uma roçada geral, com corte rente ao solo, é imprescindível, especialmente para controlar o comportamento agressivo dos capins. A vegetação de porte mais alto deve ser preservada sempre que possível, em faixas, no meio da área ou na periferia da área cultivada, com o objetivo de aumentar a biodiversidade, princípio básico para o sucesso do cultivo orgânico.
Se a análise do solo, realizada com antecedência, determinar a correção da acidez, somente neste caso, recomenda-se o preparo do solo no sistema convencional para que o calcário possa ser adequadamente incorporado. A partir daí, com a adubação orgânica, não haverá mais necessidade de aplicação de calcário. O pH em água deve situar-se, em geral, entre 5,5 e 6, faixa na qual a disponibilidade da maioria dos macro e micronutrientes é ótima e que também favorece a atividade biológica no solo.
Adubação orgânica: adubação deve ser feita com base na análise do solo e também de acordo com o tipo de adubo que for aplicado. De maneira bem simples e direta, a matéria orgânica é a parte do solo que já foi ou ainda é viva. É constituída de resíduos de origem vegetal ou animal, tais como: estercos, restos de cultivos que ficam no campo, palhadas, folhas, cascas e galhos de árvores, raízes das plantas e animais que vivem no solo; podem estar vivos, como os pequenos animais ou já em decomposição, como os resíduos de plantas incorporados ao solo ou em cobertura. As hortaliças são as que mais respondem à aplicação de adubos orgânicos. As principais fontes são:
.Composto orgânico : É o adubo ideal para ser utilizado na agricultura orgânica e, o que é melhor, não polui o meio ambiente e, ainda pode ser produzido na própria propriedade. Além de ser uma boa fonte de macronutrientes, possui micronutrientes essenciais para o desenvolvimento das plantas e, ainda reduz a acidez do solo, ao contrário dos adubos químicos e estercos de animais que podem salinizar e acidificar o solo e contaminar os rios. Mas as vantagens do composto não param por aí! devido a temperatura alta que alcança no processo da compostagem (até 65ºC), durante a fermentação, os microrganismos causadores de doenças das plantas e as sementes de plantas espontâneas ("mato") não sobrevivem. Embora o composto orgânico tenha como desvantagem o uso de mais mão-de-obra, por ocasião da confecção, torna-se ao longo do tempo, mais barato, pois o terreno não vai mais precisar de calagem e, o que é melhor, a fertilidade é mais duradoura e mais completa, pois fornece todos os nutrientes que as plantas necessitam, quando comparado ao uso de adubação química que além de cara, fornece apenas NPK (nitrogênio, fósforo e potássio) . A matéria postada neste blog em 29/11/2010 mostra, passo a passo, como fazer o composto orgânico de boa qualidade.
.Adubação verde: É uma das maneiras de cultivar e tratar bem o solo; consiste no cultivo de espécies de plantas com elevado potencial de produção de massa vegetal, semeadas em rotação, sucessão e até em consórcio com culturas de interesse econômico. Não havendo esterco de animais na propriedade, é uma das mais baratas fontes de matéria orgânica e, o mais importante, melhora a vida e a estrutura do solo. A única desvantagem da adubação verde, em propriedades pequenas, é a ocupação do terreno com estas espécies ao invés das culturas que dão retorno econômico. Atualmente, esta desvantagem não existe mais, pois elas podem serem utilizadas consorciadas com os cultivos. Na matéria postada em 29/11/2010 neste blog, mostra as principais vantagens da adubação verde, bem como as espécies mais eficientes para produção de massa verde.
.Estercos de animais: Os estercos curtidos de aves e de gado são os mais utilizados na adubação orgânica, devido a disponibilidade. São importantes fontes de nutrientes, mas não melhoram as condições físicas do solo; especialmente o de aves, quando em excesso (mais de 2 kg/m2 por ano), pode salinizar e aumentar a acidez do solo. A aplicação de esterco, em fase de fermentação (frescos), por ocasião do plantio, pode causar danos às raízes e às sementes, destruição dos microrganismos do solo, formação de produtos tóxicos, morte da planta pelo calor e contaminação das fontes de águas, contaminar as partes comestíveis das plantas e causar doenças nas pessoas e ainda serem fontes de sementes de plantas espontâneas. A integração agricultura e pecuária é muito recomendado na agricultura orgânica, pois além de disponibilizar o esterco, possibilita o repouso de parte da área e, o mais importante, favorece a rotação de culturas com outras espécies (pastagens) mais resistentes às doenças e pragas. No entanto, recomenda-se cuidado, ao adquirir esterco de outras propriedades, especialmente, se houver o uso de herbicidas, pois poderá afetar a lavoura ou horta. Para melhor aproveitamento dos estercos de aves e de gado, recomenda-se: a) abrigá-lo da chuva; b) curtir por cerca de 90 dias; c) fazer compostagem, pois são juntados outros materiais tais como as palhadas, restos de culturas e outros ao esterco.
Tratos culturais: São poucas as pragas e doenças que afetam as plantas condimentares. O importante é cultivá-las no local apropriado, obedecendo a adubação, luminosidade, umidade e temperatura adequados, bem como adotando boas práticas tais como o plantio direto, cultivo mínimo e rotação de culturas . No caso de ocorrer pragas e doenças de forma mais severa, analisar se é mais vantajoso combatê-las com produtos alternativos ou substituir por outras plantas sadias.
Rotação, sucessão e consorciação de culturas: a manutenção da fertilidade do solo e a sanidade dos cultivos depende de rotação de culturas, da reciclagem de biomassa e, principalmente, da diversidade biológica, principal pilar da agricultura orgânica a contribuir para a manutenção do equilíbrio do sistema e, consequentemente, do solo e da cultura. Portanto, o equilíbrio biológico e ambiental, bem como a fertilidade do solo, não podem ser mantidos com monoculturas. O cultivo intensivo das mesmas espécies de hortaliças na mesma área esgota o solo em certos nutrientes e aumenta a ocorrência de doenças, pragas e plantas espontâneas.
Para não confundir os diferentes sistemas de produção é preciso verificar a definição de cada um deles, a seguir:
• Monocultura: é o uso continuado de uma mesma cultura, numa mesma estação de crescimento e numa mesma área. Todos os anos a mesma ou as mesmas espécies são semeadas ou plantadas no mesmo local.
• Sucessão de culturas: é o estabelecimento de duas ou mais espécies em seqüência na mesma área, em um período igual ou inferior a 12 meses.
• Consorciação de culturas: é o estabelecimento de duas ou mais espécies simultaneamente na mesma área. Neste tipo de cultivo há competição interespecífica em parte ou em todo o ciclo de desenvolvimento da cultura.
• A rotação de culturas pode ser definida como o cultivo alternado de diferentes espécies vegetais no mesmo local e na mesma estação do ano, seguindo-se um plano predefinido, de acordo com princípios básicos.
• rotação de culturas, prática milenar, é o processo pelo qual se evita a repetição continuada de uma mesma cultura no mesmo lugar e na mesma estação do ano. Para sucesso dessa prática deve-se seguir, especialmente, dois princípios básicos:
- não cultivar, no mesmo lugar, hortaliças da mesma família botânica, pois essas espécies estão sujeitas às mesmas pragas, doenças e plantas espontâneas. É o princípio de "matar de fome" os insetos, os fungos e as bactérias que atacam as plantas cultivadas;
- o plantio de espécies de famílias botânicas diferentes na mesma área também é importante, devido às diferenças de exigências nutricionais e de sistema radicular das espécies de plantas incluídas no sistema de rotação de culturas.