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ANUCIOS

terça-feira, 18 de maio de 2021

PLANTAS CURAM: HORTELÃ

 

HORTELà

Nome Científico: Mentha sp. 

Família: Lamiaceae 

Usos Populares: ação digestiva, carminativa, antiespasmódica, colagoga. Também possui grande uso na culinária e aromaterapia. 

Parte Utilizada: folhas e sumidades floridas. 

Plantio: o solo deve ser rico em matéria orgânica e com pelo menos 20 cm de profundidade. Não precisa de muita luz solar. 

Princípios Ativos: óleo essencial (que consiste em mentol, mentona, cineol e limoneno), flavonoides, taninos e resinas. 

Modo de Preparo: chá por infusão das folhas e sumidades floridas. 

Observações: 

•O óleo essencial é fotossensibilizante e não recomendado para uso oral, pois doses elevadas têm ação abortiva e hepatotóxica. A essência irrita a mucosa ocular (conjuntiva) e é contra-indicada para gestantes, lactentes, crianças de pouca idade e pessoas com cálculos biliares. 






quinta-feira, 6 de maio de 2021

Plantas Curam: GUACO

 

GUACO 

Nome Científico: Mikania glomerata Sprengel 

Família: Compositae (Asteraceae) 

Outros Nomes Populares: guaco-de-cheiro, guaco-liso, guaco-trepador, uaco, cipó-almecega-cabeludo, cipó-catinga, cipó-sucuriju, coração-de-jesus, erva-cobre, erva-das-serpentes, erva-de-cobra, erva-de-sapo, erva-dutra. 

Usos: expectorante (gripes e resfriados, bronquites alérgica e infecciosa). 

Parte Utilizada: folhas 


Plantio: Prefere terrenos arenosos e úmidos, áreas sujeitas a inundações e beiras de rio. 

Coleta e Conservação: Pode ser coletada em qualquer época do ano. Deve ser usada a folha fresca ou seca ao sol, longe de umidade, fungos e insetos. Deve ser conservada em frascos bem fechados. 

Princípios Ativos: Cumarina, lupeol, ácido α-isobutiriloxi-caur-16-em-19-oico, óleo essencial (sesquiterpenos e diterpenos do tipo caurano), β-sitosterol, friedelina, estigmasterol, taninos hidrolisáveis, flavonoides e saponinas. 

Modo de Preparo: Chá por infusão: 3g ou uma colher de sopa da folha picada em 1 xícara de chá de água (150mL). Tomar 1 xícara de chá 3 vezes ao dia. 

Observações: 

•Pode ser administrado em adultos e crianças. 

•Cuidados: seu uso pode interferir na coagulação sanguínea; doses acima do recomendado pode causar vômitos e diarreia; pode haver interação entre o chá e medicamentos antiinflamatórios não-esteroidais.




quarta-feira, 21 de abril de 2021

Plantas Curam: FALSO-BOLDO

 

FALSO-BOLDO 

Nome Científico: Plectranthus barbatus Andrews 

Família: Labiatae (Lamiaceae) 

Outros Nomes Populares: boldo, boldo-brasileiro, boldo-do-reino, alum, boldo-nacional, malva-santa, malva-amarga, sete-dores, boldo-do-jardim, boldo-do-brasil, faso-boldo, folha-de-oxala1, boldo-africano. 

Usos: antidispéptico. 

Parte Utilizada: folhas, de preferência frescas. 

Plantio: é de fácil cultivo; se desenvolve bem em lugares quentes, com temperaturas mais altas e sol pleno; é preferível que o solo seja arenoso e seco, e ter pelo menos 30cm de profundidade, por essa planta ser de maior porte e ter raízes profundas; deve ser protegido de ventos fortes e frios. 

Coleta: suas folhas podem ser colhidas o ano todo. 

Princípios Ativos: óleo essencial (valenceno e trans-cariofileno), princípio amargo, barbatusina, ciclobarbatusina, cariocal, triterpenóides e esteroides. 

Modo de Preparo: chá por infusão de 1 a 3g das folhas secas em 150mL (1 xícara de chá) de água. Tomar 150mL do infuso, logo após o preparo, duas a três vezes ao dia. 

Observações: 

•Uso apenas em maiores de 12 anos; 

•Não deve ser utilizado por gestantes, lactantes, crianças, hipertensos e portadores de obstrução das vias biliares. Também não deve ser utilizado por pacientes em tratamento com metronidazol ou dissulfiram, medicamentos depressores do SNC e anti-hipertensivos; 

•Doses do chá deste vegetal acima das recomendadas e utilizadas por um período maior que o recomendado podem causar irritação gástrica. 




segunda-feira, 12 de abril de 2021

Plantas Curam: ESPINHEIRA-SANTA



 ESPINHEIRA-SANTA 


Nome Científico: Maytenus aquifolium Mart.

Família: Celastraceae 

Outros Nomes Populares: cancerosa, cancorosa, cancorosa-de-sete-espinho, cancrosa, congorça, coromilho-do-campo, espinheira-divina, espinho-de-deus, maiteno, salva-vidas, sombra-de-touro, erva-cancrosa, erva-santa. 

Usos: Antidispéptico, antiácido e protetor da mucosa gástrica. 

Parte Utilizada: Folhas. 

Coleta e Conservação: Suas folhas podem ser coletadas em qualquer época do ano e devem ser secas à sombra e em local ventilado. Guardar em sacos de papel ou em vidros bem fechados. 

Princípios Ativos: Taninos8 e flavonoides como triglicosídeo flavônico mauritianina, trifolina, hyperina, epi-catequina, tetraglicosídeo de canferol e galactitol. 

Modo de Preparo: Chá por infusão. 1 a 2g (ou 1-2 colheres de chá) das folhas secas em 150mL (uma xícara de chá) de água. Tomar uma xícara de chá 3 a 4 vezes por dia. 



Observações: 

Uso permitido apenas acima de 12 anos. 

Não deve ser utilizado por gestantes e lactantes. 




quarta-feira, 17 de março de 2021

Plantas Curam: CONFREI (Symphytum officinale L.)


 

CONFREI 

Nome Científico: Symphytum officinale L. 

Família: Boraginaceae 

Outros Nomes Populares: consolida, consólida-maior, consólida-do-cáucaso, erva-do-cardeal, língua-de-vaca, orelha de vaca, orelha-da-burro, orelha-de-asno, leite-vegetal-da-rússia, confrei-russo, leite-vegetal, capim-roxo-da-rússia, erva-encanadeira-de-osso. 

Usos: Cicatrizante, equimoses, hematomas e contusões. 

Parte Utilizada: Extrato das raízes8, através de pomadas. 

Plantio: Se adapta bem em solos pouco ácidos, ricos em matéria orgânica e bem drenados, com iluminação à meia-sombra ou plena. Prefere clima temperado e frio (no Brasil, esta planta já foi aclimatada na região centro-sul), e tolera secas e geadas. Não suporta a falta de água e tem crescimento exuberante o ano todo, se as condições do clima, solo e água forem favoráveis. Pode ser plantada em qualquer época do ano, mas o melhor período é entre agosto e novembro. 

Coleta e Conservação: A colheita é feita de dois a três meses após o plantio, retirando-se toda a parte aérea. As raízes são coletadas na primavera. As folhas são utilizadas frescas e os rizomas, depois de bem lavados e rapados, devem ser picados e postos ao sol para secar. Depois de secos, devem ser guardados em sacos de papel ou vidros bem tampados. 

Princípios Ativos: Carotenos, taninos, açúcares, saponinas esterólicas e triterpênicas, esteróis e triterpenos livres, os ácidos clorogênico e cafêico, mucilagem, alantoína, ácido galotâncio, proteínas, colina, glicosídio (consolidina), ácido oleanólico e mais de uma dúzia de alcaloides pirrolizidínicos (principalmente sinfitina, equimidina, elicopsamina, senquirquina e sinfitocinoglossina). 

Observações: 

•A Anvisa restringe o tempo de tratamento com o extrato das raízes de Confrei para no máximo 4 a 6 semanas por ano. Deve ser utilizado apenas em uso tópico, em lesões localizadas. 

•Alguns resultados de ensaios farmacológicos registram que o extrato aquoso das folhas possui atividade inibitória do desenvolvimento de tumores mamários. Entretanto, seu uso interno por doses altas e/ou por tempo prolongado pode ocasionar o aparecimento de tumores malignos no fígado, nos brônquios ou na bexiga1. O mecanismo de ação para este efeito carcinogênico ainda não é conhecido, porém, em um estudo comparando confrei com Riddelliine, uma substância alcaloide pirrolizidínica e cancerígena, mostrou que a mutagenicidade dos dois e a eficácia em causar tumores no fígado é muito similar, sendo, em certos aspectos, o confrei muito mais hepatotóxico do que Riddelliine. 




terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

Manejo da tiririca no sistema orgânico

 

O crescimento da tiririca é intenso, e normalmente superior ao das culturas anuais, por se caracterizar como planta perene fisiologicamente eficiente, resistindo a muitas das práticas de controle comumente usadas na olericultura (Figura 1). De cada clone (conjunto de bulbos basais, rizomas e tubérculos geneticamente idênticos e interconectados) emerge um grande número de plantas, formando altas densidades populacionais. Os tubérculos e bulbos basais constituem-se no principal local do crescimento vegetativo prolífico porque contêm as gemas para folhas, rizomas, raízes e haste floral. Os tubérculos, por sua vez, são produzidos nos rizomas, constituindo a unidade primária de reprodução e dispersão. As sementes têm taxa de germinação em torno de 5%, no caso da tiririca-roxa, sendo consideradas de pouca importância no estabelecimento e dispersão, uma vez que o vigor e a sobrevivência das suas plântulas são muito baixos (Figura 2).

Fig. 1. O crescimento da tiririca é intenso, sendo muito resistente.

Fig. 2  As sementes da tiririca têm importância secundária porque apresentam baixa germinação.


Disseminação da tiririca

A disseminação da tiririca, tanto a curta quanto a longa distância, é feita, em geral, pelo homem através dos seguintes mecanismos:

• Utilização de equipamentos agrícolas, como máquinas, implementos e ferramentas, com tubérculos ou plantas inteiras aderidos juntamente com resíduos vegetais ou restos de solo, os quais são disseminados durante as rotinas de preparo do solo, plantio e trânsito em geral (Figura 3 e 4);

• Aplicação de matéria orgânica com tubérculos e plantas de tiririca no solo;

• Uso de substrato em bandejas e mudas de hortaliças com torrões contaminados com tubérculos, sementes e plantas de tiririca;

• Colheita, transporte e comercialização de descartes de produtos agrícolas contaminados com propágulos de tiririca. Os tubérculos de tiririca são capazes de se desenvolver dentro de tubérculos de batata e de raízes de tuberosas, e também podem se misturar a hortaliças folhosas, de tubérculos e de raízes durante a colheita e transporte;

• Transporte dos tubérculos, sementes, bulbos basais ou plantas de tiririca pela enxurrada e água dos canais de irrigação.

Fig. 3. As práticas culturais, como aração e gradagem, podem favorecer a disseminação da tiririca.

Fig. 4. Os rizomas são a principal forma de disseminação da tiririca.


Manejo da tiririca

Como normalmente os métodos de controle não previnem a reprodução de todas as partes das plantas, deve-se manter as medidas de controle continuadamente, ano após ano. Assim, o conceito de controle, independente do método, deve ser amplo de forma que possa ser utilizado durante o ano todo e em anos sucessivos. O conjunto e a integração de todas as práticas, métodos ou tecnologias utilizadas nos ciclos de cultivos anuais e plurianuais constituem-se no que se denomina de “manejo integrado”. O controle da tiririca, ao limiar de níveis econômicos em sistemas orgânicos, só poderá ser alcançado através da combinação de métodos de controle (cultural, mecânico e biológico), sobretudo de forma agressiva enquanto o problema persistir, assim os métodos de controle devem-se concentrar nas fases de inibição da brotação dos tubérculos e/ou na inibição ou paralização da formação e desenvolvimento de novos tubérculos a fim de reduzir gradativamente o banco de tubérculos existente no solo. Uma vez que a tiririca é muito sensível ao sombreamento, deve-se cultivar as hortaliças com espaçamentos os mais estreitos possíveis e uso de cultivares que se desenvolvam rapidamente e que produzam grande massa foliar, a exemplo da batata-doce, para reduzir o crescimento e a agressividade da tiririca.


Controle mecânico da tiririca

O método de controle mecânico, por meio do preparo do solo, capinas ou cultivos, controla temporariamente a tiririca (Figura 5). O principal objetivo do cultivo é trazer os tubérculos para a superfície do solo, induzir a brotação e reduzir o seu número através da dessecação pelos raios solares, principalmente em regiões áridas ou épocas de seca, ou pelo bloqueio da formação de novos tubérculos através de cultivos sucessivos. O tempo necessário para matar os tubérculos varia de 7 a 14 dias em condições de seca e sol forte. Em geral, a primeira brotação dos tubérculos reduz as suas reservas energéticas em até 60%. Os cortes, capinas ou cultivos sucessivos induzem um crescimento menos vigoroso devido ao consumo de aproximadamente 10% das reservas de carboidratos a cada corte realizado. Pelo menos dois anos de controle mecânico quinzenal são requeridos para reduzir a população de tiririca aos níveis satisfatórios de manejo. A manutenção da área livre de culturas facilitará o trabalho. O uso da cobertura com material inerte (plasticultura) e da solarização destacam-se entre as medidas mais eficientes para o manejo da tiririca nos sistemas agroecológicos (Figura 6).

Fig. 5. A exposição de tubérculos da tiririca ao sol pode auxiliar no seu controle.

Fig. 6. O uso de coberturas plásticas e a solarização podem reduzir a incidência da tiririca.


Controle biológico da tiririca

Em relação ao controle biológico da tiririca, muitos trabalhos foram realizados com o objetivo de regular a sua população a níveis aceitáveis através do controle biológico clássico envolvendo o uso de insetos inimigos naturais. Entretanto, nenhum dos agentes testados produziu resultados satisfatórios, devido à baixa especificidade na relação inseto tiririca, baixo estabelecimento do agente, e conseqüentemente  incapacidade para controlar o crescimento ou rebrote da tiririca. O melhor exemplo de controle biológico da espécie C. esculentus foi desenvolvida na década passada nos Estados Unidos com o fungo da ferrugem (Puccinia canaliculata (Schw) Lagerh.). Dr. Biosedge é o nome comercial do bioherbicida, entretanto, por se tratar de um parasita obrigatório, ele só pode ser produzido em plantas vivas, não tendo no presente grande interesse comercial para a produção deste fungo, por parte da indústria (Figura 7). O fungo da ferrugem é mantido em plantas de tiririca durante o inverno, sob condições de casa-de-vegetação, sendo as plantas infectadas liberadas, posteriormente, no campo quando a população de tiririca estiver aparecendo na cultura. Dessa forma, a doença alcança os níveis epidêmicos no início da estação de cultivo, causando a desidratação das raízes, reduzindo o florescimento, formação de tubérculos, morte de plantas, e conseqüentemente menor competitividade da tiririca com as hortaliças.

Fig. 7. O controle biológico da tiririca pode ser feito por meio do fungo causador da ferrugem, que ataca suas folhas.


sexta-feira, 20 de novembro de 2020

Cultivo Orgânico da Mandioca (Aipim)

 

O aipim (Manihot esculenta Crantz), também chamado popularmente de mandioca, mandioca de mesa, mandioca-doce, mandioca mansa, macaxeira e outros, é um dos alimentos de maior expressão no Brasil e que tem crescido muito nos últimos anos. O cultivo orgânico da batata-doce, cenoura e beterraba, consideradas também importantes hortaliças-raízes, já foram abordados em matérias postadas em 25/01, 04/02 e 27/02/2011, respectivamente. 

     O aipim é uma planta perene e arbustiva, pertencente à família botânica das Euforbiáceas. Originária da América do Sul, já era cultivado por povos indígenas desde muito antes da chegada dos europeus. A raiz (Figura 1) tem uma casca rugosa, em grande parte, facilmente destacável e, que, dependendo da variedade, pode atingir até 1 m de comprimento, com polpa branca e amarela. Existem diversas variedades que se dividem em mandioca-doce ou mandioca-mansa e mandioca-brava, segundo a presença e concentração de ácido cianídrico que pode ser venenoso; esta substância pode causar náuseas, vômitos, sonolência e até mesmo a morte, fazendo-se necessário o cozimento adequado das raízes para desativar o veneno. 

      Figura 1. Raízes de aipim

Uso culinário, propriedades nutricionais e terapêuticas: A mandioca é dividida em dois grandes grupos: 1º) destinado à produção de produtos secos que exigem sistemas de processamento mais complexo (farinha de mandioca e outras farinhas, fécula, beijus, etc) e, 2º) destinado ao consumo via úmida, cujo processamento se dá no ambiente doméstico (pré-cozida, congelada, cozida, frita na forma de chips, bolinho e até inteira, sopa, mingau, bolo, broa e etc). O primeiro grupo é chamado de mandioca para indústria e em linguagem popular, simplesmente mandioca; são produzidas em sistemas tipicamente agrícolas em áreas relativamente grandes, em qualquer tipo de solo. O segundo grupo é chamado de mandioca para mesa (aipim), normalmente utilizada para consumo fresco humano e animal, com várias denominações regionais: aipim (região sul), macaxeira (nordeste) ou simplesmente mandioca. Os aipins in natura são cada vez menos frequentes em grandes cidades e supermercados. Além da deterioração pós-colheita, precisam ser descascados em casa e têm menores garantias de qualidade, pois, em geral, não têm rótulo de produtor. A mandioca para mesa ou aipim diferencia-se da mandioca para a indústria por várias características. O aipim tem sabor característico, textura e cor da massa cozida diferenciadas para atender às preferências regionais e locais. O aipim é consumido, especialmente in natura, e também já descascado e congelado. O aipim também já está sendo comercializado através de produtos minimamente processados (pré-cozido congelado, chips e etc), constituindo-se em boa alternativa para agregação de valor e até para exportação. A raiz do aipim destaca-se como uma excelente fonte de carboidratos, apresentando elevado valor energético. Não tem proteínas e nem gorduras, mas contém grande quantidade de vitaminas do complexo B, principalmente a vitamina B3 (niacina), além de sais minerais, como cálcio, ferro, fósforo e especialmente potássio. 

     As raízes e folhas do aipim possuem propriedades anti-séptica, cicatrizante e diurética e são indicadas para abrir o apetite, tratamento de feridas, chagas, tumor, abscesso, conjuntivite, diarréia, disenteria, hérnia, inflamações em geral, cansaço e picada de cobra. No entanto, deve-se ter o cuidado para não confundir o aipim com a mandioca brava, pois algumas substâncias da mandioca brava causam intoxicação e dependendo da concentração presente na planta pode causar até a morte. 

Cultivo: O aipim tem inúmeras vantagens em relação às outras culturas, tais como: facilidade de propagação (ramas), tolerância à seca, rendimentos satisfatórios em solos de baixa fertilidade nos quais é geralmente cultivado, baixa exigência de insumos modernos, que normalmente encarecem os sistemas de produção de outras culturas, resistência ou tolerância às pragas e doenças e, ainda possibilidades de mecanização do plantio à colheita e de consorciação com outras culturas. A planta desenvolve-se muito bem em solos de franco-arenoso à argilo-arenoso e bem drenados, com temperaturas em torno de 25ºC. 

Cultivares: O aipim apresenta uma ampla variabilidade genética, representada pelo grande número de variedades disponíveis em todo o país. A Epagri, através da Estação Experimental de Urussanga,SC tem concentrado o foco de suas pesquisas na cultura da mandioca visando a indústria e também no desenvolvimento de variedades de aipim. Estratégias de melhoramento de plantas para o desenvolvimento de cultivares mais produtivos, com elevados teores de matéria seca nas raízes, resistência às doenças antracnose e bacteriose, melhor qualidade culinária, entre outras, estão sendo adotadas atualmente pela equipe de pesquisa da Estação Experimental. Duas características são fundamentais nas cultivares de aipim: cozinhar rapidamente e ter baixo potencial cianogênico (plantas que contém como princípio ativo o ácido cianídrico – HCN, substância que pode ser venenosa). Raízes com concentração superior a 100 mg de HCN por kg de polpa úmida tem sabor desagradável e amargo. Como o teor de HCN nas raízes é liberado durante o processamento, podem ser utilizadas na indústria, tanto cultivares de mandioca mansa (aipim) como brava. O teor de HCN varia com a cultivar, com o ambiente e com o estado fisiológico da planta e, é um fator decisivo na escolha da cultivar de aipim. Em geral, a grande maioria das cultivares de aipins apresentam teores de HCN relativamente baixos (30 a 75 mg/kg de polpa), situando-se dentro do limite máximo de segurança para cultivares de mandioca de mesa, que segundo pesquisadores é de até 100 mg/kg de polpa crua de raízes. Outros caracteres de natureza qualitativa também são importantes, como o tempo de cozimento das raízes, que também varia de acordo com a cultivar, condições ambientais e estado fisiológico da planta. É comum variedades de aipim ou macaxeira passarem um determinado tempo de seu ciclo "sem cozinhar", o que é um fator crítico para o mercado in natura. Alguns fatores parecem estar relacionados a este fato, tais como o estresse da planta causado por condições climáticas e outros. Outras características referentes à qualidade, tais como ausência de fibras na massa cozida, resistência à deterioração pós-colheita, facilidade de descascamento das raízes, raízes bem conformadas são também importantes para o mercado consumidor de aipim e devem ser consideradas na escolha da cultivar. Além disso, é importante que as cultivares apresentem raízes com polpa de coloração branca ou amarela, córtex branco, ausência de cintas nas raízes, película fina e raízes grossas e bem conformadas, o que facilita o descascamento e garante a qualidade do produto final. Cultivares de aipim, em geral, devem apresentar um ciclo mais curto (8 a 14 meses) para manter a qualidade do produto final. 

Conservação e adubação do solo: É uma cultura altamente erosiva, pois seu crescimento inicial é muito lento e o espaçamento é amplo, fazendo com que ocorra uma demora em cobrir o solo para protegê-lo das chuvas e enxurradas. Em função deste crescimento inicial lento, recomenda-se as seguintes práticas: plantio em nível, uso de matéria orgânica, rotação de culturas com leguminosas visando a adubação verde e o plantio direto, consorciação de culturas com milho, feijão e outras, cobertura morta (palha de aveia, feijão e milho) e cobertura viva (Figura 2) nas entrelinhas. É uma cultura esgotante do solo, pois quase tudo que produz (raízes, folhas e manivas) é exportada da área, para alimentação humana e animal e, como manivas-sementes para novos plantios. Para a adubação, deve-se fazer a análise do solo e do adubo orgânico a ser utilizado, com bastante antecedência, para a correção da acidez e, adubação, de acordo com a recomendação, feita pelo técnico do município. A aplicação e incorporação do calcário, se necessário, deve ser feita 30 a 60 dias antes do plantio, devendo a quantidade ser recomendada de acordo com a análise do solo e, nunca ultrapassando 2 toneladas de calcário/ha por aplicação. Dependendo do aspecto e desenvolvimento da planta, é dispensável a aplicação de nitrogênio, especialmente se estiver consorciada com leguminosas. Os adubos orgânicos nitrogenados devem ser aplicados na cobertura, ao lado do sulco, de 45 a 60 dias após a brotação. O adubo potássico também pode ser parcelado em cobertura com a aplicação da metade da dose recomendada, juntamente com a adubação nitrogenada. Em algumas situações, como o plantio em rotação, caso a outra cultura for adubada, pode-se dispensar o uso de adubação. 

Seleção e preparo do material para plantio: A inexistência de manivas-sementes de qualidade e a dificuldade na conservação das ramas para plantio são os principais entraves para o desenvolvimento da cultura. As manivas ou toletes (pedaços de ramas maduras) devem ser provenientes de plantas com 10 a 14 meses de idade, ter de 5 a 7 gemas, 2,5 cm de diâmetro e 15 a 20 cm de comprimento e estar livre de pragas e doenças. Deve-se evitar retirar manivas de ramas tanto da parte superior (mais herbácea), como da inferior (mais lenhosa); 1 hectare de aipim, com 12 meses de idade, fornece, em média, material para plantio de 4 a 5 ha. Caso haja necessidade de armazenamento, as ramas devem ser colocadas à sombra, em feixes, na posição vertical e cobertas com capim seco. Podem ser conservadas dessa forma por um período de 30 dias. Para reduzir perdas na brotação, recomenda-se que as manivas sejam plantas no mesmo dia do seu preparo. Sistema de Plantio: O sistema de plantio varia de acordo com as condições do solo. Para solos bem drenados recomenda-se o plantio em sulcos ou covas de 10 cm de profundidade, colocando-se as manivas horizontalmente no sulco e depois cobrindo totalmente com terra. Para solos mal drenados, sujeitos às chuvas frequentes e intensas, o sistema deve ser em camalhões. O plantio em cova é efetuado manualmente, quando não se dispõe de equipamentos mecânicos. 

Época de plantio: Umidade e calor são elementos essenciais para a brotação e enraizamento das manivas, por isso, para a região Sul do Brasil, recomenda-se o plantio no final de setembro até o final de outubro. Plantios precoces podem atrasar o desenvolvimento da cultura, em função da falta de brotação das manivas, causado pelas baixas temperaturas e também aumentar o custo de produção devido ao maior número de capinas. Por outro lado, os plantios tardios podem aumentar as falhas no campo devido ao esgotamento das manivas, em função da brotação excessiva. 

Espaçamento e Plantio: No cultivo do aipim, o espaçamento depende da fertilidade do solo, do porte da variedade, do objetivo da produção (raízes ou ramas), dos tratos culturais e do tipo de colheita (manual ou mecanizada); em geral, no caso de fileiras simples, recomenda-se o espaçamento de 1,0 x 1,0 m (densidade de 10.000 plantas/ha) e para fileiras duplas, o espaçamento é de 2,0 x 0,6 x 0,6 m (densidade de 12.820 plantas/ha). As vantagens do sistema de plantio em fileiras duplas são: racionalização do uso da terra, aumento da produção de raízes, possibilidade de consorciar com outras culturas e, dessa maneira diversificar a produção, barateando a produção, permite visitas de inspeção, facilita o cultivo mecanizado e os tratos culturais, especialmente os tratamentos fitossanitários, possibilita a cobertura vegetal nos espaços livres e, dessa maneira aumentando a matéria orgânica e a conservação do solo. O plantio deve ser no início das chuvas. As covas são preparadas com enxadas, enquanto que os sulcos são construídos com sulcador à tração animal, motomecanizados e enxada. Nos solos argilosos e, em regiões com precipitação superior a 1200 mm por ano, recomenda-se o plantio em camalhões. As manivas-sementes podem ser plantadas em três posições: vertical, inclinada ou horizontal; a mais utilizada é na posição horizontal porque facilita a colheita das raízes. Por outro lado , os plantios com a maniva inclinada ou na posição vertical possibilitam maiores rendimentos de raízes, apesar de dificultar a colheita, pois as raízes se aprofundam no solo. 

Consorciação de culturas: são bastante utilizados nas regiões tropicais pelos pequenos produtores, visando um melhor aproveitamento dos recursos disponíveis, com maior rendimento médio das culturas envolvidas. As principais vantagens em relação ao monocultivo, são: aumento da biodiversidade, contribuindo para o equilíbrio ecológico e estabilidade da produção, melhor utilização da terra, melhor exploração de água, nutrientes e mão-de-obra, maior eficiência no manejo de plantas espontâneas, melhor conservação e fertilidade do solo (consórcio com adubos verdes) tendo em vista o desenvolvimento lento do aipim e, ainda, fornecendo mais uma fonte de alimento e renda. Sugestão de consórcios, preferencialmente no sistema de fileiras duplas: aipim + feijão comum; aipim + batata; aipim + milho; aipim + ervilhaca (Figura 2); aipim + aveia + ervilhaca; aipim + milho + feijão comum. Para reduzir despesas na formação de culturas permanentes (citros, banana e outras) pode-se utilizar o consórcio com aipim, em fileiras duplas. 


                     

Figura 2. Consórcio de aipim com ervilhaca

Capinas: A cultura deve estar livre de plantas espontâneas, especialmente na linha de plantio, nos primeiros 120 dias após o plantio, devido ao desenvolvimento inicial lento do aipim. Após este período, ocorre um controle parcial das plantas espontâneas através do sombreamento da cultura. 

Manejo de pragas: 

Mandarová – é a de maior importância para o aipim devido à sua alta capacidade de consumo foliar, causando redução do rendimento e até a morte de plantas jovens. Inspeções periódicas das lavouras, identificando os focos iniciais, auxiliam no manejo desta praga. Em plantios pequenos, recomenda-se a catação manual das lagartas e sua destruição. O mandarová possui uma série de inimigos naturais que são capazes de exercer um bom manejo, por isso, recomenda-se o aumento da biodiversidade (consórcios, manutenção de áreas próximas a lavoura com o maior número de espécies de plantas para servir de abrigo e alimento aos inimigos naturais) e, principalmente, não utilizar produtos químicos. O controle biológico com Baculovirus tem sido empregado com eficiência. O Baculovirus é um vírus de ocorrência natural que pode ser produzido e manipulado na própria lavoura. Apresenta grande vantagem, pois não afeta os insetos úteis, não interferem na fisiologia das plantas, são totalmente inócuos ao homem e outros animais, de fácil manuseio e seguro. A ação do Baculovirus ocorre através da sua ingestão juntamente com as folhas pulverizadas, provocando lesões internas até a destruição total dos órgãos. Os sintomas iniciais da doença surgem aproximadamente após quatro dias da pulverização, quando as lagartas doentes perdem o apetite, reduzem a locomoção e apresentam amolecimento gradativo do corpo, que se torna pálido, culminando com a morte após sete dias. A característica marcante que identifica a morte provocada pelo Baculovirus é que as lagartas ficam dependuradas de cabeça para baixo, nos talos de regiões mais altas da planta de aipim. A armadilha luminosa também é eficiente para capturar os adultos. 

Formigas – podem desfolhar rapidamente as plantas quando ocorrem em altas populações. O ataque ocorre geralmente durante a fase inicial da cultura. Para o manejo das formigas, a Embrapa tem recomendado o plantio de gergelim entre as fileiras de aipim; o gergelim é a melhor opção, pois suas folhas contêm uma substância chamada sesamina que é fungicida. Geralmente as formigas só carregam folhas inofensivas ao formigueiro, mas o gergelim é uma exceção, pois é uma das folhas preferidas pelas saúvas, mas mata o fungo que serviria de alimento à rainha e às larvas. Outra forma de combater as formigas é distribuir as folhas de gergelim em locais de passagem das cortadeiras, próximos aos olheiros do formigueiro. Recomenda-se fazer uso contínuo dessa prática até o fim da infestação das cortadeiras. Além do gergelim, a Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical tem utilizado a manipueira (líquido originado da prensagem da mandioca nos engenhos de farinha), na proporção de 3 L/formigueiro e aplicada até 24 horas após sua coleta. 

Mosca branca – Os adultos, geralmente, são encontrados na face inferior das folhas da parte apical da planta. Já as ninfas (fase jovem do inseto) podem ser encontradas na face inferior das folhas mais velhas. Tanto os adultos como as ninfas sugam a seiva das folhas. O dano direto do adulto consiste em um amarelecimento e encrestamento das folhas apicais, enquanto o dano das ninfas manifesta-se por meio de pequenos pontos cloróticos. O uso de cultivares resistentes e/ou tolerantes é o método mais racional de controle. 

Ácaros – São encontrados em grande número na face inferior das folhas do aipim, geralmente durante a estação seca do ano. Os sintomas típicos do dano são: manchas cloróticas, pontuações e bronzeamento no limbo, morte das gemas, deformações e queda das folhas. Os ácaros são afetados pela temperatura, umidade relativa e chuva. Temperaturas baixas e mudanças bruscas de temperatura reduzem suas populações. Umidade alta e contínua provoca redução na população da praga. As chuvas intensas, além de aumentar a umidade relativa, também lavam as folhas e causam afogamento dos ácaros. As práticas culturais que auxiliam no manejo dos ácaros são: destruição de plantas hospedeiras, inspeções periódicas na cultura para localizar focos, destruição de restos de culturas, seleção de material de plantio e distribuição adequada das plantas no campo para reduzir a disseminação dos ácaros. 

Galhas ou verrugas – São larvas de moscas que formam-se na superfície foliar. As larvas induzem o crescimento celular anormal, formando sobre a face ventral da folha, galhas de cor variável de amarelo a vermelho. O manejo pode ser feito através de coleta e destruição de folhas afetadas, periodicamente. 

Manejo de doenças: 

Bacteriose - é a principal doença da mandioca, causada por Xanthomonas campestres pv. Manihotis. Os sintomas caracterizam-se por manchas angulares, de aparência aquosa, nos folíolos, murcha das folhas e pecíolos, morte descendente e exudação de goma nas hastes, além de necrose dos feixes vasculares e morte da planta. 

Superbrotamento - é uma doença causada que pode provocar uma redução no rendimento de raízes de até 70%. Pode causar também perdas na produção de manivas-sementes, tendo em vista que na planta afetada, as hastes apresentam-se com um tamanho muito reduzido e excesso brotação das gemas. Os sintomas da doença caracterizam-se pela emissão exagerada de hastes a partir da haste principal, além de provocar raquitismo e amarelecimento generalizado das plantas afetadas. A disseminação da doença ocorre por meio de vetores transmissores, normalmente insetos que têm o hábito sugador, além de manivas-semente contaminadas utilizadas no plantio. O controle do superbrotamento pode ser efetuado adotando medidas preventivas como evitar a introdução de material de propagação de áreas afetadas e seleção rigorosa do material de plantio. A utilização de variedades resistentes é o método mais eficiente de controle da doença. 

Mosaico comum – é uma virose que, com manifestação severa da doença em variedade suscetível, pode causar perdas de até 20%. Os sintomas constituem-se principalmente em clorose da lâmina foliar e retorcimento dos bordos das folhas, 

Colheita: A colheita é a operação das mais trabalhosas e caras no cultivo do aipim. Deve ser efetuada na estação seca (outono e inverno), a partir de abril, época em que as raízes apresentam maiores teores de amido. A poda das ramas deve ser efetuada a uma altura de 20 a 30 cm acima do nível do solo. O arranquio das raízes deve ser feito com a ajuda de ferramentas, dependendo das condições de umidade e características do solo. A amontoa das raízes deve ser em pontos na área de modo a facilitar o recolhimento e proteção do solo. A cobertura das raízes de ser feita com folhas, evitando-se que estas permaneçam no campo por mais de 24 horas, para evitar a deterioração. Deve-se guardar 20% da área para a retirada de ramas para plantar uma área igual. O descascamento do aipim, dependendo da variedade, pode ser difícil. Na Epagri/Estação Experimental de Urussanga, recentemente, foi apresentado uma máquina para descascar aipim ou mandioca em grandes quantidades .

A conservação do aipim em condições naturais é muito curta, pois é altamente perecível; após a colheita inicia-se um processo de atividade enzimática que resulta em escurecimento das raízes em aproximadamente 24 a 36 horas, deixando-as impróprias para a comercialização. Uma ótima alternativa é descascar as raízes e congelar. Trabalho de pesquisa realizado pela Epagri/Estação Experimental de Urussanga, mostrou que as raízes de aipim congeladas, quando cozinhadas levam a metade do tempo para o cozimento, o que constitui uma economia de gás.