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ANUCIOS

quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

Agricultura Orgânica x Agricultura Convencional parte 9 (Agrotóxicos)



A ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária divulgou no dia 7/12/2011 o relatório de 2010 sobre os resultados do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos - PARA, realizado nos principais centros consumidores de 26 estados do Brasil. A exemplo do relatório de 2009 do PARA – Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos (Figura 2), os resultados referentes ao ano de 2010 (Figura 1), são muito preocupantes, pois mostram que em 28% das amostras de alimentos analisadas de dezoito diferentes culturas, havia excesso de agrotóxicos ou agrotóxicos não autorizados para aquela cultura, o que pode representar um risco maior à saúde. É importante ressaltar que nos dois relatórios, as amostras das hortaliças pimentão, pepino, morango, alface, couve, beterraba e cenoura e, as frutas abacaxi e o mamão, foram as mais contaminadas por agrotóxicos. Segundo o levantamento de 2010, um grupo de compostos químicos conhecido como "organofosforados" está presente em mais da metade das amostras irregulares detectadas; essas substâncias podem destruir células musculares e comprometer o sistema nervoso, provocando problemas cardiorrespiratórios. O "Carbendazim", outra substância usada no controle de pragas, foi detectada de forma irregular em 176 amostras, sendo que 90 delas em pimentão; recentemente, foi noticiado pelo Jornal Nacional que resíduos deste agrotóxico foi encontrado no suco brasileiro exportado para os Estados Unidos e, por isso, a partida deste produto não foi aceito. Observou-se a presença de agrotóxicos proibidos ou acima do limite permitido de resíduos em vários alimentos, ou seja, estes estão chegando à mesa dos consumidores contaminados por agrotóxicos; segundo a ANVISA, os alimentos com maior número de amostras contaminadas no levantamento de 2010, são: pimentão (92%), morango (63%), pepino (75%), alface (54%), cenoura (50%), beterraba, couve e abacaxi (32%) e mamão (30%), . O assunto foi destaque no jornal nacional veiculado nos dias 06, 07 e 08/12/2011; as reportagens foram postadas na íntegra, neste blog nos dias 07 e 12/12/2011.

Figura 1. Amostras de alimentos contaminadas por agrotóxicos em 2010

Figura 2. Amostras de alimentos contaminadas por agrotóxicos em 2009

   A ANVISA têm por objetivo principal a promoção da saúde através do consumo de alimentos de qualidade e a prevenção das Doenças Crônicas Não Transmissíveis - DCNT secundárias à ingestão cotidiana de quantidades perigosas de agrotóxicos. As doenças crônicas não transmissíveis constituem um dos maiores problemas mundiais de saúde pública, comprometendo o desenvolvimento humano de todos os países. Estimativas da Organização Mundial de Saúde -OMS, baseadas na declaração dos Estados membros, avaliam que as DCNT são responsáveis por 63% das 57 milhões de mortes declaradas no mundo em 2008, e por 45,9% do volume global de doenças. A Organização prevê, ainda, um aumento significativo dos óbitos por esta causa, de 15% entre 2010 e 2020. No Brasil, as DCNT teriam causado 893.900 mortes em 2008, correspondendo a mais importante causa de óbito no país, posto que seriam responsáveis por 74% das mortes ocorridas nesse ano. Em torno de 30% dos casos, afetariam pessoas com menos de 60 anos.

    Levantamento realizado em Santa Catarina referente as intoxicações e mortes registradas devido aos agrotóxicos no hospital universitário da UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina, revelam que no período de 1984 a 2010 houveram 11.801 pessoas intoxicadas e 263 mortes. Analisando-se os casos registrados anualmente verificou-se também que na década de 1991 a 2000 ocorreram, em média, 350 casos de pessoas intoxicadas por ano, enquanto que de 2001 a 2010 houveram 600 casos de pessoas intoxicadas por ano, ou seja, um aumento de 70% (Fonte: extraído do site www.cit.sc.gov.br ).

. Principais sinais e sintomas de envenenamento por agrotóxicos: irritação ou nervosismo; ansiedade e angústia;  tremores no corpo;  indisposição, fraqueza e mal estar, dor de cabeça, tonturas, vertigem, náuseas, vômitos, cólicas abdominais;   Alterações visuais; respiração difícil, com dores no peito e falta de ar;  queimaduras e alterações da pele;   Dores pelo corpo inteiro;  irritação de nariz, garganta e olhos; urina alterada; convulsões ou ataques; desmaios, perda de consciência e até o coma.

. O que pode ser feito pelo consumidor para diminuir a ingestão de agrotóxicos? optar por alimentos certificados como, por exemplo, os orgânicos, e por alimentos da época, que a princípio necessitam de uma carga menor de agrotóxicos para serem produzidos. A orientação é procurar fornecimento de produtos com a origem identificada, pois isto aumenta o comprometimento dos produtores em relação à qualidade dos alimentos, com a adoção das boas práticas agrícolas. Além disso, a opção pelo consumo de alimentos produzidos com técnicas de manejo integrado de pragas, que recebem uma carga menor de produtos químicos, e sempre que possível de baixa toxicidade, contribuem para a manutenção de uma cadeia de produção ambientalmente mais saudável. Outra opção, a ideal, para quem dispor de pequena área ( 10 m2 é suficiente para produzir as principais hortaliças de menor ciclo para uma família ) é ter sua própria horta orgânica, pois é fácil, mais barato, os alimentos são mais nutritivos, podem ser colhidos próximo a hora de consumir (frescos), além de ser uma ótima terapia ocupacional e uma boa oportunidade de fazer exercícios ao ar livre e, o melhor, não oferece riscos à saúde das pessoas e ao meio ambiente.

. Ao lavar os alimentos, os agrotóxicos são retirados dos alimentos? NÃO COMPLETAMENTE: O processo de lavagem dos alimentos contribui para a retirada de parte dos agrotóxicos. Os agrotóxicos podem ser divididos quanto ao modo de ação entre sistêmicos e de contato. Os sistêmicos são aqueles que, quando aplicados nas plantas, circulam através da seiva por todos os tecidos vegetais, de forma a se distribuir uniformemente e ampliar o seu tempo de ação. Os de contato são aqueles que agem externamente no vegetal, tendo necessariamente que entrar em contato com o alvo biológico. E mesmo estes são também, em boa parte, absorvidos pela planta, penetrando em seu interior através de suas porosidades. Uma lavagem dos alimentos em água corrente só poderia remover parte dos resíduos de agrotóxicos presentes na superfície dos mesmos. Os agrotóxicos sistêmicos e uma parte dos de contato, por terem sido absorvidos por tecidos internos da planta, caso ainda não tenham sido degradados pelo próprio metabolismo do vegetal, permanecerão nos alimentos mesmo que esses sejam lavados. Neste caso, uma vez contaminados com resíduos de agrotóxicos, estes alimentos levarão o consumidor a ingerir resíduos de agrotóxicos.

. Água sanitária remove agrotóxicos dos alimentos? até o momento a ANVISA não tem conhecimento de estudos científicos que comprovem a eficácia da água sanitária ou do cloro na remoção ou eliminação de resíduos de agrotóxicos nos alimentos. Soluções de hipoclorito de sódio (água sanitária ou solução) devem ser usadas para a higienização dos alimentos na proporção de uma colher de sopa para um litro de água com o objetivo apenas de matar agentes microbiológicos que possam estar presentes nos alimentos.
. Quando o relatório diz que os resultados do PARA são insatisfatórios, não representam riscos à saúde dos consumidores? nas 2.488 amostras analisadas em 2010, em 37% delas, não foram detectados resíduos; 35% apresentaram resíduos abaixo do LMR (Limite Máximo de Resíduos) estabelecido; e 28% foram consideradas insatisfatórias por apresentarem resíduos de produtos não autorizados ou, autorizados, mas acima do LMR. Os resultados encontrados pela ANVISA dividem-se em duas categorias:
  1. Resíduos que podem causar dano à saúde porque excederam os limites máximos estabelecidos em legislação;
  2. Resíduos que podem causar dano à saúde porque são agrotóxicos não autorizados para aquele determinado alimento.
     No primeiro caso, que representa 1,7% do total dos resultados insatisfatórios (abacaxi e o mamão tiveram 8,2 e 6,8% das amostras contaminadas e acima do permitido), o uso abusivo dos agrotóxicos, em desrespeito às indicações da bula de cada produto e, ainda a negligência ao intervalo de segurança (tempo entre a última aplicação e colheita dos alimentos) levam à presença de resíduos nos alimentos superiores àqueles estabelecidos em legislação e reconhecidos como seguros, expondo a população a possíveis agravos à saúde. É importante ressaltar ainda que, além do risco à saúde da população em geral, representado pela ingestão prolongada desses alimentos com agrotóxicos acima do LMR permitido, estes resultados sugerem que as Boa Práticas Agrícolas não estão sendo respeitadas. O segundo caso, referente aos produtos Não Autorizados (NA), representa aproximadamente 24,3% dos resultados insatisfatórios. os resultados insatisfatórios devido à utilização de agrotóxicos não autorizados resultam de dois tipos de irregularidades:
.seja porque foi aplicado um agrotóxico não autorizado para aquela cultura, mas cujo IA- Ingrediente Ativo está registrado no Brasil e com uso permitido para outras culturas;
.seja porque foi aplicado um agrotóxico banido do Brasil ou que nunca teve registro no país, logo, sem uso permitido em nenhuma cultura.

  Dentre os produtos não autorizados para uma determinada cultura, destacou-se o carbendazim com 176 amostras apresentando resíduos desse agrotóxicos, das quais 90 são provenientes da cultura do pimentão e o restante em outras sete culturas agrícolas: abacaxi, alface, beterraba, couve, mamão, morango e repolho. Outros ingredientes ativos, do grupo químico organofosforado, tiveram também elevado número de ocorrências: o clorpirifós, o metamidofós e o acefato, contribuindo com 154, 125 e 76 resultados de amostras insatisfatórias, respectivamente.

. Quais as consequências de se ingerir agrotóxicos? de acordo com os conhecimentos científicos atuais, se ingerirmos quantidades dentro dos valores diários aceitáveis (IDA – Ingestão Diária Aceitável) não sofreremos nenhum dano à saúde; é a quantidade máxima de agrotóxicos que podemos ingerir por dia, durante toda a nossa vida, sem que soframos danos à saúde por esta ingestão. Existem estudos que indicam que, se ultrapassarmos essas quantidades, as conseqüências poderão variar desde sintomas como dores de cabeça, alergia e coceiras até distúrbios do sistema nervoso central ou câncer, nos casos mais graves de exposição, como é o caso dos trabalhadores rurais.
   Em geral, esses sintomas são pouco específicos, não sendo possível determinar a causa baseado apenas na avaliação clínica. Tudo isso vai variar de acordo com diversos fatores, tais como o tipo de agrotóxico que ingerimos, o nível de exposição a estas e outras substâncias químicas, a idade, o peso corpóreo, tabagismo, etc.
Para o registro de agrotóxicos no país, é exigida pelas autoridades regulatórias uma série de estudos com o objetivo de definir o grau de relevância toxicológica do agrotóxico em relação ao uso, aos limites de resíduos e ao consumo diário. O Limite Máximo de Resíduo (LMR) permitido é expresso em mg/kg da cultura e a quantidade diária segura para o consumo (Ingestão Diária Aceitável-IDA) é expressa em mg/kg de peso corpóreo. Os dados para cada ingrediente ativo estão publicados no link http://www.anvisa.gov.br/toxicologia/monografias/index.htm.
Exemplificando: se um determinado ingrediente ativo contido em um agrotóxico tiver uma IDA igual a 0,05 mg/kg, significa que uma pessoa de 60 kg, por exemplo, poderia ingerir uma quantidade máxima de 3,0 mg, diariamente, sem riscos à saúde. Esses valores são definidos com uma margem boa de segurança para o consumidor.




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