Um papel é colocado sobre o canteiro onde serão produzidas as mudas de cebola. Uma solução simples e eficaz contra as ervas daninhas.
Este é o objetivo do sistema agroecológico de produção de mudas de cebola, implantado há oito anos na Estação Experimental de Ituporanga, da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), em Ituporanga. “O sistema é capaz de reduzir a infestação de ervas daninhas nos canteiros em 95%, reduzindo, consequentemente, a mão de obra para arranque manual das ervas, já que neste sistema não se usa herbicidas químicos”, explica Hernandes Werner, 48 anos, Engenheiro Agrônomo, pesquisador responsável pelo projeto.
Werner justifica que esta técnica facilita a produção de mudas de cebola agroecológia. “Em pequena escala é possível utilizar uma folha de jornal para substituir o papel”, acrescenta. Conforme o engenheiro, neste sistema também é possível produzir mudas de outras hortaliças ou fazer o plantio definitivo de cenoura.
Na prática é utilizado um papel kraft pardo, com gramatura de 80g/m², que é colocado sobre o canteiro (Figura 1). Em seguida é feita a aplicação do composto, um tipo de adubo orgânico com cerca de 15 kg/m² que deve ser espalhado uniformemente sobre o papel, formando uma camada de 3 a 4 cm de altura. Só depois é feita a semeadura da cebola, e para isto são utilizados 2,5 g/m² de sementes viáveis cobertas com uma camada de 1 cm de serragem e irrigadas (conforme foto acima).
Figura 1. Colocação do papel nos canteiros e posteriormente o composto orgânico
Em no máximo 80 dias as mudas estão prontas para serem transplantadas (Figuras 2 e 3). Na Estação Experimental em Ituporanga, em 2012 foram feitos 9 canteiros, com 120 metros de comprimento, com 1,2 m de largura. Ainda assim, é preciso pulverizar as mudas algumas vezes com micronutrientes. “Para reforçar e equilibrar a nutrição e a saúde das plantas. Já que nesta fase de canteiros, as doenças atacam plantas muito fracas ou muito viçosas”, ressalta Werner.
Figura 2. Canteiros com mudas prontas para o transplante
Figura 3. Tamanho ideal das mudas para o transplante
Há 20 anos, a compostagem (Figura 4) é feita na Estação Experimental de Ituporanga. Werner explica que a palha da cebola descartada, assim como os bulbos podres, são boa fonte de nutrientes e por isso também são utilizadas para fazer o composto, que em 90 dias se transforma em adubo orgânico na própria Estação de pesquisa. Atualmente está sendo avaliado o uso de compostos comerciais, produzidos por empresas da região.
Figura 4. Compostagem: Engenheiro agrônomo Hernandes Werner, responsável pelo projeto
E até agora, este sistema só apresentou vantagens. “Livre de agrotóxicos, é possível produzir mudas de cebola sadias e vigorosas com baixo custo, reduzindo muito a mão de obra”, finaliza.
Para os agricultores orgânicos de cebola, esta técnica desenvolvida pela Estação Experimental da Epagri, de Ituporanga,vai trazer uma solução simples e barata para as indesejáveis plantas daninhas.
Produtores de mudas de cebola de Santa Catarina e Rio Grande do Sul já aderiram à técnica, pois a produção de mudas para ter qualidade, geralmente, exige atenção especial quanto ao controle das plantas daninhas, sob pena de comprometer drasticamente o desenvolvimento das mudas. Especialmente para os agricultores orgânicos, isso significa várias intervenções durante o ciclo de desenvolvimento das mudas, com o arranquio manual dos inços. "Além do trabalho demorado e penoso, em geral, os resultados não são muito animadores", explica o pesquisador eng. Agrônomo Hernandes Werner, lembrando que, se o manejo for realizado tarde, a competição com o "mato" prejudica as mudas.
A técnica consiste em, primeiramente, cobrir o canteiro com uma camada de folhas de jornal ou bobina de papel Kraft, com gramatura de 80 gramas por metro quadrado - uma bobina de 20 quilos cobre em torno de 250 metros quadrados de canteiro. Depois de preparar o canteiro, irrigar e cobrir com as folhas de papel, será depositado sobre este papel uma camada de composto de 2 a 4 cm de altura. Faz-se, então, a semeadura da cebola, utilizando-se 2,5 g/m² de sementes, que são cobertas com uma camada de 1 a 2 cm de serragem. As sementes dos inços que estão abaixo do papel não conseguem emergir. E o composto, além de servir de leito e adubação orgânica equilibrada, para as sementes, induz uma melhor sanidade das mudas, e pode ser preparado na propriedade ou adquirido de empresas idôneas. Recomenda-se complementar a técnica, utilizando-se um sistema de irrigação localizada como exemplo o de fita Santeno, mais apropriado para irrigar as frágeis mudinhas da cebola.
"Os produtores perceberam que com a técnica não há necessidade de arranquio manual para controlar as plantas espontâneas e que o resultado são mudas mais sadias e de melhor qualidade, que não sofreram competição com os inços", relatou Werner. Além disso, o sistema diminui o custo do produtor com mão-de-obra e também por não utilizar adubos químicos, herbicidas ou outros agrotóxicos. A técnica também pode ser utilizada para a produção orgânica de mudas de outras hortaliças como, por exemplo, a beterraba ou a cenoura em plantio definitivo.
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