Introdução
A Solanum americanum, popularmente conhecida como maria-pretinha, é uma erva daninha pertencente à família das solanáceas nativa das Américas com ocorrência entre o sudoeste dos Estados Unidos da América e o sul do Peru e do Paraguai, sendo uma planta muito comum no Brasil.
Apesar de possuir bagas comestíveis, com valor medicinal, deve ser ingeridos com prudência, pois os seu frutos negros podem ser confundidos com os da beladona, planta de elevado grau de toxicidade.
A espécie encontra-se naturalizada em todas as regiões tropicais e subtropicais, sendo considerada por alguns autores como nativa do Hawaii ou pelo menos como uma introdução remota, provavelmente devida aos povos polinésios. É usada como planta medicinal nos Camarões, Quénia, Hawaii, Panamá, Serra Leoa e Tanzânia.
Os frutos verdes são tóxicos, possuem um princípio ativo chamado alcalóide indólico.
É considerada como planta daninha, infestando lavouras, pomares, cafezais, jardins e terrenos baldios.
Porte
Erva ou arbusto de até 1,2 m de altura.
Caule
Apresenta caule liso, ramificado, verde e ereto.
Folhas
Folhas esparsas, alternas, simples, pecioladas, ovais, acuminadas, quase trapedozais, desigualmente lobadas, as vezes inteiras, verde-escuras, medindo 3 a 6cm de comprimento.
Flores
As flores, alvas e curtamente pedunculadas, dispõe-se em umbelas com 3 a 10 flores com até 1cm de diâmetro.
Frutos
O fruto é uma baga (solanídeo) verde, quando imatura, e negra quando matura, brilhante, amarga e nauseabunda, medindo 8 a 10mm de diâmetro.
A polpa contém 50 a 100 sementes pequenas e arredondadas.
Sementes
Semente comprimida, obovóide, com 1,0 a 1,3mm de diâmetro, amarelo-clara, reticulada, glabra e fosca.
Os frutos quando secam retém as sementes.
Tipos de solo
Exige solo fértil (é nitrófila), humoso e com teor de umidade. Porém, é encontrada até mesmo em solos secos, pedregosos e depauperados.
Clima
Adapta-se do tropical ao temperado. É heliófita.
Colheita
Produção de sementes: 500 por planta, em média, mas variando de 100 a 1000 sementes ou até 178.000. A viabilidade no solo é de 8 anos.
Partes utilizadas
Folhas e Frutos
Dispersão
Zoocórica.
Propriedades
Antiespasmódica, sedativa, expectorante, analgésica, diurética, depurativa, emoliente, vulnerária, anti-reumática, diaforética, antiartrítica, anti-hipertensiva, aperiente, calmante, antiinflamatória, febrífuga, mineralizante, reconstituinte, narcótica, calmante, afrodisíaca e analgésica.
A fruta fresca é usada como antiparasitária.
Princípios Ativos
Solanina, rutina, asparagina, solamargina. Também contém solasodina (0,1%), que é matéria prima para a produção de hormônios esteroidais.
Indicação
Indicada para o uso externo no tratamento de pitiríase versicolor ou pano branco, feridas e úlceras (uso tópico das folhas contusas), inflamações, áreas intumescidas, irritadas e dolorosas, dartros, furúnculo, panarício, queimaduras, psoríase, eczema, escrófulas, abcesso, acne, dermatite, erisipela, exantema, leucorréia, pústulas, tinha e vaginite.
Internamente para o tratamento de asma, amigdalite, anemia, cirrose, cólicas, diarreias, escorbuto, gastrite, meningite, paludismo, úlcera gástrica, terror noturno, excitação nervosa, cólica e afecções urinárias, gastralgia, crises hepáticas, espasmos vesicais, distúrbios digestivos e ginecológicos e hemorroidas.
Utilização
Os frutos maduros são comestíveis, sendo excepcionalmente saborosos, podendo servir de matéria prima para geléias, musses, sorvetes ou como recheio e ou coberturas para bolos e tortas.
As folhas são utilizadas na alimentação humana como hortaliça, e é uma boa fonte de proteína, manganês (Mn), fósforo (P), ferro (Fe) e boro (Na culinária, as folhas são preparadas cozidas ou fritas com ovos, alimento este, aliás, muito utilizado pelos índios Kaingang e em muitas outras partes do mundo.
Uso medicinal
A infusão das folhas apresentou atividade hipoglicemiante em ratas (Victoria), espasmolítica, por mecanismo muscarínico e musculotrópico, frente a acetilcolina, na dose de 640mg e frente ao cloreto de bário, nas doses de 320 a 640mg (Cruz).
A decocção das folhas tem ação antibiótica sobre Staphylococcus aureus. A decocção e a maceração hidroalcoólica das folhas tem atividade sobre Candida albicans (Victoria) e Cryptococcus neoformans (Cooney et al.).
Formas de USO:
- Cataplasmas: folhas frescas aplicadas topicamente (dermatoses e lesões dérmica)
- Decocção: ferver 1 colher das de chá de folhas em 1 xícara das de chá de água. Tomar 3 xícaras ao dia (excitação nervosa, cólicas, nevralgias, dermatoses, catarros e afecções urinárias).
Pode-se utilizar o decocto para fazer a ablução de áreas inflamadas, doloridas e lesionadas.
Uso culinário
Os frutos maduros são comestíveis, podendo servir de matéria prima para geleias.
As folhas são preparadas cozidas ou fritas com ovos.
Origem
Nativa, não endêmica do Brasil.
Habitat
É uma erva ruderal originária das Américas, de ampla distribuição, ocorrendo indiferentemente tanto em roças de solos férteis como de solos pobres. Desenvolve-se nos mais variados ambientes, desde os solos úmidos até os mais secos e pedregosos. Ocorre na Amazônia, Caatinga, Cerrado, Pampa, Pantanal e Mata Atlântica.
Curiosidades
Os frutos imaturos e as folhas cruas são tóxicos, possuindo um efeito pouco usual (e não facilmente percebível), pois atuam no sistema nervoso central, causando sintomas de depressão.
Observações
Os frutos verdes são tóxicos.
A solanina tem uma DL50 de 42mg/kg por via intraperitonial.
A planta tem habilidade em acumular nitratos, podendo atingir níveis tóxicos aos animais.
A planta pode ser hospedeira de nematóides do gênero Rotylenchus e Meloidogyne.
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