Influência de fatores climáticos
A temperatura é o fator mais importante para as cucurbitáceas, pois são plantas de clima quente, não suportam o frio. Abaixo de 12ºC, o crescimento da planta paralisa. Não toleram geadas. As temperaturas mais adequadas para as cucurbitáceas estão entre 18 a 25ºC. A produtividade depende da eficiência da polinização pelas abelhas, que tem a maior atividade entre 28 a 30ºC e no período da manhã. Temperaturas mais elevadas proporcionam maior número de flores masculinas; por outro lado, temperaturas mais amenas e, com período curto de luz, estimulam maior número de flores femininas que darão origem aos frutos. No início do ciclo, são exigentes em água, porque as raízes são ainda superficiais e o armazenamento na superfície é praticamente nulo. A deficiência de umidade, associada às temperaturas elevadas no solo ou no ar, provoca um déficit hídrico na planta e consequente descoloração das folhas e secamento das plantas.
Escolha da área e análise do solo
As cucurbitáceas preferem solos profundos, bem estruturados e drenados, que tenham topografia plana à levemente ondulada. O solo ideal é o areno-argiloso, fértil, rico em matéria orgânica. A exposição norte é a preferida, pois favorece os aspectos de crescimento vegetativo e desfavorece as doenças. Para boa polinização e maior pegamento de frutos deve-se escolher área protegidas dos ventos dominantes. Evitar o plantio em áreas onde, nos dois últimos anos, foram cultivadas outras cucurbitáceas e solanáceas. A análise do solo deve ser feita com antecedência para a recomendação adequada da correção da acidez e da adubação orgânica.
Épocas de plantio e cultivares
Por não tolerarem o frio, as cucurbitáceas, em geral, podem serem semeadas ou transplantadas no litoral, a partir de setembro e, no máximo, até o final de janeiro. A partir de fevereiro, as espécies de ciclo mais longo como as abóboras, correm o risco de sofrerem com o frio, especialmente, se o frio chegar já no outono no litoral. Existem inúmeras cultivares de abóboras, abobrinhas, morangas, pepino e melancia disponíveis no mercado. Para estas cultivares e especialmente aquelas que o produtor vem melhorando a cada ano, recomenda-se que se retire as sementes das melhores plantas para multiplicação. No caso das morangas, melancia e pepino já existem também inúmeros híbridos e, neste caso não é possível multiplicar as sementes. No caso da moranga (Tetsukabuto), também denominada de kabotiá e, especialmente do pepino, recomenda-se os híbridos, pois são mais produtivos e mais resistentes às doenças e condições climáticas desfavoráveis. Para a melancia, embora os híbridos também sejam produtivos, recomenda-se a cultivar Crimsom Swet pelo custo mais barato das sementes e com produtividade semelhante, conforme resultados de pesquisa obtidos pela Epagri/Estação Experimental de Urussanga, na propriedade de agricultor em Içara,SC.
Produção de mudas
Ao invés do semeio direto no campo, recomenda-se a produção de mudas em copos de jornal (10 a 12cm de altura), feitos com o auxílio de uma lata de refrigerante ou então com copos plásticos de refrigerantes descartáveis, furados na parte de baixo, utilizando-se substrato de boa qualidade e protegidos em abrigos de plástico. O sistema diminui as falhas no campo, melhora a uniformidade e permite um melhor manejo das pragas, doenças e plantas espontâneas, além de ser mais barato. Semeia-se 3 sementes por copo, realizando-se o desbaste quando as plantas tiverem uma folha definitiva, deixando-se 2 mudas por copinho. As mudas são transplantadas quando não houver risco de geadas e, tiverem 2 folhas e, no máximo, no início de surgimento da 3ª folha verdadeira.
Preparo do solo e adubação orgânica
Sistema de covas em plantio direto ou cultivo mínimo, sem preparo do solo: apresenta a vantagem de melhor proteção do solo e dos frutos, favorecer a retenção de água, menor incidência de plantas espontâneas e menor custo da lavoura. No outono semeia-se o adubo verde, que pode ser ervilhaca, aveia preta ou uma mistura de ambas ou ainda o consórcio destas espécies, incluindo ainda o nabo forrageiro. Após a floração da cobertura verde, no período de formação dos grãos, faz-se seu acamamento com rolo-faca ou roçadeira. Caso não tenha sido possível a semeadura dos adubos verdes no outono, pode-se também aproveitar as plantas espontâneas como cobertura do solo, roçando-as quando necessário até o momento das mudas transplantadas começarem a desenvolver-se rapidamente e a emitir os ramos e gavinhas.
Sistema em faixas, com preparo do solo: deve ser feita uma aração profunda. Os torrões entre as faixas facilitam a fixação dos ramos pelas garras (gavinhas) evitando o dano pelo vento. Após a aração preparar apenas a faixa de plantio, cerca de 60 cm de largura espaçados de 3 em 3 m. Abre-se a cova ou sulco e coloca-se o adubo orgânico, incorporando-o ao solo.
Adubação e plantio: deve ser aplicada a adubação orgânica, preferencialmente o composto orgânico ou esterco de aves ou de gado, curtidos. O adubo orgânico, especialmente se for esterco de animais, deve ser uniformemente incorporado ao solo, de preferência 10 a 15 dias antes do plantio das mudas.
Espaçamento e manejo de plantas espontâneas
Abóboras e morangas - 4,0 x 4,0 m (mais vigorosas) e 3,0 x 3,0 (menos vigorosas); abobrinhas – 1,0 x 0,5m; pepino para conserva e salada – 1,0 x 0,5 ; melancia – 2,5 a 3,0m entre linhas x 2,0 a 3,0 m entre plantas. O manejo de plantas espontâneas deve ser feito antes do desenvolvimento das ramas nas entrelinhas, através de roçadas (cultivo mínimo ou direto) ou grade no caso do terreno lavrado.
Irrigação e adubação de cobertura
A irrigação, quando necessária, pode ser por aspersão ou preferencialmente localizada. Se necessário (caso as plantas estiverem pouco viçosas), deve ser realizada a adubação de cobertura, 20 dias após o transplante e/ou no início da frutificação, com base na análise do solo.
Principais pragas e doenças
Dentre as pragas destacam-se a broca dos frutos (Figuras 1 e 2) e os pulgões. A broca perfura o fruto próximo ao botão floral, causando o apodrecimento. Para o manejo da broca recomenda-se utilizar iscas atrativas, como por exemplo, a abobrinha italiana - caserta (Figura 3) que também atrai a vaquinha (Diabrotica speciosa), especialmente, no início do desenvolvimento das plantas e, pulverizações semanais com dipel (broca), a partir do início da frutificação. No caso do uso de isca atrativa utilizando abobrinha, recomenda-se a destruição das plantas através da compostagem, quando estiverem muito atacadas pela broca. Os pulgões formam colônias na parte de baixo das folhas sugando a seiva e transmitindo viroses. Manejo: recomenda-se os preparados à base de plantas tais como pimenta, alho, cebola, losna, confrei e outros (ver como preparar através de matérias já postadas neste blog). Dentre as doenças destaca-se o oídio (Figura 4) que é um fungo que desenvolve-se nas folhas, hastes e frutos, apresentando uma formação semelhantes ao "pó de giz", espalhando-se por toda a superfície da folha. A doença é favorecida por temperaturas, entre 15 e 18ºC e, umidade relativa do ar, entre 20 e 100%. Manejo: no cultivo orgânico recomenda-se pulverizações, preferencialmente, com leite de vaca cru na concentração de 10 a 15%, mesmo após o início da infecção no campo ou produtos à base de enxofre (Kolossus ou Thiovit SC), vendidos pelas agropecuárias. Para as demais doenças foliares (míldio, mancha zonada e antracnose) recomenda-se pulverizações preventivas com calda bordalesa (0,3 % no início do desenvolvimento das plantas e 0,4 à 0,5%, após o florescimento), no intervalo de 7 à 15 dias. Obs.: em função da maior atividade das abelhas na polinização pela manhã, recomenda-se pulverizar, se necessário, mesmo com produtos alternativos, sempre à tarde.
Figura 1. Broca da cucurbitáceas: fase de larva
Figura 2. Danos da broca das cucurbitáceas em pepino
Figura 3. A abobrinha italiana (caserta) é uma boa isca atrativa da broca das cucurbitáceas e da vaquinha.
Figura 4. O fungo oídio que tem como principal sintoma a formação de um pó branco sobre as folhas, ataca o feijão-vagem (foto à direita) e as demais espécies da família das cucurbitáceas (melão, melancia, pepino, abóbora, abobrinha e moranga); o leite cru e fresco à 10-15 % (1 a 1,5 L para 100 L de água), pulverizado nas plantas atacadas é eficiente no manejo desta doença, mesmo no início da infecção.
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