google.com, pub-8049697581559549, DIRECT, f08c47fec0942fa0 VIDA NATURAL

ANUCIOS

quinta-feira, 7 de junho de 2018

O Cultivo do Milho Verde Orgânico



O milho (Zea mays) é um conhecido cereal cultivado em grande parte do mundo, pertencente a família botânica Poáceas (milho, aveia, cana-de-açúcar, pastagens e outras) anteriormente denominada de Gramineas. O milho é uma planta originária da América Central com grande capacidade de adaptação a diversos climas, sendo plantado em praticamente todas as regiões do mundo, ao nível do mar e em regiões montanhosas, em climas úmidos e regiões secas. O milho verde faz parte da culinária brasileira, originária dos índios que aqui sempre viveram. O milho-verde (assim denominado por ser colhido antes de amadurecer) é consumido verde, cozido ou assado na espiga. Existem várias espécies e variedades de milho, todas pertencentes ao gênero Zea. O milho-verde pode ser comprado na espiga, com ou sem palha. Os grãos devem estar bem desenvolvidos, porém macios e leitosos. A palha deve apresentar-se com aspecto de produto fresco e cor verde viva. Para consumo em saladas, assado ou cozido, prefira os grãos mais novos. O milho também pode ser consumido na forma de suco e ingrediente para fabricação de bolo, biscoitos, sorvetes e pamonhas. A planta de milho pode ser aproveitada praticamente em sua totalidade. Após a comercialização das espigas, os restos da planta podem ser aproveitados para posterior incorporação ou como cobertura do solo para plantio direto, ou ainda, sendo triturado para compor a silagem para a alimentação animal.
    O milho é um dos alimentos mais nutritivos que existem. Além dos minerais, o milho verde é rico em vitaminas, em especial as do complexo B, muito importante para o bom funcionamento do sistema nervoso. Estudos realizados na Espanha revelaram que o consumo de milho, associado a cerejas, aveia e vinho tinto, retarda os efeitos da idade no organismo. A razão seria que esses alimentos apresentam alto teor de melatonina, substância produzida em pequenas quantidades pelo corpo, que tem propriedades antioxidantes e atrasa a degeneração. Além disso, o grão também contribui para adiar os processos inflamatórios naturais do envelhecimento, portanto, ajuda a manter o corpo jovem por mais tempo.
  A produção do milho-verde agrega valor, permitindo o uso de mão-de-obra familiar, movimentando o comércio e a indústria caseira. É uma atividade quase que exclusiva de pequenos e médios agricultores. Atualmente, as principais características exigidas pelo mercado para o milho verde são: grãos dentados amarelos, grãos uniformes, espigas longas e cilíndricas (espigas maiores que 15 cm de comprimento e 3 cm de diâmetro), sabugo fino e claro, boa granação, pericarpo delicado e bom empalhamento (espigas bem empalhadas de coloração verde intensa), boa produtividade, alta capacidade de produção de massa e baixa produção de bagaço e tolerância às principais pragas e doenças.
Escolha correta da área e análise do solo
   Recomendam-se áreas não cultivadas com espécies da mesma família botânica (poáceas) nos últimos anos. Solos de textura média, com teores de argila em torno de 30-35% ou mesmo argilosos, com boa estrutura que possibilitam adequada drenagem apresentam boa capacidade de retenção de água e de nutrientes disponíveis às plantas, são os mais recomendados para a cultura do milho. Os solos arenosos (teor de argila inferior a 15%) devem ser evitados, devido à sua baixa capacidade de retenção de água e nutrientes disponíveis às plantas.Preferencialmente, devem-se utilizar solos leves e profundos, com mais de 3,5% de matéria orgânica e com boa drenagem. A análise do solo deve ser feita com antecedência para conhecimento da fertilidade e acidez do solo. Com base nessa análise, o técnico do município poderá fazer a recomendação adequada da acidez do solo e adubação orgânica.

Época de Plantio e Cultivares

   O plantio de uma lavoura deve ser muito bem planejado. O planejamento começa com a compra de uma boa semente. A melhor época de plantio coincide com o início do período chuvoso de cada região, embora os melhores preços sejam obtidos na entressafra ou plantios irrigados de inverno. Pesquisas realizadas mostram que a melhor época para se plantar milho na região Sul, vai da segunda quinzena de setembro até o final da primeira quinzena de novembro, sendo a melhor época em 15 de outubro. No entanto, tendo em vista o bom mercado do milho verde especialmente no Litoral, em função do aumento da população nas praias, é interessante o escalonamento da produção, podendo-se obter boas produções nos meses de dezembro e até janeiro. Especialmente nestes últimos dois meses recomenda-se a consorciação do milho verde com mucuna anã, com o objetivo de cobrir o solo, reduzir a infestação de plantas espontâneas e, especialmente, melhorar a fertilidade do solo. Existem no mercado inúmeros híbridos de milho com resistência à maioria das doenças e com boas características para produção de milho verde. Recomenda-se, no entanto, ao escolher o híbrido, consultar um técnico para que ele indique os melhores materiais visando a produção de milho verde. Também são oferecidos no mercado, embora em menor número, cultivares com boa produtividade e qualidade de espigas visando a produção de milho verde. É importante ressaltar que no cultivo orgânico não é permitido o uso de cultivares transgênicas.

Preparo do solo e plantio

   No cultivo orgânico deve-se evitar o revolvimento do solo, por isso, a técnica de plantio direto vem crescendo muito, dispensando o preparo tradicional do solo, embora exige maior conhecimento técnico e máquinas apropriadas, além da produção anual de massa verde para palhada. O plantio direto na palha facilita muito a conservação do solo, por diminuir em até 70% as perdas de solo por erosão, além de conservar a umidade e reduzir as plantas espontâneas. Quando o terreno não é plano, a plantação deve ser feita em curva de nível. O plantio pode ser manual, com enxadas ou plantadeiras, e em covas distanciadas um metro entre as linhas e 50 cm entre as covas com 3 sementes cada uma ou com plantadeiras, com sementes de 20 em 20 cm. Quando a semente fica depositada no sulco de plantio a uma profundidade de 5cm e o adubo a uma profundidade de 10 a 15cm, tem-se os melhores resultados.

Adubação orgânica

   Tanto a adubação de plantio como de cobertura deve ser conforme recomendação, baseada na análise do solo e nos teores de nutrientes do adubo orgânico. Recomenda-se, preferencialmente, o composto orgânico que pode ser aplicado por ocasião do plantio. O adubo orgânico, especialmente se for esterco de animais (aves ou de gado), deve ser curtido e uniformemente incorporado ao solo, no sulco, de preferência 10 a 15 dias antes do plantio das sementes.

Tratos culturais

Capinas: após a germinação, há necessidade de controlar o desenvolvimento de plantas espontâneas que aparecem junto à cultura. Normalmente, dependendo da infestação de plantas espontâneas, 2 a 3 capinas são suficientes para manter a cultura no limpo até os 35-40 dias, época da adubação de cobertura. Passada essa fase, as plantas espontâneas não tem mais condições de concorrer com as plantas de milho devido ao seu rápido desenvolvimento e conseqüente sombreamento do solo, criando condições desfavoráveis para as plantas espontâneas. No cultivo orgânico, as plantas espontâneas são consideradas "amigas" dos cultivos, por isso, recomenda-se as capinas somente nas linhas de plantio (faixas de 20cm), deixando-as nas entrelinhas e roçando-as somente quando necessário. Recomenda-se também, sempre que possível, semear os adubos verdes no outono (aveia, ervilhaca e nabo forrageiro, isoladamente ou em consórcio) e o cultivo mínimo do milho no final do inverno e início de primavera, preparando-se apenas a linha de plantio e roçando, quando necessário, nas entrelinhas (Figuras 1,2 e 3).
Irrigação o efeito da falta de água, associado à produção de grãos, é particularmente importante em três estádios de desenvolvimento da planta: a) iniciação floral e desenvolvimento da inflorescência, quando o número potencial de grãos é determinado; b) período de fertilização, quando o potencial de produção é fixado; c) enchimento de grãos. As máximas produtividades ocorrem quando o consumo de água durante todo o ciclo está entre 500 e 800mm. A cultura exige um mínimo de 350-500mm para que produza sem necessidade de irrigação. Dois dias de estresse hídrico no florescimento, diminuem o rendimento em mais de 20%, sendo que quatro a oito dias diminuem em mais de 50%.

 Figura 1. Cultivo mínimo de tomate (à esquerda) e milho-verde (à direita), na fase inicial de desenvolvimento das plantas, sobre consórcio de adubos verdes (aveia + ervilhaca+nabo forrageiro) semeados no outono

Figura 2. Cultivo mínimo de tomate (à esquerda) e milho-verde (à direita), na fase intermediária de desenvolvimento das plantas, sobre consórcio de adubos verdes (aveia + ervilhaca+nabo forrageiro) semeados no outono

 Figura 3. Cultivo mínimo de milho-verde orgânico (fase de florescimento) sobre consórcio de adubos verdes semeados no outono

Manejo de doenças e pragas

    A cultura do milho está sujeita à ocorrência de algumas doenças e pragas que podem afetar a produção, a qualidade, a palatabilidade e o valor nutritivo dos grãos. As principais doenças são: doenças foliares e podridões das raízes, do colmo e espiga. Manejo: as principais medidas para o manejo das doenças é o uso de cultivares resistentes, rotação de culturas, manejo adequado da irrigação e, especialmente a eliminação através da compostagem ou enterrio, de restos de cultura onde ocorreu as doenças. Dentre as pragas destacam-se:
Lagarta-do-cartucho ou militar (Spodoptera frugiperda): é considerada a principal praga da cultura do milho no Brasil. É uma borboleta com asas anteriores pardo-escuras e posteriores branco-acinzentadas. As fêmeas colocam os ovos na parte superior das folhas. As lagartas são de cor pardo-escuro, verde e preta. Após a alimentação empupam no solo. Possui ciclo de vida de 36 a 86 dias. Danos: raspagem até destruição das folhas com prejuízo de 20% na produção, aumentando em épocas mais quentes e secas do ano. O ataque ocorre desde a emergência do milho até o pendoamento e espigamento. Manejo: controle biológico com a bactéria Bacillus thurigiensis, vendido comercialmente com o nome de Dipel e outros produtos, a partir do início do ataque das plantas.
Vaquinhas: os adultos são insetos polífagos (atacam várias culturas), pequenos besouros de cores variadas - verde-amarelo (Diabrotica), preto com manchas amarelas (Cerotoma) – Figura 4, verde metálica (Colaspis) e, tamanho aproximado de 10 mm. Ovos branco-amarelado são colocados isoladamente em fendas no solo. A larva conhecida como larva-alfinete (Figura 5) pode chegar até 10 mm de tamanho, alimentando-se de raízes de plantas (Figura 6) e tubérculos de batata. Na fase de larva os prejuízos são irreversíveis, pois tombam as plantinhas recém-emergidas (milho, feijão, feijão-vagem e outras) e furando raízes e tubérculos. Danos: os furos causados pelos insetos adultos nas folhas, associados aos danos causados pelas larvas, acarretam perdas na produtividade e qualidade dos cultivos.
Lagarta-da-espiga (Helicoverpa zea) : ataca as espigas desde o início da formação dos grãos e durante a fase do estado leitoso, podendo também atacar as folhas. Além de destruir em parte as espigas, deixa orifícios na palha, por onde penetram fungos e outros microorganismos e água de chuva, concorrendo assim para a deterioração da espiga. Seu controle é difícil, pois a lagarta aloja-se dentro da espiga e fica muito bem protegida.

Figura 4. Vaquinha na fase de adulto causa danos através do desfolhamento das plantas, especialmente no início de desenvolvimento das culturas.

 Figura 5. Vaquinha na fase de larva causa danos nas raízes das plantas recém-emergidas e também em raízes de batata-doce e tubérculos de batata (larva- alfinete)

 
   Figura 6. Danos nas raízes de milho, provocados pela larva-alfinete (vaquinha na fase de larva)


Rotação e consorciação de culturas

    O cultivo intensivo das mesmas espécies de hortaliças na mesma área esgota o solo em certos nutrientes e aumenta a ocorrência de doenças, pragas e plantas espontâneas. Para não confundir os diferentes sistemas de produção de hortaliças é preciso definir cada um deles:
• Monocultura: é o uso continuado de uma mesma cultura, numa mesma estação de crescimento e numa mesma área. Todos os anos a mesma ou as mesmas espécies são semeadas ou plantadas no mesmo local.
• Sucessão de culturas: é o estabelecimento de duas ou mais espécies em seqüência na mesma área, em um período igual ou inferior a 12 meses.
• Consorciação de culturas: é o estabelecimento de duas ou mais espécies simultaneamente na mesma área. Neste tipo de cultivo há competição interespecífica em parte ou em todo o ciclo de desenvolvimento da cultura.
• A rotação de culturas pode ser definida como o cultivo alternado de diferentes espécies vegetais no mesmo local e na mesma estação do ano, seguindo-se um plano predefinido, de acordo com princípios básicos. Dentre estes, destacam-se:
- não cultivar, no mesmo lugar, hortaliças da mesma família botânica, pois essas espécies estão sujeitas às mesmas pragas, doenças e plantas espontâneas. É o princípio de "matar de fome" os insetos, os fungos e as bactérias que atacam as plantas cultivadas;
- o plantio de espécies de famílias botânicas diferentes na mesma área também é importante, devido às diferenças de exigências nutricionais e de sistema radicular das espécies de plantas incluídas no sistema de rotação de culturas.
Rotação e consórcio com adubos verdes: a adubação verde é altamente recomendável para o sucesso da agricultura orgânica. No entanto, muitas vezes para pequenos produtores, devido a escassez de áreas, esta prática torna-se difícil, pois não poderia ter um retorno econômico. Uma alternativa viável técnica e econômica seria fazer o consórcio das hortaliças com os adubos verdes de inverno e de verão. Estes adubos verdes, além de cobrirem o solo, evitando a erosão, reduzem a infestação de plantas espontâneas, reciclam os nutrientes devido aos diferentes sistemas radiculares e, ainda melhoram a fertilidade do solo. Entre os adubos verdes de inverno, destacam-se a aveia, ervilhaca e nabo forrageiro (Figuras 1 e 2), que podem serem semeados no outono; a aveia tem como principal função a cobertura do solo, inibindo as plantas espontâneas, enquanto que a ervilhaca, por fixar o nitrogênio, melhora a fertilidade do solo e, por último o nabo forrageiro, devido ao sistema radicular, ajuda na descompactação do solo. Entre os adubos verdes de verão, destaca-se a mucuna anã que pode ser semeada nos meses de dezembro e janeiro, juntamente com o milho verde na mesma linha de plantio; ao ser colhido o milho verde, onde tem um bom retorno econômico a mucuna toma conta de toda a área (Figura 7), protegendo-a da erosão e das plantas espontâneas e melhorando a fertilidade do solo, além de reciclar os nutrientes que estão nas camadas mais profundas do solo. No inverno, a mucuna, em função do frio, seca sozinha, deixando a área pronta para o plantio direto de hortaliças no final do inverno. Caso não ocorra geada, há necessidade de roçar a mucuna com rolo-faca, especialmente em lavouras maiores.

  Figura 7. As leguminosas, como a mucuna anã, são ótimas opções para rotação e consorciação com milho por possuírem grande capacidade de melhorar a fertilidade e cobrir rapidamente o solo, reduzindo as plantas espontâneas, inibindo a presença de plantas espontâneas (ex.: tiririca, picão-preto e branco, capimcarrapicho e capim paulista), fixando o nitrogênio do ar e reciclando nutrientes do solo devido ao sistema radicular profundo.

Colheita

   O milho verde exige precisão do produtor na colheita e rapidez na comercialização. O milho híbrido passa do ponto muito rapidamente, apresentando um período útil de colheita (tempo de permanência em fase de milho verde) de aproximadamente 4 a 5 dias, exigindo precisão do produtor na colheita e rapidez na comercialização. O milho verde é mais precoce que o seco (milho normal), sendo colhido na fase chamada de grão leitoso e pastoso (fase iniciada normalmente entre 20 e 25 dias após a polinização), podendo ser colhido aos 90 dias, enquanto que o outro só fica no ponto aos 150 dias, no cultivo de verão. Na colheita de milho verde, nem todas as espigas são comercializáveis, havendo uma produção de palhada e espigas não comercializáveis que poderá ser utilizada como forragem ou como adubação orgânica. O cultivo de milho verde é quase exclusivo de pequenos e médios agricultores, que produzem em pequena escala e fazem a colheita do produto manualmente. Na colheita do milho verde em espiga, deve-se adotar cuidados e procedimentos utilizados na colheita de hortaliças, tais como: colher nos momentos mais frescos do dia; manusear as espigas com cuidado e à sombra, para evitar perda de umidade dos grãos; classificar ou padronizar as espigas por tamanho e encaixotar. O milho verde é colhido quando os grãos estão no estado leitoso, ou seja, com 70 a 80% de umidade. O milho verde é altamente perecível e perde rapidamente o sabor adocicado em razão da transformação da sacarose em amido nos grãos. O milho verde sem palha é frequentemente comercializado nas embalagens plástica, em ambiente refrigerado. Este produto não pode ficar fora de refrigeração nem por pouco tempo. A forma mais usual de embalar o milho verde tem sido o envolvimento do produto sobre uma bandeja de isopor com um filme de PVC. Sem refrigeração o milho verde precisa ser comercializado em um único dia. Com o uso de refrigeração pode fica 1 a 3 dias em balcões refrigerados sob umidade elevada. As espigas conservadas com palha tendem a ter melhor proteção contra a perda de água. Normalmente, o tempo de comercialização das espigas verdes empaladas é de 3 a 5 dias quando mantidas em temperatura ambiente.







VÍDEOS



sexta-feira, 1 de junho de 2018

Reconhecimento das Pragas no Cultivo Orgânico



   Plantas saudáveis produzidas em solos com vida e, em ambientes equilibrados, normalmente, não são atacadas por pragas. No entanto, caso ocorra desequilíbrio do meio ambiente e surjam pragas causando danos aos cultivos, deve-se, em primeiro lugar, antes de iniciar um controle, reconhecer qual os insetos que costumam sempre provocar prejuízos à sua lavoura. Inspeção periódica na horta, deve ser realizada procurando-se detectar e conhecer os hábitos das possíveis pragas existentes, época de maior ocorrência, fase do desenvolvimento que causa maiores danos (larva, ninfa ou adulto), e plantas hospedeiras que se encontram próximas da lavoura. A maior parte das pragas ataca geralmente na primavera, estação do ano de fertilidade e de grande atividade na natureza. Elas podem causar vários danos nas plantas, além de favorecerem o surgimento de doenças, principalmente as fúngicas. As principais pragas que podem causar danos às hortaliças são: grilos, paquinhas, lagarta rosca, vaquinhas, pulgões, lesmas, curuquerê-da-couve, broca das cucurbitáceas e do tomateiro, traça das crucíferas e do tomateiro, lagarta-do-cartucho, mosca-branca, mosca minadora, tripes, ácaros e formigas cortadeiras.
 • Grilos: com aparelho bucal mastigador, o adulto apresenta coloração marrom e pode medir até 2,5 cm de comprimento, sendo as pernas posteriores saltatórias. As fêmeas colocam até 970 ovos. O ciclo completo de ovo a adulto pode atingir a 90 dias. São polifagos (atacam várias plantas). Danostanto o adulto como as formas jovens apresentam hábitos noturnos, atacando preferencialmente sementeiras e viveiros, destruindo as raízes e plantinhas.

Paquinhas: também com aparelho bucal mastigador, o adulto tem asas marrom-escuras e mede cerca de 3 cm de comprimento. As pernas anteriores são escavadoras e as posteriores saltatórias. Possuem hábitos diferentes dos grilos por construírem galerias subterrâneas, entre 5 e 20 cm de profundidade. O ciclo biológico pode alcançar em torno de 10 meses, sendo a época de maior ocorrência de setembro a abril. Apresenta também hábito polífagos (atacam várias plantas. 
Danos:adultos e ninfas alimentam-se principalmente de raízes. Às vezes cortam pedaços da parte aérea da planta e carregam para seus túneis. Ocorrem geralmente em reboleiras.
Manejo de grilos e paquinhas com extrato de pimenta; coloca-se uma quantidade de pimenta malagueta num frasco, acrescenta-se álcool para cobrí-las,  fecha-se e deixa-se curtir por pelo menos 3 dias. Após, o extrato já pode ser utilizado ou armazenado assim mesmo em local escuro. Em geral se utiliza uma colher de sopa deste extrato por litro de água para pulverizar as plantas. Mas também é possível utilizar dosagens mais fortes (até 1%) para aplicações em hortas. Seu uso deve ser repetido após chuvas ou irrigação. Usar luvas ao manipular a pimenta e vestimenta de proteção ao aplicar o extrato.

• Lagarta rosca: com aparelho bucal mastigador na fase de lagarta, os adultos são mariposas marrom-escuras com algumas manchas pretas. As lagartas atacam inúmeras plantas e ficam abrigadas no solo durante o dia, sendo que ao escurecer iniciam sua alimentação atacando o colo da planta e tubérculos. Quando são tocadas, enrolam-se (Figura 1). As lagartas atingem até 3,5 cm e podem viver até 30 dias. Ocorre o ano inteiro, com pico populacional em dezembro. Danos:as lagartas atacam as plantas nos primeiros 30 dias, reduzindo a densidade de plantio, sendo que o nível de dano varia para cada cultura. Manejo: o extrato de pimenta, além de controlar grilos e paquinhas, também é eficiente para o manejo de lagarta rosca; em áreas onde já apresentou problemas, é recomendável o preparo do solo 3 a 4 semanas antes do plantio; isca atrativa com óleo vegetal (50ml) + açúcar mascavo (40g) + farelo de trigo grosso (1kg) + suco cítrico (20ml) + bórax (5g), bem misturado, deixadas em porções protegidas nas proximidades das áreas mais frequentadas pelas lagartas também é eficiente no manejo da lagarta rosca; especialmente em hortas pequenas e com baixa ocorrência, o controle mecânico através de pequenas escavações próximas as plantas atacadas e posteriormente destruindo as lagartas, pode ser eficiente.

   
Figura 1. Lagarta rosca

• Vaquinhas: os adultos são insetos polífagos (atacam várias culturas), pequenos besouros de cores variadas - verde-amarelo (Diabrotica), preto com manchas amarelas (Cerotoma) – Figura 2,verde metálica (Colaspis) e, tamanho aproximado de 10 mm. Ovos branco-amarelado são colocados isoladamente em fendas no solo. A larva conhecida como larva-alfinete (Figura 3) pode chegar até 10 mm de tamanho, alimentando-se de raízes de plantas (Figura 4) e tubérculos de batata. Na fase de larva os prejuízos são irreversíveis, pois tombam as plantinhas recém-emergidas (milho, feijão, feijão-vagem e outras) e furando raízes e tubérculos. Danos: os furos causados pelos insetos adultos nas folhas, associados aos danos causados pelas larvas, acarretam perdas na produtividade e qualidade dos cultivos.

 
 Figura 2. Vaquinha na fase de adulto causa danos através do desfolhamento das plantas, especialmente no início de desenvolvimento das culturas.

Figura 3. Vaquinha na fase de larva causa danos nas raízes das plantas recém-emergidas e também em raízes de batata-doce e tubérculos de batata (larva- alfinete)

 
 Figura 4. Danos nas raízes de milho, provocados pela larva-alfinete (vaquinha na fase de larva)
  
• Pulgões: os pulgões (Figura 5) tem um ciclo de 5 a 6 dias , sendo que uma fêmea produz cerca de 60 ovos (por individuo). Todos os indivíduos são fêmeas, não precisando de machos para se multiplicar, e são rapidamente disseminados pela lavoura, caso não se controle os focos iniciais de infestação. São pequenos insetos (2 a 4mm) marrons, cinzas, esverdeados ou pretos que vivem em colônias, especialmente em brotações novas, nas folhas mais tenras e nos caules Danos: os pulgões causam prejuízos pela sucção da seiva nas folhas mais jovens e brotos tornando-os encarquilhados e expelem um líquido açucarado sobre as folhas. Este líquido propicia o desenvolvimento de um fungo negro, conhecido como fumagina (muito comum em pomares novos) que envolve toda a folha, provocando a perda na qualidade das folhas (hortaliças) mesmo após o controle. Podem transmitir viroses.Os períodos mais favoráveis ao surgimento dos pulgões são a primavera, o verão e o início do outono.

Figura 5. Ataque de pulgões em folha de couve

 Manejo de pulgões e vaquinhas: recomenda-se os preparados à base de plantas tais como pimenta e cebola para o manejo de pulgões e vaquinhas. Para o manejo de pulgões, outros preparados tais como, de cavalinha-do-campo, losna, confrei , samambaia, cinamomo, coentro e cravo-de-defunto também são eficientes (ver como preparar através de matérias já postadas neste blog). No manejo de vaquinhas, na fase adulta, ainda existem as plantas que podem servir como iscas atrativas, tais como abobrinha caserta , tajujá , porongo ou cabaça. O uso de variedades resistentes, como por exemplo, a cultivar de batata-doce Brazlândia roxa, é eficiente no manejo da larva-alfinete (fase larval da vaquinha) que ataca as raízes deste cultivo. Também um bom preparo do solo, associado a uma boa amontoa (chegamento de terra) no cultivo de batata, reduz significativamente os danos causados pelas larvas-alfinete em tubérculos de batata. No manejo de pulgões deve-se evitar o uso exagerado de adubação nitrogenada, utilizar a irrigação como forma de reduzir a infestação e também culturas atrativas aos diversos inimigos naturais (joaninhas, vespinhas e crisopídeo); o sorgo favorece o aumento da população de crisopídeo. Dentre os inimigos naturais dos pulgões, destaca-se a joaninha. Ainda, no manejo de pulgões é muito importante manter a vegetação nativa nas proximidades da lavoura, pois serve de abrigo e alimento aos inúmeros inimigos naturais dos pulgões.

• Lesmas: são moluscos de cor escura (Figura 6) que atacam geralmente à noite. São hermafroditas e expelem um muco, que ao secar, deixa um risco característico. Durante o dia esconde-se embaixo de tocos, palhas e lugares úmidos. Podem ser vetores de parasitóides intestinais em humanos. Danos: além de prejudicar a saúde humana, as lesmas atacam as folhas e as raízes de plantas pequenas e tenras.

Figura 6. Lesmas

 Manejo : proteção dos canteiros colocando cal virgem ou cinzas de madeira ao redor dos canteiros; o uso de armadilhas – uso de sacos de aniagem úmidos ao redor dos canteiros, colocados à tarde, servem como abrigo, podendo ser mortos no dia seguinte com água quente, esmagamento ou com água sanitária. Outra armadilha é o uso de lata de azeite com uma tampa aberta, enterradas com abertura no nível do solo, colocando um pouco de cerveja misturada com sal. Ainda pode ser utilizado o preparado com chuchu – colocar dentro de latas rasas, como as de azeite, pedaços de chuchu cortados ao meio e adicionar sal. Essa mistura é bastante atrativa, possibilitando posteriormente a destruição através do esmagamento ou água quente ou ainda água sanitária.







segunda-feira, 28 de maio de 2018

O Cultivo Orgânico do Feijão Vagem



O feijão-de-vagem (Phaseolus vulgaris) é planta originária do México e da Guatemala. Para alguns, a Ásia tropical também é aceita também como local de origem desta espécie. O que diferencia o feijão-de-vagem dos outros feijões é o grão ser colhido ainda verde e ser consumido juntamente com a vagem. É uma leguminosa da família das fabaceae, assim como o feijão-fradinho, a ervilha, a soja, o feijão-preto e a fava italiana. A exploração comercial consiste no aproveitamento direto das vagens ainda tenras que são consumidas in natura ou industrializadas. O uso mais comum da vagem inteira ou picada, após ligeiro cozimento, é a salada temperada com óleo, sal e vinagre. Mas pode ser usada também em saladas mais elaboradas, juntamente com folhas verdes ou ainda numa salada de maionese, bem como em tortas, sopas, refogados,cozidos e omeletes. As vagens, além de serem fontes de vitaminas A, B1, B2 e C, ainda são ricas em fósforo, potássio e fibras. As vagens são excelentes controladores de acidose e indigestão e ainda agem sobre a glicemia, combatendo o diabetes. Por adaptar-se a clima seco e quente, preferindo temperaturas entre 15 e 30ºC, os preços mais elevados do produto ocorrem, normalmente, de junho a setembro.

 Escolha correta da área e análise do solo
Recomendam-se áreas não cultivadas com espécies da mesma família botânica nos últimos anos. Preferencialmente, devem-se utilizar solos leves e profundos, com mais de 3,5% de matéria orgânica e com boa drenagem. A análise do solo deve ser feita com antecedência para conhecimento da fertilidade do solo. Com base nessa análise, o técnico do município poderá fazer a recomendação adequada da acidez do solo e adubação orgânica. 

Época de semeadura e cultivares
   A temperatura média ideal para o crescimento e polinização é de 18 a 30ºC e 15 a 25ºC, respectivamente. Em temperaturas abaixo de 15ºC as vagens ficam em forma de gancho. Temperaturas acima de 30ºC durante a floração levam ao aborto de flores, enquanto temperaturas entre 8 e 10ºC paralisam o crescimento. A planta não resiste a temperaturas abaixo de 0ºC. Os ventos durante o florescimento podem prejudicar a polinização ou causar a queda de flores por desidratação. Litoral Catarinense: Nas áreas livres de geadas, os períodos mais favoráveis vão de fevereiro até abril e de agosto até outubro. Em cultivo protegido, pode-se cultivar durante o inverno. Planalto Catarinense: De setembro até fevereiro. Cultivares indicadas: Tipo macarrão (vagem cilíndrica) – Estrela, Favorito, Campeão, Preferido e Predileto; tipo manteiga (vagem chata) – Maravilha e Teresópolis. Obs.: Todas as cultivares citadas são de crescimento indeterminado (exigem tutor) e tolerantes às doenças da ferrugem e antracnose, com exceção da Favorito, que é tolerante à ferrugem e ao oídio. Já existem no mercado as cultivares rasteiras de crescimento determinado que são mais precoces, podendo ser colhidas aos 55 a 60 dias após a semeadura. 

Adubação orgânica
   Deve ser conforme recomendação, baseada na análise do solo e nos teores de nutrientes do adubo orgânico. Seguindo-se a recomendação e quando for utilizado o sistema de sucessão de culturas tomate/vagem, transplantado e semeado em julho/agosto e final de janeiro, respectivamente, aproveitando o mesmo tutor e o adubo residual do tomate, pode-se dispensar a adubação de plantio no feijão-de-vagem por ocasião da semeadura. 

Semeadura e espaçamento
   O cultivo do feijão-de-vagem é realizado por semeadura direta em sulcos ou covas, feita manualmente ou com semeadora de tração mecânica ou manual. Espaçamento: 1,20 a 1,50m entre linhas por 40 a 50cm entre plantas. 

 Irrigação
   Recomenda-se, a céu aberto e no cultivo protegido, o uso da irrigação por gotejamento. Fazer o controle da irrigação para não encharcar o solo e propiciar a entrada de doenças de solo. Deve-se realizar a irrigação somente pela manhã, principalmente no outono. 

Adubação de cobertura e manejo de plantas espontâneas
    A adubação de cobertura, quando necessária, deve ser feita com base na análise do solo e nos teores de nutrientes do adubo orgânico, aos 20 e 40 dias após a germinação. A fase crítica da competição das plantas espontâneas com a cultura do feijão-de-vagem ocorre da germinação até os 40 dias. Nesse período,quando necessário, deve-se capinar na linha de plantio, mantendo-se uma cobertura de plantas espontâneas ou plantas de cobertura nas entrelinhas. 

 Desbaste
   O desbaste é uma tarefa manual que consiste em retirar o excesso de plantas na fila de plantio. Realiza-se o desbaste aos 20 dias após a semeadura, deixando duas plantas por cova. 

Tutoramento
   O tutoramento se faz necessário para evitar doenças, ordenar o crescimento das plantas e facilitar a colheita. Pode-se tutorar o feijão-devagem com varas, bambu, ráfia e tela agrícola. Para permitir maior ventilação entre as plantas, uma boa alternativa é o tutoramento vertical. Recomenda-se, sempre que possível, utilizar o sistema de sucessão de culturas tomate/vagem para aproveitamento do tutor. 

Manejo de doenças e pragas
   As principais doenças que ocorrem no feijão-de-vagem são: antracnose, ferrugem, mancha angular, oídio e vírus-do-mosaico-comum (BCMV). 

 • Antracnose (Colletotrichum lindemuthianum) Este fungo causa uma das doenças mais destrutivas do feijão-de-vagem.Causa danos nos caules, pecíolos e nas vagens. Manejo: Usar cultivares tolerantes ou resistentes. Evitar plantio em locais úmidos e mal ventilados. Utilizar espaçamentos maiores entre plantas e filas. Fazer rotação de culturas. Suspender a irrigação caso seja por aspersão. Pulverizar com calda bordalesa a 0,5%.

 • Ferrugem (Uromyces appendiculatus) Esta doença é causada por um fungo que pode atacar as hastes,mas predomina nas folhas. Manejo: Usar cultivares resistentes ou tolerantes. Fazer rotação de culturas. Evitar épocas quentes e chuvosas. Destruir os restos culturais através de compostagem. Pulverizar com calda bordalesa a 0,5%.

 • Mancha angular (Phaeoisariopsis griseola) Esta doença fúngica se manifesta no caule, nas folhas e vagens, provocando, inicialmente, manchas circulares de cor castanha. Posteriormente, essas manchas adquirem coloração marrom-acinzentada e formato angular, sendo limitadas pelas nervuras das folhas. Manejo: Usar sementes sadias. Destruir os restos de culturas através de compostagem. Fazer rotação de culturas. Pulverizar com calda bordalesa a 0,5%.

 • Oídio (Erysiphe polygoni). Esta doença fúngica ocorre sob condições de temperatura amena e baixa umidade, comuns em plantios tardios e no cultivo protegido. Os sintomas nas folhas são pequenas manchas ligeiramente mais escuras na face de cima da folha, que em seguida ficam cobertas por um mofo branco (Figura 1). Nessas condições as folhas podem morrer prematuramente. A doença pode atacar ramos e vagens, tornando estas malformadas e menores. Manejo: Fazer rotação de culturas. Utilizar a cultivar Favorito que é resistente ou tolerante à doença. Pulverizar com leite cru (10 a 15%).



 Figura 1. O fungo oídio que tem como principal sintoma a formação de um pó branco sobre as folhas, ataca o feijão-vagem (foto à direita) e as demais espécies da família das cucurbitáceas (melão, melancia, pepino, abóbora, abobrinha e moranga); o leite cru e fresco à 10-15 % (1 a 1,5 L para 100 L de água), pulverizado nas plantas atacadas é eficiente no manejo desta doença, mesmo no início da infecção.

• Vírus-do-mosaico-comum (BCMV) Os sintomas produzidos por esta virose podem ser: mosaico, seca das folhas (necrose) e manchas locais. As vagens podem apresentar manchas verde-escuras. O vírus-do-mosaico-comum pode ser transmitido mecanicamente por afídios (pulgões) e através das sementes. Manejo: Usar semente certificada. Usar cultivares resistentes como a cultivar Predileto. Fazer adubação equilibrada. Controlar os pulgões. Evitar plantio próximo de campos mais velhos. Destruir os restos de culturas através de compostagem. Cuidar para não machucar as plantas durante os tratos culturais. Destruir plantas doentes através de compostagem.

 As principais pragas que atacam a cultura são: pulgões, vaquinhas, lagarta rosca, ácaro rajado e mosca minadora.

• Os pulgões, insetos sugadores de seiva das plantas, paralisam o crescimento da planta e podem transmitir doenças viróticas.

• As vaquinhas (Diabrotica speciosa) atacam as plantas na fase de adultos e de larvas, causando danos especialmente no início de desenvolvimento da cultura. Os adultos são besouros de cor verde e amarelo que provocam o desfolhamento das plantas (Figura 2). As larvas alimentam-se de raízes e nódulos deixando marcas e furos no local do ataque.


Figura 2. Danos causado pela vaquinha na folha de feijão-vagem – fase adulta
Manejo de pulgões e vaquinhas: recomenda-se os preparados à base de plantas tais como pimenta, alho, cebola, losna, confrei e outros (ver como preparar através de matérias já postadas neste blog). Diversas outras medidas também são recomendadas para o manejo destas pragas (ver matéria postada neste blog sobre "Manejo ecológico de insetos pragas – parte III).

 • A lagarta rosca (Agrotis spp) é de coloração cinza-escuro de hábitos noturnos. Durante o dia ficam enroladas e abrigadas no solo. As lagartas cortam as plantas rente ao solo e em altas infestações as raízes são danificadas também. Manejo: aração e gradagem dos restos culturais; rotação de cultura; catação manual da lagarta enterrada nas proximidades da planta atacada; pulverização com preparado à base de pimenta.

 • O ácaro rajado (Tetranychus urticae) geralmente ataca sob condições de alta temperatura e baixa umidade relativa do ar. Os sintomas mais evidentes nas folhas do feijoeiro são enrolamento, bronzeamento da parte de baixo das folhas, formação de uma "teia de aranha" sob a folha e manchas amarela na parte de cima da folha. Manejo: pulverize a lavoura com produtos à base de enxofre; pulverização com preparados à base de plantas tais como (ver como prepará-los em matérias já postadas neste blog); pulverização com calda sulfocálcica a 3% (cultura já desenvolvida).

 • A mosca ou larva minadora (Liriomyza huidobrensis) são pequenas moscas com aproximadamente 2 mm de comprimento, escuros e raramente percebidos na lavoura. Os ovos são introduzidos no interior das folhas e a larva de cor amarela à marrom, mede cerca de 1-2mm. A larva faz galerias (minas) nas folhas (Figura 3), entre a epiderme superior e inferior da folha, alimentando-se do tecido parenquemático, provocando secamento. Infestações elevadas podem comprometer a produção. Manejo: evitar áreas sombreadas; pulverizar a cultura atacada com calda sulfocálcica a 1%, quando necessário.


 Figura 3. Danos na folha de feijão-vagem, causado pela larva minadora

Colheita
A cultura do feijão-de-vagem, normalmente, atinge seu ponto de colheita com 50 a 60 dias e entre 70 e 80 dias após o plantio, para as cultivares de crescimento determinado (rasteiras) e de crescimento indeterminado (tutoradas), respectivamente. O ponto de colheita ocorre cerca de 15 dias após o florescimento, estando a vagem com 20cm de comprimento, tenras e quebradiças. Deve-se evitar realizar a colheita nas horas mais quentes do dia para que não ocorra a murcha prematura. As vagens são colhidas manualmente e acondicionadas em caixas plásticas de colheita. Nesse momento, devemos ter o cuidado para não danificar as plantas ou machucar as vagens.

Classificação e embalagem
As caixas são levadas para um local onde é feita a classificação e a embalagem do produto. Esse local deve ser à sombra e ventilado. O feijão-de-vagem é comercializado nas Ceasas do País em caixa do tipo "k" com 15kg e nos sacos de ráfia com 10kg. Mais recentemente, embala-se o produto em bandejas de plástico ou de isopor com 500g a 1 kg.







segunda-feira, 21 de maio de 2018

Batata (Solanum tuberosum) As plantas curam



Solanum tuberosum

Essa planta anual de raízes finas e caule em rizomas é um dos alimentos mais consumidos no mundo, é rico em carboidratos.

Descrição : A batata-inglesa ou batatinha, da família das Solanáceas, , também conhecida como batata-inglesa, batatinha-inglesa, batata, dá-se o nome de batata ao tubérculo protegido por tecido dermal, de diversas plantas, e é geralmente comestível. Mas a batata desta classificação de Lineu pertence à família das Solanáceas, e é a batata comum produzida por uma erva de porte pequeno, folhas lobadas e flores esbranquiçadas.

Variedades: doce, inglesa, Bintje, Eigenheimer, Kansuragis, Mar del Plata, Celidônio e Green Mountain.

Origem : É oriunda dos Andes sul-americanos, preferindo os climas temperados e os solos de origem granítica, conhecida desde a época dos incas, onde é chamada de papa na língua quiexua.

Habitat : A cultura da batata tem sido realizada principalmente nos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, nos andes são produzidas mais de 200 variedades de batata.

História : Em 1570 a batata foi levada para a Europa pelos espanhóis, antes da Segunda Guerra Mundial, a maior percentagem das sementes era importada, sobretudo dos campos especializados da Holanda.

Benefícios Medicinais da Batata : Ciática, coqueluche, dor espasmódica, edema inflamatório, eritema solar, espasmo gastrintestinal, ferida, gota, hematoma, inflamação, leucorreia, lumbago, luxação, picada de inseto, queimadura, reumatismo gotoso, tosse, úlcera (estômago, duodeno), vias urinárias.

Indicações : Na medicina empregam-se as folhas e flores em decocção no tratamento do reumatismo gotoso e nas dores espasmódicas.

O cataplasma feita com batata é útil para curar queimaduras. Tem igualmente propriedades antiescorbúticas e aumenta a secreção láctea. Mure preparou com a batata em decomposição um medicamento que denominou Solanwn-tuberosum-aegrotans, indicado nos seguintes casos, irritabilidade nervosa, angina, afecções urinárias, reumatismo muscular, segundo ensina Meira Penna.

Propriedades químicas: rica em amido, armazena aminoplastos, rica em ferro e zinco.



Sumo da batata-inglesa

Planta medicinal: Batata-inglesa (Solanum tuberosum) Material utilizado: Os tubérculos da batata-inglesa.

Modo de preparar o sumo da batata-inglesa:

Ralar uma batata-inglesa crua.

Espremer em um pano fino para formar um sumo. Quando e como usar o sumo da batata-inglesa: Indicações: Acidez no estômago.

Modo de usar: Tomar inicialmente nos primeiros dias uma xícara das de café do sumo e aumentar aos poucos até chegar a uma xícara das de chá de sumo. O tratamento é de duas semanas. Contraindicações: Não consta da literatura consultada. Porém, não se deve ultrapassar a dosagem.






segunda-feira, 14 de maio de 2018

Cultivo Orgânico de Aboboras, pepino e Melancia



Influência de fatores climáticos
   A temperatura é o fator mais importante para as cucurbitáceas, pois são plantas de clima quente, não suportam o frio. Abaixo de 12ºC, o crescimento da planta paralisa. Não toleram geadas. As temperaturas mais adequadas para as cucurbitáceas estão entre 18 a 25ºC. A produtividade depende da eficiência da polinização pelas abelhas, que tem a maior atividade entre 28 a 30ºC e no período da manhã. Temperaturas mais elevadas proporcionam maior número de flores masculinas; por outro lado, temperaturas mais amenas e, com período curto de luz, estimulam maior número de flores femininas que darão origem aos frutos. No início do ciclo, são exigentes em água, porque as raízes são ainda superficiais e o armazenamento na superfície é praticamente nulo. A deficiência de umidade, associada às temperaturas elevadas no solo ou no ar, provoca um déficit hídrico na planta e consequente descoloração das folhas e secamento das plantas.

Escolha da área e análise do solo
  As cucurbitáceas preferem solos profundos, bem estruturados e drenados, que tenham topografia plana à levemente ondulada. O solo ideal é o areno-argiloso, fértil, rico em matéria orgânica. A exposição norte é a preferida, pois favorece os aspectos de crescimento vegetativo e desfavorece as doenças. Para boa polinização e maior pegamento de frutos deve-se escolher área protegidas dos ventos dominantes. Evitar o plantio em áreas onde, nos dois últimos anos, foram cultivadas outras cucurbitáceas e solanáceas. A análise do solo deve ser feita com antecedência para a recomendação adequada da correção da acidez e da adubação orgânica.

Épocas de plantio e cultivares
   Por não tolerarem o frio, as cucurbitáceas, em geral, podem serem semeadas ou transplantadas no litoral, a partir de setembro e, no máximo, até o final de janeiro. A partir de fevereiro, as espécies de ciclo mais longo como as abóboras, correm o risco de sofrerem com o frio, especialmente, se o frio chegar já no outono no litoral. Existem inúmeras cultivares de abóboras, abobrinhas, morangas, pepino e melancia disponíveis no mercado. Para estas cultivares e especialmente aquelas que o produtor vem melhorando a cada ano, recomenda-se que se retire as sementes das melhores plantas para multiplicação. No caso das morangas, melancia e pepino já existem também inúmeros híbridos e, neste caso não é possível multiplicar as sementes. No caso da moranga (Tetsukabuto), também denominada de kabotiá e, especialmente do pepino, recomenda-se os híbridos, pois são mais produtivos e mais resistentes às doenças e condições climáticas desfavoráveis. Para a melancia, embora os híbridos também sejam produtivos, recomenda-se a cultivar Crimsom Swet pelo custo mais barato das sementes e com produtividade semelhante, conforme resultados de pesquisa obtidos pela Epagri/Estação Experimental de Urussanga, na propriedade de agricultor em Içara,SC.

Produção de mudas
   Ao invés do semeio direto no campo, recomenda-se a produção de mudas em copos de jornal (10 a 12cm de altura), feitos com o auxílio de uma lata de refrigerante ou então com copos plásticos de refrigerantes descartáveis, furados na parte de baixo, utilizando-se substrato de boa qualidade e protegidos em abrigos de plástico. O sistema diminui as falhas no campo, melhora a uniformidade e permite um melhor manejo das pragas, doenças e plantas espontâneas, além de ser mais barato. Semeia-se 3 sementes por copo, realizando-se o desbaste quando as plantas tiverem uma folha definitiva, deixando-se 2 mudas por copinho. As mudas são transplantadas quando não houver risco de geadas e, tiverem 2 folhas e, no máximo, no início de surgimento da 3ª folha verdadeira.

Preparo do solo e adubação orgânica
Sistema de covas em plantio direto ou cultivo mínimo, sem preparo do solo: apresenta a vantagem de melhor proteção do solo e dos frutos, favorecer a retenção de água, menor incidência de plantas espontâneas e menor custo da lavoura. No outono semeia-se o adubo verde, que pode ser ervilhaca, aveia preta ou uma mistura de ambas ou ainda o consórcio destas espécies, incluindo ainda o nabo forrageiro. Após a floração da cobertura verde, no período de formação dos grãos, faz-se seu acamamento com rolo-faca ou roçadeira. Caso não tenha sido possível a semeadura dos adubos verdes no outono, pode-se também aproveitar as plantas espontâneas como cobertura do solo, roçando-as quando necessário até o momento das mudas transplantadas começarem a desenvolver-se rapidamente e a emitir os ramos e gavinhas.
Sistema em faixas, com preparo do solo: deve ser feita uma aração profunda. Os torrões entre as faixas facilitam a fixação dos ramos pelas garras (gavinhas) evitando o dano pelo vento. Após a aração preparar apenas a faixa de plantio, cerca de 60 cm de largura espaçados de 3 em 3 m. Abre-se a cova ou sulco e coloca-se o adubo orgânico, incorporando-o ao solo.
Adubação e plantio: deve ser aplicada a adubação orgânica, preferencialmente o composto orgânico ou esterco de aves ou de gado, curtidos. O adubo orgânico, especialmente se for esterco de animais, deve ser uniformemente incorporado ao solo, de preferência 10 a 15 dias antes do plantio das mudas.

Espaçamento e manejo de plantas espontâneas
Abóboras e morangas - 4,0 x 4,0 m (mais vigorosas) e 3,0 x 3,0 (menos vigorosas); abobrinhas – 1,0 x 0,5m; pepino para conserva e salada – 1,0 x 0,5 ; melancia – 2,5 a 3,0m entre linhas x 2,0 a 3,0 m entre plantas. O manejo de plantas espontâneas deve ser feito antes do desenvolvimento das ramas nas entrelinhas, através de roçadas (cultivo mínimo ou direto) ou grade no caso do terreno lavrado.

Irrigação e adubação de cobertura
A irrigação, quando necessária, pode ser por aspersão ou preferencialmente localizada. Se necessário (caso as plantas estiverem pouco viçosas), deve ser realizada a adubação de cobertura, 20 dias após o transplante e/ou no início da frutificação, com base na análise do solo.

Principais pragas e doenças
    Dentre as pragas destacam-se a broca dos frutos (Figuras 1 e 2) e os pulgões. A broca perfura o fruto próximo ao botão floral, causando o apodrecimento. Para o manejo da broca recomenda-se utilizar iscas atrativas, como por exemplo, a abobrinha italiana - caserta (Figura 3) que também atrai a vaquinha (Diabrotica speciosa), especialmente, no início do desenvolvimento das plantas e, pulverizações semanais com dipel (broca), a partir do início da frutificação. No caso do uso de isca atrativa utilizando abobrinha, recomenda-se a destruição das plantas através da compostagem, quando estiverem muito atacadas pela broca. Os pulgões formam colônias na parte de baixo das folhas sugando a seiva e transmitindo viroses. Manejo: recomenda-se os preparados à base de plantas tais como pimenta, alho, cebola, losna, confrei e outros (ver como preparar através de matérias já postadas neste blog). Dentre as doenças destaca-se o oídio (Figura 4) que é um fungo que desenvolve-se nas folhas, hastes e frutos, apresentando uma formação semelhantes ao "pó de giz", espalhando-se por toda a superfície da folha. A doença é favorecida por temperaturas, entre 15 e 18ºC e, umidade relativa do ar, entre 20 e 100%. Manejo: no cultivo orgânico recomenda-se pulverizações, preferencialmente, com leite de vaca cru na concentração de 10 a 15%, mesmo após o início da infecção no campo ou produtos à base de enxofre (Kolossus ou Thiovit SC), vendidos pelas agropecuárias. Para as demais doenças foliares (míldio, mancha zonada e antracnose) recomenda-se pulverizações preventivas com calda bordalesa (0,3 % no início do desenvolvimento das plantas e 0,4 à 0,5%, após o florescimento), no intervalo de 7 à 15 dias. Obs.: em função da maior atividade das abelhas na polinização pela manhã, recomenda-se pulverizar, se necessário, mesmo com produtos alternativos, sempre à tarde.

Figura 1. Broca da cucurbitáceas: fase de larva

Figura 2. Danos da broca das cucurbitáceas em pepino

Figura 3. A abobrinha italiana (caserta) é uma boa isca atrativa da broca das cucurbitáceas e da vaquinha.


Figura 4. O fungo oídio que tem como principal sintoma a formação de um pó branco sobre as folhas, ataca o feijão-vagem (foto à direita) e as demais espécies da família das cucurbitáceas (melão, melancia, pepino, abóbora, abobrinha e moranga); o leite cru e fresco à 10-15 % (1 a 1,5 L para 100 L de água), pulverizado nas plantas atacadas é eficiente no manejo desta doença, mesmo no início da infecção.