google.com, pub-8049697581559549, DIRECT, f08c47fec0942fa0 VIDA NATURAL: Agricultura Orgânica x Convencional parte 3 (Adubação)

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segunda-feira, 27 de agosto de 2018

Agricultura Orgânica x Convencional parte 3 (Adubação)



  A utilização intensiva de corretivos e adubos químicos solúveis, associado ao uso exagerado da mecanização, de agrotóxicos, ao monocultivo e à erosão, conduziram a grande maioria dos solos a um processo de degradação (formação de uma camada superficial compactada, redução da matéria orgânica e da atividade biológica do solo), aumentando os problemas nutricionais das plantas. O manejo inadequado do solo torna as lavouras cada vez mais exigentes em insumos e, em geral menos produtivas e, o que é pior, com alto custo de produção, pois a maioria dos agroquímicos são caros e importados. Além disso, para piorar, a agricultura convencional ou dita "moderna" ao retirar do solo vários nutrientes, devolve na forma de adubos químicos, apenas NPK (nitrogênio, fósforo e potássio). Outros macronutrientes, bem como os micronutrientes, exigidos em quantidades reduzidas, mas também essenciais para o equilíbrio do solo e das plantas, não são repostos pela agricultura convencional. Além disso, os adubos químicos, altamente solúveis, bem como os agrotóxicos, associados ao revolvimento exagerado do solo em áreas inclinadas, acabam contaminando os rios devido a erosão. Mas os problemas do cultivo convencional não param por aí! Os adubos químicos acidificam o solo, tornando a prática da calagem necessária, no mínimo a cada 5 anos, aumentando ainda mais o custo de produção dos alimentos.

Um dos motivos pelos quais os adubos químicos podem poluir o meio ambiente, é porque alguns deles são hidrossolúveis, isto é, dissolvem-se na água, fato que acarreta três conseqüências:

uma parte é rapidamente absorvida pelas raízes das plantas causando expansão celular (as membranas celulares ficam mais finas), fazendo com que aumente muito seu teor de água. Conseqüentemente as plantas ficam mais suscetíveis a pragas e doenças, além de menos saborosas e com seu teor nutritivo empobrecido; outra parte (muitas vezes a maior parte) é lixiviada, ou seja, é lavada pelas águas das chuvas e regas, indo poluir rios, lagos e lençóis freáticos, causando juntamente com os despejos de esgotos, a eutrofização dos corpos aquáticos - que é a morte de um rio ou lago por asfixia, pois os excessivos nutrientes além de estimularem um crescimento excessivo das algas, roubam para se degradarem, o oxigênio da água.

Há ainda uma terceira parte que se evapora, como no caso dos adubos nitrogenados (como a uréia e o sulfato de amônio) que sob a forma de óxido nitroso pode destruir a camada de ozônio da atmosfera.

    Vários tipos de fertilizantes químicos, geralmente os mais usados, são violentos acidificadores do solo, além de serem biocidas (destruidores da microvida do solo). A utilização dos adubos químicos, dos defensivos agrícolas e das sementes híbridas forma um círculo vicioso, interessante apenas para as multinacionais da agroindústria. As sementes ditas melhoradas necessitam mais adubação para se desenvolverem. A utilização do adubo torna as plantas mais fracas e mais suscetíveis ao ataque de pragas e doenças. E se tem que utilizar cada vez mais adubos e

defensivos para manter o nível desejável de produção.  O uso de adubos químicos faz com que os aminoácidos (proteínas) se apresentem em forma livre, ao contrário da adubação orgânica onde os aminoácidos formam cadeias complexas, não estando disponível às pragas.

Os adubos químicos tornam as plantas cultivadas mais sensíveis às pragas e doenças!
    As hortaliças estão sujeitas a uma série de micróbios e insetos que causam danos às plantas. Os micróbios (bactérias, fungos, nematóides e vírus), quando encontram condições favoráveis, tornam-se muito ativos e as plantas, quando em condições desvantajosas, ficam sujeitas a eles. O olericultor deve procurar proporcionar condições que favoreçam as plantas, buscando, ao mesmo tempo, desfavorecer as doenças e as pragas.
Uma das teorias mais aceitas para explicar, em parte, o ataque de pragas e doenças é a Teoria da Trofobiose desenvolvida por Francis Chauboussou (Chaboussou, 1987). A teoria baseia-se na quantidade dos tipos de substâncias presentes nos órgãos das plantas. Caso estejam presentes mais substâncias simples (aminoácidos), que são mais desejadas pelas pragas, ocorre maior ataque. Por outro lado, se existirem substâncias mais complexas (proteínas), as pragas causarão menos danos. Os adubos químicos solúveis, especialmente os nitrogenados como a uréia, e os agrotóxicos através do estímulo a um processo chamado proteólise, promovem a formação de substância orgânicas simples na seiva das plantas, tornando-as mais vulneráveis e atrativas às pragas e doenças. É importante destacar que além das adubações com nutrientes altamente solúveis, outros fatores relacionados estão relacionados com o tipo de substância predominante na seiva das plantas: clima, estádio de desenvolvimento da planta, aplicações de agrotóxicos e estimuladores de crescimento. A deficiência ou excesso de um nutriente influencia significativamente a atividade dos outros elementos e o metabolismo da planta. Adubações desequilibradas deixam as plantas mais susceptíveis às pragas e doenças. Excesso de N ou carência de K e Ca diminuem a resistência da parede celular, facilitando a penetração dos microrganismos e o ataque de pragas. Por isso, antes de nos preocuparmos em curar as plantas através de pulverizações com produtos químicos ou alternativos, devemos nos preocupar com a saúde do solo. A resistência das plantas às pragas e doenças é favorecida por uma nutrição equilibrada que promova a formação de substâncias complexas na seiva das plantas (proteossíntese). Os insetos, principalmente os sugadores, os fungos, as bactérias, os vírus e outros, causadores de danos aos cultivos, possuem baixa capacidade para utilizarem substâncias complexas no seu metabolismo, necessitando absorver substâncias mais simples para seu crescimento e reprodução.
     O manejo agroecológico do solo visa buscar o equilíbrio do solo. Quanto maior o número de práticas adotadas tais como adubação orgânica e verde, cultivo de plantas de cobertura do solo, manejo de restos culturais e plantas espontâneas, rotação e consorciação de culturas, entre outras, menor será o tempo para que o solo entre em equilíbrio. Com estas práticas aumenta-se a matéria orgânica do solo, melhorando a vida no solo e, em conseqüência, as plantas cultivadas apresentam maior resistência à secas, pragas e doenças, além de maior competição com as plantas espontâneas e, além disso, melhora o valor nutricional, o sabor e a conservação dos alimentos.

Além de contaminar o meio ambiente, os adubos químicos prejudicam a saúde das pessoas!
   O uso de adubos nitrogenados (ex.:uréia), provoca o acúmulo de nitratos e nitritos nos tecidos das plantas. O nitrato ingerido passa a corrente sanguínea e reduz-se a nitritos que, combinado com aminas, forma as nitrosaminas, substâncias cancerígenas. O uso exagerado de adubos nitrogenados (uréia e outros) pode causar a metaemoglobinemia em crianças; doença resultante da ingestão de nitritos que reagem com a hemoglobina, reduzindo a sua capacidade de carregar oxigênio.

   O aumento rápido do teor de nitrato nas plantas é a conseqüência mais conhecida do crescente aporte de adubos químicos nitrogenados, utilizados na agricultura convencional, para aumentar rapidamente a produtividade de hortaliças de folhas como a alface, couve, agrião, chicória etc. Porém, o uso excessivo deste fertilizante associado à irrigação freqüente, faz com que ocorra acúmulo de nitrato (NO3-) e nitrito (NO2-) nos tecidos de plantas. Resultados de pesquisa do teor de nitrato em alface revelaram que no cultivo orgânico, cultivo convencional e cultivo hidropônico são acumulados 565,4; 2782,1 e 3.093,4 mg/kg, respectivamente. Segundo a FAO - Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação, o índice máximo de ingestão diária admissível de nitratos é de 5 mg/kg de peso vivo e 0,2 mg/kg para nitritos. Ou seja: uma pessoa de 70 kg comendo entre 4 e 9 folhas de alface hidropônica, por 1 dia, já estará atingindo a dose máxima de nitratos permitida. Já no sistema orgânico esta mesma pessoa poderia comer mais de 50 folhas.

As desvantagens no uso dos adubos químicos não param por aí! encarecem os cultivos (de junho/2007 a maio/2008 o reajuste foi de 120%) e tornam o solo ácido; os produtores ficam dependentes dos insumos que são, na maioria, importados e caros; ao serem rapidamente absorvidos pelas raízes das plantas, aumentam muito o teor de água e, as plantas ficam mais susceptíveis às pragas e doenças e, os alimentos produzidos, menos nutritivos (aguados).
Trabalho de pesquisa conduzido na Estação Experimental de Urussanga, SC, revelou a importância da adubação orgânica no aumento do teor de matéria seca nos tubérculos de batata. Alto teor de matéria seca é um dos pré-requisitos para produção de batata-palha, "chips" e batata palito de boa qualidade. Conforme mostra a Figura 1, quando aplicou-se somente adubo orgânico à base de turfa, obteve-se o maior teor de matéria seca nos tubérculos (23,5%); por outro lado, quando utilizou-se somente adubo químico, alcançou-se o menor teor de matéria seca (21,5%). 


  Figura 1. Efeitos da adubação química e orgânica sobre o teor de matéria seca nos tubérculos da cultivar de batata Catucha.
Resultados de pesquisa que comparou o valor nutritivo de hortaliças cultivadas com esterco de animais compostado e com adubação química, revelou a superioridade do cultivo orgânico em percentagens que variaram de 10 até 77% (Tabela 1).

Tabela 1. Hortaliças cultivadas com esterco animal compostado (adubo orgânico) são mais nutritivas quando comparadas às cultivadas com adubos químicos.

    Trabalho de pesquisa realizado na Polônia que avaliou a qualidade nutritiva e sensorial de cenouras e repolhos de plantações orgânicas e convencionais, revelou que nos dois vegetais estudados, a colheita orgânica tinha melhor sabor e melhor qualidade no toque. As principais diferenças de qualidade eram que os orgânicos tem um nível de nitrato muito menor e um sabor e um perfume muito maior. Alem disso repolho orgânico contem mais vitamina C, mais Potássio e menos Cálcio do que o repolho convencional , enquanto que a cenoura orgânica contem menos nitritos do que na colheita convencional. Paladar e perfume foram muito melhores em cenouras orgânicas e em repolho do que nos vegetais convencionais, sendo as diferenças significantes. Os autores ainda concluíram que os vegetais orgânicos foram melhores do que convencionais de acordo com as exigências alimentares para crianças e deveriam ser recomendados para a alimentação de bebês.




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