google.com, pub-8049697581559549, DIRECT, f08c47fec0942fa0 VIDA NATURAL: AGRICULTURA ORGÂNICA

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quinta-feira, 3 de setembro de 2020

Cultivo Orgânico da Berinjela


Berinjela

     A berinjela (Solanum melongena L.) é uma planta perene, porém cultivada como cultura anual;  apresenta alto vigor, podendo atingir 150-180 cm de altura (Figura 4). O sistema radicular é vigoroso e profundo atingindo profundidades superiores a 100 cm, embora a maioria das raízes se concentre mais superficialmente. É uma planta originária de regiões de clima tropical e subtropical, sendo uma das hortaliças mais exigentes em calor, como também em luminosidade. A berinjela (Solanum melogena), assim como o pimentão, o tomate, a batata e o jiló, pertence à família das solanáceas. Possui caule semilenhoso, folhas grandes, flores roxas, frutos ovais, alongados (Figura 4 e 5) e de toque macio - 50% do volume da berinjela é ar.  Sua origem é das zonas tropicais da China e da Índia. Até o continente europeu, a trajetória da berinjela foi conduzida pelos árabes. Em terras brasileiras, chegou no século 16, trazida pelos colonizadores portugueses. O seu cultivo predomina no Sul e Sudeste do Brasil.

Figura 4. Plantas e frutos de berinjela

Uso culinário, propriedades nutricionais e terapêuticas: a berinjela pode ser recheada e cozida, grelhada, assada, ensopada e ainda frita à milanesa. No entanto, devido à textura esponjosa, a berinjela quando frita,  absorve muita gordura, cerca de 4 vezes mais do que a de uma batata frita. Embora seja pouco nutritiva, é uma hortaliça muito versátil, compondo muitos pratos de diferentes etnias. Apreciada em receitas de diferentes culturas, a berinjela é o principal ingrediente de comidas típicas da cozinha mediterrânea, indiana, francesa e de países do Oriente Médio. Finas fatias sobrepostas de berinjela e de batata recheadas com carne moída dão forma ao moussaka, tradicional prato da culinária grega parecido com lasanha, mas sem o uso de massa de farinha de trigo. Apesar de proporcionar uma sensação de saciedade, a berinjela é pobre em calorias, mas possui boa fonte de sais minerais e vitaminas, além de proteína, cálcio, ferro e fósforo. O suco da berinjela combate o colesterol ruim. A berinjela auxilia no emagrecimento, é diurética e reduz a gordura no fígado. As folhas ajudam a aliviar a dor de queimaduras.

Figura 5. Arte culinária: com um pouco de criatividade, as berinjelas podem se transformarem em pinguins

Cultivo: A berinjela se desenvolve bem em regiões de clima tropical e subtropical, mas sem excesso de chuva. Em épocas de floração, não suporta frio intenso e geadas. Para o cultivo, prefere as temperaturas entre 18 e 25 graus, principalmente na primavera, verão e outono. 

Plantio: nos meses da primavera, verão e outono, mas pode ser plantada o ano todo em locais de clima quente. A semeadura pode ser feita em copinhos plásticos ou de papel (200 a 300 ml). 

Cultivares: As variedades de berinjela mais comercializadas apresentam formato alongado, de 13 a 17 cm de comprimento, cor roxo-escura, quase preta. Mas há também frutos com características diversas, como os finos e alongados de cultivares do tipo japonês plantas em São Paulo. São encontrados nas cores roxa e verde. As arredondadas do tipo italiano têm casca de púrpura ou rosa rajada, polpa adoçicada e poucas sementes. 

Espaçamento: Para cultivares de com plantas pequenas, o espaçamento deve ser feito de 1,2 entre fileiras por 0,8  m entre plantas. Se forem mais vigorosas, deve ser de 1,5 x 1m. As mudas devem ser enterradas na mesma profundidade que se encontrava antes, com seis a sete folhas definitivas. 

Irrigação: Na obtenção das mudas e nos primeiros dias após o transplante, as regas devem ser diária. Posteriormente, devem ser feitas a cada 2 ou 4 dias, de acordo com o clima e tipo de solo. 

Outros tratos culturais :  Manter a cultura no limpo na linha de plantio. Resultados de pesquisa comprovaram que o plantio direto na palhada de adubos verdes como crotalária é eficiente no manejo de plantas espontâneas. O cultivo consorciado de berinjela com crotalária, caupi e feijão-vagem rasteiro (Figura 6)  não diminuem a produtividade, quando comparados ao monocultivo da berinjela.  Estaquear  as  plantas  bem  desenvolvidas  com bambu de 1,5 m de altura. Promover a  desbrota do terço basal das plantas.

Principais pragas: Ácaro vermelho, vaquinha, pulgão, tripes, lagarta-rosca e broca pequena.

Principais doenças: Causadas por fungos: Murcha de Verticillium, seca dos ramos, antracnose, podridão de Esclerotínia, tombamento e podridão do colo e raiz, podridão de Esclerócio, podridão do algodão, murcha de Ascochyta, mancha de Stemphylium, podridão de Fomopsis, mancha de Alternaria e podridão de Botritis

Figura 6. Berinjela consorciada com feijão-vagem arbustivo

Colheita: dependendo da variedade, dura três meses ou mais, a partir dos 90 a 110 dias de semeadura. Recomenda-se cuidado ao manipular os frutos durante a colheita, pois são bastante sensíveis ao amassamento e aos danos provocado por ferramentas e outros objetos. Recomenda-se o uso de uma tesoura de poda ou uma faca com corte afiado para retirar as berinjelas das plantas, pois o pedúnculo é lenhoso e resistente.






sábado, 1 de agosto de 2020

Cultivo do Pimentão Orgânico


Pimentão

     O pimentão (Capsicum annuum), espécie semiperene, pertence à família das solanáceas, a mesma da batata, tomate, jiló, berinjela e das pimentas em geral. Oriundo do continente latino-americano, sobretudo do México e da América Central, o fruto tropical se espalhou pelo mundo após a chegada do colonizador europeu. Daqui, foi levado para África, Europa e Ásia por embarcações portuguesas. Após vários anos de cruzamento, hoje o pimentão híbrido encontrado no mercado nacional tem formato quadrado alongado e casca espessa. O pimentão é uma das hortaliças que colaboram para dar ao prato um visual vibrante, sem deixar de lado seu papel como fonte de vitaminas e nutrientes ao consumidor. Em receitas para o Natal, a hortaliça também cai muito bem por contar com as cores verde e vermelho, tons que simbolizam a celebração do fim de ano (Figura 1).

Figura 1. Hortaliça-fruto: pimentões

Uso culinário, propriedades nutricionais e terapêuticas: a hortaliça pode ser consumida tanto verde quanto madura; o pimentão pode ser servido cru, fatiado como aperitivo, na salada ou em pastas, cozidos no vapor, tostados, recheados ou cozidos. O pimentão é uma excelente fonte de vitamina A e C, além de pequenas quantidade de vitamina B6 e folato e, ainda pobre em calorias; comparando pesos iguais, o pimentão fornece mais vitamina C que as frutas cítricas. Os pimentões de cores fortes possuem alto teor de bioflavonóides, pigmentos vegetais que ajudam a prevenir contra o câncer, de ácidos fenólicos que inibem a formação de nitrosaminas cancerígenas e de esterol vegetal, precursor da vitamina D que parece proteger contra o câncer. Os pimentões, na arte culinária, ainda podem se transformar-se em sapos (Figura 2).

Figura 2. Arte culinária: com criatividade o pimentão pode transformar-se em sapos 

Cultivo: O pimentão é uma hortaliça-fruto típica de clima tropical, exigindo temperaturas noturnas e diurnas mais elevadas que o tomate. O pimentão é uma espécie sensível ao frio durante a germinação e produção de mudas, produzindo melhor sob condições amenas. A temperatura ideal para a germinação se situa em volta de 25°C. A planta tem um desenvolvimento adequado com temperaturas entre 20 e25°C; o desenvolvimento é deficiente quando a temperatura baixa de 15°C e nulo com as temperaturas inferiores a 10°C. A temperatura ideal para floração e frutificação situa-se entre 20 e 25°C, temperaturas superiores a 35°C comprometem a floração e a frutificação provocando o aborto e a queda das flores, sobretudo se o ambiente é seco e pouco luminoso. Temperaturas inferiores a 8-10°C reduzem a qualidade dos frutos, dado que estas favorecem a formação de frutos partenocárpicos, que com poucas ou nenhuma semente, ficam deformados e sem valor comercial. A umidade relativa adequada se situa entre 50 e 70%. A umidade baixa combinada com altas temperaturas pode provocar a queda das flores. A época de plantio depende do clima da região. Em regiões baixas, com altitude menor que 400m e, de inverno ameno, pode ser semeado o ano todo; no entanto, a semeadura de março a maio propicia melhores condições para a cultura e a colheita se dá na época de melhores preços. Nas regiões muito quentes recomenda-se cultivar o pimentão no outono-inverno. Em regiões altas e mais frias, acima de 800 m de altitude, a melhor época de plantio vai de agosto a fevereiro. O cultivo do pimentão em abrigos é uma boa alternativa para obter-se o produto na entressafra. 

Cultivares: as mais cultivadas pertencem a dois grupos: o grupo Cascadura, com formato semicônico, ligeiramente alongado e coloração verde-escura e, o grupo Quadrado, com frutos cilíndricos, com comprimento quase igual ao diâmetro. No cultivo orgânico, os híbridos Magali e Magali R, são os que mais tem se destacado. Produção de mudas: a semeadura deve ser realizada, preferencialmente em copinhos de jornal; Também pode ser reutilizado copinhos plásticos usados para refrigerantes e bandejas de isopor com 72 células (ver matéria “Cultivo orgânico de hortaliças-frutos Parte I” postada em 31/10/2012). É muito importante que as mudas sejam feitas dentro de um abrigo, utilizando-se recipientes com substrato de boa qualidade. As mudas estão prontas para o transplante quando estiverem com 10 a 15 cm de altura e seis a oito folhas definitivas (30 a 45 dias após a semeadura). 

Preparo do solo e adubação: O pimentão prefere solos bem arejados, profundos, com boa drenagem, pois é uma planta sensível à asfixia radicular. Recomenda-se o plantio direto das mudas em sulcos ou covas após limpeza da linha de plantio, preferencialmente sobre adubos verdes semeados no outono ou no verão ou sobre as plantas espontâneas (“mato”), após a roçada. A adubação e correção do solo deve ser feita, com antecedência, com base na análise do solo e do adubo orgânico. 

Espaçamento e plantio: o espaçamento para o plantio é de 1m entre linhas por 40 a 50 cm entre plantas. A muda deve ficar na mesma profundidade que estava no recipiente, pois o plantio profundo favorece a podridão do colo, motivo pelo qual não se recomenda a amontoa para esta cultura. 

Irrigação: Após o transplante, o pimentão deve ser irrigado, preferencialmente no sistema de gotejamento. Caso seja utilizado a irrigação por aspersão, deve-se evitar fazer no final da tarde, pois as folhas poderão passar a noite molhadas, o que favorece a entrada de doenças foliares. Deve-se evitar o excesso de água, especialmente, durante o aparecimento das primeiras folhas, pois provoca a queda das mesmas. O excesso de umidade deixa as folhas com coloração verde clara e algumas plantas morrem pela falta de oxigenação nas raízes. Pode-se identificar a falta de água, quando as folhas do pimentão ficam esbranquiçadas e as folhas das novas brotações ficam menores. 

Cobertura morta ou viva: O pimentão é beneficiado com as coberturas de solo, morta (capim) ou viva. Na cobertura viva (adubos verdes, capins e outros) deve-se tomar cuidado para manter sempre no limpo a linha de plantio (em torno de 20 cm), com roçadas frequentes, para evitar o sombreamento das plantas e, principalmente dificultar a aeração, além de favorecer à umidade excessiva no cultivo. 

Capinas: são feitas manualmente, em faixas, mantendo-se uma faixa de vegetação nativa ou de adubos verdes de cerca de 40 cm nas entrelinhas. Não deve-se fazer amontoa em pimentão pois favorece a doença do colo da planta. 

Tutoramento e amarrio: o tutoramento deve-se fazer quando as plantas atingem cerca de 30 cm de altura. O tutoramento mais utilizado é com estacas de bambu ou taquara, com 1,0 m de comprimento, fincadas lateralmente em cada planta, procedendo-se posteriormente o amarrio da planta. Outro sistema é o uso de cordões de nylon (fetilhos) fixados num fio de arame esticado sobre a linha de plantio à 1,5 m de altura; neste caso não há necessidade de amarrar as plantas, bastando enroscá-las periodicamente no fetilho, à medida que vão crescendo. 

Desbrota: a emissão de brotações secundárias, além das hastes principais da planta (duas a quatro), devem ser eliminadas periodicamente, para evitar esgotamento da planta, em detrimento da frutificação. 

Manejo de doenças e pragas: no cultivo orgânico, normalmente as doenças e pragas não são problemas. No entanto, o manejo incorreto da cultura, nutrição inadequada das plantas e os desequilíbrio ecológico podem favorecer as doenças e pragas. As viroses, a murcha bacteriana, a murcha de fitóftora, o oídio, a antracnose, os ácaros e tripes podem, associados às condições desfavoráveis de clima (quente e úmido), limitar a produtividade e causar prejuízos aos produtores. Dentre as recomendações para minimizar as doenças e pragas, destacam-se:

a) Escolha correta da área, evitando-se terrenos úmidos e onde já foi plantado espécies da mesma família botânica do pimentão (tomate, batata, pimenta, berinjela, jiló e outras plantas hospedeiras), especialmente se ocorreu murchadeira (bacteriose); 
b) Eliminar restos culturais, especialmente se for de espécies da mesma família botânica; 
c) Uso de sementes sadias de origem conhecida de variedades resistentes, especialmente à viroses; 
d) Adubação orgânica equilibrada, conforme análise do solo; 
e) Fazer plantios menos adensados, com o objetivo de facilitar a circulação de ar entre as plantas e evitar o acúmulo de umidade; 
f) Utilizar, preferencialmente a irrigação por gotejamento; 
g) Ocorrendo a antracnose, uma das doenças mais comum, recomenda-se a utilização de calda bordalesa; 
h) Para o manejo de ácaros, recomenda-se a calda sulfocálcica; 
i) Para o manejo de tripes, transmissor de viroses, recomenda-se o extrato de primavera (buganville); 
j) Rotação de culturas, evitando-se as espécies da mesma família botânica. 

Rotação e consorciação de culturas: A rotação de culturas é uma prática altamente recomendável para todas as hortaliças, especialmente para as espécies mais susceptíveis às pragas e doenças (famílias botânica das solanáceas, cucurbitáceas e brássicas). As doenças e pragas, em grande número, são comuns nas espécies pertencentes à mesma família botânica. Outra prática recomendável é a consorciação de culturas, pois possibilita que o agricultor aumente sua renda e que varie a oferta de produtos de qualidade, alcançando maior lucro do que teria em cultivos do tipo “solteiro”. Resultados de pesquisa mostraram que a produtividade do pimentão consorciado com feijão-vagem arbustivo (Figura 3) não difere da obtida em monocultivo e, além disso, não há aumento nos custos de produção. Devido ao ciclo curto do feijão-vagem (em torno de 60 a 70 dias), é possível que sejam feitos dois plantios seguidos dessa leguminosa em uma mesma lavoura de pimentão, pois este é colhido de quatro a cinco meses após seu plantio, o que pode resultar em renda extra e maior eficiência no uso da terra. Arranjos em que o feijão-vagem é semeado nas entrelinhas do pimentão, de forma alternada, são os mais indicados. O feijão-vagem é favorecido pela adubação orgânica do pimentão e contribui para o processo de fixação biológica de nitrogênio, aumentando a disponibilidade desse nutriente, em benefício de todas as plantas da lavoura.

Figura 3. Pimentão consorciado com feijão-vagem arbustivo 

Colheita: O início da colheita se dá em torno de 70 dias após o transplante, podendo se estender por mais dois a três meses, dependendo do estado nutricional das plantas. 








domingo, 3 de maio de 2020

Técnica do Uso de papel em canteiros de mudas de cebola




 Um papel é colocado sobre o canteiro onde serão produzidas as mudas de cebola. Uma solução simples e eficaz contra as ervas daninhas.
     Este é o objetivo do sistema agroecológico de produção de mudas de cebola, implantado há oito anos na Estação Experimental de Ituporanga, da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), em Ituporanga. “O sistema é capaz de reduzir a infestação de ervas daninhas nos canteiros em 95%, reduzindo, consequentemente, a mão de obra para arranque manual das ervas, já que neste sistema não se usa herbicidas químicos”, explica Hernandes Werner, 48 anos, Engenheiro Agrônomo, pesquisador responsável pelo projeto.
     Werner justifica que esta técnica facilita a produção de mudas de cebola agroecológia. “Em pequena escala é possível utilizar uma folha de jornal para substituir o papel”, acrescenta. Conforme o engenheiro, neste sistema também é possível produzir mudas de outras hortaliças ou fazer o plantio definitivo de cenoura.
     Na prática é utilizado um papel kraft pardo, com gramatura de 80g/m², que é colocado sobre o canteiro (Figura 1). Em seguida é feita a aplicação do composto, um tipo de adubo orgânico com cerca de 15 kg/m² que deve ser espalhado uniformemente sobre o papel, formando uma camada de 3 a 4 cm de altura. Só depois é feita a semeadura da cebola, e para isto são utilizados 2,5 g/m² de sementes viáveis  cobertas com uma camada de 1 cm de serragem e irrigadas (conforme foto acima). 

Figura 1. Colocação do papel nos canteiros e posteriormente o composto orgânico


     Em no máximo 80 dias as mudas estão prontas para serem transplantadas (Figuras 2 e 3). Na Estação Experimental em Ituporanga, em 2012 foram feitos 9 canteiros, com 120 metros de comprimento, com 1,2 m de largura. Ainda assim, é preciso pulverizar as mudas algumas vezes com micronutrientes. “Para reforçar e equilibrar a nutrição e a saúde das plantas. Já que nesta fase de canteiros, as doenças atacam plantas muito fracas ou muito viçosas”, ressalta Werner.


Figura 2. Canteiros com mudas prontas para o transplante

Figura 3. Tamanho ideal das mudas para o transplante


     Há 20 anos, a compostagem (Figura 4) é feita na Estação Experimental de Ituporanga. Werner explica que a palha da cebola descartada, assim como os bulbos podres, são boa fonte de nutrientes e por isso também são utilizadas para fazer o composto, que em 90 dias se transforma em adubo orgânico na própria Estação de pesquisa. Atualmente está sendo avaliado o uso de compostos comerciais, produzidos por empresas da região.

Figura 4.  Compostagem: Engenheiro agrônomo Hernandes Werner, responsável pelo projeto


     E até agora, este sistema só apresentou vantagens. “Livre de agrotóxicos, é possível produzir mudas de cebola sadias e vigorosas com baixo custo, reduzindo muito a mão de obra”, finaliza.

    Para os agricultores orgânicos de cebola, esta técnica desenvolvida pela Estação Experimental da Epagri, de Ituporanga,vai trazer uma solução simples e barata para as indesejáveis plantas daninhas.

Produtores de mudas de cebola de Santa Catarina e Rio Grande do Sul já aderiram à técnica, pois a produção de mudas para ter qualidade, geralmente, exige atenção especial quanto ao controle das plantas daninhas, sob pena de comprometer drasticamente o desenvolvimento das mudas. Especialmente para os agricultores orgânicos, isso significa várias intervenções durante o ciclo de desenvolvimento das mudas, com o arranquio manual dos inços. "Além do trabalho demorado e penoso, em geral, os resultados não são muito animadores", explica o pesquisador eng. Agrônomo Hernandes Werner, lembrando que, se o manejo for realizado tarde, a competição com o "mato" prejudica as mudas.

A técnica consiste em, primeiramente, cobrir o canteiro com uma camada de folhas de jornal ou bobina de papel Kraft, com gramatura de 80 gramas por metro quadrado - uma bobina de 20 quilos cobre em torno de 250 metros quadrados de canteiro. Depois de preparar o canteiro, irrigar e cobrir com as folhas de papel, será depositado sobre este papel uma camada de composto de 2 a 4 cm de altura. Faz-se, então, a semeadura da cebola, utilizando-se 2,5 g/m² de sementes, que são cobertas com uma camada de 1 a 2 cm de serragem. As sementes dos inços que estão abaixo do papel não conseguem emergir. E o composto, além de servir de leito e adubação orgânica equilibrada, para as sementes, induz uma melhor sanidade das mudas, e pode ser preparado na propriedade ou adquirido de empresas idôneas. Recomenda-se complementar a técnica, utilizando-se um sistema de irrigação localizada como exemplo o de fita Santeno, mais apropriado para irrigar as frágeis mudinhas da cebola.

"Os produtores perceberam que com a técnica não há necessidade de arranquio manual para controlar as plantas espontâneas e que o resultado são mudas mais sadias e de melhor qualidade, que não sofreram competição com os inços", relatou Werner. Além disso, o sistema diminui o custo do produtor com mão-de-obra e também por não utilizar adubos químicos, herbicidas ou outros agrotóxicos. A técnica também pode ser utilizada para a produção orgânica de mudas de outras hortaliças como, por exemplo, a beterraba ou a cenoura em plantio definitivo.






terça-feira, 14 de abril de 2020

A saúde da terra é a saúde dos Humanos


Proposta da agricultura orgânica é garantir a saúde do corpo e da sociedade como um todo, de forma sustentável e natural.

Hortaliças e frutas orgânicas

     Se somos o que comemos, então a melhor opção é uma alimentação que garanta a saúde do corpo e da sociedade como um todo, de forma sustentável e natural. Essa é a proposta da agricultura orgânica, amplamente divulgada no momento de comprovação que as mudanças do ecossistema interferem diretamente na vida do planeta.

     Alimento orgânico é aquele produzido por meio de sistemas agrícolas ecologicamente equilibrados e estáveis, que visam à sustentabilidade na produção. Porém, não basta ser cultivado sem o uso de produtos químicos e de substâncias sintéticas para um produto ser classificado como orgânico. Além de excluir a utilização de fertilizantes, agrotóxicos, reguladores de crescimento e aditivos de rações animais elaborados sinteticamente, os sistemas agrícolas orgânicos são altamente dependentes da rotação de culturas, esterco de animais, adubos verdes e resíduos orgânicos. Dessa forma, é possível preservar o solo e a qualidade da água e garantir que pragas e fungos não consigam proliferar na plantação. Tal sistema possui uma elevada eficiência quanto à utilização dos recursos naturais, sendo socialmente bem estruturado. Portanto, a produção é resultado de um processo que equilibra o solo e os demais recursos naturais, como a água, os animais e os insetos, sem prejudicar o produtor nem o consumidor final.

A produção: O padrão alimentar dos seres humanos surgiu em função de suas necessidades biológicas e dos recursos disponíveis em cada região do planeta. Esses padrões são o de regionalidade e de sazonalidade e, juntos, é a forma de interligar a alimentação do homem aos ritmos próprios da natureza. A regionalidade ocorre quando um produto é típico em uma região do planeta e não aparece em outro, enquanto a sazonalidade determina qual o período de maturação durante o ano. Com o desenvolvimento da química agrícola, as épocas de produção e alcance de distribuição econômica dos produtos foram estendidas e sua disponibilidade nas prateleiras dos supermercados garantida o ano inteiro. O que a agricultura orgânica faz é justamente voltar ao processo natural de produção, sem o uso de químicas que alterem o desenvolvimento dos produtos. O resultado é uma volta aos padrões alimentares saudáveis e que não agridem o solo, o produtor e o consumidor.

O produto e o produtor: Segundo dados de 2006 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), existem cerca de 90 mil produtores orgânicos no Brasil, majoritariamente de produção familiar, o que inclui pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura. Esses dados aumentam a cada dia, já que a demanda da sociedade por esses produtos é cada vez maior. Para garantir que um produto seja realmente de origem orgânica, foi criado o Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade Orgânica (Sisorg) e o Ministério da Agricultura é o órgão responsável por credenciar e fiscalizar as entidades que verificam se os produtos orgânicos que vão para o mercado estão de acordo com as normas oficiais. A partir de 2011, só poderão ir aos mercados produtos orgânicos que estiverem com o selo do Sisorg. Isso indica que sua produção está sendo acompanhada por uma entidade credenciada pelo Ministério da Agricultura. Todos os agricultores que trabalham na venda direta de produtos orgânicos sem certificação devem possuir a Declaração de cadastro de Produtor Vinculado a Organização de Controle Social (OCS). O cadastro pode ser feito junto à Superintendência Federal de Agricultura da unidade do País onde o produtor está sediado. Com isso, é possível garantir também a rastreabilidade desses produtores para os casos em que surjam dúvidas da sua qualidade orgânica. 

Mitos e Verdades sobre produtos orgânicos: Produto hidropônico é igual ao produto orgânico: São duas culturas diferentes. O hidropônico dispensa o uso de solo. Assim, é necessário que se utilize fertilizantes altamente solúveis para nutrir a planta. Na orgânica, o solo nutre o produto e não utiliza fertilizantes químicos.

Não há grande variedade de alimentos orgânicos: No Brasil, é possível encontrar produtos agropecuários de origem orgânica durante todo o ano. O que não é possível é encontrar alimentos que não estão em sua época de maturação, já que a agricultura orgânica não utiliza produtos químicos para acelerar o processo natural da planta. Por isso, a oferta depende da época de produção e colheita.

Também é possível consumir carne de origem animal orgânica: Sim, a carne orgânica é aquela que vem de animais tratados, desde o nascimento, com rações feitas de matérias-primas livres de agrotóxicos, adubos químicos, antibióticos ou hormônios de crescimento. São obrigatoriamente vacinados, mas nunca recebem tratamento veterinário de origem sintética. Caso fiquem doentes, os animais são tratados com remédios fitoterápicos e homeopáticos.






quarta-feira, 8 de abril de 2020

Cultivo Orgânico do Melão


Melão

Embora conhecido e comercializado como fruta, o melão (Cucumis melo L.) é uma hortaliça-fruto, assim como a melancia e o morango. Assim como a melancia, pertence à família Cucurbitaceae, a mesma do chuchu, abóbora, moranga, melancia e pepino. De folhas grandes e flores amarelas, suas plantas são rasteiras e se desenvolvem bem em locais com insolação, dias longos, ar seco e sem ventos fortes. É uma hortaliça-fruto originária da África e Ásia, cuja introdução no Brasil foi feita por imigrantes europeus, tendo introduzido seu cultivo em meados da década de 60, no Rio Grande do Sul. Foi na Índia que ocorreu sua dispersão, espalhando-se para todas as direções. Hoje encontramos cultivares de melão em diversas regiões do mundo, desde os países mediterrâneos, centro e leste da Ásia, sul e centro da América e também o centro e sul da África. Esta amplitude de regiões de cultivo é conseqüência de uma grande variabilidade genética que tem permitido a adaptação de diferentes tipos de melão em condições agronômicas diversas, de tal maneira que hoje podemos encontrar em todos os mercados do mundo, melão com diferentes cores, formato e aroma. Nas Américas, o melão foi introduzido por intermédio de Cristóvão Colombo e a partir dessa época, passou a ser utilizado pelos índios, sendo rapidamente espalhado por todo o continente.

 Figura 4. Hortaliça-fruto: melão, pertencente ao grupo inodoros (tipo amarelo), o mais cultivado no Brasil

Propriedades nutricionais e terapêuticas: O melão, assim como a melancia, é altamente nutritivo e refrescante. O melão é rico em vitaminas A, B, B2, B5 e C, sais minerais como potássio, sódio e fósforo, apresenta valor energético relativamente baixo (20 a 62 kcal/100g de polpa); é consumido in natura ou na forma de suco e como ingrediente de saladas com frutas ou outras hortaliças. O fruto maduro tem propriedades medicinais, sendo considerado calmante, refrescante, diurético e laxante. Ele é também recomendado para o controle de gota, reumatismo e problemas renais. O melão, assim como a melancia, têm alto teor de biovlafonóides, carotenoides e outros pigmentos vegetais que ajudam a proteger contra o câncer e outras doenças. Embora a polpa de melão não contenha fibras insolúveis, contém pectina, uma fibra solúvel que ajuda manter o nível de colesterol no sangue sob controle.

Cultivo: Desenvolve-se bem em lugares de clima quente e seco, com alta luminosidade. Temperaturas elevadas associadas à alta luminosidade, baixa umidade relativa e umidade do solo adequada, proporcionam as condições climáticas necessárias para a boa produtividade da cultura e para a obtenção de frutos de ótima qualidade (aumenta o conteúdo de açúcares, melhora o aroma, o sabor e a consistência dos frutos). A temperatura é o principal fator climático que afeta diretamente o meloeiro. Ela influencia no teor de açúcar (ºBrix), sabor, aroma e na consistência do fruto, fatores importantes para a comercialização e principalmente a exportação. O °brix é usado também como índice de classificação de melão de acordo com seu teor de açúcar, sendo menor que 9 ºbrix considerado como não comercializável, de 9 a 12 como comercializável, e acima de 12º brix como melão extra. Em geral, nas regiões de clima frio, o plantio de melão deve ser feito de outubro à fevereiro, enquanto que em clima ameno, de agosto à março e no clima quente, durante o ano todo, evitando-se as épocas de chuvas intensas. A temperatura ideal para o bom desenvolvimento do melão varia de 20 a 30º C. Sob baixas temperaturas (15 à 20ºC), a ramificação do meloeiro é afetada resultando em plantas pouco desenvolvidas e baixas produtividade. Em temperatura elevada acima de 35ºC, estimula a formação de flores masculinas, e especialmente quando acompanhada por ventos fortes, pode ocorrer ruptura da casca dos frutos nos pontos mais fracos. Em temperaturas abaixo de 12ºC, o crescimento vegetativo é paralisado. O meloeiro não tolera ventos frios e geadas. A combinação de alta temperatura com alta luminosidade e baixa umidade relativa favorece ao estabelecimento do meloeiro e ao aumento de produtividade com maior número de frutos de qualidade comercial. A faixa ótima de umidade relativa do ar para o desenvolvimento do meloeiro situa-se de 65% a 75%. Em condições de umidade do ar elevada promovem a formação de frutos de má qualidade e propiciam a disseminação de doenças na cultura. Os melões produzidos nessas condições são pequenos e de sabor inferior, geralmente com baixo teor de açúcares, devido à ocorrência de doenças. O melão prefere solos férteis de textura média (franco-arenoso ou areno-argilosos), soltos, profundos (80 cm ou mais) e bem drenados.

 Cultivares:  Dentre as variedades de melão existem seis tipos que são cultivados no Brasil em escala comercial. No Brasil, planta-se principalmente cultivares de melão do grupo Inodorus, tipo "amarelo"; entretanto, há uma tendência de mercado no aumento da demanda por melões do grupo Cantalupensis, aromáticos, com bom sabor e maior teor de açúcar (°Brix). Os melões do tipo "Pele de Sapo", "Gália" e "Charentais", são os preferidos do mercado europeu. Tipo Amarelo: Pertence ao grupo dos inodorus e é também conhecido como melão espanhol; tem casca amarela e polpa variando de branca a creme e os frutos apresentam formato redondo ovalado e são os mais resistentes ao manuseio. Pele de sapo: Pertence ao grupo dos inodorus. recebeu este nome pela coloração de sua casca; verde-clara com manchas verde-escuras, levemente enrugada e dura, com polpa creme esverdeada. Dentre os melões comercializados, é o tipo de maior tamanho. As principais cultivares estão descritas a seguir. AF-682 – cultivar híbrido tipo "amarelo", com boa tolerância ao vírus do mosaico do mamoeiro, estirpe melancia (PRSV – W) e raça 1 de oídio; os frutos tem formato elíptico, casca amarelada levemente enrugada, cavidade interna pequena, uniforme, peso médio de 1,5 kg, sabor extremamente doce e precocidade de colheita em torno de 75 dias após a semeadura. AF-646 - cultivar híbrido tipo "amarelo", com boa tolerância ao vírus do mosaico do mamoeiro, estirpe melancia (PRSV – W) e raça 1 de oídio; os frutos tem formato elíptico, casca amarelada levemente enrugada, cavidade interna pequena, uniforme, peso médio de 1,4 kg, sabor extremamente doce e precocidade de colheita. Gold Mine – Cultivar híbrido tipo "amarelo", muito produtivo, tendo apresentado boa tolerância em campo às raças 1 e 2 de oídio, 0, 1 e 2 de fusarium e míldio; os frutos tem formato redondo-ovalado, de cor amarelo-dourada, casca levemente enrugada, muito firme, polpa creme-esverdeada, grossa, crocante e doce, teor de açúcar médio de 10 °Brix, pequena cavidade de sementes e peso variando de 1,5 a 2,0 kg. A colheita precoce ocorre, em geral, aos 60-65 dias do plantio. Tendency – Cultivar híbrido tipo pele de sapo recém lançada, plantas vigorosas e abundante cobertura foliar que protege os frutos de queimaduras causadas pelo sol, além de alta produtividade; apresenta alta qualidade de frutos, sendo o formato redondo/ovalado, peso médio de 1,3 kg, casca enrugada, coloração verde com manchas verde-escuras e amarelas, polpa espessa e crocante de coloração creme-verde-clara, pequena cavidade de sementes, excelente sabor e alto ºbrix com precocidade de colheita aos 55-60 dias. Honeydew – Cultivar de polinização aberta (andromonóica), boa conservação pós-colheita, recomendada para o mercado de exportação dos Estados Unidos, principalmente; colheita tardia entre 70 e 80 dias, produzindo frutos sem odor, casca bem lisa de coloração branco-creme brilhante, formato globular, peso médio de 1,5 kg, polpa esverdeada, suculenta, de textura fina e doce. Uma característica do tipo honeydew é que o fruto não se destaca da rama como em outros tipos necessitando o corte com tesoura. Hy-Mark – Cultivar híbrido, tipo Cantalupensis, muito produtivo, com alto pegamento de frutos; os frutos de formato levemente ovalado/arredondado, peso entre 1,4-1,5 kg, com casca reticulada, sem suturas e polpa de cor salmão muito forte, pequena cavidade de sementes, sabor muito doce e muito aromático. Altamente resistente a oídio raça 1 e tolerante a aplicação de enxofre. A maturação ocorre aos 62-67 dias, aproximadamente, acompanhada do início de desprendimento do pedúnculo. 

Adubação e correção do solo: de acordo com a análise do solo e do adubo orgânico; o melão é muito exigente na correção da acidez do solo, comportando-se melhor quando o pH estiver entre 6,0 e 7,5. O preparo do solo deve constar de uma aração média, em torno de 30 cm de profundidade, e uma gradagem feita no sentido perpendicular. Deve-se evitar o destorroamento excessivo do solo, deixando-se os torrões que servem para fixação das gavinhas e, ainda, reduzem a área de contato do fruto com a superfície do solo, diminuindo, portanto, a formação da "mancha de encosto". Esta mancha, quando acentuada, deprecia a qualidade comercial do melão. Outra opção que tem a vantagem de diminuir a infestação das plantas espontâneas, cobrir o solo , melhorar a fertilidade do solo e ainda manter a umidade do solo é o consórcio com adubos verdes (ver as recomendações no cultivo da melancia e também a matéria "Cultivo orgânico de hortaliças-frutos: Parte I). Os frutos não devem ficar em contato com o solo, meio que facilita o ataque de pragas e doenças, além de manchas brancas, que também podem surgir na casca do melão, por isso, o consórcio com adubos verdes é recomendável. 

Espaçamento e plantio: em pequenas áreas, as medidas para a cultura do melão são de 2 metros entre fileiras e de 0,3 a 0,5 m entre plantas (10.000 a 16.666 plantas/ha). Os produtores que cultivam áreas extensas, com alto nível de tecnologia, têm adotado espaçamento de 2,0 a 3,0 metros entre fileiras e de 0,12 a 0,50 metro dentro das fileiras (duas a oito plantas/m linear), deixando, normalmente, uma planta por cova. Assim como a melancia, o melão normalmente é semeado diretamente nas covas. No entanto, devido ao preço das sementes híbridas e também aos maiores cuidados e mão-de-obra necessárias neste sistema de plantio, cada vez mais tem sido preferido a produção de mudas em recipientes (bandejas de isopor, tubetes, copinhos de papel) protegidas por abrigos, para posterior transplante (ver na matéria "Cultivo orgânico de hortaliças-frutos: parte I" como fazer as mudas). É necessário ter cuidado para não passar do momento exato do transplantio, que não deve exceder o período da emissão da primeira folha definitiva (15 dias após semeadura). Para a semeadura direta é necessário 1 a 1,5 kg/ha de sementes. 

Irrigação: gotejamento é o sistema mais utilizado no cultivo do meloeiro nas principais regiões produtoras; consiste na aplicação de água através de gotas próximas às raízes das plantas. As vantagens do sistema de gotejamento são a economia de água, mão-de-obra e alta eficiência. A desvantagem é o alto custo de instalação em relação aos outros sistemas, como também, possíveis problemas de entupimento dos gotejadores. O cultivo de melão necessita ser irrigado com frequência, mas deve ser feito até três dias antes da colheita para aumentar os açúcares nos frutos. 

Polinização: As flores masculinas e femininas localizam-se separadamente na mesma planta. Cada flor permanece aberta apenas por um dia. A abertura ocorre de uma a duas horas após o aparecimento do sol e o fechamento, à tarde. A polinização é realizada por abelhas, normalmente pela manhã. A presença de abelhas durante a fase de florescimento é fundamental para o pegamento dos frutos e conseqüentemente aumento da produtividade e para diminuir o número de frutos defeituosos. Estresses hídricos e problemas de polinização são as principais causas de frutos mal formados. 

Poda: Diante de resultados de pesquisa realizada pela Embrapa Semi-Árido, não recomenda-se fazer a prática da poda, tendo como desvantagens a elevação dos custos de produção, além de facilitar a disseminação do vírus (PRSV-w) durante a operação da poda, não sendo observado aumento da produtividade de frutos. A operação de raleio, desbaste ou raleamento de frutos é uma prática efetuada com a finalidade de melhorar o tamanho e a qualidade dos frutos produzidos. Recomenda-se a eliminação dos frutos mal formados o mais cedo possível (o tamanho máximo é quando o fruto está do tamanho de uma bola de tênis). Outras causas são em decorrência de pragas, doenças, formato ou cicatriz estilar grande. O manejo de plantas espontâneas pode ser feito através de cultivos mecânicos ou a tração animal entre linhas e manualmente (enxada) entre as plantas, tantas vezes quantas forem necessárias para manter a cultura sem a competição das plantas espontâneas. Com o desenvolvimento das plantas, as capinas devem ser manuais (enxada) e localizadas, para evitar o manuseio das ramas. O sistema de plantio de melão consorciado com adubos verdes, evita a infestação de plantas espontâneas, além de outras vantagens. Calçamento dos frutos é uma prática comum no interior de São Paulo. Consiste em calçar o fruto com dois pedaços de bambu, palha ou capim seco, para não haver o contato direto dos frutos com o solo, evitando o apodrecimento dos mesmos (principalmente na época chuvosa, na fase próxima à colheita), em decorrência de pragas, tais como broca das hastes e broca das cucurbitáceas. Essa prática reduz, também, a mancha de encosto. O calçamento dos frutos seria ideal, porém, torna-se impraticável quando se cultiva áreas extensas. 

Manejo de doenças e pragas do melão: em geral, as recomendações para a melancia também vale para o melão; ver na matéria postada anteriormente "Cultivo orgânico de hortaliças-frutos: Parte I", o manejo de algumas pragas e doenças com produtos alternativos que não comprometem o meio ambiente. 

Rotação de culturas: seguir as mesmas recomendações da cultura da melancia.

Colheita: O ideal, considerando-se o aspecto do teor de açúcares e sabor, é a colheita de frutos completamente maduros. Entretanto, neste estágio, os frutos são recomendáveis apenas para a comercialização em mercados locais. Como o melão não contém amido (que é convertido em açúcar), ele não continua a amadurecer após ser colhido; portanto, o melão colhido antes de estar totalmente maduro nunca atinge o seu melhor sabor. Para selecionar um melão maduro, procure na área do talo uma cicatriz lisa e ligeiramente funda. Se houver esta marca quer dizer que o melão está maduro, sendo arrancado facilmente do pé. No entanto, se parte da haste ainda estiver presa à cicatriz, o melão foi colhido enquanto ainda estava verde. Para exportação, os melões do tipo "amarelo" podem ser colhidos quando iniciarem a mudança de coloração, ocasião em que deverão apresentar brix de aproximadamente 10º. Após a colheita, deve-se evitar pancadas e danos nos frutos, que depreciam a qualidade comercial e reduzem o período de conservação. Os frutos são colhidos manualmente, com auxílio de uma faca. Normalmente, os melões do grupo Inodorus (amarelos) tem uma maior conservação que os do grupo Cantalupensis (tipo reticulado).



sábado, 28 de março de 2020

Cultivo Orgânico da Melancia


Melancia
Originária da África Tropical, a melancia (Citrullus lanatus L.) tem a forma selvagem encontrada em muitas regiões de clima tropical e subtropical, sendo o fruto redondo e pequeno. A espécie pertence a família das curcubitáceas, assim como a abóbora, moranga, pepino, chuchu e melão. É uma planta rasteira, com folhas grandes e flores pequenas, de cor amarela. O fruto é arredondado ou alongado, com tamanho variável entre 25 e 75cm. A casca é lisa, lustrosa, verde clara ou verde escura, com estrias de um verde mais forte no sentido do comprimento (Figura 1). A planta tem caule rasteiro e ramificado. As folhas são ovais, subdivididas em três lobos, apresentando estruturas em espiral, presas ao caule, denominadas "gavinhas". A polpa é abundante com cor que varia de branco-rósea, amarelada, avermelhada ou purpúrea, com as sementes avermelhadas ou pretas. Há uma variedade de melancia, conhecida como melancia japonesa ou kodama, que tem polpa amarela.

Figura 1. Hortaliça-fruto: melancia

Propriedades nutricionais e terapêuticas: Embora constituída em sua maior parte de água, com pouquíssimas calorias (25 a 30 kcal em 100g), a melancia é nutritiva, pois fornece vitaminas A e C, e sais minerais como o cálcio, fósforo, ferro e potássio. A melancia, assim como o melão, têm alto teor de biovlafonóides, carotenoides e outros pigmentos vegetais que ajudam a proteger contra o câncer e outras doenças. A melancia contém licopeno, um carotenoide que parece reduzir o risco de câncer de próstata. Em geral, a melancia é consumida ao natural, como sobremesa, principalmente no verão. Com sua polpa é possível fazer um excelente suco. Tem propriedades hidratantes (contém cerca de 90% de água). Essa polpa é, também, bastante aquosa, sendo a proporção de água ainda superior à dos melões. Em situações de extremo calor, nada melhor do que uma melancia fresca para repor os líquidos perdidos pela transpiração. Sem dúvida nenhuma, esta é a melhor ocasião e maneira de saboreá-la. Por esse motivo, a melancia é uma das frutas mais refrescantes existentes, superando o melão, por ser menos indigesta. As sementes da melancia são um alimento de grande valor, pois contêm muitos sais minerais, vitaminas, óleos essenciais e proteínas, que são muito importantes para o organismo das pessoas. Sementes cruas e secas, depois de moídas e peneiradas, formam um pó que pode ser misturado a alimentos como massas, sopas, bolos, biscoitos e cuscuzes. O chá das sementes da melancia, secas e trituradas, ajuda no tratamento da pressão alta. O suco, feito com a polpa da melancia, é muito bom, pois elimina o ácido úrico, causador da gota e impede a formação de pedras nos rins; limpa o estômago e os intestinos; ajuda a controlar a pressão alta; diminui a acidez do estômago, conhecida como queima ou azia; ajuda no tratamento da inflamação das vias urinárias; elimina gases e dores intestinais; ajuda no tratamento da bronquite crônica; ajuda no tratamento do reumatismo e da artrite (inflamação nas articulações ou juntas). Para tratar a erisipela (inflamação aguda da pele), deve-se aplicar suco da polpa e da casca da melancia sobre a parte afetada, como cataplasma. A hortaliça ainda permite exercitar a criatividade, conforme pode ser visto nas Figuras 2 e 3.

Figura 2. Arte culinária, utilizando a melancia

Figura 3. Arte culinária, utilizando a melancia

Cultivo: A melancia, como todas as espécies que pertencem a família das cucurbitáceas, não gosta do clima frio, por isso produz melhor no calor e com bastante luz. Agosto e setembro são os meses aconselhados para o plantio no litoral; o ideal é observar a temperatura da região, pois a semente não germina em temperatura inferior a 18ºC.  Ao invés do semeio direto no campo, recomenda-se a produção de mudas em copinhos de papel (ver na matéria "Cultivo orgânico de hortaliças-frutos: parte I" como fazer) ou bandejas de isopor, utilizando-se substrato de boa qualidade e protegidas em abrigo. Este sistema diminui as perdas ou falhas no campo, melhora a uniformidade do estande e permite um melhor controle fitossanitário e manejo das plantas espontâneas. Além disso, os riscos de perdas de plantas devido ao frio excessivo (as plantas não toleram geadas), praticamente não existe, pois as mudas estão protegidas.. Semeia-se 3 sementes por copo e realiza-se o desbaste quando as plantas apresentarem uma folha definitiva, deixando-se 2 mudas por copinho. As mudas devem ser transplantadas quando não houver risco de geadas e tiverem duas folhas e, no máximo no início de surgimento da terceira folha verdadeira. A melancia, embora possa ser produzida em vários tipos de solos, desenvolve-se melhor em solos de textura média, arenosos, profundos, bem drenados e férteis. Deve-se evitar os solos argilosos por serem muito compactados, principalmente nas épocas de seca. 

Preparo do solo: No Rio Grande do Sul, a melancia é cultivada em solos arenosos, onde o sistema de preparo convencional com aração e gradagens, é o mais usado. O preparo convencional do solo favorece a perda de umidade, tendo em vista que a cultura da melancia não forma um dossel vegetativo capaz de cobrir inteiramente o solo. O solo deve ser preparado com cerca de 2 meses de antecedência com uma aração (apenas superficial) e gradeação, deixando-se alguns torrões de terra para dar sustentação à planta. Em área com boa topografia, deve-se fazer sulcos em duas direções, formando um xadrez; já em terrenos acidentados recomenda-se fazer os sulcos em apenas uma direção, evitando-se, assim, a erosão. O sistema de Plantio Direto ou Semeadura Direta que consiste na manutenção da palha e restos vegetais sobre a superfície do solo, também é recomendado no cultivo de melancia; neste caso, a mobilização do solo ocorre apenas no sulco onde são distribuídas as sementes ou mudas e o adubo orgânico. No Rio Grande do Sul, a principal espécie usada como planta de cobertura no período de inverno é a aveia-preta, devido as seguintes características: rusticidade, a capacidade de perfilhamento, a resistência às pragas e doenças, rapidez na formação da cobertura do solo e a elevada produção de fitomassa, mesmo nos solos pobres em fertilidade, bem como a tolerância à seca, em vista do sistema radicular bastante desenvolvido, eficiência na ciclagem de nutrientes, baixa taxa de decomposição dos resíduos e o elevado efeito alelopático sobre muitas invasoras. 

Cultivares e híbridos: Os cultivos comerciais de melancia no Brasil são com cultivares de origem americana ou japonesa, que se adaptaram bem às nossas condições edafoclimáticas. No entanto, deve-se considerar que entre estas, a mais plantada é a cultivar Crimson Sweet e tipos semelhantes, que é de origem americana, respondendo praticamente por mais de 90% do fornecimento ao mercado consumidor. A indústria de sementes tem, nos últimos anos, se dedicado ao desenvolvimento de híbridos de melancia, por causa do seu maior retorno comercial aos programas de melhoramento, o que pode ser verificado pelo grande número de cultivares lançadas em todo o mundo tais como: Jetstream, Madera, Starbrite, TopGun entre outros. Os híbridos, cujas sementes são mais caras, geralmente possuem maior precocidade, produtividade e maior uniformidade. Mais recentemente, estão surgindo as melancias sem sementes como os híbridos Tiffany e Shadow; o alto custo das sementes é um fator limitante. Embora os híbridos sejam produtivos, recomenda-se a cultivar Crimson Sweet pelo custo mais barato das sementes e com produtividade semelhante, conforme resultados de pesquisa obtido pela Epagri/Estação Experimental de Urussanga, na propriedade de agricultor em Içara. Os frutos da cultivar Crimson Sweet tem formato arredondado, casca clara com estrias verde-escuro, polpa vermelho intenso muito doce, sendo os frutos de tamanhos médio e grande.

 Espaçamento:  As covas devem ter no máximo 3 cm de profundidade, no espaçamento de 2 x 2 metros para as variedades japonesas e, de 2 x 2,5 ou 2,5 x 3 metros para as variedades americanas. Após lançar as sementes, deve-se cobrir com terra e cerca de 30 dias depois do plantio, realizar o desbaste, onde as mudas mais fracas são retiradas, ficando somente as vigorosas. O desbaste é feito no sistema de plantio com sementes, quando as plantas apresentarem três a quatro folhas definitivas - entre 10 e 15 dias após o plantio, de acordo com desenvolvimento das mesmas; é realizado eliminando-se as plantas mais raquíticas e mantendo-se o número de plantas por cova pré-estabelecido, de acordo com o espaçamento e a finalidade da produção de frutos. A eliminação das plantas excedentes deve ser feita, preferencialmente, por meio de corte com facas, tesouras ou canivetes. Caso se deseje fazer arranque manual, é preferível fazê-lo logo após a irrigação, para não danificar as demais plantas, ou após uma chuva, se o cultivo for de sequeiro. O desbaste deve ser realizado também com os frutos, para uma boa colheita, ficando somente aqueles mais desenvolvidos (dois por rama). As ramas da melancia crescem arrastando-se pelo solo e procuram os torrões de terra para fixarem-se; é comum ficarem enroscadas umas nas outras. O produtor deve observar e ajudar a planta a se esparramar de maneira uniforme, desembaraçando, sem feri-la.  

Condução das ramas ou penteamento: Essa prática consiste no afastamento das ramas para fora dos sulcos de irrigação e das faixas do terreno reservados ao trânsito. Esta operação deve ser feita até três vezes antes da frutificação. Além de facilitar as capinas, as pulverizações e a colheita, evita o apodrecimento dos frutos causado pelo contato com água ou por danos mecânicos. O penteamento, após a frutificação, deve ser evitado, pois pode causar o seu desprendimento. É importante planejar o plantio de maneira que a direção dos ventos facilite o posicionamento das ramas de melancia, evitando-se, assim, o desgaste das plantas por sucessivas operações de penteamento ou movimentação pelos ventos. 

Polinização: As flores masculinas e femininas de melancia localizam-se separadamente na mesma planta. Cada flor permanece aberta por apenas 1 dia; a abertura ocorre 1 a 2 horas após o aparecimento do sol e, o fechamento, à tarde. As abelhas são os principais agentes polinizadores em melancia, que é uma espécie alógama. A polinização das flores no dia da antese, normalmente, ocorre pela manhã. A presença de abelhas durante a fase de florescimento é fundamental para aumentar a frutificação e a produtividade, melhorando a qualidade dos mesmos e reduzindo o número de frutos defeituosos. Desbaste de frutos: devem ser eliminados todos os frutos defeituosos e com podridão estilar (fundo preto) pois, além de as plantas direcionarem energia para frutos que não serão comercializados, a presença dos mesmos inibirá o pegamento de outros frutos de qualidade na planta. 

Proteção da parte inferior e posicionamento na vertical dos frutos: Recomenda-se evitar o contato direto dos frutos com o solo, principalmente em épocas chuvosas. Os frutos devem ser calçados com palha de arroz, capim seco ou similar evitando-se o apodrecimento de frutos e a mancha de encosto, o que melhora a cotação do produto no mercado. Outra prática utilizada para melhorar o formato e a qualidade do fruto é colocá-lo na posição vertical — a região apical do fruto voltada para o solo, quando estiver com aproximadamente 20 dias após a polinização das flores. Com esta prática, a mancha de encosto ficará mais discreta, dando uma melhor aparência ao fruto. 

Rotação de culturas: Depois da colheita, deve-se plantar outra cultura de espécie e família diferentes da melancia, não sendo indicados plantios de melão, abóbora, chuchu, moranga ou pepino na mesma área. O plantio sucessivo de plantas da mesma família na mesma área favorece o ataque de pragas e doenças e, consequentemente, diminui a produção e a qualidade dos frutos. O coquetel vegetal é a mistura de diferentes espécies, normalmente leguminosas e gramíneas, cultivadas antes da espécie a ser plantada ou entre as linhas da cultura principal. Sua utilização tem importância por melhorar a diversidade de espécies na área reduzindo as pressões dos patógenos oportunistas que se encontram no local. Além disso, o uso do coquetel vegetal, principalmente com leguminosas, permite a fixação de nitrogênio no solo e transporte de nutrientes de camadas inferiores para camadas superiores, pela ação dos diferentes sistemas radiculares presentes, melhorando química, física e biologicamente o solo da área. Se o produtor optar por incorporar o coquetel visando à fertilização adicional do solo - leguminosas, é importante fazê-lo com um mínimo de antecedência de 50 dias da data prevista para o plantio da melancia. Caso seja para formar uma densa camada de cobertura morta com gramíneas-, o corte das plantas poderá ser feito próximo ao plantio da melancia, tomando-se o cuidado de fornecer nitrogênio suficiente nas covas, na forma de compostos orgânicos, torta de mamona, biofertilizantes, etc., evitando-se uma competição com as bactérias decompositoras, que atuarão sobre a palhada. 

Cobertura morta: Espécies de gramíneas possuem baixa velocidade de decomposição da parte aérea e, apesar de suas raízes ocuparem o espaço mais superficial do solo, a parte aérea se mantém por mais tempo sobre o mesmo, formando cobertura morta (mulch), muito recomendado em regiões quentes e secas como no Semiárido nordestino. Também contribuirá no manejo de plantas espontâneas e evitará a formação da mancha de encosto dos frutos. Manejo de doenças e pragas da melancia: Além das recomendações relacionadas na matéria postada no dia 31/10/2012 "Cultivo orgânico de hortaliças frutos - Parte I", outras práticas culturais são importantes, entre as medidas gerais no manejo de doenças e pragas da melancia: 

a) escolher a área de plantio não contaminada por doenças do solo e fazer rotação de culturas por 3 anos; 
b) evitar o plantio próximo à áreas cultivadas com melancia e outras espécies da família das cucurbitáceas; 
c) plantio de sementes ou mudas produzidas por empresas idôneas; 
d) adubar corretamente, de acordo com a análise do solo e do adubo orgânico, pois as plantas bem nutridas são mais resistentes às pragas e doenças; 
e) irrigar de forma correta, evitando o excesso de água o solo, pois favorece às doenças; 
f) controlar os insetos que provocam ferimentos nas plantas, servindo de porta de entrada para as doenças (bactérias, fungos e viroses); 
g) eliminar os frutos e plantas doentes da área para evitar a transmissão para as plantas sadias  
h) eliminar os restos culturais após a última colheita.

Colheita: A colheita é feita cerca de 100 dias após plantio Quando as flores abrirem, elas indicam que aproximadamente 40 a 45 dias, os frutos estarão no ponto para serem colhidos. Mas há outros meios que identificam os frutos maduros: 
a) Ao bater com dedos no fruto e este emitir um som oco, está maduro (som metálico, ainda está verde); 
b) O fruto fica pálido e a casca está mais resistente a pressões; 
c) A gavinha próxima ao pendúnculo fica seca; 
d) A parte da casca que fica em contato com o solo, que antes era branca, fica amarelada. 

Colher os frutos maduros nas primeiras horas do dia, cortando o pendúnculo com uma faca afiada, à cerca de 5 cm da fruta, para evitar a penetração de fungos que apodrecem a melancia durante a armazenagem. Devem ser armazenadas deitadas, nunca em pé, e como não são colocadas em caixas, todo o cuidado é necessário ao transportá-las. No caminhão, a carroceria deve ficar forrada com 10 cm de capim seco, e as bordas protegidas. Também entre uma camada e outra, é recomendado proteger os frutos com palha ou saco de estopa. Não se aproveita os frutos rachados ou cortados durante o transporte. Fora da geladeira, a melancia se conserva bem durante uma semana, se guardada em lugar fresco e arejado. Depois de cortada, deve ser conservada na geladeira, envolvida em plástico ou papel alumínio, para evitar que absorva o odor de outros alimentos.

domingo, 22 de março de 2020

Cultivo Orgânico do Pepino



Pepino

Em épocas de temperaturas altas, o pepino (Cucumis sativus) é uma das hortaliças que têm lugar certo nas mesas dos brasileiros (Figuras 2, 3 e 4). Composto por 95% de água, destaca-se em diferentes receitas culinárias. De vários tamanhos e formato cilíndrico, o pepino tem casca verde-clara ou verde-escura, com estrias esbranquiçadas. A polpa de cor clara envolve sementes achatadas. Pertencente também à família das cucurbitáceas (abóboras, morangas, abobrinhas, melancia e melão), o pepino tem origem atribuída à Índia, de onde o cultivo teria se espalhado para a China e países europeus; foi muito apreciado pelos gregos e romanos na Antiguidade. 

Figura 2. Pepino para salada


Figura 3. Pepino em conserva

Uso culinário, propriedades nutricionais e terapêuticas: são muito utilizados em saladas ou como picles. O seu suco é utilizado em máscaras faciais, cremes, loções, xampus e outros cosméticos. O prato mais comum no Brasil feito com pepinos é a salada, onde é servido cru, cortado em cubos ou fatias, junto com tomate e cebola e, temperado com azeite, vinagre e ervas. Como são compostos de aproximadamente 95% de água, os pepino têm um teor de calorias muito baixo (menos de 15 calorias em uma xícara de pepino), boa fonte de fibras e pequenas quantidades de vitamina C e folato. Também contém ferro, cálcio, fósforo, cloro, enxofre, magnésio, potássio, sais minerais e vitaminas A, C e do complexo B. Os naturalistas geralmente recomendam o pepino como diurético natural, mas qualquer aumento na frequência da urina provavelmente se deve ao seu conteúdo de água e não à outra substância. Embora seja mais comum seu uso em salada e como picles – vegetais em conserva –, também pode ser feito um suco que auxilia no tratamento de inflamações do tubo digestivo e da bexiga, pressão alta e afecções dos dentes e da gengiva. O pepino também tem capacidade para combater enfermidades da garganta quando combinado com mel, purificar o organismo e eliminar gorduras. Cabelos e unhas se beneficiam do alto teor de sílica e flúor que a planta apresenta. O pepino batido no liquidificador, com água e mel, serve para as mãos ressecadas por detergente. 

Cultivo: Existem inúmeras cultivares e híbridos de pepino, para salada e para indústria, disponíveis no mercado. Para as cultivares e, especialmente aquelas que o produtor vem melhorando a cada ano, recomenda-se que o produtor retire as sementes das melhores plantas para multiplicação. Clima quente, com temperaturas entre 26 e 28 ºC, é o mais adequado para o plantio do pepineiro. Em regiões mais frias, o cultivo deve ser realizado em locais protegidos, onde seja possível monitorar a variação da temperatura. A exemplo das abóboras, a produtividade depende da eficiência da polinização pelas abelhas, que tem a maior atividade entre 28 a 30ºC. Na maioria das cultivares, as flores são monóicas, com predominância das masculinas sobre as femininas. Mas, trabalhos de melhoramento genético criaram híbridos que produzem, quase exclusivamente, flores femininas, o que aumenta a produtividade, uma vez que somente as flores femininas geram frutos. O pepineiro depende da polinização cruzada realizada por insetos como as abelhas, que fazem o transporte do pólen, por isso é proibido a aplicação de inseticidas, uma vez que exterminam com elas, além de contaminar os frutos e o meio ambiente.  Temperaturas mais elevadas proporcionam maior número de flores masculinas; por outro lado, temperaturas mais amenas e, com período curto de luz, estimulam maior número de flores femininas que darão origem aos frutos. Por não tolerarem o frio, o pepino pode ser semeado no litoral, a partir de setembro e, no máximo, até o final de janeiro. Em regiões com altitude superior a 800 m, a semeadura pode ser feita de agosto a fevereiro. As variedades mais plantadas nas regiões Sudeste e Sul pertencem aos grupos Caipira, Aodai e Japonês (tipo salada), com tamanhos que variam de dez a 30 centímetros de comprimento. Para a conserva, os frutos não devem ultrapassar dez centímetros de comprimento; os mais produtivos são híbridos, destacando-se as cultivares Guaíra, Colônia, Ginga Ag-77, Premier, Primepak, Pioneiro e Score, entre outros. Os do grupo Caipira produz frutos de tamanho médio, com 10 a 14 cm, claros, alongados ou bojudos, com 3 a 5 lóculos; Dentre estes destacam-se as cultivares Pérola, Rubi, Colonião, Imperial II, Nobre, Safira, entre outros. Os do grupo Aodai produzem frutos alongados, cilíndricos, bem retos, com 20 a 25 cm de comprimento, 4 a 5 cm de diâmetro e peso médio de 320 a 400g; Dentre estes destacam-se as cultivares Monark, Vitória, Nazaré, Ginga, Midori, Sprint 440 S, dentre outras. Os pepinos do grupo Japonês (Figura 4) são híbridos mais adaptados ao plantio em abrigo, tais como Tsuyataro, Rensei, Seiriki nº5, Nikkey, Top Green, Ancor 8, Flecha, dentre outros. Ambos os tipos (salada e conserva) têm produção mais comum a céu aberto.

Figura 4. Pepino Japonês

Tanto o pepino para conserva como para saladas, podem serem tutorados e protegidos (Figura 5), o que facilita os tratos culturais e a colheita, além de produzir frutos de melhor qualidade (frutos com melhor coloração e menos deformados). Formação de mudas, plantio e adubação:  Grande parte dos produtores faz a semeadura direta na cova, semeando 3 a 4 sementes por cova, a uma profundidade de 2 cm, fazendo-se o desbaste e deixando uma a duas plantas por cova, quando tiverem duas ou três folhas definitivas. Mas, quando se usa sementes híbridas, de custo elevado, o melhor é semear em recipientes, como os copos de jornal ou de plástico e bandejas de isopor, para se obter melhor aproveitamento (na matéria postada neste blog, em 31/10/2012, ensina como fazer copos de jornal). Em locais mais frios, a formação das mudas em recipientes, nos abrigos, favorece a germinação, a emergência e o desenvolvimento inicial das plantas, garantindo uma colheita antecipada. Neste caso deve-se semear uma semente por copo ou célula da bandeja e transplantar a muda quando tiver o primeiro par de folhas definitivas. As covas indicadas para o pepino tutorado devem ser preparadas no espaçamento de 1 a 1,20 m entrelinhas por 40 cm entre plantas. Para o pepino conserva, no sistema rasteiro, recomenda-se o espaçamento de 1 m entre linhas por 30 cm entre plantas, deixando-se uma ou duas plantas por cova. A germinação ocorre cinco dias após o plantio e leva mais 25 dias para a floração. Tanto a adubação de plantio, como de cobertura, se necessário, deve serem baseadas na análise do solo e do adubo orgânico. Tutoramento: O pepineiro pode ser plantado no sistema rasteiro, porém, o tutoramento é o mais indicado no cultivo orgânico, pois facilita os tratos culturais, especialmente os fitossanitários e a colheita, além de diminuir os riscos de ataque de doenças, deformação e má coloração dos frutos. O tutoramento indicado é o vertical, feito com varas de bambu ou de madeira com 2,2 a 2,5 metros de comprimento, apoiadas em um arame de 1,2 a 1,8 m de altura do solo. À medida que a planta for se desenvolvendo, é preciso fazer amarrações dos ramos no tutor.  Irrigação: O solo deve ser mantido úmido por meio de distribuição de água nos sulcos de 30 a 40 centímetros de abertura e 25 a 30 centímetros de profundidade, ou da irrigação pelo sistema de gotejamento (preferencialmente), microaspersão ou aspersão convencional. Manejo das plantas de pepino: No caso do pepino japonês, recomenda-se eliminar os primeiros frutos, quando estiverem pequenos (1 a 2cm), dos três primeiros nós da haste principal. À medida que a planta se desenvolve, haverá emissão de frutos na haste principal e emissão de hastes laterais, em cada nó da planta, que produzirão seus próprios frutos. Para obter-se mais frutos dentro do padrão exigido pelo mercado, ou seja, 20 cm de comprimento e 3 cm de diâmetro, aproximadamente, recomenda-se: a) eliminar todos os frutos da haste principal e b) manter apenas dois frutos por cada haste lateral, podando a mesma antes de emitir o 3º fruto. Manejo de plantas espontâneas: O uso de adubos verdes, a exemplo do cultivo do chuchuzeiro, é recomendado para o pepino, com o objetivo de melhorar o solo, reduzir a infestação de plantas espontâneas e a erosão. Principais pragas e doenças, rotação e consorciação de culturas: ver matéria "Cultivo orgânico de hortaliças-frutos - Parte I", postada em 31/10/2012.

Figura 5. Cultivo tutorado e protegido de pepino

Colheita: No pepino conserva a colheita inicia-se 28 dias após o plantio, prolongando-se por dois meses. Para o pepino salada, a colheita inicia-se entre 60 e 80 dias após a semeadura, prolongando-se por dois meses, aproximadamente. Colheitas frequentes estimulam a produtividade. Recomenda-se fazer no mínimo três colheitas por semana nos pepinos para salada, enquanto que nos tipos para conserva, dependendo da exigência do mercado, pode ser até diária e, no máximo, a cada 2 dias.