google.com, pub-8049697581559549, DIRECT, f08c47fec0942fa0 VIDA NATURAL

ANUCIOS

quinta-feira, 11 de agosto de 2022

Cultivo Orgânico da Batata Baroa (Mandioquinha Salsa)

 

   A batata-salsa (Arracacia xanthorrhiza Bancroft) é uma planta tipicamente sul-americana, sendo o centro de origem, a região andina da Colômbia, Venezuela, Equador, Peru e Bolívia.. A chegada de mudas trazidas da Colômbia para a Sociedade de Agricultura localizada no Rio de Janeiro em 1907, é uma das explicações mais aceitas sobre a introdução no Brasil. O seu cultivo espalhou-se pelos estados do Centro-Sul do Brasil, sendo que em cada região recebeu uma denominação distinta, como batata-salsa (Paraná e Santa Catarina), mandioquinha-salsa (São Paulo e Sul de Minas Gerais), batata-baroa (Rio de Janeiro e Zona da Mata de Minas Gerais), batata-fiuza, batata-aipo, cenoura-amarela, entre outras. As áreas de altitude elevada e clima mais ameno de Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina, Espírito Santo e São Paulo concentram a maior parte da produção. 


     A batata-salsa pertence à família botânica das Apiaceae (antiga Umbelliferae), a mesma da cenoura, a salsa, o coentro, o aipo, o funcho, entre outras. É planta perene que raramente atinge a fase reprodutiva, pois a colheita é realizada antes do florescimento, no final do estádio vegetativo. O caule, cilíndrico e rugoso, compõe-se de uma cepa, comumente chamada de pescoço, de cuja parte superior saem ramificações curtas denominadas rebentos, filhotes ou propágulos, em número de 10 a 50, conforme a variedade e as condições ambientais, de onde nascem as folhas. Esse conjunto é chamado comumente de coroa, touça ou touceira. Da parte inferior da cepa saem as raízes tuberosas, que constituem a parte comercializável. Podem ser alongadas, cilíndricas ou cônicas, com coloração variando de branco a amarelo-intenso ou púrpura-escuro, conforme o clone. Têm película brilhante e tamanho variando até 25 cm. São produzidas em número de seis ou mais por planta. O mercado brasileiro, porém, apresenta preferência por raízes de formato cônico alongado e de coloração amarela intensa (Figura 1). 

Figura 1. Hortaliça-raiz: batata-salsa ou mandioquinha-salsa

A batata-salsa possui mercado crescente, sendo a produção abaixo da demanda, o que explica, em parte, o alto preço do produto. É considerada um produto saudável, quase orgânico, devido a rusticidade, o que vai ao encontro da crescente demanda por produtos ecológicos, com qualidade superior em termos de segurança alimentar, comparando-se àqueles produzidos convencionalmente, pela ausência de resíduos de agrotóxicos. De acordo com a Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), é entre os meses de maio e agosto que os consumidores encontram as melhores raízes de batata-salsa no mercado, por preços mais acessíveis. 


Uso culinário, propriedades nutricionais e terapêuticas: Tradicionalmente, o consumo é na forma cozida pura ou de sopas e cremes e, por isso é mais utilizada no inverno. Entretanto, outras formas de preparo são particularmente saborosas, como fritas fatiadas (“chips”), com costela bovina, com frango caipira, com rabada e agrião, nhoque ao molho gorgonzola ou bolonhesa, suflês, pães doces ou salgados, rocambole com calabresa ou camarão, creme com catupiri ou requeijão e bacon, bolinhos empanados e doces, entre outras receitas. Basicamente, nas receitas que utilizam batata, cenoura e mandioca, pode-se empregar batata-salsa em substituição a essas. A batata-salsa é predominantemente usada para consumo direto. Entretanto, é crescente sua demanda como matéria-prima para indústrias alimentícias na forma de sopas, cremes, pré-cozidos, alimentos infantis (“papinhas”), fritas fatiadas ("chips"), extração de amido e processamento mínimo. Com a industrialização do produto, abre-se a oportunidade de exportação, devido à reduzida conservação pós-colheita. Sua fácil digestibilidade, seu valor energético em vista do alto teor de carboidratos, dos quais 80% é amido, aliado ao alto teor de vitamina A, cálcio, fósforo e ferro, além de outros elementos como vitaminas B1, B2, C, D, e E, potássio, silício, enxofre, cloro e magnésio, a torna ideal para dieta infantil, idosos, convalescentes e atletas. Do ponto de vista terapêutico é tida como um bom diurético. Segundo nutricionista o alto nível de fósforo (29 mg/100g) e manganês (0,22mg/100g) presentes na batata-salsa são importantes; O fósforo é importante para a manutenção do metabolismo ósseo e o manganês atua, dentre várias funções, como antioxidante. Estudos apontam uma possível correlação entre baixo consumo de manganês e agravo de sintomas da TPM, como dor e mau humor. Além disso, a batata-salsa é um dos poucos alimentos, entre as hortaliças, que contém a niacina - também conhecida como vitamina B3, vitamina PP ou ácido nicotínico; Quando em falta no organismo, a niacina pode provocar lesões graves no aparelho digestivo, ocasionando problemas no processo de digestão e absorção dos alimentos, podendo levar ao comprometimento do estado nutricional, e no sistema nervoso central - desde uma simples cefaleia até a demência. Os restos culturais (parte aérea da planta e raízes não comercializáveis) prestam-se ao arraçoamento animal, havendo relatos de pequenos produtores da região de Lavras de que houve aumento na produção de leite pelo fornecimento de restos de mudas. 


Cultivo: Apresenta boa adaptabilidade à locais com clima semelhante ao de sua origem. No Brasil, é tradicionalmente cultivada no Sudeste e no Sul, em regiões com altitude superior a 800m e temperatura média anual entre 15°C e 18°C. Entretanto, verifica-se seu cultivo em áreas mais baixas, na Zona da Mata mineira e em baixadas litorâneas de Santa Catarina, assim como sua expansão para o Planalto Central, no Distrito Federal e Goiás, onde a temperatura média anual supera os 20°C. Solos: Prefere solos de textura média, profundo e bem drenado. Solos muito pesados ou mal preparados determinam a produção de raízes curtas, arredondadas, assemelhando-se à batatas. Não tolera encharcamento, devendo-se utilizar solos bem drenados. Para plantios em épocas chuvosas ou solos mal drenados, normalmente, deve-se utilizar leiras mais altas, de modo a minimizar o acúmulo de água junto às plantas. Quando produzida em solos soltos de coloração clara, as raízes apresentam melhor aparência e maior vida útil na comercialização. Solos com elevados teores de matéria orgânica apresentam restrições, pois proporcionam grande desenvolvimento vegetativo, em detrimento do acúmulo de reservas e produção de raízes; Além disso, por apresentarem em geral coloração escura, esses solos podem levar à produção de raízes com manchas superficiais escurecidas que não saem com a escovação (ideal) e nem com lavação, depreciando seu aspecto visual. No caso de uso de solos com alto teor de matéria orgânica, não se deve utilizar fertilizantes nitrogenados. Época de plantio: Em regiões de clima ameno, o plantio pode ser efetuado o ano todo. Os plantios de março a junho predominam, especialmente no Sudeste, em função do maior risco de perdas devido às épocas quentes e chuvosas. Em regiões altas, as melhores épocas de plantio compreendem os meses de outubro/novembro e de fevereiro/março, em áreas que possam ser irrigadas. Os plantios realizados no verão apresentam elevado índice de apodrecimento de mudas, devido às elevadas temperaturas e precipitação e à exposição do córtex das mudas pela ação do corte realizado no ato do plantio, favorecendo as bactérias e fungos de solo. Em consequência disso, verifica-se a redução do pegamento e, consequentemente, da produtividade. Embora seja uma cultura muito resistente ao frio, o plantio em épocas muito frias pode apresentar falhas e redução de produtividade se ocorrer fortes e numerosas geadas. No estágio inicial, quando ainda não possui grande quantidade de reservas, as plantas podem esgotar-se no caso da ocorrência de muitas geadas consecutivas. Cultivares: Existem diversos clones que apresentam boa produtividade e adaptabilidade ao sistema orgânico, como a Amarela de Carandaí e a Amarela de Senador Amaral. Amarela de Senador Amaral é uma cultivar de batata-salsa desenvolvida através de seleção de clones originários de sementes botânicas coletadas no sul de Minas Gerais, oriundas do material tradicionalmente cultivado. Esta cultivar vem sendo avaliada desde 1993 pela Embrapa Hortaliças, por produtores rurais e Instituições de Pesquisa e Extensão rural de diversos Estados brasileiros. Dentre as vantagens observadas em relação ao material tradicionalmente cultivado no país, destacam-se a alta produtividade de raízes comerciais (superior a 25 t/ha), com qualidade superior, a coloração de polpa amarela intensa, a precocidade de colheita e arquitetura de planta ereta, mantendo-se as características peculiares do material tradicionalmente cultivado, como o aroma típico e o sabor adocicado. Propagação e preparo das mudas: a propagação é feita através de filhotes ou rebentos, o que origina os clones. O preparo das mudas começa logo após a colheita, destacando os rebentos da coroa e fazendo uma seleção daqueles mais vigorosos e saudáveis. O ideal é que o produtor selecione as melhores plantas quanto à produtividade e resistência às pragas e doenças, em cada cultivo, para retirar as mudas. Deve-se utilizar apenas mudas provenientes de plantas sadias, principalmente, sem nematoides e fungos do solo, para evitar a contaminação da área de cultivo. Preferencialmente, devem-se usar mudas juvenis, ou seja, mudas ainda vigorosas e, em pleno desenvolvimento. Como a distribuição dos filhotes na touceira não é uniforme, deve-se utilizar filhotes com idades fisiológicas semelhantes, ou seja, de acordo com o tamanho da reserva dos propágulos. As melhores mudas são aquelas obtidas e plantadas logo após a sua separação da planta (Figura 2). Para conservação das mudas, entre a colheita e o plantio subsequente, deve-se manter as touceiras, sem que se destaque os perfilhos. As touceiras devem ser mantidas à sombra, após retiradas as raízes e as folhas, quando presentes, mantendo a base da planta em contato com o solo e irrigando-se duas vezes por semana. O preparo inicial das mudas consiste do destaque dos perfilhos e lavagem por imersão ou em água corrente para retirada do excesso de impurezas. O tratamento fitossanitário dos filhotes, após o destaque da planta mãe, é uma prática indispensável; recomenda-se sua imersão por 5 a 10 minutos em solução de água sanitária comercial, pela ação do cloro ativo, na proporção de 1L de água sanitária para 9l de água (considerando-se o teor médio de 2,2% de hipoclorito de sódio), seguida de secagem à sombra. Após a secagem dos filhotes tratados, efetua-se o preparo das mudas que consiste em efetuar corte em bisel (em ângulo inclinado), de modo a aumentar a área de enraizamento. Deve-se usar ferramenta afiada e lâmina chata, que corte o filhote sem rachá-lo. Recomendam-se estiletes ou lâminas de serra bem afiadas no esmeril. O corte bem efetuado sem que o filhote lasque, proporciona uma melhor inserção de raízes na cepa da planta, ou seja, as cicatrizes após o destaque das raízes ficam reduzidas, facilitando o destaque na colheita e aumentando sua conservação pós-colheita. Em mudas mal cortadas ou “lascadas”, é comum observar-se o crescimento desigual de raízes nas plantas e raízes com grandes cicatrizes causadas pelo destaque. Pré-enraizamento em canteiros (viveiros): A técnica consiste basicamente em promover o enraizamento delas em canteiros devidamente preparados, sob elevada densidade de plantio, distantes 5 a 10 cm entre si, por cerca de 45 a 60 dias, para, então, realizar o transplantio para o local definitivo. Os canteiros para pré-enraizamento, por vezes chamados de viveiros, devem possuir solo leve, com cerca de 20 cm de altura e largura em torno de 1m. O preparo da muda é semelhante ao realizado para o plantio convencional, devendo o corte ser feito em bisel, isto é, em ângulo inclinado, de modo a aumentar a área de enraizamento, usando-se ferramenta afiada e lâmina chata, cortando-se a muda sem rachá-la. A diferença no corte é que a quantidade de reserva pode ser menor, com até 1cm. Com o pré-enraizamento consegue-se lavouras mais uniformes e mais vigorosas. É interessante o uso de cobertura morta com palhada sem semente, especialmente necessária para a base dos perfilhos, pois esses apresentam grande propensão ao ressecamento devido ao corte na parte superior. Quanto à época, o plantio pode ser efetuado o ano todo em regiões de clima ameno. Para o sucesso desta técnica, recomenda-se que os filhotes sejam destacados de touceiras de plantas sadias, que ainda não perderam a folhagem, com no máximo 10 meses de idade e, cortados em bisel, por lâmina fina e bem afiada. O ideal é utilizar uma área de plantio destinada unicamente para a produção de mudas, independente da área de produção comercial. O pré-enraizamento de mudas apresenta as seguintes vantagens em relação ao plantio convencional: Maximização do índice de pegamento; redução de custos com tratos culturais, com maior controle da fase inicial da produção - 150 a 400 m2 de viveiro (canteiros de pré-enraizamento) para 1 ha de plantio; eliminação da ocorrência de florescimento precoce no campo definitivo; possibilidade de seleção apurada de mudas; uniformização da colheita devido ao estresse causado à muda por ocasião do transplantio e possibilidade de escalonamento da produção. Preparo do solo: O solo deve ser preparado através de aração e gradagem seguidas pelo plantio em leiras, em nível, para maior facilidade de colheita, o que constitui também uma excelente prática conservacionista. No sistema orgânico de produção de batata-salsa deve-se evitar a mobilização excessiva e compactação do solo. O preparo do solo no primeiro ano de cultivo deve basear-se em aração, gradagem e levantamento das leiras. Nos anos subsequentes evitar, na medida do possível, o uso de enxada rotativa e outros implementos que causem degradação excessiva de solo. Recomenda-se um sistema de preparo de solo com mecanização reduzida, deixando-o sempre protegido por cobertura morta ou verde. Plantio e espaçamento: Há diferentes métodos de plantio: diretamente no local definitivo (plantio convencional) ou com o pré-enraizamento em canteiros (viveiros) ou com o pré-enraizamento em água. O plantio convencional é feito diretamente no local definitivo no centro das leiras (camalhões), devendo as mudas serem enterradas no topo das leiras, à uma profundidade de 5 a 10 cm para não ficarem expostas à medida que a água de irrigação vai “acamando” a leira. O plantio convencional é realizado diretamente no local definitivo, usando-se mudas com a brotação cortada e grande tamanho de reserva (2 a 3 cm). As leiras, com cerca de 15 a 30 cm de altura, devem ser levantadas com espaçamento de um metro entre si e de 30 a 40 centímetros entre plantas, de acordo com a variedade, o local e a época de plantio. Deve-se evitar condição de fechamento excessivo da lavoura em épocas chuvosas, aumentando-se o espaçamento. Os clones de raízes brancas, extremamente viçosos, exigem espaçamento maior, no mínimo de 1m entre leiras e 50cm entre plantas. Esse espaçamento mais largo que o convencional, auxilia na redução da umidade interna da lavoura, minimizando problemas com mofo branco, causado por Sclerotinia sclerotiorum. Adubação orgânica: preferencialmente, deve-se adubar com composto orgânico no sulco (metade da quantidade), por ocasião do plantio, e o restante em cobertura, cerca de 120 dias após o plantio, conforme recomendação baseada na análise do solo e do adubo orgânico. Irrigação: Tendo em vista que a cultura é relativamente tolerante à seca, comparativamente a outras hortaliças, muitos produtores não utilizam a prática da irrigação. Contudo, em casos de adversidades climáticas, a produtividade é comprometida e o risco de insucesso, elevado. Apesar da tolerância moderada, a cultura responde favoravelmente às condições de boa disponibilidade de água no solo, o que torna a irrigação uma prática fundamental para produtores que têm como objetivo a obtenção de altas produtividades. A cultura necessita de fornecimento regular de água, em todo o seu ciclo. A produtividade pode ser severamente afetada pelo excesso de água, que reduz a aeração do solo e favorece maior incidência de doenças e lixiviação de nutrientes. Irrigações em excesso, notadamente em solos com problemas de drenagem, ocasionam maior incidência de doenças de solo, como podridão-de-esclerotínia e podridão-de-esclerócium e, principalmente, podridão-mole, causada por bactérias do gênero Erwinia. A cultura pode ser irrigada por diferentes sistemas de irrigação (aspersão e infiltração), sendo a aspersão o mais empregado, em função do baixo custo e de maior facilidade para ser utilizado em áreas com diferentes topografias, tipos de solo, tamanhos e geometrias. Capinas: manter limpo a linha de cultivo sobre as leiras, deixando crescer a vegetação espontâneas nas entrelinhas. Amontoa: Periodicamente, se necessário, deve-se refazer as leiras, chegando terra junto às plantas, de forma que as raízes permaneçam cobertas. Manejo de pragas e doenças: A cultura, em geral, não apresenta problemas com pragas e doenças, no sistema orgânico. No entanto, pode ocorrer o ataque de fungos do solo como a Murcha causada pelo fungo Sclerotinia sclerotiorum que provoca o apodrecimento das raízes e o amarelecimento e murcha da parte áerea, podendo ocorrer por ocasião do transporte e armazenamento das raízes. A disseminação da doença ocorre, principalmente, pela dispersão dos escleródios junto a material propagativo retirado de campos infectados, assim como pelo trânsito de máquinas, ferramentas e animais de campos contaminados para áreas sadias. O manejo da doença deve começar pela utilização de mudas sadias. Quando a doença se manifesta, recomenda-se arrancar a planta doente juntamente com a terra da cova, eliminando da área de plantio e, aproveitando na composteira. A rotação de culturas, com o plantio de culturas que não são atacadas pelo fungo e, o plantio de leguminosas são práticas que ajudam a desinfestar um solo atacado pelo fungo, porque quebra o ciclo de vida do mesmo. A escolha de áreas com boa drenagem e irrigação adequada, são medidas que desfavorecem o fungo. A Podridão das Raízes ou Podridão-mole é outra doença que pode ocorrer na batata-salsa, sendo o principal agente causal as bactérias do gênero Erwinia, principalmente na pós-colheita. Os sintomas iniciais da doença são depressões de aspecto encharcado nas raízes, causando posterior decomposição dos tecidos e odor característico e desagradável. A bactéria é extremamente dependente de umidade, portanto, a escolha de local com boa drenagem é de suma importância, devendo-se evitar áreas de baixada. Plantios em locais ou épocas mais úmidas devem utilizar leiras mais altas, com 35 a 40 cm. Espaçamentos mais largos podem ser úteis na manutenção de um microclima mais arejado, visando a desfavorecer a doença. A irrigação deve ser cuidadosa, sem molhamento excessivo. O próprio corte em bisel efetuado no plantio pode ser porta de entrada para o ataque da bactéria. Outras pragas e doenças, como a broca e os nematóides, podem causar ferimentos que abrem caminho para a infecção pela Erwinia. Também ferramentas ou implementos nas operações de capina podem causar ferimentos por onde a bactéria se instala. No campo, as plantas atacadas devem ser arrancadas, postas em sacos, retiradas da área e aproveitadas na compostagem. Na colheita e na pós-colheita, deve-se ser cuidadoso, de modo a minimizar a ocorrência de microferimentos. Provavelmente, os nematóides são os maiores causadores de danos à batata-salsa e também de outras espécies que pertencem a mesma família botânica. A rotação de culturas com o plantio de culturas que não são atacadas pelo fungo e nematóides (espécies não pertencentes à família botânica das Apiaceas tais como a cenoura, salsa, coentro e aipo), especialmente as leguminosas ajudam a desinfestar um solo atacado por fungo e contribuem para o manejo de nematoides, principalmente a Crotalária spectabilis (efeito alelopático). Para o manejo de pragas, deve-se utilizar as medidas preventivas tais como: seleção do material de cultivo, adubação adequada (fornecimento excessivo de nitrogênio favorece os pulgões e ácaros), retirada de plantas muito atacadas, manejo da irrigação, rotação de culturas e a destruição dos restos culturais. Os restos culturais devem ser retirados da área, pois neles a praga se multiplica, constituindo-se em inóculo para novos plantios. 

Figura 2. Mudas e raízes de batata-salsa

Colheita: A batata-salsa pode ser colhida com 240 a 330 dias após o plantio, ou seja, seu ciclo dura de 8 a 11 meses, dependendo da cultivar usada. Quando a planta amarelecer e as folhas mais velhas secarem, a planta está pronta para ser colhida. Atualmente, já existem cultivares mais precoces, como a Amarela de Senador Amaral, que pode ser colhida com 6 a 8 meses. Em solos soltos a batata-salsa pode ser arrancada do solo com as mãos; em solos mais compactados há necessidade de um afrouxamento do solo que pode ser feito com enxada ou enxadão. Em cultivos maiores o afrouxamento do solo para colheita pode ser feito com arrancadeiras. Deve-se tomar o cuidado para evitar ferimentos nas raízes que podem se transformar em porta de entrada para patógenos, causando podridões na fase pós-colheita. Todos os cuidados para diminuírem estes ferimentos resultam em melhoria da qualidade do produto e diminuição de perdas por deterioração. Também é importante a seleção de cultivares menos propensas ao desenvolvimento de infeções pós-colheita. A colheita da batata-salsa costuma ser feita quando a raiz atinge um diâmetro de 3 a 4 cm; raízes com diâmetro maior que 4 cm tem menor valor comercial. Se o preço estiver desfavorável, a colheita pode ser atrasada algumas semanas. O ideal para a comercialização das raízes de batata-salsa é não lavá-las, pois dessa maneira aumenta-se o período de conservação. O processo de lavagem das raízes, embora melhore a aparência, contribui para o aumento da perda de água durante o período de comercialização, pois a utilização do cilindro rotativo que provoca atrito entre as raízes danifica a película externa de proteção. Além disso, pode contaminar as raízes sadias pela água e facilitar o desenvolvimento de microrganismos, se a secagem for deficiente. Na hora de escolher as melhores raízes na feira, a Embrapa Hortaliças aconselha: as raízes mais frescas apresentam um amarelo mais intenso; evite comprar aquelas cortadas com ferimentos, áreas amolecidas ou manchas escuras; e, principalmente, dê preferência às menores, pois são mais macias. Para conservá-las por mais tempo, guarde em um recipiente bem fechado ou em saco plástico na geladeira. Dessa maneira, as raízes mais frescas duram até cinco dias. 

sábado, 9 de abril de 2022

Chá de Alecrim


Indicações e Ação Farmacológica: Suas ações são relacionadas geralmente na atividade de seu óleo essencial e seus compostos fenólicos antioxidante. Apresenta propriedade analgésica, espasmolítica, antiinflamatória, antifúngica e possível antineoplásica, bem como atividade antimicrobiana contra bactérias Gram-positivas e Gram-negativas. Também pode reverter dores de cabeça, reduzir o estresse, e ser benéfico no tratamento da asma e da bronquite. Externamente atua como estimulante do couro cabeludo e tem ainda ação anticaspa e previne a queda de cabelo. O outro grande uso de alecrim é na indústria de perfumaria, onde os óleos essenciais são utilizados como ingredientes naturais de fragrâncias. Estudos clínicos in vivo e in vitro demostraram os efeitos de Rosmarinus como inibidor da morte celular neuronal induzida por uma variedade de agentes, o potencial terapêutico dos compostos para a doença de Alzheimer abrangem vários alvos farmacológicos da doença.  

Não me canso de falar do alecrim, esta planta denominada também por erva da alegria, que têm sido sido objecto de vários estudos ao longo dos anos.

Trata-se de uma planta com propriedades anti-inflamatórias, cicatrizantes, bactericidas, anticépticas, estimula o relaxamento muscular e possui acção fortificante, entre outros benefícios.

A sua alcunha de erva da alegria, nasce do facto desta planta conter óleos essenciais, que favorecem a produção de neurotransmissores responsáveis pelo bem estar.

O chá de alecrim é bastante consumido pelas suas diversas indicações. É indicado nos problemas respiratórios, azia, dores de cabeça, debilidade cardíaca, hemorróides, depressão, insónia, combate o cansaço físico e mental, problemas de irrigação sanguínea e estimula a digestão.

Na idade média acreditava-se neste chá como fonte de rejuvenescimento. Segundo reza a historia a Rainha Elisabeth da Hungria, recebeu aos 72 anos uma formula do chá de alecrim através das mãos de um monge. Na altura estava praticamente paralítica e sofria de gota. Diz-se que recuperou que com este preparado recuperou a saúde, a alegria e a beleza.

10 razões para beber chá de alecrim


1-Gripes e constipações. Com acção expectorante e estimulante o chá de alecrim alivia as crises de asma, gripe, constipações e tosse incluindo as que são acompanhadas de catarro.

2-Hipertensão. Pelas suas características medicinais que ajudam a melhorar a  circulação sanguínea esta planta ajuda amenizar a tensão alta.

3-Redução dos gases. A sua acção carminativa ajuda na redução de gases intestinais, responsáveis pelo desconforto e mau estar de quem sofre deste mal.

4-Anemia. Controla a temperatura do sangue e consequentemente de todo o corpo. É recomendado nos problemas de anemia, má irrigação sanguínea, menstruações insuficientes e para o alivio de cólicas menstruais. As mulheres com períodos menstruais longos não devem abusar desta infusão, já que ela estimula o fluxo menstrual.

5-Perda de peso. O seu bom desempenho na irrigação dos órgãos e a sua acção desintoxicante, favorece o aumento do metabolismo e consequentemente a perda de peso.

6-Queda de cabelo e caspa. Deve-se beber o chá de alecrim e enxaguar o cabelo com ele.

7-Memoria. O alecrim aumenta o fluxo de sangue, estimulando cérebro e a memoria e aumentando a capacidade de aprendizagem. Contem um antioxidante, essencial para o sistema nervoso, que ajuda a atenuar as situações de stress e de estafa mental.

8-Saúde e beleza da pele. A infusão de alecrim acarreta muitos benefícios para a pele. Têm acção anti-inflamatória, refrescante, cicatrizante, anti-séptica e tonificante. Beneficia o tratamento de peles oleosas e com acne, ajuda na cicatrização e estimula a circulação periférica. Embeba um algodão no chá de alecrim bem concentrado e passe na pele.

9-Problemas digestivos. Alivia colicas intestinais e espasmos, estimula a libertação da bile o que ajuda à disgestão das gorduras.

Reumatismo. Devido a sua acção analgésica a infusão de alecrim quando aplicada localmente em forma de compressas atenua as dores.

10-Diabetes. Ajuda na assimilação de açúcares.

Como fazer o chá de alecrim


Como fazer este chá ou melhor dito, infusão. Leve 1 litro de água ao lume. Quando esta levantar fervura adicione 2 colheres de sopa de alecrim. Retire do lume e deixe em infusão cerca de 10 minutos.

Tome de preferência 2 vezes ao dia, idealmente uma antes de dormir.
Encontrará facilmente esta planta em qualquer ervanário e supermercado. Mas poderá também adquirir uma planta de alecrim, plantá-la no jardim um num vaso e colocá-lo no canto de uma varanda e desta forma ter a certeza que consome um produto sem agrotóxicos.


chá de alecrim  (rosmarinos officinalis) é um chá bastante consumido e tem diversas indicações. Tem seu uso datado desde a época da Idade Média e Renascimento, sendo usado para o rejuvenescimento, como conta uma história a respeito da rainha Elisabeth, da Hungria, que estava paralítica e sofria de gota aos setenta e dois anos, ao receber a receita de um monge e recobrar a saúde e a alegria. Aliás, naquela época antiga, também para a alegria ele era muito usado, considerado uma planta que combate a tristeza, ou seja, usado especialmente em casos de depressão. Costuma ser preparado por infusão (Veja a receita no final do artigo).

Veja algumas das indicações do chá de alecrim

Indicações: estimulante digestivo e para falta de apetite (inapetência), contra azia, para problemas respiratórios e debilidade cardíaca (cardiotônico), contra cansaço físico e mental, combate hemorróidas, antiespasmódico (uso interno) e cicatrizante (uso externo). Antidispéptico e anti-inflamatório.

Advertências


Não usar em pessoas com gastroenterites e histórico de convulsões. Não utilizar em gestantes. Doses acima das recomendadas podem causar nefrite e distúrbios gastrintestinais. Não usar em pessoas alérgicas ou com hipersensibilidade ao alecrim. Uso recomendado em pessoas acima de 12 anos.

Modo de preparo

Por Infusão: 01 xícara de cafezinho de folhas secas em 1/2 litro de água. Deixa a água ferver e colocar as folhas dentro da panela tampando-a e deixando em repouso 15 minutos após o preparo. Tomar uma xícara 3 ou 4 vezes ao dia entre as refeições.
VÍDEO RELACIONADO




Goji - O "super alimento"


O que é um Goji Berry?

O goji berry, também chamado de wolfberry, é uma baga laranja-vermelho brilhante que vem de um arbusto que é nativa da China. Na Ásia, bagas de goji têm sido comido por gerações, na esperança de viver mais tempo.
Com o tempo, as pessoas têm usado bagas de goji para tentar tratar muitos problemas comuns de saúde como   diabetes, pressão alta, febre, e problemas relacionadas com a idade.

Quais são os benefícios de bagas de Goji?

Goji berries são ricos em  nutrientes.
Alguns estudos utilizando suco de goji berry encontrado possíveis benefícios que incluíram uma sensação de bem-estar e calma, melhor o desempenho atlético e qualidade do  sono e perda de peso. Mas aqueles eram estudos preliminares que precisam ser repetidos antes de tirar conclusões. Todas as bagas são bons para você. Não está claro se goji berries são melhores do que outros tipos de bagas, ou se goji berry  suplementos  têm os mesmos benefícios de saúde como as bagas reais.
A fruta, sensação da indústria de alimentos saudáveis no Brasil e outros países, é um dos ingredientes mais conhecidos da tradicional medicina chinesa, onde é apreciado por ser a fruta da longevidade, sendo indicada para a visão, para o fígado, para estimular o sistema imunológico, o sistema vaso circulatório, o desempenho sexual, além de inúmeras outras indicações. Goji Berry são as populares bagas de Goji, pequenas frutas vermelhas nativas de regiões da China, do Tibete e da Mongólia, onde são cultivadas e consumidas há alguns milhares de anos. Submetida a inúmeras pesquisas para analisar suas propriedades, os cientistas se surpreenderam ao constatar que a Goji berry é um dos alimentos mais nutritivos que se tem conhecimento em todo o planeta, com um grande número de aminoácidos, vitaminas, minerais, ácidos graxos insaturados, antioxidantes e sendo especialmente rica em polissacarídeos Os antioxidantes presentes na fruta têm uma importância fundamental no combate ao envelhecimento da pele, estimulando a renovação das células. As bagas de Goji também são responsáveis pelo emagrecimento de seus usuários, e os resultados podem ser percebidos em poucos meses. A Goji berry é uma fruta seca, vermelha, de aspecto semelhante as uvas passas que conhecemos e de sabor adocicado. Podem ser consumidas naturalmente, puras ou misturadas com iogurte, cereais, etc
Goji é o nome comercial dado ao fruto de duas plantas extremamente relacionadas Lycium barbarum e Lycium chinese que diferem apenas no local de origem. Estas plantas pertencem à família Solonaceae, à qual pertencem outras plantas como a batata, tomate, tabaco e pimenta. Têm origem nos Himalaias e no Sudeste Europeu. 

Estas duas espécies são plantas de folha perene, que atingem cerca de 1,30 metros de altura, sendo que a Lycium barbarum tende a ser um pouco mais alta que a L. chinese.   Estas plantas produzem uma baga de cor brilhante vermelha-alaranjada, com uma forma semelhante à de uma uva passa. Estas bagas são o produto comercializado como bagas de goji.  

O Goji é utilizado há mais de dois mil anos pelos chineses como uma planta curativa. Textos médicos da antiga china descrevem as vantagens para a saúde destas bagas, citando como principais "poderes" a renovação da vitalidade e fortalecimento de órgãos como os olhos, fígado e rins. Consideravam ainda ter um papel importante no equilíbrio do "Yin and Yang". A China continua ainda a ser o grande país produtor e exportador de Goji.

No Ocidente foi já no século XXI que este produto começa a ganhar um enorme destaque, devido ao facto de ter sido considerado um alimento funcional. O seu conteúdo de elevado teor nutricional e as suas propriedades antioxidantes valeram-lhe esta categorização, e ainda que, seja apelidado por muitos de super alimento. 

Nos dias de hoje é utilizado pelos diversos beneficios que traz para a saúde como a redução da glicose e colesterol sanguíneos, efeito anti-envelhecimento, imunomodulador, anti-fadiga e estimulante na fertilidade masculina. 

As bagas são utilizadas na produção de vários produtos de saúde como cápsulas, bebidas ou mesmo sopas super nutritivas. Estas bagas são também já incluídas em diversas receitas culinárias como um elemento enriquecedor. 

Com todas as aplicações associadas ao Goji, começou a crescer na comunidade cientifica a necessidade de testar todos estes supostos benefícios para a saúde. São imensos os estudos já realizados que parecem vir corroborar todos estes pressupostos.

Analisando mais pormenorizadamente a composição química do Goji podemos verificar que contêm complexos proteicos com elevado poder farmacológico, além de possuir muitos outros compostos antioxidantes ( caroteno, riboflavina, ácido ascórbico, tiamina, ácido nicotínico).

De entre as propriedades já testadas podemos destacar:

efeito hipoglicêmico e hipolipídico: Uma população de coelhos com um perfil diabético e com colesterol alto foi sujeito ao tratamento durante 10 dias com água de decoação  de Goji, e ao 11º dia foram sujeito a reavaliação. Os coelhos mostraram uma redução dos níveis de glicose e colesterol sanguíneos e ainda um aumento do HDL (bom colesterol). Neste estudo foi ainda testada a actividade antioxidante mostrando resultados positivos. Com este estudo foi possível concluir que o Goji poderá ser um bom complemento a terapia anti-diabética oral, ajudando ainda (com o seu poder antioxidante) a reduzir o impacto de algumas doenças secundárias que aparecem com associadas a esta doença. 

Imunomodulador: Este efeito encontra-se associado a um complexo polissacarídeo específico existente no Goji (LBP3p). O investigador Lu Gan realizou um estudo feito com o complexo isolado (10 mg/kg) em ratos de laboratório que mostrou a capacidade deste de inibir o crescimento de células tumorais e ainda um reforço positivo do sistema imunitário. 

Efeito anti-idade: Uma das principais propriedades do Goji é o seu efeito contra as toxinas que são produzidas no organismo relacionadas com o envelhecimento. Sabe-se ainda que além desta acção ajuda na melhoria da memória e da actividade motora. Recentemente os investigadores estão a tentar mostrar que este efeito pode ter um efeito nas doenças neurodegenerativas como é o caso do Alzheimer.

Infertilidade masculina:  Um estudo em ratos concluiu que os polissacarídeos existente no Goji protegem o tecido testicular contra a degeneração induzida pela hipertermia e por factores químicos. Os animais viram o peso testicular aumentado e os níveis hormonais igualmente. Ocorreu ainda uma melhoria na actividade sexual e no desempenho copulatório. 

Outros estudos mostram ainda, que tal como se pensava na antiga China, a quantidade de caroteno e de zeaxantina, o consumo de Goji pode ter um efeito benéfico sobre os olhos e problemas de visão. 

Toxicidade:

Não estão descritos efeitos tóxicos das bagas de Goji. No entanto foi descrita, interecção medicamentosa com o medicamento varfarina, não se aconselhando o seu consumo simultâneo.

Não está aconselhado o seu consumo a crianças, grávidas e lactentes pois ainda não foram realizados estudos sobre o consumo de goji neste grupos de indivíduos. 

Como utilizar:

As bagas de Goji podem ser utilizadas das mais diversas formas. Podem ser consumidas secas, vendidas em qualquer grande superfície comercial, individualmente ao longo do dia, misturadas em cereais, ou ainda como elemento enriquecedor em pratos utilizados na nossa culinária. 
Pode ainda ser tomada a água proveniente da sua decoação, ou bebida como chá.
Existem ainda outras soluções já comercializadas em espaços de saúde, farmácias, ervanarias ou hiper-mercados,como são as cápsulas de extracto líquido de goji. Estas devem ser tomadas de acordo com a indicação de cada fabricante. 



quarta-feira, 22 de setembro de 2021

POLÍTICA NACIONAL DE PLANTAS MEDICINAIS E FITOTERÁPICOS


 

Nas últimas décadas, a Medicina Tradicional/Complementar e Alternativa (MT/MCA) e seus produtos, principalmente plantas medicinais, cada vez mais têm-se tornado objeto de políticas públicas nacionais e internacionais, especialmente na área da saúde, incentivadas pelas recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, as plantas medicinais e seus derivados são amplamente utilizados pela população nos cuidados com a saúde, assim como existem programas de fitote­rapia inseridos no Sistema Único de Saúde (SUS). Os principais instrumentos nortea­dores, aprovados em 2006, são a Política Nacional de Práticas Integrativas e Comple­mentares no SUS, que contempla diretrizes, ações e responsabilidades institucionais, entre outras, para plantas medicinais e fitoterapia no SUS, e a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, que traz diretrizes para desenvolvimento da ca­deia produtiva de plantas medicinais e fitoterápicos. As políticas nacionais trouxeram avanços para a saúde no País, pela normatização e institucionalização das experiên­cias com plantas medicinais e fitoterapia na rede pública e como indutor de políticas, programas e legislação nas três instâncias de governo. 

Palavras-chave: Política pública. Planta medicinal. Fitoterápico. Fitoterapia. Saúde pública. Medicina tradicional. 

Políticas públicas contemplam di­retrizes e linhas estratégicas de atuação governamental, as quais orientam legis­lação, programas e projetos para o desen­volvimento econômico e social do país. A diversidade biológica ou biodiversidade, compreendida como o “conjunto de todos os seres vivos com toda sua variabilidade genética”, tem sido cada vez mais reconhe­cida como um dos elementos centrais para o desenvolvimento e bem-estar da humani­dade e a grande responsável pelo equilíbrio  ambiental global (WILSON, 1997). 

Nas últimas décadas, a Medicina Tradi­cional3/Complementar e Alternativa (MT/ MCA) e seus produtos, principalmente plantas medicinais, cada vez mais têm-se tornado objetos de políticas públicas na­cionais e internacionais, especialmente na área da saúde, incentivadas pelas recomen­dações da Organização Mundial da Saúde (OMS), a qual reconhece a importante contribuição da MT na prestação de assis­tência social, especialmente às populações com pouco acesso aos sistemas de saúde  (BRASIL, 2008b). Estas práticas estão cada vez mais popularizadas e valoriza­das e são incentivadas não somente pelos profissionais que atuam na rede básica de saúde dos países em desenvolvimento, mas também por aqueles países onde a medicina convencional é predominante no sistema de saúde local (ORGANIZACIÓN MUNDIAL DE LA SALUD, 2002). 

Os esforços da OMS em considerar o valor potencial da MT, como práticas segu­ras e eficazes, e incentivar sua integração aos sistemas oficiais de saúde orientados  pelas diretrizes de políticas nacionais de MT, iniciaram-se no final da década de 1970 com a criação do Programa de Medicina Tradicional. Um dos principais documentos, frutos desse Programa, foi “Estratégia da OMS para a Medicina Tra­dicional para 2002-2005”, que contempla diagnóstico, desafios e potencialidades da MT, assim como o papel e os objeti­vos da Organização nesse campo. Nesse documento, a OMS (ORGANIZACIÓN MUNDIAL DE LA SALUD, 2002) propôs respaldar os países a: 

a) integrar as MT/MCA aos sistemas nacionais de saúde, desenvolvendo e implementando políticas e progra­mas nacionais; 

b) promover a segurança, eficácia e qualidade das MT/MCA; 

c) aumentar a disponibilidade e aces­sibilidade das MT/MCA; 

d) fomentar o uso racional das MT/ MCA, tanto pelos provedores quan­to pelos consumidores. 

Outro importante documento, publi­cado em 2005, foi o “National Policy on Traditional Medicine and Regulation of Herbal Medicines”, que discute a situação mundial das Políticas Nacionais de MT/ MCA e medicamentos oriundos de plantas medicinais (fitoterápicos, no Brasil). No diagnóstico, 45 países dos 141 que respon­deram ao questionário afirmaram possuir Política Nacional de MT/MCA e, quanto à situação regulatória para medicamentos oriundos de plantas medicinais, a maioria dos Estados-membros (65%), ou seja, 92 possuem leis ou regulamentos para esses medicamentos, onde se inclui o Brasil. Se­gundo a OMS, os medicamentos oriundos de plantas medicinais (herbal medicines4)  são os mais largamente utilizados nas medicinas tradicionais. Para esses medi­camentos, relata que os mais importantes desafios são critérios de segurança, eficácia e qualidade e que dependem de regulamen­tação adequada (WHO, 2005). 

No Brasil, as plantas medicinais e seus derivados vêm, há muito, sendo utilizados pela população nos seus cuidados com a saúde, seja pelo conhecimento tradicional na MT indígena, quilombola, entre outros povos e comunidades tradicionais, seja pelo uso na medicina popular, de transmis­são oral entre gerações, seja nos sistemas oficiais de saúde, como prática de cunho científico, orientada pelos princípios e di­retrizes do Sistema Único de Saúde (SUS). Além do conhecimento tradicional asso­ciado às plantas medicinais, da tradição de uso pela população, da rica diversidade de espécies vegetais, da grande sociodiversi­dade, o País possui infraestrutura tecno­lógica para desenvolvimento de produtos oriundos da biodiversidade brasileira com vistas à ampliação do acesso da população a serviços e produtos em atenção à saúde, assim como redução da dependência tec­nológica de insumos farmacêuticos. 

Todas as oportunidades e potencial do País para desenvolvimento das plantas medicinais e da fitoterapia para a popu­lação brasileira e de ações e programas implantados na rede pública de saúde, diversos documentos e recomendações foram elaborados, visando normatizar esse setor e ampliar o acesso a esses produtos e serviços com segurança e eficácia. Dentre estes são citados: 

a) o Programa de Pesquisa de Plantas Medicinais (PPPM) da Central de Medicamentos (Ceme), do Minis­tério da Saúde, vigente entre 1982 e 1997, que realizou pesquisas com  55 espécies de plantas medicinais com o objetivo, entre outros, de:  Desenvolver uma terapêutica al­ternativa e complementar, com embasamento científico, por meio do estabelecimento de medicamentos fitoterápicos originados a partir da determinação do real valor farmacoló­gico de preparações de uso popular, à base de plantas medicinais. (BRASIL, 2006d); 

b) a Resolução Ciplan no 8, de 8 de março de 1988, a qual regulamentou a prática de fitoterapia nos servi­ços de saúde, assim como criou procedimentos e rotinas relativas à prática da fitoterapia nas Unidades Assistenciais Médicas; 

c) as recomendações das Conferências Nacionais de Saúde, do Fórum para a Proposta de Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, ocorrido em 2001, e do Seminário Nacional de Plantas Medicinais, Fitoterápicos e Assistência Far­macêutica, ocorrido em Brasília, em setembro de 2003 (BRASIL, 2006d). 

A primeira Política Nacional que contemplou diretrizes com interface com a MT, nesse caso a Medicina Tradicional Indígena, na qual as plantas medicinais destacam-se como importante recurso tera­pêutico, foi a Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas, aprovada por meio da Portaria GM no 254, de 31 de janeiro de 2002, do Ministério da Saúde. Nesta Política Nacional: 

O princípio que permeia todas as diretrizes é o respeito às concepções, valores e práticas relativos ao pro­ cesso saúde-doença próprios a cada sociedade indígena e a seus diversos especialistas. A articulação com esses saberes e práticas deve ser estimulada para a obtenção da melhoria do es­tado de saúde dos povos indígenas. (BRASIL, 2002). 

Entre as diretrizes cabe destacar: 

a) articulação dos sistemas tradicionais indígenas de saúde; 

b) produção de ambientes saudáveis e proteção à saúde indígena; 

c) promoção ao uso adequado e ra­cional de medicamentos, a qual estabelece: 

Nas ações que envolvem direta ou indiretamente a assistência farma­cêutica no contexto da atenção à saúde indígena, devem também com­por as práticas de saúde tradicionais dos povos indígenas, que envolvem o conhecimento e o uso de plantas medicinais e demais produtos da far­macopeia tradicional no tratamento de doenças e outros agravos à saúde. (BRASIL, 2002). 

Outra política nacional que veio aten­der à demanda da OMS de formulação de Políticas Nacionais de MT/MCA, visando integrá-las aos sistemas oficiais de saúde, é a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) no SUS, apro­vada em 2006, que contempla diretrizes para Medicina Tradicional Chinesa/Acu­puntura, Homeopatia e Plantas Medicinais e Fitoterapia, assim como para observató­rios de saúde do Termalismo Social e da Medicina Antroposófica. 

O processo de elaboração e a aprovação da PNPIC proporcionaram o desenvolvi­mento de políticas, programas e ações em todas as instâncias do governo federal. Destaque é dado à Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, elabo­rada  pelo Grupo de Trabalho Interminis­terial (GTI), a qual contempla diretrizes para toda a cadeia produtiva de plantas medicinais e fitoterápicos. As diretrizes para plantas medicinais e fitoterapia no SUS, incluídas nesta Política Nacional, estão em consonância com as diretrizes da PNPIC (BRASIL, 2006e). 

A PNPIC no SUS e a Política Nacional Plantas Medicinais e Fitoterápicos trouxe­ram grandes avanços, entre outros, para a saúde no País, pela normatização e institu­cionalização das experiências com plantas medicinais e fitoterapia na rede pública e como indutoras de políticas, programas e legislação nas três instâncias de governo, fato comprovado pelo aumento significa­tivo de ações, programas e políticas nos Estados e municípios brasileiros após as suas aprovações. 

POLÍTICA NACIONAL DE PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES (PNPIC) NO SUS: PLANTAS MEDICINAIS E FITOTERAPIA 

No Brasil, aproximadamente 350 mu­nicípios/Estados, distribuídos em todas as regiões, oferecem ações/serviços com plan­tas medicinais e fitoterapia no SUS, além de outras práticas integrativas e comple­mentares (Homeopatia, MTC/Acupuntura, Medicina Antroposófica, entre outras). As ações/serviços de fitoterapia ocorrem de maneira diferenciada, com relação aos pro­dutos e serviços oferecidos, principalmente relacionadas com as espécies de plantas medicinais disponibilizadas, em virtude dos diferentes biomas. No entanto, a maio­ria das ações é ofertada na atenção básica (BRASIL, 2008b), definida na Política Na­cional de Atenção Básica como o conjunto de ações de saúde, no âmbito individual e coletivo, que abrangem a promoção e a proteção da saúde à prevenção de agravos,  o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação e a manutenção da saúde. 

Alguns Estados/municípios possuem políticas e legislação específicas para o serviço de fitoterapia no SUS e laborató­rios de produção, disponibilizando plantas medicinais e/ou seus derivados, além de publicações para profissionais de saúde e população sobre uso racional destes pro­dutos. Outros, no entanto, possuem com menor nível de complexidade, em virtude de implantação recente, da carência de recursos e de profissionais capacitados ou pela dificuldade em cumprir as exigências da legislação sanitária. 

A necessidade de normatização e insti­tucionalização dessas ações/serviços inse­ridos no SUS, as demandas da OMS e da população brasileira pela valorização das práticas tradicionais (populares) culmina­ram na formulação e aprovação da PNPIC no SUS, por meio da Portaria GM no 971, de 3 de maio de 2006, do Ministério da Saúde, após amplo processo de discussão e validação com representantes de gover­no e da sociedade civil, assim como pela submissão às instâncias de avaliação de po­líticas de saúde. Por meio dessa política, o Ministério da Saúde estabeleceu diretrizes para incorporação e implementação da Ho­meopatia, Plantas Medicinais e Fitoterapia, Medicina Tradicional Chinesa/Acupuntu­ra, assim como para observatórios de saúde do Termalismo Social – Crenoterapia no SUS (BRASIL, 2006c). 

Esta Política Nacional visa, entre outros: 

Incorporar e implementar as Práticas Integrativas e Complementares no SUS, na perspectiva da prevenção de agravos e da promoção e recuperação da saúde, com ênfase na atenção básica, voltada para o cuidado con­tinuado, humanizado e integral em saúde e contribuir para o aumento da  resolubilidade do Sistema e amplia­ção do acesso às Práticas Integrativas e Complementares, garantindo quali­dade, eficácia, eficiência e segurança no uso. (BRASIL, 2006c). 

A PNPIC contempla diretrizes para Plantas Medicinais e Fitoterapia no SUS, cuja proposta foi construída seguindo o modelo da fitoterapia ocidental, entendida como: 

Terapêutica caracterizada pela utili­zação de plantas medicinais em suas diferentes formas farmacêuticas, sem a utilização de substâncias ativas isoladas, ainda que de origem vegetal. (BRASIL, 2006c). 

A abordagem dessa proposta incentiva o desenvolvimento comunitário, a solida­riedade e a participação social, em virtude de a quase totalidade dos programas no País basear-se neste modelo (BRASIL, 2006c). 

As diretrizes constantes nesta Política para Plantas Medicinais e Fitoterapia são (BRASIL, 2006c): 

- elaboração da Relação Nacional de Plantas Medicinais e da Relação Nacional de Fitoterápicos; 

-provimento do acesso a plantas me­dicinais e fitoterápicos aos usuários do SUS. A Política preconiza que os serviços podem disponibilizar planta medicinal in natura, planta medicinal seca (droga vegetal), fitoterápico manipulado e/ou fitoterápico indus­trializado; 

-formação e educação permanente dos profissionais de saúde em plantas medicinais e fitoterapia; 

- fortalecimento e ampliação da parti­cipação popular e controle social; 

- incentivo à pesquisa e desenvolvi­mento  de plantas medicinais e fitote­rápicos, priorizando a biodiversidade do País; 

- promoção do uso racional de plantas medicinais e dos fitoterápicos no SUS; 

- acompanhamento e avaliação da in­serção e implementação das plantas medicinais e fitoterapia no SUS; 

- garantia do monitoramento da quali­dade dos fitoterápicos pelo Sistema Nacional de Vigilância Sanitária; 

- estabelecimento de política de finan­ciamento para o desenvolvimento de ações. 

Essa Política contempla, também, ações e responsabilidades de entidades federais, estaduais e municipais para a sua implantação e implementação, as quais orientarão os gestores na implantação ou adequação dos programas existentes, assim como na formulação de políticas estaduais e municipais. 

POLÍTICA NACIONAL DE PLANTAS MEDICINAIS E FITOTERÁPICOS 

O desenvolvimento de políticas, pro­gramas e projetos do governo na área de plantas medicinais e fitoterápicos e as discussões durante a formulação das dire­trizes para Plantas Medicinais e Fitoterapia da PNPIC apontaram a necessidade de uma Política Nacional que contemplasse diretrizes para o desenvolvimento de toda a cadeia produtiva de plantas medicinais e fitoterápicos, objetivando um projeto conjunto entre órgãos governamentais e não-governamentais.  Visando à elaboração da Política Na­cional de Plantas Medicinais e Fitoterápi­cos, foi constituído por Decreto Presiden­cial,  em 17 de fevereiro de 2005, o GTI, formado por representantes do Ministério da Saúde (coordenação); Casa Civil; Mi­nistério da Integração Nacional; Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC); Ministério do Desenvol­vimento Agrário (MDA); Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT); Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal (MMA); Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA); Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) e por representantes da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e Fundação Oswaldo Cruz. 

O GTI, após período de discussão, sub­sidiado por documentos de fóruns, seminá­rios e conferências, além de regulamenta­ções nacionais e internacionais, elaborou a Proposta de Política que foi submetida aos ministros das Pastas envolvidas, para avaliação e aprovação e, posteriormente, à Casa Civil da Presidência. Em 22 de junho de 2006, a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos foi aprovada na forma do Decreto Presidencial no 5.813, que também instituiu o GTI para elaborar o Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, em conformidade com as diretrizes da Política Nacional (BRASIL, 2006ae). 

A Política Nacional traz como objetivo: 

Garantir à população brasileira do acesso seguro e uso racional de plantas medicinais e fitoterápicos, promovendo o uso sustentável da biodiversidade, o desenvolvimento da cadeia produtiva e da indústria nacional. (BRASIL, 2006e). 

Entre as 17 diretrizes contempladas no documento, podem ser citadas (BRASIL, 2006e): 

Regulamentar o cultivo; o manejo sustentável; a produção, a distribui­ção, e o uso de plantas medicinais e fitoterápicos, considerando as expe­riências da sociedade civil nas suas diferentes formas de organização; 

• Incentivar a formação e capacitação de recursos humanos para o desen­volvimento de pesquisas, tecnologias e inovação em plantas medicinais e fitoterápicos; 

• Fomentar pesquisa, desenvolvimento tecnológico e inovação com base na biodiversidade brasileira, abran­gendo espécies vegetais nativas e exóticas adaptadas, priorizando as necessidades epidemiológicas da população; 

• Incentivar a incorporação racional de novas tecnologias no processo de produção de plantas medicinais e fitoterápicos; 

• Garantir e promover segurança, efi­cácia e qualidade no acesso a plantas medicinais e fitoterápicos; 

• Promover o uso sustentável da biodiversidade e a repartição dos benefícios derivados do uso dos co­nhecimentos tradicionais associados e do patrimônio genético; 

• Promover a inclusão da agricultura familiar nas cadeias e nos arranjos produtivos das plantas medicinais, insumos e fitoterápicos; 

• Incrementar as exportações de fito­terápicos e insumos relacionados, priorizando aqueles de maior valor agregado; 

• Estabelecer mecanismos de incentivo para a inserção da cadeia produtiva de fitoterápicos no processo de forta­lecimento da indústria farmacêutica nacional. 

Para monitoramento e avaliação da implantação das referidas diretrizes, a 

Política Nacional previu a criação de Comitê Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, GTI formado por represen­tantes do governo e dos diferentes setores da sociedade civil envolvidos com o tema, posteriormente à elaboração do Programa Nacional. 

Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos 

Posterior à aprovação da Política Nacional e com vistas à implementação de suas diretrizes foi instituído o GTI, formado por representantes do Minis­tério da Saúde (coordenação); da Casa Civil; Ministério da Integração Nacio­nal; MDIC; MDA; MCT; Ministério da Cultura; MMA; MAPA; MDS e por representantes da Anvisa e da Fundação Oswaldo Cruz, pela Portaria no 2.311 do Ministério da Saúde, de 29 de setembro de 2006 (BRASIL, 2006b), republicada em 22 de fevereiro de 2007, com o objetivo de elaborar o Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos. 

Esse GTI, orientado pelas diretrizes e linhas de ação da Política Nacional, ela­borou a proposta de Programa Nacional, que foi submetida à consulta pública e, após consolidação das contribuições, às instâncias superiores para avaliação e aprovação. O Programa foi aprovado em 9 de dezembro de 2008, por meio da Portaria Interministerial no 2.960, que também criou o Comitê Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, com representantes de órgãos governamentais e não-governamen­tais, estes com representantes de todos os biomas brasileiros (BRASIL, 2008a). 

O Programa Nacional, em conformida­de com as diretrizes da Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos e da PNPIC no SUS, traz ações, gestores, órgãos envolvidos, prazos e origem dos recursos para implementação destas ações com abrangência de toda a cadeia produtiva. 

É o principal instrumento para orientação dos gestores federais na implantação das diretrizes da Política Nacional, assim como subsidia o trabalho do Comitê Nacional no monitoramento e avaliação das ações. Cabe ressaltar que a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos é documento de Estado e, já o Programa, instrumento de governo para implantação das ações, com prazos e responsabilidades, necessita, portanto, de revisão e atualização a cada gestão do governo federal. 

POLÍTICAS E PROGRAMAS ESTADUAIS/MUNICIPAIS PARA PLANTAS MEDICINAIS E FITOTERAPIA 

Alguns Estados e municípios elabora­ram suas políticas e regulamentações para o serviço de fitoterapia na rede pública de saúde anteriormente à iniciativa do governo federal, pela necessidade de nor­matização das práticas há muito existentes nos municípios. Entretanto, a demanda por normatização estadual/municipal incrementou-se com a formulação e apro­vação das Políticas Nacionais. Atualmente, o documento da PNPIC é o referencial para Estados e municípios formularem suas políticas, assim como as estratégias de formulação e aprovação adotadas pelo governo federal. 

Sobre as iniciativas estaduais/munici­pais, podem-se citar: 

a) Ceará: Decreto no 30.016, de 30 de dezembro de 2009, que regulamenta a Lei no 12.951, de 7 de outubro de 1999, dispõe sobre a Política de Im­plantação da Fitoterapia em Saúde Pública no estado do Ceará; 

b) Espírito Santo: Resolução no 543/ 2008 do Conselho Estadual de Saúde, que aprova a Proposta de Institucionalização da Política das 

Práticas Integrativas e Comple­mentares: homeopatia, acupuntura e fitoterapia, no estado do Espírito Santo; 

c) Minas Gerais: Resolução no 1885, de 27 de maio de 2009, da Secretaria Estadual de Saúde, que aprova a Política Estadual de Práticas Inte­grativas e Complementares; 

d) Rio Grande do Sul: Projeto de Lei no 108/2006, da Assembleia Legisla­tiva do Estado, que institui a Política Intersetorial de Plantas Medicinais e de Medicamentos Fitoterápicos no estado do Rio Grande do Sul e dá outras providências; 

e) São Paulo: Decreto no 49.596, de 11 de junho de 2008, que regulamenta a Lei no 14.682, de 30 de janeiro de 2008, institui, no âmbito do mu­nicípio de São Paulo, o Programa Qualidade de Vida com Medicinas Tradicionais e Práticas Integrativas em Saúde e a Lei no 14.903, de 6 de fevereiro de 2009, que dispõe sobre a criação do Programa de Produção de Fitoterápicos e Plantas Medici­nais no município de São Paulo e dá outras providências.  de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, com abrangência da cadeia produtiva de plantas medicinais e fitoterápicos, foram formula­dos em consonância com as recomenda­ções da OMS e os princípios e diretrizes do SUS, levando-se em consideração, entre outros, o potencial e as oportunidades que o Brasil tem para desenvolvimento do setor, a demanda da população brasileira pela oferta dos produtos e serviços na rede pública e a necessidade de normatização das experiências existentes no SUS. 

Essas Políticas têm convergência e sintonia com outras Políticas Nacionais, como a Política Nacional de Saúde, de Atenção Básica, de Educação Permanente, de Assistência Farmacêutica, de Atenção à Saúde de Povos Indígenas, de Povos e Comunidades Tradicionais, de Biodiver­sidade, a Política Industrial Tecnológica e de Comércio Exterior, entre outras, e as ações decorrentes dessas políticas são imprescindíveis para melhoria da atenção à saúde da população, ampliação das op­ções terapêuticas aos usuários do SUS, uso sustentável da biodiversidade brasileira, fortalecimento da agricultura familiar, geração de emprego e renda, desenvolvi­mento industrial e tecnológico, inclusão social e regional.