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ANUCIOS

sexta-feira, 15 de setembro de 2017

Produtos alternativos para o controle de doenças e pragas




 No cultivo de uma horta e um pomar orgânico o homem deve intervir o menos possível no meio ambiente para não provocar o desequilíbrio do sistema. Por isso, os produtos alternativos apresentados a seguir, mesmo que na grande maioria não cause riscos ao homem e ao ambiente, somente devem ser utilizados quando realmente necessários.

Caldas  bordalesa e sulfocálcica
     As caldas possuem baixo impacto ambiental sobre o homem e os animais. O cobre presente na calda bordalesa é pouco tóxico para a maioria dos pássaros, abelhas e mamíferos, porém é tóxico para peixes. A aplicação de caldas não tem o objetivo de erradicar os insetos e os microorganismos nocivos, mas fortalecer as plantas e ativar o seu mecanismo de resistência. Essas caldas podem serem preparadas na propriedade, reduzindo significativamente o custo de produção. As sugestões de dosagens para as diversas culturas constam na Tabela 10.
Calda Bordalesa
     È o resultado da mistura simples de sulfato de cobre e cal virgem, diluídos em água. É recomendada como fungicida para controle preventivo de doenças fúngicas  e bacterianas. Essa calda é uma das formulações mais antigas que se conhece, tendo sido descoberta quase por acaso, no final do século XIX na França por um agricultor que estava aplicando água com cal para evitar que cachos de uva fossem roubados. Logo, percebeu-se que as plantas tratadas estavam livres da antracnose. Estudando o caso, um pesquisador descobriu que o efeito estava associado ao fato do leite de cal ter sido preparado em tachos de cobre. A partir daí, desenvolveu pesquisas para chegar à formulação mais adequada da proporção entre a cal e o sulfato de cobre.
Vantagens
- Forma camada protetora contra doenças e pragas;                                             
- Alta resistência à lavagem pelas chuvas;                                                                    
- Aumenta a resistência da planta à insolação;                                                        
- Fornece nutrientes essenciais (cobre, enxofre e cálcio);                                       
- Promove a resistência da planta e dos frutos;                                                           
- Melhora  a conservação e a regularidade de maturação e aumenta o teor de açúcares;
- Baixo impacto ambiental sobre o homem e os animais domésticos;
- É um dos fungicidas mais baratos e eficientes.


Figura 1. Preparo da calda bordalesa

Preparo da calda bordalesa a 1%
     A formulação a seguir é para preparo de 100 litros. Para fazer outras medidas, é só manter as proporções entre os ingredientes listados a seguir:
Ingredientes:     Sulfato de cobre ................................1000 g
                           Cal virgem ou hidratada ..................  1500 g
                           Água ......................................... .......  100 l 
1º passo: dissolver o sulfato de cobre – colocar  o sulfato de cobre em um saco de pano e mantê-lo imerso em suspensão na parte superior de um balde de água (a dissolução demora até 24 horas). Quando necessário, pode-se dissolver as pedras de sulfato de cobre para uso imediato, aquecendo a água ou moendo as pedras.
2º passo: dissolver a cal virgem  – em outra vasilha (sem ser de plástico) fazer a queima da cal virgem de boa qualidade (cal velha com aspecto farinhento não deve ser utilizada) que pode ser no mesmo dia em que for usada. Colocar 1500g de cal em uma lata de metal de 20 litros e adicionar 9 litros de água aos poucos e mexer com pá de madeira, até formar uma pasta mole. Tomar cuidados com a temperatura da mistura que se eleva bastante. Após o resfriamento, adicionar um pouco de água, obtendo-se um leite de cal. A cal hidratada pode ser utilizada, desde que tenha boa qualidade; é mais prático e proporciona a mesma eficiência. Passar a calda por uma peneira fina, colocando-se mais água e agitando-se para passar pela peneira. Adicionar água até 50 litrosao leite de cal.
3º passo:  despejar a solução de sulfato de cobre em um tonel (sem ser de ferro ou aço) com capacidade para 200 litros. Adicionar água até 50 litros.
4º passo: despejar com um balde aos poucos, a solução de leite de cal sobre a solução de sulfato de cobre. As duas soluções devem estar sob a mesma temperatura. Com auxílio de uma pá de madeira, agitar constantemente durante a operação de mistura.
5º passo:  testar a acidez (pH) da calda -  mergulhar um prego novo durante um minuto na calda. Se houver escurecimento, significa que a calda está ácida (pH abaixo de 7,0) e precisa ainda de neutralização com mais leite de cal. Não escurecendo, a calda estará pronta (alcalina). Outra maneira de se verificar a acidez, é pingar duas a três gotas sobre uma lâmina de faca bem limpa (sem ser de aço inoxidável); após um minuto, sacudir a faca e, se ficarem manchas avermelhadas onde estavam as gotas da calda, a mesma está ácida. Quando a cal virgem é de má qualidade, a calda permanecerá ácida, sendo preciso, então, acrescentar mais leite de cal para neutralizar a acidez.
Obs.: de modo geral, a cal é um bom aderente. Entretanto, certas culturas podem necessitar de um espalhante-adesivo. Para melhorar a aderência da calda bordalesa, acrescentar 1,5 litros de leite desnatado ou 1 a 2 kg de farinha de trigo no preparo de 100 l de calda (dissolver a farinha de trigo em água e depois peneirar) após o seu preparo.

Calda Sulfocálcica
      È o resultado da mistura de enxofre e cal, diluídos em água. É indicada como acaricida e inseticida (tripes, cochonilhas, etc.), além de ter efeito fungicida, atuando de forma curativa (ferrugens, oídio, etc.). É muito utilizada para tratamento de inverno de fruteiras de clima temperado e subtropical.
Vantagens
- Os ácaros não criam resistência à calda sulfocálcica;
- Fornece nutrientes essenciais (cálcio e enxofre);
- Aumenta a resistência das plantas e melhora o sabor dos frutos;                                         
- É um dos fungicidas/inseticidas mais baratos e eficientes.
     Embora também possa ser preparada na propriedade, a calda sulfocálcica pode ser adquirida nas lojas agropecuárias a um baixo custo.

Aplicação das caldas e cuidados
     A aplicação, o preparo correto e o uso de pulverizadores com bicos-cones, de preferência de cerâmica (os de metal estragam rapidamente)  em bom estado e com jatos que formem uma névoa, cobrindo uniformemente folhas, frutos e ramos, são importantes para o êxito do tratamento, assim como a concentração e a qualidade dos ingredientes. A concentração das caldas depende das condições climáticas locais, da espécie, da fase da cultura e da forma de condução. Para evitar riscos de fitotoxicidade e queima de folhas e frutos, deve-se fazer um teste em poucas plantas, podendo-se aplicar em toda a área depois de observado o seu efeito.
     Os principais cuidados a serem observados no momento da aplicação são:
- deve-se sempre utilizar o equipamento de proteção individual (EPI) no preparo e na aplicação;
-  a aplicação deve ser com tempo bom, seco e fresco pela manhã ou à tardinha.  Quando aplicada com tempo úmido os riscos de fitoxicidade são maiores;
- somente as partes atingidas pelas caldas estarão protegidas de doenças e pragas; 
- as caldas devem ser mantidas sob forte agitação durante toda a aplicação;      
- para a maioria das plantas, não deve ser aplicada a calda bordalesa no período do florescimento, nem estando as plantas murchas ou molhadas e em época de forte estiagem;
-  a aplicação deve ser no mesmo dia de preparo da calda. No entanto, o leite de cal e o sulfato de cobre, quando em recipientes separados, podem ser guardados por dois a três dias;                               
- a calda sulfocálcica deve ser aplicada, durante a floração, somente para aquelas culturas que tolerem o enxofre;
- a calda bordalesa pode ser misturada com os biofertilizantes;
-  com temperaturas acima de 30ºC e abaixo de 10ºC, suspender a aplicação da calda;
- após aplicação das caldas, os equipamentos e os metais devem ser lavados para evitar corrosão, com vinagre (20%) e duas colheres de chá de óleo mineral. Verificar o desgaste dos bicos do pulverizador, fazendo a troca necessária. As caldas corroem o orifício dos bicos, alterando a vazão e o tamanho de gotas e, em conseqüência, a dose aplicada e a cobertura de plantas;
-no caso de empregar a calda sulfocálcica após aplicação da calda bordalesa, deixar um intervalo mínimo de 30 dias. Quando for o contrário, isto é, aplicar a calda bordalesa após a aplicação da calda sulfocálcica, observar intervalo de 15 dias;
-o intervalo de aplicações da calda bordalesa varia de sete a 15 dias ou até mais, dependendo das condições climáticas,  da ocorrência de doenças e do desenvolvimento da planta;
 -recomenda-se obedecer, no mínimo, o intervalo de uma semana entre a aplicação das caldas e a colheita.
  Tabela 1. Sugestões de aplicação das caldas bordalesa e sulfocálcica em hortaliças e frutas.
1 Para emprego das caldas recomenda-se que sejam feitas observações preliminares em poucas plantas, considerando o local, o clima, a cultivar e outros. 
2 Em cultivos protegidos (abrigos) de hortaliças, reduzir em 50% a concentração das caldas e aplicar nos períodos frescos. 
3 As aplicações devem ser à tardinha para não prejudicar a polinização feita pelas abelhas.
































                                                                                                                                                                                                            
   Tabela 1 (continuação). Sugestões de aplicação das caldas bordalesa e sulfocálcica em    hortaliças e frutas.

5 Algumas cultivares são sensíveis, por isso recomenda-se testar as dosagens. Obs.:Não se recomenda aplicar as caldas com os botões florais abertos. A inclusão de óleo (mineral ou vegetal) na calda bordalesa melhora o efeito sobre as pragas e as doenças. Fazer a aplicação das caldas com tempo bom e seco (ver a previsão do tempo). Obedecer o intervalo de aplicação, no mínimo de 15 dias entre a sulfocálcica e a bordalesa. Obedecer, no mínimo, o intervalo de 7 dias entre a aplicação e a colheita.









terça-feira, 12 de setembro de 2017

Princípios básicos da rotação de culturas



A rotação de culturas é um dos princípios básicos para o sucesso do sistema de plantio direto (SPD), consistindo na alternância ordenada de diferentes culturas num espaço de tempo e na mesma área, sendo que uma espécie vegetal não é repetida, no mesmo lugar, em um intervalo de tempo inferior a um ano. A sequência de culturas dentro de um mesmo ano agrícola é chamada de sucessão (por exemplo, sucessão trigo/soja). Os principais objetivos da rotação de culturas são: diversificação da renda da propriedade rural; melhor aproveitamento das máquinas e mão de obra; diminuição da incidência de pragas, doenças e plantas daninhas; aumento do teor de matéria orgânica do solo; melhoria e manutenção da fertilidade do solo; estruturação e descompactação do solo; e estabilização da produtividade das espécies vegetais cultivadas.
Para que a rotação de culturas atenda a todos os objetivos, é importante priorizar as espécies  ou cultivares que não multipliquem patógenos/pragas da soja  e que permitam a redução da população de plantas daninhas. Além disso, o planejamento do sistema de rotação deve contemplar espécies com fins econômicos e espécies para cobertura do solo, caracterizadas por uma elevada produção de biomassa e por raízes vigorosas, profundas e com grande eficiência na absorção de nutrientes. Como exemplo de opções de culturas econômicas para a rotação com a soja, tem-se, no inverno, o trigo, a cevada e a aveia branca e, no verão, o milho, o sorgo, o algodão e o girassol. O milho safrinha e o girassol são opções de culturas econômicas para o outono-inverno em regiões sem restrições de temperatura e de disponibilidade hídrica nesse período. Para a cobertura do solo, as principais espécies utilizadas em sistemas de rotação envolvendo a soja são: aveia, azevém, aveia+nabo forrageiro, milheto, guandu, crotalárias e, mais recentemente, forrageiras tropicais, como por exemplo, as braquiárias.
A rotação de culturas é uma prática agrícola onde a observação e a experiência mostravam aos agricultores, já há três mil anos, a necessidade de variar os cultivos na mesma área. Esta prática acabou sendo esquecida em todo o mundo devido as grandes guerras, quando a demanda por cereais fez surgir a agricultura dirigida, conduzindo para a monocultura. Com o manejo inadequado destas lavouras houve um aumento gradativo de doenças, pragas e plantas espontâneas ou indicadoras, levando o agricultor a usar mais agrotóxicos e, o que é pior, colocando em risco o meio ambiente. Outro problema causado pela monocultura é o desequilíbrio nutricional das plantas, agravado pelo uso abusivo e desequilibrado de adubos químicos e manejo inadequado do solo. A rotação de culturas é uma das práticas que reduz e até pode eliminar alguns dos problemas citados. Na prática, sabe-se que a rotação e/ou sucessão de cultivos já é realizada por alguns olericultores, localizados próximos aos grandes centros consumidores, sem no entanto levar em consideração os princípios fundamentais para o sucesso desta prática milenar. É muito comum também os produtores confundirem rotação de culturas com sucessão de culturas. Por isso, a seguir estão relacionados os conceitos de rotação, monocultura, sucessão e consorciação de culturas. 
Monocultura: é o uso continuado de uma mesma cultura, numa mesma estação de crescimento e numa mesma área. Todos os anos a mesma ou as mesmas espécies são semeadas ou plantadas no mesmo local. Caso a adubação não seja adequada, pode ocorrer o esgotamento do solo em determinado nutriente ou mesmo excesso em função do não aproveitamento do mesmo. Em conseqüência, pode ocorrer o desequilíbrio nutricional do solo, favorecendo as doenças e prejudicando a qualidade das hortaliças. 
Sucessão de culturas: é o estabelecimento de duas ou mais espécies em seqüência, na mesma área, em um período igual ou inferior a 12 meses, sem levar em consideração a família botânica das espécies. 
Consorciação de culturas: é o estabelecimento de duas ou mais espécies simultaneamente na mesma área. Neste tipo de cultivo há competição interespecífica em parte ou em todo o ciclo de desenvolvimento da cultura. 
A rotação de culturas: é o cultivo alternado de diferentes espécies vegetais no mesmo local e na mesma estação do ano, seguindo-se um plano predefinido, de acordo com princípios básicos. A rotação, se utilizada de forma correta, é um investimento no solo, resultando em benefícios tanto no rendimento como na qualidade das hortaliças, além de equilibrar a fertilidade do solo e reduzir pragas, doenças e plantas espontâneas. 

Princípios básicos da rotação de culturas 

- não cultivar, no mesmo lugar, espécies da mesma família botânica, pois essas estão sujeitas às mesmas pragas, doenças e plantas espontâneas. É o princípio de “matar de fome” os insetos, os fungos e as bactérias que atacam as plantas cultivadas; 

- ao utilizar espécies de famílias botânicas diferentes na rotação de culturas, deve-se alternar culturas com diferentes exigências nutricionais e com diferentes sistemas radiculares. 

Dentre as famílias botânicas, as solanáceas (Figura 1) possuem maiores problemas de doenças e pragas, seguidas pelas cucurbitáceas (Figura 1), brássicas (Figura 1) e lilliáceas. Estas espécies não devem ser cultivadas na mesma área e estação do ano. 


Figura 1. As espécies pertencentes à mesma família botânica não devem ser cultivadas na mesma área e estação do ano. Estas espécies possuem as mesmas doenças e pragas, o que facilita a disseminação dos problemas ocorridos, na safra seguinte.


Principais benefícios da rotação de culturas 

Redução e/ou eliminação de doenças, pragas e plantas espontâneas; aumento da produtividade e melhoria da qualidade, com redução de custos; manutenção e/ou melhoria da fertilidade e propriedades físicas do solo; redução das perdas por erosão; diversificação de renda da propriedade; melhor aproveitamento dos fatores de produção (terra, capital e mão-de-obra). 

O tempo de rotação 

Depende do interesse econômico, da área disponível, intensidade de cultivo e dos problemas (doenças, insetos-pragas e plantas espontâneas) que se deseja manejar. 

As doenças manejadas pela rotação 

- Bactérias: murchadeira, podridão mole, sarna, cancro, podridão negra, manchas bacteriana e angular; 

- Fungos: podridões dos frutos, seca e de esclerotínia, rizoctoniose, pinta preta, mancha de estenfílio, murchas de fusário e de verticilium, septoriose, mal-do-pé, queima das folhas, antracnose, míldio e ferrugem; 

- Nematoides: ocorrem principalmente em batata, tomate, cenoura, ervilha e beterraba. 


As melhores espécies para rotação 

Depende do problema que se deseja controlar e da adaptação às condições de clima e solo. As gramíneas, denominadas atualmente de poáceas e, as leguminosas são as mais indicadas. A família das poáceas (anteriormente denominada de gramíneas), tais como milho, aveia, cana-de-açúcar, pastagens e outras espécies, são as mais indicadas para rotação com hortaliças, pois são mais resistentes às pragas e doenças, desfavorecem o desenvolvimento de algumas bactérias e fungos (rizosfera antagônica) e inibem as plantas espontâneas. As leguminosas, como a mucuna, são ótimas opções para rotação por possuírem grande capacidade de melhorar e cobrir o solo, reduzindo as plantas espontâneas,fixando o nitrogênio do ar e reciclando nutrientes do solo devido ao sistema radicular profundo, além de controlar a doença fusariose. As leguminosas (crotalária e mucuna) são hospedeiros de nematóides. As leguminosas possuem efeito supressor e/ou alelopático à diversas plantas espontâneas (tiririca, picão preto e branco, capim carrapicho e capim paulista). Uma ótima opção de rotação de culturas no verão é o consórcio milho-verde e mucuna. Uma ótima alternativa para rotação de culturas no inverno é o consórcio de aveia, ervilhaca e nabo forrageiro. 





quinta-feira, 7 de setembro de 2017

Consorciação de culturas Horticolas




Um dos princípios básicos da agricultura orgânica é a prática da diversificação de culturas. Numa floresta todos os organismos vivos (plantas e animais) estão em equilíbrio, por isso convivem sem problemas. Na produção orgânica procura-se, dentro do possível, imitar o que ocorre numa floresta. Essa diversidade é o principal pilar da agricultura orgânica a contribuir para a manutenção do equilíbrio do sistema e, consequentemente, do solo e das culturas. Portanto, o equilíbrio biológico e ambiental, bem como a fertilidade do solo, não podem ser mantidos com apenas uma cultura. O uso continuado de uma mesma cultura, numa mesma estação de crescimento e numa mesma área (monocultura) vai contra a agricultura orgânica. Em função das grandes guerras, a demanda por cereais fez surgir a agricultura dirigida, prevalecendo a monocultura;  o uso intensivo, inadequado e exagerado da mecanização, dos agrotóxicos, dos corretivos e dos adubos químicos, associados ao monocultivo e a erosão do solo, conduz a maioria dos solos cultivados na agricultura moderna ou cultivo convencional, a um processo de auto-degradação e ao aumento gradativo de doenças, pragas e plantas espontâneas, e o que é pior, à contaminação das pessoas e do meio ambiente.  A consorciação de culturas é uma das práticas muito utilizada no cultivo orgânico que reduz e, até pode eliminar estes problemas.
O que é consorciação de culturas? é o aproveitamento do mesmo terreno, por duas ou mais culturas diferentes, na mesma época. Muitas espécies podem ser associadas entre si, pois se favorecem mutuamente. Com objetivo de aproveitar ao máximo o terreno, recomenda-se, especialmente, nos primeiros anos de implantação de um pomar a consorciação com outras culturas. Além de aproveitar bem o terreno, evita-se a erosão do solo e a disseminação de plantas espontâneas e, o mais importante, especialmente quando utiliza-se adubos verdes, obtém-se a melhoria da fertilidade do solo. O consórcio que pode ser feito na linha, nas entrelinhas e em faixas, garante renda extra ao agricultor e proporciona menor impacto ambiental em relação à monocultura. Mas as vantagens da diversificação de culturas não param por aí!  Todas as pragas das culturas têm seus inimigos naturais que as devoram ou destroem. Daí a importância de diversificar os cultivos (rotação, sucessão e consorciação de culturas) e preservar refúgios naturais como matas, cercas vivas e capoeiras para manter a diversidade natural da fauna (ácaros predadores, aranhas, insetos, anfíbios, répteis, aves e mamíferos). Todos fazem parte do grande conjunto natural e cada um contribui para manutenção  do equilíbrio na natureza.  Para sucesso dessa prática, muito usada quando há limitação de área no cultivo das diferentes espécies, deve-se empregar culturas com ciclo e estatura diferentes, espécies com desenvolvimento lento e espaçamento maior com outras de desenvolvimento rápido e de pequeno porte, espécies de raízes profundas com raízes superficiais, espécies com folhagens ralas com aquelas mais volumosas, espécies que exalam odores e afugentam insetos e, em alguns casos, uma servindo de tutora para outra cultura. A seguir, estão relacionados alguns exemplos de hortaliças que podem ser consorciadas com outras hortaliças e até com plantas de cobertura (adubos verdes), sem prejuízos para as plantas.

 Consórcio entre hortaliças

Para semeadura/plantio em canteiros: cenoura com alface (mudas) ou rabanete;  alho com alface (mudas) ou rabanete; salsa com alface ou rabanete; alho com beterraba (mudas); cenoura, alho e cebola com beterraba (mudas); beterraba com rabanete ou alface (mudas) ; couve-flor ou brócolis com alface (Figura 1) ou beterraba.


 Figura 1.   Consórcio entre hortaliças na horta orgânica do CAPS: couve-flor consorciada com alface

- Para semeadura/plantio em covas ou em sulcos (terreno plano):  aipim com feijão-de-vagem rasteiro, batata ou milho-verde; Milho-verde com feijão rasteiro ou batata; Obs.: utilizar fileiras duplas nas espécies de porte baixo.
Para semeadura  em covas ou em sulcos aproveitando o milho como tutor:  milho-verde com pepino para conserva;  milho-verde com feijão-de-vagem trepador. Obs.:  após a colheita do milho-verde, amarram-se duas a duas as plantas na ponta formando um “V” invertido.

 Consórcio de hortaliças com plantas de cobertura (adubos verdes e plantas espontâneas)
- Milho-verde com adubos verdes de verão - mucuna (Figura 2)São semeados na mesma época, preferencialmente no mês de dezembro; semeia-se o milho no espaçamento de 1,0 m x 0,20m e a mucuna entre as plantas na linha do milho. Este consórcio é muito interessante, pois além do produtor ter uma renda com o milho-verde, ainda melhora a fertilidade do solo, protege o solo da erosão, especialmente no verão quando ocorre as chuvas torrenciais, reduz a infestação de plantas espontâneas e doenças e, ainda, recicla os nutrientes que estão na camadas mais profundas do solo, trazendo-os para a superfície,  devido ao vigoroso e profundo sistema radicular da mucuna (leguminosa). 


Figura 2. Milho-verde (gramínea) consorciado com mucuna (leguminosa), além de reduzir doenças, pragas e plantas espontâneas (tiririca ou junça, picão-preto e branco, capim carrapicho e capim paulista), recicla nutrientes, melhora a fertilidade do solo,  evita a erosão do solo e ainda proporciona renda ao produtor.


- Hortaliças com adubos verdes de inverno (aveia preta + ervilhaca + nabo forrageiro). Os adubos verdes são semeados no outono. Por ocasião do plantio das hortaliças de espaçamentos mais largos (exemplos: o tomate (Figura 3), repolho, couve-flor, couve e brócolis), no final do inverno, é feito a roçada na linha de plantio e a abertura do sulco, mantendo-se os adubos verdes nas entre-linhas. A aveia preta é o adubo verde de inverno mais conhecido, rústica, boa cobertura, inibe as plantas espontâneas (inços) e ainda é ótima para alimentação animal. É ótima para efetuar rotação de culturas, pois é resistente às doenças. A ervilhaca possui boa produção de massa, boa no uso consorciado com aveia e, é fixadora de nitrogênio do ar. O nabo forrageiro é uma espécie que descompacta o solo, devido ao sistema radicular profundo, além de servir de abrigo para inimigos naturais de diversos insetos-pragas que atacam as hortaliças.


Figura 3. Sugestão de consórcio no inverno de adubos verdes com hortaliças: aveia preta (60kg/ha), ervilhaca (18kg/ha) e nabo forrageiro (4kg/ha), semeados de março a julho, com o plantio de tomate tutorado, em agosto/setembro.

 Consórcio de hortaliças com plantas medicinais, aromáticas e condimentares
 O coentro, consorciado com o tomateiro, reduz os danos da traça  do tomate e, ainda atrai os inimigos naturais de pragas de várias culturas. A sálvia e o alecrim consorciados com as brássicas (repolho, couve-flor, couve e brócolis) repele a borboleta que põe os ovos nas folhas dando origem as lagartas que danificam as folhas. A arruda e hortelã consorciada com hortaliças repelem a mosca-branca que ataca diversas hortaliças. A manjerona e capim cidreira repelem os insetos em geral. O poejo e a hortelã repelem as formigas. A hortelã repele ratos, enquanto que o poejo, arruda, alecrim e sálvia também repelem traça e outros roedores.