google.com, pub-8049697581559549, DIRECT, f08c47fec0942fa0 VIDA NATURAL: Princípios básicos da rotação de culturas

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terça-feira, 12 de setembro de 2017

Princípios básicos da rotação de culturas



A rotação de culturas é um dos princípios básicos para o sucesso do sistema de plantio direto (SPD), consistindo na alternância ordenada de diferentes culturas num espaço de tempo e na mesma área, sendo que uma espécie vegetal não é repetida, no mesmo lugar, em um intervalo de tempo inferior a um ano. A sequência de culturas dentro de um mesmo ano agrícola é chamada de sucessão (por exemplo, sucessão trigo/soja). Os principais objetivos da rotação de culturas são: diversificação da renda da propriedade rural; melhor aproveitamento das máquinas e mão de obra; diminuição da incidência de pragas, doenças e plantas daninhas; aumento do teor de matéria orgânica do solo; melhoria e manutenção da fertilidade do solo; estruturação e descompactação do solo; e estabilização da produtividade das espécies vegetais cultivadas.
Para que a rotação de culturas atenda a todos os objetivos, é importante priorizar as espécies  ou cultivares que não multipliquem patógenos/pragas da soja  e que permitam a redução da população de plantas daninhas. Além disso, o planejamento do sistema de rotação deve contemplar espécies com fins econômicos e espécies para cobertura do solo, caracterizadas por uma elevada produção de biomassa e por raízes vigorosas, profundas e com grande eficiência na absorção de nutrientes. Como exemplo de opções de culturas econômicas para a rotação com a soja, tem-se, no inverno, o trigo, a cevada e a aveia branca e, no verão, o milho, o sorgo, o algodão e o girassol. O milho safrinha e o girassol são opções de culturas econômicas para o outono-inverno em regiões sem restrições de temperatura e de disponibilidade hídrica nesse período. Para a cobertura do solo, as principais espécies utilizadas em sistemas de rotação envolvendo a soja são: aveia, azevém, aveia+nabo forrageiro, milheto, guandu, crotalárias e, mais recentemente, forrageiras tropicais, como por exemplo, as braquiárias.
A rotação de culturas é uma prática agrícola onde a observação e a experiência mostravam aos agricultores, já há três mil anos, a necessidade de variar os cultivos na mesma área. Esta prática acabou sendo esquecida em todo o mundo devido as grandes guerras, quando a demanda por cereais fez surgir a agricultura dirigida, conduzindo para a monocultura. Com o manejo inadequado destas lavouras houve um aumento gradativo de doenças, pragas e plantas espontâneas ou indicadoras, levando o agricultor a usar mais agrotóxicos e, o que é pior, colocando em risco o meio ambiente. Outro problema causado pela monocultura é o desequilíbrio nutricional das plantas, agravado pelo uso abusivo e desequilibrado de adubos químicos e manejo inadequado do solo. A rotação de culturas é uma das práticas que reduz e até pode eliminar alguns dos problemas citados. Na prática, sabe-se que a rotação e/ou sucessão de cultivos já é realizada por alguns olericultores, localizados próximos aos grandes centros consumidores, sem no entanto levar em consideração os princípios fundamentais para o sucesso desta prática milenar. É muito comum também os produtores confundirem rotação de culturas com sucessão de culturas. Por isso, a seguir estão relacionados os conceitos de rotação, monocultura, sucessão e consorciação de culturas. 
Monocultura: é o uso continuado de uma mesma cultura, numa mesma estação de crescimento e numa mesma área. Todos os anos a mesma ou as mesmas espécies são semeadas ou plantadas no mesmo local. Caso a adubação não seja adequada, pode ocorrer o esgotamento do solo em determinado nutriente ou mesmo excesso em função do não aproveitamento do mesmo. Em conseqüência, pode ocorrer o desequilíbrio nutricional do solo, favorecendo as doenças e prejudicando a qualidade das hortaliças. 
Sucessão de culturas: é o estabelecimento de duas ou mais espécies em seqüência, na mesma área, em um período igual ou inferior a 12 meses, sem levar em consideração a família botânica das espécies. 
Consorciação de culturas: é o estabelecimento de duas ou mais espécies simultaneamente na mesma área. Neste tipo de cultivo há competição interespecífica em parte ou em todo o ciclo de desenvolvimento da cultura. 
A rotação de culturas: é o cultivo alternado de diferentes espécies vegetais no mesmo local e na mesma estação do ano, seguindo-se um plano predefinido, de acordo com princípios básicos. A rotação, se utilizada de forma correta, é um investimento no solo, resultando em benefícios tanto no rendimento como na qualidade das hortaliças, além de equilibrar a fertilidade do solo e reduzir pragas, doenças e plantas espontâneas. 

Princípios básicos da rotação de culturas 

- não cultivar, no mesmo lugar, espécies da mesma família botânica, pois essas estão sujeitas às mesmas pragas, doenças e plantas espontâneas. É o princípio de “matar de fome” os insetos, os fungos e as bactérias que atacam as plantas cultivadas; 

- ao utilizar espécies de famílias botânicas diferentes na rotação de culturas, deve-se alternar culturas com diferentes exigências nutricionais e com diferentes sistemas radiculares. 

Dentre as famílias botânicas, as solanáceas (Figura 1) possuem maiores problemas de doenças e pragas, seguidas pelas cucurbitáceas (Figura 1), brássicas (Figura 1) e lilliáceas. Estas espécies não devem ser cultivadas na mesma área e estação do ano. 


Figura 1. As espécies pertencentes à mesma família botânica não devem ser cultivadas na mesma área e estação do ano. Estas espécies possuem as mesmas doenças e pragas, o que facilita a disseminação dos problemas ocorridos, na safra seguinte.


Principais benefícios da rotação de culturas 

Redução e/ou eliminação de doenças, pragas e plantas espontâneas; aumento da produtividade e melhoria da qualidade, com redução de custos; manutenção e/ou melhoria da fertilidade e propriedades físicas do solo; redução das perdas por erosão; diversificação de renda da propriedade; melhor aproveitamento dos fatores de produção (terra, capital e mão-de-obra). 

O tempo de rotação 

Depende do interesse econômico, da área disponível, intensidade de cultivo e dos problemas (doenças, insetos-pragas e plantas espontâneas) que se deseja manejar. 

As doenças manejadas pela rotação 

- Bactérias: murchadeira, podridão mole, sarna, cancro, podridão negra, manchas bacteriana e angular; 

- Fungos: podridões dos frutos, seca e de esclerotínia, rizoctoniose, pinta preta, mancha de estenfílio, murchas de fusário e de verticilium, septoriose, mal-do-pé, queima das folhas, antracnose, míldio e ferrugem; 

- Nematoides: ocorrem principalmente em batata, tomate, cenoura, ervilha e beterraba. 


As melhores espécies para rotação 

Depende do problema que se deseja controlar e da adaptação às condições de clima e solo. As gramíneas, denominadas atualmente de poáceas e, as leguminosas são as mais indicadas. A família das poáceas (anteriormente denominada de gramíneas), tais como milho, aveia, cana-de-açúcar, pastagens e outras espécies, são as mais indicadas para rotação com hortaliças, pois são mais resistentes às pragas e doenças, desfavorecem o desenvolvimento de algumas bactérias e fungos (rizosfera antagônica) e inibem as plantas espontâneas. As leguminosas, como a mucuna, são ótimas opções para rotação por possuírem grande capacidade de melhorar e cobrir o solo, reduzindo as plantas espontâneas,fixando o nitrogênio do ar e reciclando nutrientes do solo devido ao sistema radicular profundo, além de controlar a doença fusariose. As leguminosas (crotalária e mucuna) são hospedeiros de nematóides. As leguminosas possuem efeito supressor e/ou alelopático à diversas plantas espontâneas (tiririca, picão preto e branco, capim carrapicho e capim paulista). Uma ótima opção de rotação de culturas no verão é o consórcio milho-verde e mucuna. Uma ótima alternativa para rotação de culturas no inverno é o consórcio de aveia, ervilhaca e nabo forrageiro. 





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