O cultivo de couve (Brassica oleracea L. variedade acephala), muito comum em todo o país é originária da costa do Mediterrâneo onde é cultivada desde antes de Cristo. Pertence à família botânica das brássicas, assim como o repolho, couve-flor , brócolis, couve-de-bruxelas, couve-rábano, rabanete, rúcula, agrião, mostarda e nabo.
Uso culinário e propriedades nutricionais: especialmente utilizada na culinária portuguesa e brasileira, a couve pode ser frita ou consumida crua. O modo tradicional de consumir couve é cozida. Para preservar as vitaminas A e C, deve-se cozinhá-la rapidamente com pouca água ou preferencialmente cozida no vapor, picada e refogada com outras hortaliças ou ainda cozida em caldo para uma deliciosa sopa. É excelente fonte de beta-caroteno, que o corpo humano transforma em vitamina A, vitamina C e E e, ainda boa fonte de ácido fólico, cálcio, ferro e potássio. Uma xícara de couve contém o dobro das necessidades diárias desses nutrientes. Outros nutrientes encontrados numa xícara de couve são: 5 mg de vitamina E, 30 microgramas de folato, 135 mg de cálcio, 2 mg de ferro e 450 mg de potássio. Também fornece mais de 1g de fibras com apenas 50 calorias, o que torna a couve um alimento muito nutritivo, altamente recomendado para quem se preocupa com o peso. Além disso, a couve contém mais ferro e cálcio do que qualquer outra folhosa; seu alto teor de vitamina C aumenta a capacidade de absorção destes minerais pelo organismo. Servir couve com molho de limão ou com outras frutas cítricas na mesma refeição acelera a absorção de ferro e cálcio. O suco de couve crua com limão, além de ser eficaz como remédio contra as lombrigas (parasitoses intestinais), é nutritivo e delicioso;
Ingredientes: couve, 1 limão, água e açúcar a gosto.
Como fazer: bata a couve com água e coe, esprema o limão e adoce a gosto.
Propriedades terapêuticas: Contém bioflavonóides e outras substâncias que protegem contra o câncer. Ela também contém indóis, compostos que podem diminuir o potencial cancerígeno do estrogênio e induzir a produção de enzimas que protegem contra doenças. A couve, por ser muito rica em cálcio, fósforo e ferro, favorece a formação e manutenção de ossos e dentes e a integridade do sangue. Contém ainda vitamina A, indispensável à boa visão e à saúde da pele e vitaminas do Complexo B, que tem por funções proteger a pele, evitar problemas do aparelho digestivo e do sistema nervoso. Esta hortaliça é ótima remineralizante para o organismo, laxante pela sua grande quantidade em fibras e, boa para a asma e bronquite. Além disso, a couve é muito boa para combater as enfermidades do fígado, como a icterícia e os cálculos biliares, assim como os cálculos renais, as hemorróidas, e as menstruações difíceis ou dolorosas. Em suco, é um tônico excelente, muito recomendado às crianças em fase de desenvolvimento. O caldo da couve cozida é indicado nas enfermidades da pele. A couve também combate a artrite, desinfeta o intestino, cura as úlceras gástricas e dá ótimo resultado no combate à vermes. Em caso de febre, aplica-se à cabeça do enfermo cataplasma refrescante de folha de couve, que serve, também, para tratar feridas inflamadas. As folhas de couve cozidas ao vapor e aplicadas de hora em hora, em forma de cataplasma quente, são boas para combater a gota, a artrite, as dores reumáticas em geral, e as nevralgias. Também tiram a dor em casos de inflamação dos rins e do fígado. Mesmo cozidas, podem causar flatulência (gases intestinais).
Cultivo: O cultivo é muito fácil. Para plantar é só lascar o galho de um pé maior de couve e que tenha uns brotinhos próximos das folhas; enterre este galho em uns 10 cm de terra, depois molhe pelo menos uma vez por dia. Dentro de pouco tempo ela brota e começa a sair mais folhas. Amelhor época para o plantio vai de fevereiro a maio, mas pode ser cultivada o ano todo. A cultura não é exigente, mas prefere solos levemente argilosos, ricos em matéria orgânica, úmidos e drenados, com pH entre 6 e 6,8. Nas regiões de clima ameno (até 22º C) pode ser plantada o ano inteiro, sendo que nas demais regiões deve-se escolher o período de meses úmidos e de calor menos intenso, sendo portanto uma planta típica de outono e inverno. O meio mais fácil e rápido de propagação é feito por mudas destacadas do "pé-mãe"; essas mudas são brotos que nascem nas axilas das folhas, principalmente durante a época mais quente. Propaga-se também por sementes. Um grama de sementes fornece mudas para cerca de 50 m2.
As variedades de couves mais conhecidas são: Manteiga verde lisa, Manteiga verde crespa, Manteiga roxa e Gigante. Dentre as variedades, as couves-manteiga são preferidas por serem mais tenras.
Os principais tratos culturais são: capinas, desbrotas e condução da planta de modo a deixar as hastes crescerem livremente. Deve-se também observar que, quando já estiverem bem altas, há possibilidade de se fazer o corte do broto central, favorecendo assim, a formação de mudas. O período crítico de competição com as plantas espontâneas é de até 30 dias após o transplante. As capinas são feitas somente nas linhas de plantio, mantendo-se as plantas de cobertura ou ainda as plantas espontâneas nas entrelinhas. Quando necessário, deve-se roçar nas entrelinhas para evitar competição com a couve. A cobertura morta (palha de arroz, de milho, de feijão, capim-elefante e outros capins é outra alternativa para o manejo de plantas espontâneas, além de conservar a umidade no solo. As adubações de cobertura, se necessário, são feitas 15 a 20 dias após o transplante e 20 dias após a 1ª. Em sistema de produção orgânico equilibrado, não ocorre ataque de pragas e doenças.
As principais pragas que podem causar danos às plantas são: as lagartas traças e pulgões. No manejo das principais pragas, a traça (Plutella xylostella) e o curuquerê da couve (Ascia monuste orseis) recomenda-se, quando necessário, produtos à base de Bacillus thuringiensis, conhecido como dipel ou o preparado de sálvia (planta medicinal e aromática).
Modo de preparar a sálvia: derramar 1 L de água fervente sobre 2 colheres (sopa) de folhas secas de sálvia; tampar o recipiente e deixá-lo em repouso durante 10 minutos (infusão). Agitar bem, filtrar e pulverizar imediatamente sobre as plantas para repelir a borboleta branca que coloca os ovos nas folhas das plantas cultivadas, originando as lagartas que comem as folhas.
O chá de boldo, aplicado a cada dois dias, também repele as borboletas impedindo-as de colocar os ovos nas plantas. Se houver chuvas logo após a aplicação dos preparados de sálvia ou boldo, deve-se repetir a pulverização. Quando o ataque ocorre em apenas algumas plantas e, dependendo do tamanho da lavoura, a catação manual dos ovos e lagartas é uma prática eficiente.
Para o manejo de pulgões, que surgem em condições de tempo seco e quente, recomenda-se diversos preparados à base de plantas (pimenta, alho, cebola, confrei , losna e coentro
Modo de preparar a pimenta: colocar num recipiente as pimentas, preferencialmente a malagueta e, em seguida, adicionar álcool até cobrí-las. Deixar em repouso por três dias. Pulverizar as plantas atacadas, utilizando uma colher de sopa do preparado para 1 L de água. Para evitar o odor da pimenta, pulverizar, no mínimo, até 12 dias antes da colheita.
A irrigação por aspersão e os inimigos naturais (joaninha), reduzem a incidência de pulgões.
As principais doenças são causadas pelos fungos (podridão mole e fusariose), mosaico e a bactéria (podridão negra). A podridão-negra (Xanthomonas campestris pv. Campestris) é causada por bactéria e a alternariose (Alternaria brassicae e A. brassicicola) provocadas por fungos; ocorrem em condições de tempo quente e úmido. Para estas doenças, deve-se fazer o controle preventivo. Entre as medidas, destacam-se:
1) na produção de mudas utilizar sementes sadias, semeadas em bandejas de isopor com substrato isento de doenças;
2) utilizar cultivares resistentes;
3) rotação e consorciação de culturas; a rotação e consorciação de culturas com espécies de outras famílias botânicas (com excessão das brássicas), especialmente com adubos verdes, principalmente leguminosas é uma prática altamente recomendável pois além de diminuir as pragas e doenças, melhora a fertilidade do solo através da reciclagem de nutrientes, aumenta a matéria orgânica, fixa o nitrogênio do ar, abafa as plantas espontâneas, cobre o solo diminuindo a erosão e, ainda mantêm a umidade do solo e 4) eliminar restos de culturas anteriores de espécies pertencentes a mesma família botânica (brássicas). Caso necessário, recomenda-se a pulverização com calda bordalesa (0,5%); é importante lembrar que este fungicida é tolerado no cultivo orgânico, mas deve-se obedecer a carência que é de 7 dias entre a última aplicação e colheita das folhas.
Colheita: pode ser feita 50 dias após o plantio das mudas e 90 dias após a semeadura. Colhe-se praticamente o ano todo. Uma boa planta produz cerca de 4 a 5 kg de folhas por ano. A couve conserva-se em geladeira em boas condições por uma semana.
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