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ANUCIOS

segunda-feira, 28 de outubro de 2019

Cultivo Orgânico de Coentro e Pimenta



Coentro

O coentro (Coriandrum sativum L.), pertencente a família botânica das Umbelliferae (aipo e batata-salsa), é originário da Costa do Mediterrâneio (Sul da Europa, Oriente Médio e África do Norte). É uma planta anual, herbácea, com caule cilíndrico, estriado e pouco ramificado, que pode atingir de 0,70 a 1 m de comprimento. As folhas são de coloração verde-brilhante que exalam um aroma forte e fétido quando esmagadas, lembrando o cheiro exalado por percevejos (Figura 1). O florescimento ocorre entre a primavera e o verão. 

Figura 1. Coentro

Principais usos: O coentro, também chamado de coentro-das-hortas, é um excelente condimento, de uso generalizado não só no Brasil como em quase todo o mundo, sendo particularmente utilizado para temperar peixes. Suas sementes são ricas em retinol, tiamina, riboflavina, niacina, cálcio, fósforo, ferro e ácido ascórbico. Nos frutos, encontramos também vitamina C. 
   O coentro pode ser encontrado na forma de ramos, grãos ou em pó. Pode ser empregado para temperar carnes, sopas, legumes, patês, biscoitos, pães, bolos e variados pratos salgados. Como uso terapêutico, é indicado em casos de flatulência e diarréia. É vermífugo, carminativo e estimulante das funções digestivas. Ajuda a disfarçar o hálito, quando mastigado imediatamente após o consumo de alho. 
   O coentro também pode ser utilizado no manejo de insetos-pragas: quando consorciado com tomate diminui o ataque da traça do tomateiro e da mosca branca, além de atrair inimigos naturais de diversas pragas que atacam as hortaliças. O preparado com coentro é eficiente no manejo de ácaros e pulgões. Como preparar: cozinhar folhas de coentro em 2 L de água; para pulverizar as plantas, acrescentar mais água. 

Propagação: por sementes. 

Cultivo: o coentro é uma planta que tolera bem tanto o frio como o calor, assim como curtos períodos de seca. O plantio é feito através de seus frutos ou sementes. A semeadura deve ser em local definitivo, em canteiros bem preparados, utilizando-se 15 a 25 kg de sementes por hectare. Cada região tem sua época mais adequada, mas recomenda-se que seja feita no início da primavera. Deve-se evitar a semeadura no período de inverno, devido principalmente ao risco de ocorrência de geadas. Usar espaçamento entre as linhas de 30 cm, para solos livres ou com pouca ocorrência de plantas espontâneas. As sementes devem ser semeadas nos sulcos das linhas a uma profundidade de 2 a 2,5 cm, e cobertas com 1 a 2 cm de terra. Utilizar espaçamento de 2 a 5 cm, entre as sementes na linha. A germinação ocorre no período de 7 a 14 dias. Deve-se então realizar o desbaste, eliminando as plantas fracas e determinando-se o espaçamento final entre uma planta e outra na linha, de 15 a 25 cm. Os solos férteis, profundos, bem drenados e com boa exposição à radiação solar são os preferidos. Devem ser evitados solos ácidos e os que retêm muita umidade. Solos ricos em nitrogênio e adubações nitrogenadas intensas devem ser evitadas, pois o excesso de nitrogênio atrasa o amadurecimento das sementes ou prolonga o período de progressivo amadurecimento e reduz a produção. Adubações com fósforo e potássio no mesmo ano do plantio produzem sementes mais aromáticas. Realizar controle e combate de ervas daninhas. Irrigar ou drenar o solo, e adubar, sempre que necessário.

Wilt, oídio e fel-tronco são as principais doenças. O Wilt causado pelo fungo Fusarium oxysporum f.sp. corianderii pode ser facilmente reconhecida no campo pela inclinação das porções terminais, seguido de murchamento e secamento de folhas, o que pode resultar em morte. Aração profunda deve ser feito durante a temporada de verão. Rotação de culturas em áreas atacadas pela doença, por 2 ou 3 anos, também é recomendado. O Oídio causado pelo fungo Erysiphe polygoni aparece como pequenas, brancas manchas circulares em partes jovens de caules e folhas. Estes aumentos em tamanho, muitas vezes se aglutinam para cobrir extensas áreas de superfície da folha. As folhas afetadas são reduzidas em tamanho e distorcidas. Para controlar esta doença, pó de enxofre (20-25 kg/ha) é eficiente.    
    Pulverização de enxofre molhável 0,25% também pode controlar esta doença. Outra doença que pode causar prejuízos a lavoura é o Fel-tronco causado pelo fungo Protomyces macrosporus; galhas aparecem nas folhas e caules das plantas afetadas por esta doença.
Colheita: A colheita dos frutos é realizada a partir do momento em que 50 a 60% dos frutos, apresentam cor amarelo-dourado ou marrom-claro-amarelado, ou pardo, conforme a variedade. A colheita é feita, cortando-se os ramos com as umbelas (extremidades dos ramos onde estão os frutos). As umbelas cortadas podem ser colocadas em recipientes sem furos, para serem transportados para o local de secagem. A colheita das folhas é feita a partir do momento em que a planta possui folhas suficientes que possam ser colhidas, sem prejudicar o seu desenvolvimento, encerrando a colheita quando surgirem os primeiros órgãos que originarão as flores.

Pimentas

   As espécies de pimentas do gênero Capsicum pertencem à família botânica Solanaceae, como o tomate, a batata, a berinjela e o jiló. Dentre as espécies do gênero Capsicum, cinco são domesticadas e largamente cultivadas e utilizadas pelo homem: Capsicum annuum; C. bacccatum; C. chinense; C. frutescens e C. pubescens. Destas, apenas C. pubescens não é cultivada no Brasil. Com a chegada dos navegadores portugueses e espanhóis ao continente americano, muitas espécies de plantas foram descobertas, entre elas as pimentas. As pimentas do gênero Capsicum já eram utilizadas pelos nativos e mostraram-se mais picantes (pungentes) que a pimenta-do-reino ou pimenta-negra, do gênero Piper, cuja busca foi, possivelmente, uma das razões das viagens que culminaram com o descobrimento do Novo Mundo. É igualmente substancial a contribuição histórica brasileira na dispersão destas plantas pelo mundo, eficientemente feita pelos navegadores portugueses e pelos povos que eram transportados em suas embarcações. As rotas de navegação no período 1492-1600 permitiram que as espécies picantes e doces de pimentas viajassem o mundo. As pimentas foram então, introduzidas na África, Europa e posteriormente na Ásia. O cultivo de pimentas ocorre praticamente em todas as regiões do país e é um dos melhores exemplos de agricultura familiar e de integração pequeno agricultor-agroindústria. As pimentas (doces e picantes), além de serem consumidas frescas, podem ser processadas e utilizadas em diversas linhas de produtos na indústria de alimentos. A área anual cultivada é de cerca de dois mil ha e os principais estados produtores são Minas Gerais, Goiás, São Paulo, Ceará e Rio Grande do Sul. Altas cotações para o produto são alcançadas nos meses de inverno quando o Sul e Sudeste são abastecidos principalmente, pela produção das regiões Nordeste e Centro-Oeste,

Principais usos: Diversos relatos de exploradores do Brasil-colônia demonstram que a pimenta era amplamente cultivada e representava um item significativo na dieta das populações indígenas. Ainda hoje, a importância das pimentas continua grande, seja na culinária, nas crenças, na medicina alopática ou natural e inclusive como arma de defesa. São remédios para artrites (pomadas a base de capsaicina), dores musculares (emplastro 'Sabiá'), dor de dente, má digestão, dor de cabeça e gastrite. A capsaicina, responsável pela pungência das pimentas, é a única substância que, usada externamente no corpo, gera endorfinas internamente que promovem uma sensação de bem-estar, acionando o potencial imunológico. Os índios Caetés foram os primeiros brasileiros a usar a pimenta como arma, sem imaginar que séculos depois a oleorresina de pimenta em aerossol ou em espuma, os famosos 'pepper spray' e 'pepper foam', seriam utilizados pela polícia moderna. Além do mercado interno, parte da produção brasileira de pimentas é exportada em diferentes formas, como páprica, pasta, desidratada e conservas ornamentais.
O extrato de pimentas picantes, especialmente a pimenta malagueta é eficiente para o manejo de grilos, paquinhas, lagarta rosca, vaquinhas e pulgões que atacam as hortaliças. Modo de preparo: coloca-se a quantidade disponível de pimentas num frasco, acrescentando-se álcool, até cobrí-las;  fecha-se e deixa-se curtir por pelo menos 3 dias. Após, o extrato já pode ser utilizado ou armazenado em local escuro. Recomenda-se uma colher de sopa deste extrato por litro de água para pulverizar as plantas. Mas também é possível utilizar dosagens mais fortes (até 1%) para aplicações em hortas. Seu uso deve ser repetido após chuvas ou irrigação. Usar luvas ao manipular a pimenta e vestimenta de proteção ao aplicar o extrato. Quando utilizar este extrato em hortaliças folhosas e hortaliças-frutos, deve-se obedecer um período de carência mínima de 12 dias da colheita para evitar a obtenção de frutos e folhas com forte odor.

Propagação: por sementes

Cultivo: A pimenteira é uma planta exigente em calor, sensível a baixas temperaturas e intolerante a geadas, por isso deve ser cultivada preferencialmente nos meses de alta temperatura, condição que favorece a germinação, o desenvolvimento e a frutificação, obtendo-se assim, um produto de alto valor comercial com menor custo de produção. Nas diferentes regiões produtoras do Sul e Sudeste do país as temperaturas elevadas consideradas ideais acontecem na primavera e verão, sendo indicados os meses de agosto a janeiro para semeadura. Entretanto, nas regiões serranas e de temperaturas mais amenas, a época mais conveniente é de setembro a novembro em razão de sua exigência em temperaturas elevadas. Os solos utilizados para o cultivo de pimenta devem ser profundos, leves, drenados (com bom escoamento de água, não sujeitos a encharcamento), preferencialmente férteis, com pH entre 5,5 a 7,0. Devem ser evitados solos salinos ou com elevada salinidade, uma vez que as pimentas, assim como pimentão, são sensíveis.
Recomenda-se que sejam evitadas áreas que tenham sido cultivadas nos últimos 3-4 anos com outras plantas da família das solanáceas (como batata, tomate, berinjela, pimenta, jiló, fumo, Physalis) ou Cucurbitáceas (como abóbora, moranga, pepino, melão e melancia). Áreas com cultivos anteriores de gramíneas (milho, sorgo, arroz, trigo, aveia), leguminosas (feijão, soja) ou aliáceas (cebola, alho), são as mais indicadas. A quantidade de adubo a ser aplicada é determinada com base na análise química do solo. A maioria das cultivares de pimentas plantadas no Brasil como a ''Malagueta'' (Capsicum. Frutescens – Figura 2), 'Dedo-de-Moça' (C. baccatum), 'Cumari' (C. baccatum var. praetermissum), 'De Cheiro' e 'Bode' (C. chinense), são consideradas variedades botânicas ou grupos varietais, com características de frutos bem definidas. Normalmente, o produtor produz sua própria semente, e as diferenças existentes dentro destes grupos estão relacionadas às diferentes fontes de sementes utilizadas para o cultivo. O transplante é realizado quando as mudas apresentarem de 4 a 6 folhas definitivas ou aproximadamente 10cm de altura. No caso de terem sido formadas em sementeiras, as mudas devem ser retiradas com cuidado, preferencialmente com o torrão para se evitar danos às raízes. Os espaçamentos dos sulcos de plantio ou canteiros são definidos de acordo com a cultivar ou tipo de pimenta, região de plantio ou ciclo da cultura (Tabela 1). As hastes lenhosas da maioria dos tipos de pimenta dispensam tutoramento e desbrota. Entretanto, caso apareçam brotações na haste principal abaixo da primeira bifurcação, elas podem ser retiradas. Em locais de ventos fortes, pode ocorrer a necessidade de se fazer tutoramento da planta (colocando-se uma estaca de madeira ou bambu junto à planta) ou o plantio de quebra-vento em volta do campo (capim-elefante, milho, cana-de-açúcar).

Figura 2. Pimenta malagueta

   A deficiência de água, especialmente durante os estádios de floração e pegamento de frutos, reduz a produtividade em decorrência da queda de flores e abortamento de frutos. Todavia, plantas de pimenta submetidas a deficiência moderada de água no solo produzem frutos mais pungentes, com maior teor de sólidos solúveis e de matéria seca. O excesso de água no solo também pode comprometer a produção de pimentas. Irrigações excessivas, principalmente em solos de drenagem deficitária, prejudica a aeração do solo e favorece o desenvolvimento de várias doenças de solo, como a causada por Phytophthora capsici.

Tabela 1. Informações sobre espaçamentos, época de plantio e ciclo dos principais tipos de pimentas em diferentes regiões do país.  

    O produtor de pimenta procura, sempre que possível, cultivar áreas sob rotação de culturas, evitando aquelas previamente utilizadas com solanáceas. A rotação adequada de culturas é importante para o manejo de plantas espontâneas, pois as práticas culturais provocam mudanças na população de plantas, havendo a cada ano uma nova relação de interferência entre as diferentes espécies. Para que as doenças sejam bem controladas é necessário que a cultura seja bem conduzida, ou seja, que a planta não esteja sujeita a estresses provocados por fatores diversos, tais como época de plantio desfavorável, adubação desbalanceada, ferimentos nas plantas, competição com plantas daninhas e o uso de cultivares não adaptadas ao clima. Dentre estes fatores, deve ser dada atenção especial ao tipo de solo e modo de irrigação. Plantas de pimenta são muito sensíveis a solos encharcados e morrem prematuramente por esta causa. O controle de doenças de plantas é, mais que tudo, 'medicina preventiva', ou seja, a estrita observação de medidas que devem ser adotadas antes mesmo do plantio.
A seguir, são mencionadas algumas medidas para evitar o aparecimento de doenças ou reduzir seu efeito:
1. Plantar sementes de boa qualidade, adquiridas de firmas idôneas. Em caso de produção própria, devem ser escolhidas as plantas saudáveis para se retirar sementes. Muitas doenças das pimentas são transmitidas pela semente;
2. Preferir variedades bem adaptadas ao clima local e à época de plantio, e que tenham resistência às principais doenças que ocorrem na região. Estas informações podem ser obtidas em catálogos de empresas de sementes;
3. Escolher para instalação da cultura uma área bem ventilada, que não tenha histórico de plantio recente com solanáceas (pimentão, tomate, berinjela, jiló), com solo bem drenado, não sujeita a empoçamento de água;
4. Fazer uma adubação balanceada, baseada em análise do solo. Falta ou excesso de nutrientes são causas freqüentes de distúrbios fisiológicos graves;
5. Produzir ou adquirir mudas sadias. Infecções precoces, provocadas por semente contaminada ou substrato infestado, dificultam sobremaneira a manutenção da sanidade nas plantas adultas. Sementeiras devem ser feitas preferencialmente em telados instalados em locais separados do campo de cultivo, onde as mudas ficam protegidas de vetores de viroses;
6. Evitar o excesso de água na irrigação, pois este é o fator que mais afeta o desenvolvimento de doenças, em especial aquelas associadas ao solo;
7. Usar água de irrigação de boa qualidade, que não tenha sofrido contaminação antes de chegar à propriedade;
8. Controlar os insetos que são vetores de viroses e que provocam ferimentos nas plantas, principalmente nos frutos;
9. Evitar ferimentos à planta durante as operações de amarrio, capinas, irrigação ou outros tratos culturais;
10.Realizar as pulverizações de preferência de forma preventiva, quando as condições climáticas forem favoráveis a uma determinada doença. Após o seu estabelecimento, a maioria das doenças não pode mais ser controlada;
11.Evitar ao máximo o trânsito de pessoas e de máquinas que podem levar estruturas de patógenos de uma área para outra. Em cultivos protegidos, recomenda-se colocar uma caixa com cal virgem na entrada para desinfestação de calçados;
12.Destruir os restos culturais, que normalmente hospedam populações de patógenos e insetos. Esta destruição pode ser feita por enterrio profundo ou queima controlada;
13.Realizar rotação de culturas, de preferência com gramíneas, tais como milho, trigo, arroz, sorgo ou capim. Esta medida é muito importante para o controle de doenças de solo, mais difíceis de serem controladas;
14.Inspecionar a lavoura com freqüência para identificar possíveis focos de doença, ainda em seu início.
O controle de insetos e ácaros deve ser feito de maneira integrada, onde práticas como a destruição de restos culturais, eliminação de plantas hospedeiras silvestres ou voluntárias, rotação de culturas, utilização de cultivares resistentes, utilização de mudas sadias, além de mecanismos que assegurem a presença de inimigos naturais nas áreas cultivadas, sejam combinadas com pulverizações produtos alternativos recomendados no sistema de produção orgânico;

Colheita: As pimentas apresentam diferentes pontos de colheita, de acordo com cada tipo, região de cultivo e época do ano. O ciclo da cultura e o período de colheita são afetados diretamente pelas condições climáticas e pelos tratos culturais, como adubação, irrigação, incidência de pragas e doenças, e a adoção de medidas de controle fitossanitário. De uma maneira geral, as primeiras colheitas são feitas a partir de 90 dias após a semeadura para as pimentas mais precoces, como a 'Murupi', e após 120 dias para as mais tardias. O ponto de colheita ideal das pimentas é determinado visualmente, quando os frutos atingem o tamanho máximo de crescimento e o formato típico de cada espécie, com a cor específica demandada pelo mercado: verde para a pimenta 'Cambuci'; vermelho para a 'Malagueta'; amarela ou vermelha para a pimenta 'Bode'; verde-claro para a 'De Cheiro'; amarela para a 'Cumari do Pará'; e amarelo-claro para a 'Murupi'. As pimentas são mais difíceis de serem colhidas quando comparadas com pimentão devido ao menor tamanho dos frutos e a arquitetura da planta, principalmente aquelas de menor porte e com maior número de galhos. Para efetuar a colheita das pimentas com plantas de porte mais baixo, como a 'Cumari do Pará' e 'Malagueta', é necessário que os apanhadores fiquem agachados ou curvados, enquanto para aquelas pimentas com plantas mais altas, como a 'Bode', é possível fazer a colheita em pé, em uma posição mais confortável. A posição dos frutos das pimentas, seu tamanho e a resistência do pedúnculo também interferem na velocidade da colheita.
    As pimentas 'Bode' e 'Dedo-de-Moça' possuem frutos maiores e são mais fáceis de apanhar, sendo possível colher até 60kg/dia/operário, enquanto as pimentas 'Malagueta' e 'Cumari do Pará' possuem frutos menores, o que reduz a velocidade da colheita (aproximadamente 10kg/dia/operário). As pimentas são colhidas manualmente, arrancando-se os frutos das plantas com ou sem os pedúnculos, dependendo do tipo de pimenta e o uso do produto. Cada colhedor utiliza um recipiente pequeno, como uma lata, prato ou bolsa para recolher os frutos das plantas. Um recipiente adequado para a colheita das pimentas pode ser feito a partir de garrafas plásticas de refrigerante de 2L do tipo 'PET', cortando-se o terço superior da garrafa e colocando-se um cordão em duas extremidades laterais para pendurar no pescoço. Além de ser um recipiente barato e fácil de ser feito, o operário fica com as duas mãos livres para executar a colheita, sendo possível segurar os ramos e destacar os frutos sem quebrar a planta. Depois de cheios, estes recipientes são vertidos em baldes ou latas maiores (5-10L) ou então em caixas localizadas estrategicamente próximas do local de colheita. Quando as pimentas são destinadas especificamente para a indústria de conservas e molhos, podem ser apanhadas sem o pedúnculo diretamente no campo. Para aquelas pimentas com maior resistência do pedúnculo, como a 'Bode' e a 'Dedo de Moça', às vezes é necessária uma operação adicional no galpão de beneficiamento para retirar completamente o pedúnculo dos frutos destinados para conservas. As pimentas mais picantes ('ardidas'), como a 'Malagueta', causam irritação e até queimaduras na pele das mãos dos colhedores devido aos teores mais elevados de capsaicina, o composto químico responsável pela ardência nas pimentas. Pessoas com pele muito sensível devem utilizar luvas ou outro material de proteção na colheita, embora causem desconforto pelo suor e dificultem a operação. Existem indicações de alguns produtos que podem aliviar as queimaduras e irritação causadas pela capsaicina, como álcool, água sanitária, água ou leite quentes.    
    Aparentemente, a melhor indicação para reduzir os efeitos negativos das pimentas mais ardidas ou picantes é usar óleos vegetais (soja, canola, girassol), azeite de oliva, banha, manteiga ou margarina ou outros produtos a base de gordura, por que a capsaicina é uma substância lipossolúvel, ou seja, solúvel em óleo e outros tipos de gorduras. Este tratamento não elimina completamente o desconforto das queimaduras, mas pode reduzir parcialmente a concentração do composto das mãos. Os colhedores devem sempre se lembrar de não se coçarem ou tocar partes sensíveis do corpo, como olhos e boca, enquanto executam a colheita por conta das queimaduras e pela irritação causadas pelas pimentas, principalmente pela exposição contínua. O horário ideal para a colheita das pimentas é nas horas menos quentes do dia, no início da manhã e no final da tarde. Quando não é possível colher tudo nestes dois períodos, deve-se armazenar os frutos colhidos sempre a sombra, em local arejado e fresco. A exposição direta ao sol aumenta a respiração e a perda de água, resultando em murcha e deterioração dos frutos. Deve-se também evitar a colheita de frutos molhados pela chuva ou orvalho porque tendem a apodrecer mais rapidamente durante o transporte e a comercialização. Restos de folhas e galhos também devem ser eliminados porque podem tendem a fermentar rapidamente, principalmente quando molhados ou úmidos, e assim aumentar a temperatura no interior das embalagens e reduzir a durabilidade pós-colheita dos frutos. À medida que baldes, caixas e sacos com as pimentas no campo vão ficando cheios, devem ser transportados até pequenos galpões ou sob a sombra de árvores nas margens da plantação. Estes galpões podem ser construídos de modo simples, com uma cobertura de plástico preto recoberto com capim ou folhas de palmeira, servindo para proteger as pimentas do sol direto e da chuva. Posteriormente, os frutos são acondicionados em sacos plásticos grandes (30kg) ou caixas plásticas ou de madeira (15kg), ou outro tipo de embalagem demandado pelo mercado. Para as pimentas destinadas para a indústria de molhos e conservas, é possível retirar os pedúnculos dos frutos em galpões ao lado da lavoura e armazenar as pimentas diretamente em recipientes plásticos de 50L ('bombas' ou 'bombonas') com a calda apropriada, feita a base de vinagre ou outro tipo de álcool e sal.   Este processo reduz problemas de conservação pós-colheita dos frutos de pimenta colhidos mantidos in natura.








quinta-feira, 17 de outubro de 2019

Cultivo Orgânico de Manjerona e Orégano



O cultivo orgânico de hortaliças-condimentos é a melhor forma de garantir as características fitoquímicas e farmacológicas do produto para o mercado.

Manjerona


   A manjerona (Origanum Majorana L.), pertencente a família das Lamiaceae, é originária do Oriente Médio. A Manjerona era uma planta medicinal muito popular entre os gregos antigos. O nome próprio em grego significava "alegria da palavra das montanhas". A manjerona era uma das ervas favoritas de Afrodite (deusa do amor) e simbolizava a felicidade. Até hoje, é tida como a erva do amor eterno, usada em enfeites por noivos e amantes. Quem visita a Grécia, se depara com manjeronas silvestres cobrindo a paisagem, exalando seu perfume singular. Foi introduzida na Europa na Idade Média, sendo muito apreciada pelas damas sob a forma de sachês. As folhas são bem pequenas ovaladas verde-claras e flores brancas minúsculas que surgem no verão. Nos entrenós os talos que tocam o chão ocorrem o enraizamento espontâneo. Planta perene tipo arbusto que cresce até 60 cm de altura com os ramos cobertos de folhas ovais verdes escuras, com flores esbranquiçadas nos cachos. Toda a planta é extremamente aromática.

Principais usos: é conhecida como substituta do manjericão e do orégano por seu sabor ser parecido com ambos. Muito utilizada no tempero de aves, principalmente em recheio de frangos. A manjerona deve ser utilizada em pratos de cozimento rápido ou no final da preparação, já com o fogo desligado, para não perder seu aroma delicado. Usada em maionese, pizza, ,pastéis, molhos, patês, sopa de batata (suflê), com manteiga derretida, em legumes cozidos, feijão branco, omeletes, ovos mexidos, carne moída, manteiga derretida para peixes grelhados, recheios de frango e lingüiças em geral. Pode ser usada fresca, em raminhos picados, ou seca. Normalmente faz parte do tempero de galetos. Como especiaria, a manjerona possui forte cheiro aromático e pronunciado sabor de especiaria. Também não é rara a sua utilização em saladas e legumes, verduras cruas e regimes dietéticos. Deve, porém, ser empregada em pequenas doses, para não se notar excessivamente o seu sabor.

As principais propriedades terapêuticas são: Indicada para o tratamento de feridas, queimaduras, astenia, sistema nervoso, resfriado, dor de cabeça, insônia, fraqueza do músculos, sílica nos intestinos, cólicas gástricas, intestinais e menstruais, incontinência dos instintos sexuais Usada na inalação, ajuda a eliminar muco e catarro, prevenindo a sinusite. Folhas frescas e cozidas aplicadas com gaze são boas desinflamadoras no caso de pancadas, feridas e tumores. O responsável pelas propriedades medicinais da manjerona é seu princípio ativo, constituído por tanino e óleo essencial, que garante o efeito expectorante e digestivo. Na forma de chá, a erva pode ajudar no tratamento contra o reumatismo e todas as formas de artrite. Nas corizas crônicas e para o tratamento de feridas pode utilizar-se um ungüento de manjerona, tal como é preparado nas farmácias. É popular o emprego do óleo de manjerona nas varizes, na gota, no reumatismo e nas doenças glandulares.

   Com os galhos secos da planta fazem-se sachês para perfumar roupas, travesseiros de ervas e arranjos de flores. Um bom banho de banheira revigorante e tônico se completa com a inclusão na banheira de uma infusão forte de manjerona.

  Na Europa, o suco da manjerona já foi muito usado para lustrar móveis e tingir lãs de vermelho-púrpura. Hoje, em muitos países, indústrias especializadas utilizam a erva para aromatizar bebidas, condimentos, carnes, sopas em pó, sorvetes, balas, etc.

Propagação: A manjerona pode se propagar por sementes, divisão de touceiras ou por estacas. A divisão de touceiras e/ou estacas deve ser realizada no outono ou no inverno. Por sementes, o ideal é na primavera, gastando-se 1 grama de semente/m2, sendo que a germinação ocorre em torno de 10 dias.

Cultivo: É uma planta perene em regiões de clima quente, porém, em climas muito frios é anual por não suportar temperaturas muito baixas. A planta gosta de solos arenosos ou areno-argilosos, ricos em matéria orgânica e com boa drenagem, com pH entre 6,0 e 7,0. O clima úmido é ideal, entretanto, é preciso atenção: o solo não deve ser excessiva e constantemente molhado. As plantas que crescem e se desenvolvem em climas secos e com temperaturas elevadas adquirem um sabor mais apimentado e apresentam odor mais forte, penetrante e amargo. O local deve receber sol pelo menos uma parte do dia, mesmo quando cultivada dentro de casa. Deve-se deixar uma distância de 40 cm entre linhas e de 25-30 cm entre plantas. Em solos férteis e climas favoráveis, pode-se deixar uma distância de 50 cm entre linhas e de 30 cm entre plantas. Deve-se escolher dias nublados e solo úmido, evitando-se os dias secos de verão. Se o objetivo do plantio for apenas as folhas, sem as flores, é recomendável retirar as pontas dos ramos que ameaçam formar os futuros órgãos florais e flores. Isso pode ser feito com o auxílio de uma tesoura ou simplesmente com os dedos

   Assim, as folhas se desenvolverão mais vigorosas. Em boas condições de cultivo, normalmente não há incidência de doenças e pragas. A manjerona é própria também para o cultivo em vasilhame ou caixotes, tanto mais que para uma família média bastam algumas plantas.

Colheita: é feita por ocasião do aparecimento dos primeiros botões apicais, indicadores do início da floração. Portanto, o tempo da colheita é imediatamente antes de dar flor, porque a planta possui então maior força como condimento. Já para a colheita de flores, a planta florida deve ser cortada no momento em que as primeiras flores se abrem, mas antes que os demais botões florais na mesma haste tenham se aberto completamente. As plantas cortadas não devem ficar expostas à chuva, porque perdem a cor e assim dificilmente se vendem. Escolhem-se dias secos e horas favoráveis à colheita. Corta-se sempre, no mínimo a 3cm acima do solo para favorecer um bom rebrote das plantas. A colheita é variável, dependendo do número de cortes possíveis e do crescimento das plantas, ficando em 10 a 15 t em 3 cortes de plantas verdes, que ficarão reduzidas a 2,5 a 3 t de planta seca. Após o 4º ano a cultura deverá ser renovada.

Orégano


   O orégano, conhecido cientificamente como Origanum vulgare L., pertence à família Lamiaceae (Labiatae) da qual também faz parte, manjericão (Ocimum basilicul L.), alfavaca (Ocimum gratissimum L.), hortelã (Mentha arvensis L.), alfazema (Lavandula angustifolia Mill.), alecrim (Rosmarinus officinalis L.) e sálvia (Salvia officinalis L.). O orégano é conhecido por muitos nomes, sendo eles orégão, manjerona silvestre ou manjerona rasteira. A palavra "orégano" tem origem grega e quer dizer "alegria da montanha". Para os gregos esta erva possui a magia de trazer felicidade. O orégano é uma planta perene, tem entre 25-40 cm de altura, folhas opostas, ovais, verde-escuras, pecioladas, inteiras ou serrilhadas, com aproximadamente 35 mm de comprimento, ou seja maior que a da manjerona e com extremidades pontiagudas. Com duração de 4 a 6 anos, seca no inverno e rebrota no verão. As hastes são consideradas anuais e se não forem colhidas, secam. Nativa de regiões montanhosas do sul da Europa e da Ásia ocidental vegeta espontaneamente em diversas regiões da Europa. A espécie Origanum vulgare L. é cultivada no Brasil principalmente nas regiões sul e sudeste, onde foi aclimatada há muito tempo, sendo bastante popular.

Principais usos: A grande utilização é como especiarias na culinária, podendo ser utilizado em carnes, molhos de tomate e outros tipos de massas, sendo o ingrediente fundamental da pizza. De preferência, não cozinhe este tempero, seja ele fresco ou seco, adicione-o ao prato depois de pronto, pois ele perde seus benefícios terapêuticos com o cozimento. A partir de estudos recentes, o orégano foi classificado como a planta de mais alta atividade antioxidante, até mais que a vitamina E. O óleo é usado na composição de aromatizantes de alimentos e perfumes, além de possuir efeito inibitório sobre diversas bactérias alimentícias e fungos. Orégano é um estimulante para o estomago, especialmente nos casos de perda do apetito, dificuldade de digestão ou gases. Além disso é carminativo; antiespasmódico; expectorante, especialmente nos casos de bronquite ou asma; antisséptico; diurético; sudorífico, eliminando as toxinas do organismo; também é muito usado contra anemia. É muito bom também contra a insónia, o estresse, cansaço nervoso, exaltações febris, e em seu uso externo alivia dores reumáticas e articulares como também para combater a celulite. Também é emenagogo, o que quer dizer que reduz as dores menstruais, assim como o que vem depois: dor de cabeça, de estômago e retenção de líquidos. É um antioxidante, o que pode ser muito vantajoso para os tratamentos de Aids e Câncer. 

 Orégano: Origanum vulgare L.

Propagação: As formas possíveis de propagação da cultura do orégano são por sementes, estacas ou divisão de touceiras. As sementes são muito pequenas tendo em um grama aproximadamente 12.000 sementes e devem ser semeadas de preferência na primavera em sementeiras ou bandejas. 

Cultivo: O orégano tem preferência por regiões de clima subtropical com bastante luminosidade. Em locais mais quentes, ganha aroma mais intenso, sabor mais picante e perfume mais persistente. Não tolera alta umidade relativa do ar, nem exposição direta aos ventos fortes e frios e também não suporta geadas acentuadas; está entre as espécies com resistência a grandes variações de altitude (50 a 3400 m) e temperatura. Temperaturas abaixo de 5 ºC acarretam retardo de crescimento e queima dos bordos das folhas. O orégano uma cultura que se alastra no solo, com isso o desbaste de plantas invasoras passa a ser um importante manejo, evitando incidência de pragas e doenças, competição pelos nutrientes do solo e consequentemente baixa produção. O amontoamento de terra ao redor da planta é uma prática realizada a fim de proteger a planta, proporcionar a multiplicação dos ramos, evitar o ataque de fungos e o apodrecimento das raízes. Manter a área cultivada sempre coberta é um manejo importante para a conservação do solo. A aplicação da cobertura morta ou mulch deve ser feita na área toda, evitando somente a aplicação muito próxima ao contorno da planta para não abafá-las. As pragas mais comuns na cultura são pulgões verdes (Macrosiphum solanifoli), formigas e brocas dos ponteiros, ácaros (Tetranichus sp.), lagarta-falsa-medideira (Pseudoplusia sp.) e nematóides (Meloidoginesp.). As doenças mais comuns são devido a excesso de umidade no solo causando incidência de fungos comoPuccinia sp., Fusarium sp., Phoma sp, e carência de nutrientes. A Puccinia sp. é um dos patógenos de maior importância agrícola e econômica por reduzir a produtividade, depreciar o produto causando assim, sérias perdas em plantios comerciais.

Colheita e beneficiamento: A colheita de ramos e folhas deve ser feita quando a planta estiver no começo da floração (15% a 20% de flores/planta), iniciando-se o processo de colheita para comercialização no ano seguinte do plantio. O período mais adequado para se fazer a coleta do material é em dias secos, logo depois a evaporação do orvalho, fim do verão o começo do outono. No primeiro ano de colheita, estima-se produção de 3 toneladas métricas de folhas/ hectare; a partir do segundo ano, fazendo-se dois cortes por ano, a produção fica em torno de 15 toneladas métricas de folhas/hectare/ano. Após a colheita do orégano, deve-se fazer a desfolha, retirando as folhas dos ramos. Na limpeza, é feita a eliminação de folhas de outras espécies, principalmente de plantas daninhas. Após a secagem, o peso do material é reduzido em 4 vezes, isto é de 100 quilos de folhas e flores recém-colhidas resultarão em aproximadamente 25 quilos de produto seco. A secagem deve ser feita à sombra ou em estufas com regulação de temperatura não excedendo a 40 ºC durante 24 horas. A luz solar não é aconselhável por reduzir a quantidade do óleo essencial presente no material. Porém, pode ser feita a secagem com métodos mistos, isto é, deixa-se as plantas perderem um pouco de água na sombra e depois coloca-las ao sol. Outro método é colocar as plantas em câmaras frias (o frio retira um pouco de água) e depois secar ao sol ou em secadoras.



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quinta-feira, 10 de outubro de 2019

CULTIVO ORGÂNICO DO GENGIBRE (Resumo)



CULTIVO ORGÂNICO DO GENGIBRE 

INTRODUÇÃO
A produção de alimentos orgânicos não significa apenas substitui insumos sintéticos por insumos orgânicos no manejo dos cultivos que se pretende fazer. Representa muito mais que isso. Subentende-se cumprir princípios no âmbito da Agroecologia, que envolve os aspectos ecológicos produtivos da cultura por meio da aplicação dos conceitos da agricultura orgânica, os aspectos socioeconômicos, culturais e políticos, como por exemplo, a proteção dos direitos dos agricultores ao livre acesso as sementes, a participação de jovens e mulheres na agricultura, a certificação dos produtos, para aumentar a confiabilidade no processo e alcancar a sustentabilidade num sentido amplo.
Este capitulo esta dividido em três seções distintas: ‘Princípios agroecológicos aplicados ao cultivo orgânico’, ‘Técnicas e praticas da agricultura orgânica’ e ‘Manejo organico da cultura do gengibre’, seções que se complementam para atingir a meta de produção organica de gengibre dentro dos princípios da Agroecologia. Para tanto, faz-se necessário o planejamento técnico do sistema produtivo, definindo as etapas necessárias para alcançar
esse proposito, de forma sustentável e eficaz.

Gengibre
     Acredita-se que o gengibre (Zingiber officinale Roscoe), também conhecido como gingibre, gengivre, mangarataia e mangaratiá, pertencente à família Zingiberaceae, seja originário da Índia e, posteriormente, introduzido em várias pares do mundo, em regiões de clima tropical e subtropical. Bem adaptada às regiões de clima quente e úmido do país, ocorre na faixa litorânea que vai do Amazonas a Santa Catarina. As principais áreas de cultivo estão no Espírito Santo, sul de São Paulo, Paraná e Santa Catarina. As raízes são ramificadas, carnosas, geralmente de cor amarela (Figura 1), sendo encontradas variedades de cor branca e azul. É uma planta herbácea, conhecida pelo homem há milênios como raiz comestível perene de sabor picante e parte aérea anual com folhas verdes-escuras, que pode atingir mais de um metro de altura (Figura 2). 



Figura 1. Raízes de gengibre


Figura 2. Lavoura de gengibre


Uso culinário, propriedades nutricionais e terapêuticas

     Os rizomas são utilizados na alimentação, na indústria de bebidas e como produto medicinal. O gengibre é uma raiz aromática, muito usada em condimentos e, que contém teores relevantes de niacina e ferro. O consumo pode ser in natura (em receitas de pratos doces e salgados), em forma de balas, óleo, pó, em conserva ou cristais (pequenos pedaços desidratados). O gengibre também tem uso na elaboração de licores e refrigerantes. Feito com cachaça, açúcar e especiarias, o quentão se distingue pelo sabor picante do gengibre, seu principal ingrediente. Por meio de destilação em corrente à vapor, pode ser extraído e empregado no processo de produção de perfumes, um óleo essencial que contém propriedades terapêuticas, como cafeno, felandreno, zingibereno e zingerona. No Japão é comum aplicar o produto durante massagens de coluna e articulações. Outra opção é consumi-lo em chás, bastando ferver 10g de gengibre descascado em 150 ml de água por 7 minutos, coar e beber. O chá de gengibre ajuda no tratamento contra gripe, tosse, resfriado e até ressaca. Há locutores e cantores que mastigam pequenos pedaços de gengibre para cuidar bem da voz. O gengibre em banhos e compressas quentes é indicado para aliviar os sintomas provocados por doenças como gota, artrite, dores de cabeça e da coluna, diminuindo inclusive o congestionamento nasal e cólicas menstruais.


     Os benefícios do gengibre à saúde humana são reconhecidos pela OMS - Organização Mundial da Saúde, especialmente quanto aos efeitos sobre o sistema digestivo. A OMS indica a hortaliça para evitar enjoos e náuseas. Mas a planta tem outras propriedades medicinais: O rizoma tem ação cicatrizante, desintoxicante, antialérgica, estimula o sistema imunológico e a produção de hormônios e, combate os radicais-livres. Com isso, protege contra gripes, resfriados, alivia os sintomas de tensão pré-menstrual, previne contra o envelhecimento e até desenvolvimento de câncer. A vitamina C da planta também ajuda a combater colesterol alto. Minerais como magnésio, selênio e zinco estão presentes nesse alimento, que faz bem para as articulações e ameniza sintomas de doenças como artrose. O gengibre é também considerado afrodisíaco, já que melhora a circulação sanguínea e ajuda contra disfunção erétil. 

     Para quem tem hipertensão grave, o gengibre não é recomendado, já que aumenta a pressão sanguínea. Pessoas com problemas de cálculos biliares ou que fazem uso de anticoagulantes também não devem consumir o gengibre. 


Cultivo
O clima tropical e subtropical, quente e úmido, com temperaturas entre 25 e 30ºC  favorece o cultivo de gengibre. A estação das chuvas é a indicada para iniciar o plantio de gengibre, em especial os meses de setembro a dezembro.
Cultivares: São encontradas diversas variedades de gengibre que recebem nomes regionais com variações quanto ao aspecto, conteúdo de fibras e de óleo, aroma e rendimento. No Brasil, a variedade mais cultivada é o “Gigante”, com melhor padrão comercial. Os clones regionais, geralmente, tem reduzido tamanho de raiz e pouca aceitação comercial. 

Propagação: O plantio é feito através de pedaços de raízes com 5 a 10 cm de comprimento, apresentando diversas gemas. Gasta-se, em média, de 3 a 4 t de raízes para o plantio de 1 ha. São usados como sementes, as raízes colhidas no mesmo ano, de preferência oriundas de lavouras que não sofreram ataque de doenças. Para acelerar a emergência das plantas no campo, recomenda-se induzir a brotação das raízes-sementes, antes do plantio, amontoando as raízes no campo, em camadas de 15 a 20 cm de altura e cobrindo com palha e, irrigando sobre a palha, diariamente, para mantê-las úmidas. Quando as brotações começarem a aparecer, as mudas estão no ponto ideal para o plantio.

Preparo do solo e plantio: O solo ideal é o argilo-arenoso, fértil, com pH entre 5,5 e 6,0 e boa drenagem. No preparo do solo deve-se eliminar os torrões muito grandes. O plantio do gengibre deve ser feito em sulcos com profundidade de 10 a 15 cm, dependendo do tamanho das raízes-sementes, 20 cm entre as plantas e 1,20 a 1,40 m entre as linhas. As raízes-sementes devem ser distribuídas ao longo dos sulcos posicionados transversalmente dentro do sulco, para que as novas brotações, cresçam perpendicularmente ao sulco, evitando que as raízes de uma planta entrelacem nos da planta vizinha e se partam na hora da colheita. Após estarem dispostos adequadamente, devem ser cobertos com uma camada de 5 a 10 cm de terra.

Adubação orgânica: recomenda-se adubar conforme a análise do solo e do adubo utilizado. Em geral, recomenda-se 15 t de composto orgânico por hectare, sendo aplicado de forma parcelada: 5 t/ha no plantio; 5 t na primeira cobertura, antes da primeira amontoa (90 dias) e 5 t/ha na segunda cobertura, antes da terceira amontoa.

Irrigação: durante períodos longos de seca, o gengibre deve ser irrigado. No entanto, excesso de umidade no solo pode apodrecer as raízes.

Capinas: A capina deve ser feita em faixas, eliminando-se com cuidado as plantas que crescem junto aos pés de gengibre, para não danificar as raízes. As plantas espontâneas (“mato”) que cresce entre as linhas de cultivo deve ser preservadas até iniciarem as amontoas. A partir desse momento não será mais possível preservar o mato nas entrelinhas devido a quantidade de terra exigida na amontoa. Por isso, devem ser planejados corredores de refúgio ao redor da lavoura ou em faixas de 20 em 20 m no interior da lavoura, com o objetivo de abrigar os inimigos naturais das pragas. 

Amontoa: é o chegamento de terra junto aos pés das plantas, de forma a recobrir as raízes que começam a aparecer na superfície. Essa operação deve ser feita de 3 a 4 vezes durante o ciclo do gengibre. Recomenda-se iniciar as amontoas quando as plantas estiverem com cerca de 30 cm de altura. Normalmente, as amontoas são realizadas aos 90, 120, 150 e 180 dias após o plantio. 

Adubação de cobertura: a 1ª adubação de cobertura é feita por ocasião da primeira amontoa e outra na terceira amontoa, ou seja, aos 90 e 150 dias após o plantio, respectivamente, de acordo com a análise do solo.

Manejo de pragas e doenças: Dentre as pragas, pode ocorrer a lagarta rosca (Agrotis ipsilon) que pode atacar as brotações cortando-a no colo da planta e os nematoides. A rotação de culturas com gramíneas e leguminosas é uma prática eficiente no manejo de pragas. Dentre as doenças pode ocorrer o ataque de fungos (Fusarium, Phoma e etc.). A escolha de raízes-sementes sadias para o plantio e a rotação de culturas, são medidas preventivas e eficientes no manejo destes fungos.


Colheita

     O ponto de colheita é indicado pelo amarelecimento e secamento das folhas e brotos. O gengibre deve ser colhido de 7 a 10 meses, o que ocorre entre junho e agosto. As raízes são extraídas da terra, manualmente, com enxada ou enxadão e lavadas cuidadosamente para evitar ferimentos, pois podem ser porta de entrada de patógenos. O uso de estrados de bambú para colocar as raízes, utilizando-se jatos d’água no próprio campo, é uma das formas simples de lavagem logo após a colheita






segunda-feira, 30 de setembro de 2019

Cultivo Orgânico de Hortelã e Manjericâo



Hortelã 

   A hortelã (Figura 1) também chamada de menta pertence a família botânica das Lamiaceae. Acredita-se que é originária da Ásia, chegando no Brasil trazida pelos colonizadores. Existem várias espécies de hortelã que podem ser cultivadas na sua casa, que apresentam propriedades muito semelhantes, principalmente no que diz respeito ao aroma. As duas espécies mais comuns são: Mentha piperita e Mentha crispa A primeira espécie tem folhas lisas e de um verde mais claro. Já a segunda espécie tem folhas verdes escuras e são crespas. Seu aroma forte e muito característico é resultado da grande concentração de mentol, princípio ativo do seu óleo essencial. As partes utilizadas da planta são as folhas e flores. São plantas herbáceas, de aproximadamente 30 cm de altura, rasteiras, com flores pequenas reunidas em espigas, de cor rosa ou lilás. As folhas são ovais e dentadas e o caule é arroxeado. O cultivo orgânico da hortelã e outras plantas medicinais e condimentares é a melhor forma de garantir as características fitoquímicas e farmacológicas do produto para o mercado.

Figura 1. Hortelã

Principais usos: a hortelã é usada em receitas culinárias de muitos países pelo mundo todo, em chás, em adorno de pratos e composição de saladas. Na comética entra nas fórmulas de dentifrícios, sabonetes, cremes de massagem e para barba, desodorantes bucais e um sem números de aplicações. Contém muitos elementos químicos de uso farmacêutico utilizados para remédios. Na medicina popular é considerada excelente para tratamento de problemas estomacais, pois é digestiva, além de ajudar no tratamento de diarréias infantís e dores abdominais. Combate azia, gastrite, cólicas e gases intestinais. Também tem ação antifúngica e antiinflamatória. Seu suco ajuda a combater vermes intestinais. Tem possibilidade de ser usada em paisagismo de áreas sem pisoteio, pois seu caráter agressivo poderia ser melhor aproveitado para substituição de gramados ao redor de árvores e pequenos bosques. Tem também o poder de ser uma planta repelente de insetos de hortaliças como pulgões e besourinhos e poderemos usar deste poder para fazer um chá repelente que não tem nenhuma propriedade tóxica para animais em geral e humanos. 

Propagação: por meio de estolões ou estacas colhidos de plantas adultas. Durante o seu crescimento, a planta desenvolve estolões, um tipo de caule que cresce rente ao solo. Deste caule, a planta emite ramos com folhas e raízes. Basta cortar um pedaço deste caule (cerca de 10cm), que tenha raízes e alguns ramos e plantá-lo, de acordo com as instruções abaixo. Para um ha são necessários 300 kg de rizomas. 

Cultivo: seu cultivo é extremamente simples. O solo não deve ser bem adubado, pois quando há muito adubo disponível para a planta, ela cresce muito e não consegue concentrar sua essência. Então, quanto menor é a planta, mais concentrada será a essência. O plantio pode ser feito o ano todo, mas a melhor época é no início da primavera. O espaçamento recomendado é de 25 x 25 cm entre as plantas. Quando o plantio for feito por meio de estolões, basta colocar o caule com as raízes rente à superfície e cobrir com uma fina camada de terra, deixando os ramos com folhas acima do solo. Logo após o plantio, as mudas devem ser protegidas do excesso de sol, pois pode queimar as folhas. Quando adultas, elas toleram tanto ambientes bastante ensolarados, quanto sombreados. Um ambiente intermediário, ou seja, sujeito a sol e sombra ao longo do dia é o ideal. Quando plantada em vaso, a terra deve ser renovada no início da primavera. Neste momento você poderá podá-la, pois suas raízes ficam bem emaranhadas. Ótima época para fazer novas mudas. A hortelã plantada junto a alfaces e outras ervas aromáticas intensifica o sabor e perfume destas e é considerada planta companheira belos benefícios descritos. O plantio da hortelã em vaso é bem simples; Não esquecer, neste caso, de colocar o vaso junto a janelas onde haja sol direto que a planta necessita. A planta é atacada por doença (ferrugem) e pragas (formigas, lagartas, vaquinha e cigarrinha). 

Colheita: A colheita pode ser feita o ano todo. Se deixada crescer livremente, sem colheita ou poda, pode se tornar uma planta invasora. Os ramos de hortelã podem ser armazenados quando secos. Para isso, você deve pendurar os galhos com as folhas voltadas para baixo, em local seco, arejado e na sombra. Quando as folhas estiverem bem secas e quebradiças, podem ser guardadas em potes fechados. 

Manjericão 

    Pertencente à família Laminaceae, há o manjericão com folhas grandes (Ocimum basilicum) e o com folhas pequenas (Ocimum minimum). O de cor verde é o mais conhecido, mas também existem plantas de folhas avermelhadas - mais raras e com mais aroma. O perfume do manjericão tampouco é uniforme: há variedades com fragrância doce, lembrando limão, cinamato (canela), cânfora, anis e cravo.O manjericão (Figura 2) ou alfavaca (Ocimum basilicum L é originário do sul da Ásia. Planta herbácea de até 1,0 m de altura, bastante ramificada, forma irregular, de folhas ovais cor verde-claro, perfumadas. Flores pequenas brancas reunidas em espigas que surgem principalmente no verão. 

Figura 2. Alfavaca(manjericão)


Principais usos: com sabor e aroma intensos, o manjericão é uma ótima sugestão para fazer toda a diferença numa receita. Usado em saladas, molhos, recheios, pizzas e em várias massas, ele dá um toque especial aos pratos e, ainda melhor, pode ser cultivado até em vasos pelo próprio consumidor.. Os frutos colhidos e secos dão excelente tempero para carnes, com acentuado sabor picante. As folhas podem ser colocadas in natura em molhos e temperos de carne ou grãos, como no brasileiríssimo feijão. Para usar como tempero, pode-se colher as folhas e secá-las sobre folhas de jornal, deixando em local arejado e sem sol direto. Também as sumidades florais poderão ser usadas secas para tempero. Colher assim que os frutos amadurecerem, deixando em local seco e sem sol, depois debulhar e guardar em recipiente fechado. Na região do Mediterrâneo, onde é presença comum na alimentação, o manjericão é plantado em beirais de janelas. Com propriedades que repelem insetos, afasta moscas e mosquitos. Mas suas belas flores também são vistas como ornamento. Conhecida por alguns como alfavaca cheirosa, essa planta com propriedade digestiva, antibiótica e anti-reumática é utilizada para tratamento de enjôos, problemas respiratórios e reumáticos e ainda como calmante dos nervos. Das folhas ainda podem ser extraídos óleos essenciais como o linalol. O produto - que também é obtido da árvore pau-rosa, espécie em extinção encontrada na floresta amazônica - serve de matéria-prima para a fabricação de perfumes e para o processo de aromatização de alimentos e bebidas. Não se sabe ao certo da sua origem, mas há indícios de que o manjericão tenha se espalhado pelo mundo a partir do Oriente Médio, norte da África e Índia. 

Propagação: Sementes ou um das produzidas a partir de estacas de ramos novos. Necessita de 1,2 kg de sementes para produzir mudas para um hectare ou 3,0 a 5,0 kg para semeadura direta, raleando após a germinação. 

Cultivo: Ambientes com muita luminosidade e chuvas regulares são os preferidos para o desenvolvimento da planta, que pode chegar a produzir por até três anos. O clima frio não agrada a todas as variedades, que podem ser determinadas pelo porte, formato da copa, tamanho e características do seu óleo essencial. As sementes devem ser germinadas no final da primavera, preferencialmente, em solos ricos em matéria orgânica e bem drenados. Recomenda-se uma adubação com esterco de gado bem curtido ou composto orgânico, quando necessário. O plantio pode ser feito no período de setembro a novembro. O espaçamento recomendado é de 0,6 x 0,25m entre as plantas. Embora seja bastante resistente, o manjericão pode ser atacado principalmente pela larva minadora, pelo bicho-mineiro e pelas doenças rhizoctoniose, fusariose e cercosporiose. 

Colheita e beneficiamento: As folhas para consumo fresco podem ser colhidas ao longo do ano, enquanto as folhas destinadas à secagem devem ser colhidas juntamente com as flores, na época de floração. As folhas podem ser colhidas quando a planta atingir cerca de 1,2 m de altura. faça o primeiro corte somente após três meses do plantio. Ele deve ser a 40 centímetros do nível do solo. Repita o processo a cada 50 ou 60 dias, ou quando observar que há uma aproximação das copas, a ponto de prejudicar as folhas mais baixas por impedir a luminosidade. Os cortes favorecem a produtividade, pois o manjericão volta a brotar e a ramificar. Em geral, isso ocorre aos 60 dias. A primeira colheita, no entanto, é indicada somente após três meses do plantio






domingo, 29 de setembro de 2019

Cultivo Orgânico de Salsa e Cebolinha



A cebolinha verde e a salsinha, chamados também de temperos ou cheiro-verde, são as hortaliças-condimentos mais apreciados pela população e consumida em quase todos os lares brasileiros. 

Cebolinha verde
A cebolinha é uma planta condimentar considerada perene, muito apreciada pela população. É semelhante à cebola, mas não desenvolve bulbo. As raízes são fasciculadas, finas e curtas, formando touceiras. Pertence à família Alliaceae. Duas espécies são cultivadas: Alliaceae fistulosum (cebolinha verde ou comum) e Alliaceae schoenoprasum (cebolinha-de-folhas-finas ou galega). A cebolinha verde é natural do Oriente ou da Sibéria, possui folhas numerosas, fistulosas, com comprimento variando de 25 a 35cm e cor verde mais clara do que a galega. A cebolinha galega é originária da Europa e seu sabor é semelhante ao da cebola. As plantas formam tufos bem fechados com folhas numerosas, finas e cor verde-escura. Produz, na base da haste, um engrossamento semelhante a bulbos ovais.


Principais usos: No uso doméstico a cebolinha, tanto crua como cozida, é muito usada nas cozinhas chinesa e ocidental. É indispensável no preparo de saladas, sanduíches, sopas e omeletes. Dá sabor especial em manteigas, queijos cremosos, molhos, massas, carnes, peixes e patês. Pode decorar pratos prontos antes de serem servidos. Como planta medicinal é importante, pois contém ferro e vitaminas diversas, é estimulante do apetite, além de auxiliar a digestão. Ajuda no combate à gripe, e nas doenças das vias respiratórias.


Figura 1. cebolinha verde

Propagação: Embora possa ser propagada por sementes, na prática, é feita através dos perfilhos da touceira. Arranca-se a touceira plantada no ano anterior e abre-se a mesma, transformando-a em tantas mudas quantos forem os rebentos.

Cultivo: O cultivo da cebolinha é indicado para regiões de clima ameno, entre 8 e 22oC, resistindo ao frio. Para os demais locais a melhor época é de fevereiro a julho. Embora a planta suporte frios prolongados, existem cultivares que resistem bem ao calor, tendo poucas restrições para o seu plantio em qualquer época do ano. As cultivares mais conhecidas são 'Todo Ano', 'Futonegui' e 'Hossonegui'. As variedades do grupo 'Todo Ano', no entanto, toleram temperaturas altas. Prefere solos de textura média, ricos em matéria orgânica, bem drenados e com pH entre 6,0 e 6,8. Quando propagada por sementes faz-se a semeadura em canteiros, em sulcos distanciados de 10cm e com profundidade de 0,2 a 0,5cm, distribuindo-se as sementes em linha contínua. O transplante é feito 30 a 40 dias após a semeadura, em canteiros definitivos, em sulcos com profundidade de 3 a 4cm, distanciados de 0,25 entre linhas por 0,15 entre plantas. Outra opção é transplantar mudas de touceiras antigas, cortando as folhas acima da gema apical e podando as raízes. Deve-se ter o cuidado de transplantar as mudas à mesma profundidade em que se encontravam. Essa operação deve ser feita, de preferência, de março a julho, utilizando-se irrigação, sempre que necessário. A adubação de plantio deve ser por ocasião do plantio definitivo, preferencialmente, com composto orgânico, seguindo a recomendação baseada na análise do solo. Adubação orgânica de cobertura deve ser parcelada em três aplicações, aos 15, 30 e 45 dias após o transplante; à medida que vão sendo feitos os cortes, deve-se repetir a adubação de cobertura, parcelando-a em duas vezes, na época do corte e 15 dias após. A cultura deve ser mantida livre de plantas espontâneas pois, além da concorrência, a cebolinha perde valor comercial quando cortada juntamente com "mato". Fazer escarificações sempre que houver formação de crosta na superfície do canteiro.
As principais pragas são os pulgões e o tripes, enquanto que a doença que mais causa problema é o sapeco ou queima-das-pontas (Figura 2) que ataca a cebola de cabeça na fase de produção de mudas e no plantio definitivo e também a cebolinha verde; pode ser provocada por diversos fungos, deficiência hídrica, desequilíbrio nutricional, fitotoxidez, ozônio e, indiretamente, pelos patógenos do solo. Dentre as pragas, o tripes ou piolho (Thrips tabaci) podem causar danos econômicos e ainda favorecer a entrada de doenças. Quando a temperatura aumenta e ocorrem estiagens, o tripes pode causar sérios danos por meio da raspagem e sucção da seiva das plantas. Com o aumento do ataque ocorre o amarelecimento, o retorcimento e a seca dos ponteiros das plantas. A irrigação desfavorece a praga propiciando um melhor desenvolvimento da planta. No manejo da principal doença que ocorre no canteiro (sapeco), recomenda-se a aplicação de cinzas de madeira em pó (50 g/m2) ou diluído em água a 10%, em regas antes do orvalho da manhã evaporar.

Colheita: A colheita da cebolinha inicia-se entre 55 e 60 dias após o plantio ou entre 85 e 100 dias após a semeadura, quando as folhas atingem de 20cm a 40 cm de altura. Na cebolinha, o rebrotamento é aproveitado para novos cortes, possibilitando novas colheitas a cada 50 dias e podendo o cultivo ser explorado por 2 a 3 anos, principalmente em condições de clima ameno. O corte é feito entre 10 a 15 cm do solo (acima da gema apical). Quando houver excesso de produção, especialmente em épocas mais favoráveis para a produção, recomenda-se o corte das plantas, lavando-se as folhas e picando-se, colocando-se em potes de plástico e congela-se.


Rotação e consorciação de culturas: Recomenda-se a rotação de culturas com outras hortaliças pertencentes a outras famílias botânicas e também com gramíneas tais como o milho e aveia e também com leguminosas utilizadas como adubo verde. Nunca fazer rotação com culturas que pertencem a mesma família botânica como alho e cebola, pois estas espécies possuem pragas e doenças comuns. Trabalhos de pesquisa comprovaram bons resultados na consorciação cebolinha verde x radiche (almeirão). A associação/consorciação de culturas é um sistema de cultivo utilizado há séculos pelos agricultores e é praticado amplamente nas regiões tropicais, sobretudo por pequenos agricultores. Isso porque, ao utilizarem nível tecnológico mais baixo, procuram maximizar os lucros, buscando melhor aproveitamento dos insumos e da mão-de-obra ,geralmente da própria família. O aumento da produtividade por unidade de área é uma das razões para se cultivar duas ou mais culturas no sistema de consorciação, pois permite melhor aproveitamento da terra e de outros recursos disponíveis, resultando em maior rendimento econômico.


Salsa  
Salsa ou salsinha (Petroselinum crispum (Mill.), pertencente à família botânica das Apiaceae (Umbelliferae) é uma planta herbácea bienal (demora 24 meses para completar o ciclo biológico), podendo-se também cultivar como anual. Forma uma roseta empenachada de folhas muito divididas, alcança 15 cm de altura e possui talos floríferos que podem chegar a exceder 60 cm. Natural da Europa, a salsa (conhecida também por salsinha, salsa-de-cheiro ou salsa-hortense) foi trazida para o Brasil no início da colonização. O cultivo da salsa faz-se há mais de trezentos anos, sendo uma das plantas aromáticas mais populares da gastronomia mundial. A salsa é rica em vitaminas A, B1, B2, C e D, além de cálcio e ferro, isto se consumidas cruas, já que o cozimento elimina parte dos seus componentes vitamínicos.

Principais usos: De aroma suave e agradável, é indispensável no preparo de saladas, sopas, molhos e temperos em geral. Quando cozida, a salsa destaca o sabor do prato principal. É usada em sopas, assados e cozidos de carnes e frutos do mar, refogados na manteiga, saladas e legumes cozidos no vapor. Ela desidratada é usada para codimentar ou decorar, usada em berinjela, canapés, macarrão, salpicada sobre legumes, omeletes, ovos mexidos ou recheados, sobre carnes, aves, peixes e camarões. Toda a planta pode ser usada: folhas, caules, raízes e sementes. Seu consumo está disseminado pelo mundo todo. É usada como condimento e/ou elemento decorativo de vários pratos. As principais propriedades terapêuticas são: diurética (facilita a secreção da urina); emenagoga (provoca a vinda da menstruação); carminativa (combate os gases intestinais); expectorante (facilita a expectoração); antitérmica (combate a febre); eupéptica (melhora a digestão); vitaminizante (colabora na regeneração das células); aperiente (estimula o apetite); antiinflamatória (combate inflamações). Alivia o mau hálito quando mascada e promove o enriquecimento da pele. A salsa, através de uso interno, é contra-indicada para gestantes e lactantes, pois um de seus componentes, o apiol, é estrogênico; isto é, altera o sistema reprodutor feminino e pode provocar o aborto.

Propagação: A salsa propaga-se por sementes.

Cultivo: As variedades são agrupadas pelo tipo de folha em: lisas (mais cultivadas no Brasil), crespas e muito crespas. As mais plantadas no Brasil são a Crespa, Gigante Portuguesa, Graúda Portuguesa, Lisa Comum e Lisa Preferida. Para regiões onde o inverno não é rigoroso, a melhor época é de março a agosto. O cultivo da salsa é indicada para regiões de clima ameno, desenvolvendo-se melhor sob temperaturas entre 8 e 22ºC. Temperaturas acima desta ocasiona o aparecimento precoce de flores e as temperaturas abaixo desta retarda o seu desenvolvimento. Em regiões de clima ameno, planta-se o ano todo; porém, em locais onde o inverno é rigoroso, evitar a semeadura nos meses frios. A semeadura é feita em canteiros definitivos, em sulcos com profundidade de 0,5 cm, em fileiras contínuas, e quando estiverem com duas folhas definitivas ou 5cm, fazer o desbaste das plantas fracas, mantendo-se distância mínima de 10cm ente plantas e 25cm entre fileiras. São necessários 2 a 3 kg de sementes por hectare. A germinação é muito lenta, de 12 a 13 dias quando a temperatura do solo está entre 25 e 30ºC e, até 30 dias quando está a 10ºC. A germinação pode ser apressada, deixando-se as sementes de molho por uma noite. Quando tiver que ralear plantas vigorosas aproveite-as para transplantes em outros espaços. É pouco exigente em fertilidade, mas prefere solos areno-argilosos, ricos em matéria orgânica, bem drenados e com pH entre 5,5 e 6,8. A Irrigação deve ser diária. Após a germinação das sementes, recomenda-se afofar a terra em volta das plantas, pois a irrigação e as chuvas acabam endurecendo a camada superficial do solo. Até a germinação das sementes, recomenda-se também cobrir o canteiro com palha ou sombrite, o que além de economizar água, evita a formação de uma crosta superficial que pode prejudicar a emergência das plantinhas. É uma planta resistente, mas pode ocorrer as seguintes pragas: lagartas, vaquinhas, pulgões e cochonilhas. As principais doenças fúngicas são: esclerotinia, septoriose, mancha de Alternaria e mofo-cinzento. Tendo em vista que a germinação da salsa é bastante lenta, cuidado especial deve-se ter com as plantas espontâneas que germinam mais rápido. Para retardar as plantas espontâneas, pesquisadores da Epagri/Estação Experimental de Ituporanga descobriram um método eficiente para canteiros, utilizando folhas de papel: após o preparo do canteiro, cobre-se o mesmo com jornal (uma folha apenas) ou papel pardo em toda a extensão e sobre este aplica-se 2cm de composto orgânico peneirado (Figura 3). ). Posteriormente, faz-se a semeadura a lanço ou no sulco e procede-se a cobertura das sementes. Recomenda-se este sistema especialmente para as culturas que possuem sementes pequenas e germinação mais demorada, como cenoura e salsa, e que são semeadas diretamente no canteiro, com objetivo de atrasar a emergência das plantas espontâneas na fase mais crítica (até 25 a 30 dias após a semeadura).

Figura 2. Salsa ou  Salsinha

Colheita: A colheita inicia-se entre 50 e 70 dias após a semeadura, dependendo do cultivar, efetuando nova colheita a cada 30 dias. O corte é feito quando as plantas atingem cerca de 10 cm de talo. Corta-se a planta pela base, de forma uniforme no canteiro, cerca de 1cm acima da gema terminal. Tendo em vista que no verão, a salsa perde a qualidade, recomenda-se na época mais favorável, quando houver excesso de produção, recomenda-se o corte das plantas, lavando-se as folhas e picando-se, colocando-se em potes de plástico e congela-se.


Figura 3. Preparo do canteiro para semeadura, colocando-se o jornal e o composto orgânico