google.com, pub-8049697581559549, DIRECT, f08c47fec0942fa0 VIDA NATURAL

ANUCIOS

sábado, 7 de março de 2020

Cultivo Orgânico do Chuchu (xuxu)


Chuchu

O chuchuzeiro Sechium edule (Jacq.) Swartz é uma planta herbácea, perene e trepadeira, conhecida há séculos e originário da América Central e ilhas vizinhas. Já era conhecido na antiguidade pelos astecas e tinha grande destaque entre as demais hortaliças cultivadas na época. Atualmente, o chuchu (hortaliça-fruto) é cultivado em várias regiões tropicais e subtropicais no mundo e, está entre as dez hortaliças mais consumidas no Brasil. O chuchu (Figura 1) é uma hortaliça que pertence à família botânica das cucurbitáceas, assim como o pepino, as abóboras, o melão e a melancia. O chuchuzeiro pode produzir por vários anos; possui ramas longas com até 15m de comprimento, apresentando gavinhas para sustentação; das ramas saem folhas numerosas com formato de coração. As flores são amareladas e separadas em femininas e masculinas, distintas na mesma planta; a fecundação da flor é totalmente dependente da polinização de abelhas. O fruto (chuchu) é suculento com forma alongada, cor branco-creme, verde-claro ou verde-escuro, liso ou enrugado, com ou sem espinhos. Existem 3 grupos básicos (tipos) de chuchuzeiros segundo a coloração do fruto branca ou creme, verde-claro e verde-escuro. Dentro dos grupos há variações no tamanho, formato, rugosidade e espinhos do fruto; o fruto verde-claro, pouco rugoso e sem espinhos, na forma de pera e alongado, é o preferido comercialmente.

Figura 1. Hortaliça-fruto: chuchu

Uso culinário, propriedades nutricionais e terapêuticas: É um dos alimentos mais comuns na mesa dos brasileiros, embora seu sabor não seja dos mais marcantes. Mas talvez seja esse o seu principal atrativo, pois ele absorve com muita facilidade o gosto de outros alimentos e, por isso, raramente é preparado sozinho. O chuchu acompanha os refogados de cenoura e batata, entra como ingrediente de maioneses e cozidos e, é muito apreciado em associação com o camarão. A fama de vegetal sem graça e sem sabor, não faz jus às qualidades do chuchu. Os frutos não são consumidos crus. Devem ser cozidos e podem ser servidos na forma de refogados, cremes, sopas, suflês, bolo ou salada fria. Para consumo como refogado ou salada, deve-se preferir os frutos mais novos, menores e com casca brilhante. Quando os frutos estão maduros, com a parte de baixo se abrindo, são excelentes para a elaboração de suflês, pois são mais consistentes e têm mais fibra. A casca pode ser removida antes ou após o cozimento. Quando os frutos estão bem novos podem ser consumidos com casca e miolo. Também podem ser consumidas as folhas, brotos e raízes da planta. Os brotos refogados são ricos em vitaminas B, C e sais minerais como cálcio, fósforo e ferro.
Recomenda-se cortar e descascar os frutos crus sob água corrente, pois estes têm uma liga que gruda nas mãos. As propriedades nutricionais do chuchu não devem serem desprezadas, pois ele é rico em fibras, o que faz com que desempenhe um importante papel no funcionamentos dos intestinos e, é uma fonte significativo de ferro, magnésio, potássio, fósforo e cálcio. Em menor proporção, o chuchu possui uma pequena quantidade de vitaminas do complexo B e um pequeno teor de vitamina C. Se for cozido sem sal, o chuchu é recomendado para o tratamento da pressão arterial alta e tem efeitos diuréticos, auxiliando nos problemas renais e urinários.

Cultivo: As temperaturas entre 13ºC e 27ºC são as mais favoráveis para o cultivo; temperaturas mais elevadas provocam queda das flores e frutos. Temperatura baixa prejudica a produção; a planta é muito sensível à geadas e ventos fortes que podem quebrar ramas e brotações ou fazer cair frutos pequenos; em regiões com ventos fortes e frequentes, recomenda-se utilizar quebra-ventos tais como o capim elefante. O chuchu exige boa luminosidade para produzir. Os solos areno-argilosos à argilo-arenosos favorecem o cultivo, sendo os de baixada, quando bem drenados, os preferidos. A propagação do chuchuzeiro é feita via frutos maduros brotados; os agricultores produzem seus próprios frutos (sementes). O fruto deve estar maduro e sadio, com características de forma e textura desejadas. A semente (fruto), está apta para o plantio quando a brotação tiver 10 a 15cm de altura. Frutos selecionados são colocados sobre o leito de terra, em local bem sombreado e arejado e, ligeiramente úmido, deitados lado a lado; após duas semanas a brotação aparece.  

Preparo do solo: consiste em limpeza do terreno, aração e gradagem; antes e depois da aração aplica-se o calcário de acordo com a análise do solo. O preparo do solo deve ser iniciado 90 dias antes do plantio. Em áreas declivosas não recomenda-se a movimentação do solo para evitar a erosão. 

Suporte do chuchuzeiro: é feito com espaldeiramento. Usa-se estacas com 2,5 m de comprimento, arame farpado e arame liso nº 16. As estacas são fincadas para ficarem a 1,8m de altura no espaçamento de 2m x 2m (áreas declivosas), 3m x 3m em áreas mais planas. Após fincar as estacas distribui-se arame farpado no seu topo, à uma distância de 30cm entre si; no sentido cruzado ao arame farpado, estende-se o arame liso. Nas últimas estacas de cada fila coloca-se escoras pela parte interna do chuchuzal. Para hortas domésticas, pode-se utilizar cercas, árvores secas e outros materiais para suporte do chuchuzeiro.  

Espaçamento/covas e adubação: os espaçamentos variam de 3m x 3m até 7m x 7m. As covas devem ter 30 a 40cm de boca por 30 a 40 cm de profundidade. Na abertura da cova separar a terra dos primeiros 15cm de profundidade para ser colocada no fundo da cova. A adubação deve ser orgânica, preferencialmente com composto orgânico, seguindo a análise do solo. Se for utilizado estercos de animais, o preparo e a adubação da cova deve ser feito com antecedência mínima de 15 dias. 

Plantio: efetuado no início da estação chuvosa ou o ano todo (sob irrigação). São colocadas 2 sementes (frutos) por cova (em pé ou deitados) à 5cm-8cm de profundidade. Os brotos devem ficar acima do nível do solo. Recomenda-se colocar uma cobertura morta sobre o solo, em volta da cova, para conservar a umidade. 

Manejo de plantas espontâneas: A cobertura do solo com adubos verdes é uma prática recomendável, pois além de reduzir a infestação de plantas espontâneas, através do abafamento e também da alelopatia, ainda melhora as propriedades física, química e biológica do solo e evita a erosão, especialmente na implantação e no início do desenvolvimento do chuchuzal. Recomenda-se a semeadura de adubos verdes de inverno tais como aveia ou então o consórcio de aveia, ervilhaca e nabo forrageiro, nas quantidades de 60, 18 e 4 kg/ha, respectivamente. Sobre a cobertura dos adubos verdes, prepara-se as covas para o plantio das mudas, mantendo-se estas no limpo, através de capinas. 

Limpeza e amarrio: periodicamente retira-se com faca os ramos e folhas secas, principalmente nos meses frios, quando grande parte delas morre para rebrotar na primavera. Leve até os arames as novas ramas que brotarem. Não puxe as ramas. 

Irrigação: o chuchu é sensível à falta de chuvas, pois suas raízes se concentram nos primeiros 20cm de profundidade. Usa-se o sistema de irrigação por aspersão ou infiltração, em turnos de rega diárias ou dias alternados; nas épocas quentes, 2 irrigações diárias são suficientes. Na frutificação a necessidade de água é maior. Adubação em cobertura: de dois em dois meses, se houver necessidade e, de acordo com a análise do solo e do adubo orgânico. 

Manejo de doenças e pragas: Entre as principais doenças que atacam o chuchuzeiro são os fungos Oídio (Oidium sp.), Antracnose (Colletotrichum lagenarium), Mancha Zonada da folha (Leandria momordica) e o nematoide de galhas (Meloidogyne incógnita e M. javanica). No manejo do fungo Oidio e de pragas, recomenda-se ver a matéria "Cultivo orgânico de hortaliças-frutos - Parte I", postada em 31/10/2012. Para o manejo das principais doenças que ocorrem no chuchuzeiro e, de forma geral, para todas as cucurbitáceas, recomenda-se as seguintes práticas preventivas: a) escolher áreas novas e bem arejadas e ensolaradas; b) fazer rotação de culturas com espécies que não pertencem à mesma família botânica (cucurbitáceas); c) plantio somente de mudas vigorosas e sadias; d) sempre que possível, dar preferência à irrigação localizada, ao invés da aspersão; e) eliminar plantas doentes e f) ao final do ciclo da cultura, eliminar todos os restos culturais da lavoura, destruindo-os através da compostagem. Rotação de culturas e consorciação de culturas: 

Colheita e conservação: A colheita inicia-se aos 85 à 120 dias após o plantio e, prolonga-se por 3 anos (comercialmente). O ponto de colheita é quando o fruto está tenro, com tamanho de 10-15cm, o que ocorre 10-15 dias pós aberturas das flores. Destaca-se o fruto com a mão, efetuando-se leve torção. O fruto colhido é levado para o galpão. É conveniente colher a cada 3 dias. Os frutos podem ser mantidos em condição ambiente, por 3 a 5 dias depois de colhidos; a partir de 5 dias começam a murchar. Podem ser conservados por maior tempo, 6 a 8 dias, na parte de baixo da geladeira, embalados em saco de plástico. O produto já descascado e picado conserva-se por até 3 dias após seu preparo, desde que mantido embalado em vasilha tampada ou em saco de plástico, na gaveta inferior da geladeira.



quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

Cultivo Orgânico de Aboboras



As abóboras (Figura 1), pertencentes à família das cucurbitáceas, foram um alimento importante em todo continente americano, muito antes da chegada dos europeus. Todas as espécies do gênero Cucurbita, no qual se incluem as abóboras e moranga, tiveram origem na América e, junto com o milho e o feijão, constituía a base da alimentação das populações que habitavam a região que vai desde o Peru até o sudoeste dos Estados Unidos. Já eram cultivadas na América Central há 9000 anos e já havia vestígio delas nas habitações de pedra dos indios. Atualmente, as abóboras são cultivadas em todo mundo, fornecendo polpa comestível, sementes e flores. Nome científico: Cucúrbita moschata (abóbora); Cucúrbita máxima (moranga); Cucúrbita pepo (abobrinha italiana). A abóbora japonesa, também conhecida por abóbora "tetsukabuto", é um híbrido oriundo do cruzamento de duas espécies distintas de abóbora: Cucurbita maxima (moranga) e Cucurbita moschata (abóbora). Nome comum: abóbora, moranga, abobrinha, abobrinha-italiana (abobrinha de moita). Origem: abóbora e abobrinha-italiana – região central do México; moranga – região sul do Peru, Bolívia e norte da Argentina.

Figura 1. Abóboras (abobrinha, moranga, moranga japonesa)

Descrição e característica das plantas: a) abóbora e moranga: as plantas produzem ramas rasteiras e podem chegar a 6 metros de comprimento. À medida que as ramas se desenvolvem, novas folhas e botões florais são emitidos. Essas plantas formam estruturas para fixação nos suportes que são as gavinhas e as ramas em contato com o solo emitem raízes que auxiliam na sua fixação. As folhas são grandes e de cor verde-escura com manchas prateadas nas abóboras e sem essas manchas em morangas. Como em todas as plantas da família das cucurbitáceas, elas produzem flores masculinas e femininas separadas na mesma planta, são monóicas. As flores masculinas são produzidas em maior quantidade que as femininas e ambas produzem pétalas grandes e amarelas. As flores femininas são facilmente identificadas porque apresentam ovário bem desenvolvido na base de cada flor com formato de frutinho. A polinização da flor é feita normalmente pelas abelhas, sem a qual não haverá formação de frutos. As condições climáticas para bom desenvolvimento vegetativo e frutificação são temperatura amena a quente e boa disponibilidade de água durante todo o ciclo. Dependendo da variedade ou híbrido, temperaturas muito altas ou baixas podem prejudicar a produtividade. Todas as cucurbitáceas cultivadas não toleram geadas. A propagação é feita através de sementes. b) abobrinha italiana – as plantas não formam ramas compridas como nas abóboras e nas morangas. As hastes são curtas, dando um aspecto de moita, onde as folhas grandes ficam bem próximas uma das outras. O florescimento e a frutificação ocorrem à medida que as folhas são emitidas pelas plantas. Da mesma forma que as abóboras e morangas, a abobrinha-italiana produz flores masculinas e femininas, separadas na mesma planta (monóica), e necessita da abelha para ocorrer a polinização das flores femininas. As condições climáticas favoráveis ao bom desenvolvimento vegetativo e à boa frutificação são temperaturas amenas a quente e boa disponibilidade de água durante todo o ciclo da cultura. A propagação dessas plantas é feita através de sementes. 

Uso culinário e propriedades nutricionais e terapêuticas: As abóboras e morangas são consumidas, tanto verdes como maduras, no preparo de muitos pratos da culinária. Os frutos maduros das abóboras são largamente utilizados no preparo de doces diversos. A abobrinha é consumida verde, na forma de salada, ou cozida. A polpa saborosa das abóboras pode ser assada ou cozida, usada em sopas ou ensopados, ou ainda se tornar recheio de ravióli. Embora, em geral, se joguem fora as sementes, elas são uma fonte muito rica de proteínas. As sementes de abóbora são fáceis de preparar: tire-as, lave-as e deixe-as seca; depois asse-as em forma untada por uma hora a 120 ºC. Pode ainda ser consumido a flor, muito apreciada na culinária mexicana, possui um delicado sabor e, do ponto de vista nutritivo, oferece fibra vegetal e uma pequena quantidade de hidrato de carbono. Consome-se ainda a brotação em forma de refogado (cambuquira), que junto com sopa dos frutos se tornam uma refeição muito saborosa. As sementes também podem ser consumidas na forma de aperitivo, torradas e salgadas. As abóboras possuem elevado valor nutritivo contendo grande quantidade de vitamina A, fundamental para uma boa visão, saúde da pele e mucosa, evitando infecções e auxiliando no crescimento. Contém ainda uma vitamina do complexo B, a niacina, cuja função é evitar problemas de pele, do aparelho digestivo, do sistema nervoso e reumatismo. As abóboras também tem muita vitamina C e fibras e baixas calorias. Possui sais minerais como cálcio e fósforo, essenciais na formação dos ossos e dentes, músculos, coagulação do sangue e transmissão de impulsos nervosos. As abóboras são indicadas para pessoas de todas as idades por ser de fácil digestão. É também um laxante suave e um diurético, sendo aconselhado na recuperação de doenças agudas do aparelho digestivo, especialmente inflamações dos intestinos. A abóbora contém três das substâncias vegetais de maior ação anticancerígena comprovada: betacaroteno, vitamina C e fibras vegetais. além do potássio, mineral capaz de auxiliar no controle da pressão arterial, a semente também é rica em fibras. Outro diferencial é a grande quantidade de vitamina E, nutriente que combate o envelhecimento. 

Cultivo: por não tolerarem o frio, as cucurbitáceas, em geral, podem serem semeadas ou transplantadas no litoral, a partir de setembro e, no máximo, até o final de janeiro. A partir de fevereiro, as espécies de ciclo mais longo como as abóboras, correm o risco de sofrerem com o frio, especialmente, se o frio chegar já no outono no litoral. Na escolha da área, preparo do solo, adubação e manejo de doenças e pragas devem ser seguidas as recomendações gerais para o cultivo das cucurbitáceas, matéria postada no blog "Cultivo orgânico de hortaliças-frutos – Parte I)" em 31/10/2012. Cultivares - Existem inúmeras cultivares de abóboras, abobrinhas e morangas (Figura 2), disponíveis no mercado. Por serem espécies de polinização cruzada existe um número muito grande de variedades de abóboras, de diversos tamanhos, desde delicadas moranguinhas do tamanho de laranjas até enormes abóboras com mais de 20 kg. Os formatos também variam muito, podem ser redondas, chatas e com gomos, podem ser ovais, retas ou terem pescoço, a casca pode ser lisa ou encaroçada, a cor pode ser amarela, verde, rajada, quase preta e cor-de-abóbora. Algumas variedades de: 1) Abóbora – Menina Brasileira, Caravela, Pira-Moita, Duda, Goianinha, Canhão, Redonda Amarela Gigante, Caravela, Spaghetti; 2) Moranga – Coroa, Alice, Carijó, Tropical; 3) Híbridos interespecíficos (resultante do cruzamento entre linhagens de moranga e abóbora) – Tetsukabuto (Figura 3); 4) Abobrinha-italiana – Caserta, Clarinda, Atlanta, Alba, Clara, Anita, Clarice, Princesa, Anna Gold e Goldfinger. Produção de mudas: ao invés do semeio direto no campo, recomenda-se a produção de mudas em copinhos de jornal ou em bandejas de isopor (ver matéria postada em 31/10/2012 – Parte I). Este sistema diminui as falhas no campo, melhora a uniformidade e permite um melhor manejo das pragas e doenças. As mudas são transplantadas quando não houver risco de geadas e, tiverem duas folhas e, no máximo no início de surgimento da terceira folha verdadeira. Espaçamento e manejo de plantas espontâneas: abóboras e morangas - 4,0 x 4,0 m (mais vigorosas) e 3,0 x 3,0 (menos vigorosas); abobrinhas – 1,0 x 0,5m. O manejo de plantas espontâneas deve ser feito antes do desenvolvimento das ramas nas entrelinhas, através de roçadas (cultivo mínimo ou direto) ou grade no caso do terreno lavrado. Preparo do solo e adubação: ver como preparar o solo na matéria postada em 31/10/2012. A adubação orgânica, preferencialmente com composto orgânico, deve ser feita com base na análise do solo. Irrigação e adubação de cobertura: a irrigação, quando necessária, pode ser por aspersão ou preferencialmente localizada. Se necessário (plantas pouco viçosas), deve ser realizada a adubação de cobertura, 20 dias após o transplante e/ou no início da frutificação, com base na análise do solo. Polinização: No cultivo da moranga híbrida (abóbora japonesa) há necessidade do plantio de uma fileira de abóbora ou moranga como polinizadora, intercalada a cada quatro fileiras do híbrido A semeadura da polinizadora deve ser de 15 a 21 dias antes da semeadura do híbrido. Caso seja utilizada a abobrinha como polinizadora, devido a precocidade, pode ser semeada 15 dias após o híbrido. É indispensável a presença de agentes polinizadores, como abelhas. Principais pragas e doenças: ver matéria postada em 31/10/2012 quais as principais e o manejo recomendado. 


Colheita: As morangas híbridas (Figura 3) são colhidas manualmente, quando os frutos estiverem maduros, em geral, de 90 a 110 dias após o plantio; o fruto maduro apresenta a parte apoiada no solo com cor amarelada e o pedúnculo com a cor palha, parecendo estar seco. As abobrinhas são comercializadas ainda verde, com 25cm de comprimento (cerca de 380g de peso); a colheita inicia-se aos 75 dias até a maturação dos frutos. As abóboras secas levam 150 dias até a maturação dos frutos. Como as abóboras e morangas têm casca dura, são ideais para armazenamento, durando cerca de um mês, em lugar seco e fresco. Para agricultores, a abóbora japonesa apresenta maior precocidade, uniformidade e melhor produtividade, quando comparada com cultivares locais; conseqüentemente se tornou uma cultura rentável. Para consumidores, a abóbora japonesa apresenta frutos atraentes e saborosos; em geral, com coloração de casca escura, formato arredondado, levemente achatado, polpa alaranjada e quase nada de água. É um produto que apresenta, ainda, ótima pós-colheita e durabilidade, o que reduz as perdas. As abóboras não devem ser refrigeradas nem armazenadas em temperatura abaixo de 10ºC, pois isso acelera sua deterioração. 

Figura 2. Abobrinhas e abóboras 

Figura 3. Moranga híbrida ou abóbora japonesa





domingo, 9 de fevereiro de 2020

Hortaliças Orgânicas Frutos (Cucurbitaceas)



A exemplo das hortaliças-folhosas, que possui grande número de espécies, vamos dividir as hortaliças-frutos em 5 matérias a serem postadas. Nas quatro primeiras matérias vamos tratar das hortaliças-frutos pertencentes a família botânica das cucurbitáceas. O cultivo orgânico das hortaliças-frutos tomate, milho-verde e morango, já foram abordadas em matérias postadas em 01/03/2011, 05/10/2011 e 21/09/2012, respectivamente.

Figura 1. Hortaliças-frutos: melancia, melão, abóbora japonesa, abobrinha, chuchu, pepino, morango, pimentão, berinjela e tomate

Recomendações gerais para o cultivo das hortaliças-frutos (cucurbitáceas)

Influência de fatores climáticos: A temperatura é o fator mais importante para as hortaliças-frutos (moranga, abóbora, abobrinha, melancia, melão, chuchu e pepino) que pertencem a família botânica das cucurbitáceas. Em condições abaixo de 12ºC, o crescimento da planta paralisa. Não tolera geadas. As temperaturas mais adequadas para as cucurbitáceas estão entre 18 a 25ºC. A produtividade depende da eficiência da polinização feita pelas abelhas, sendo que a maior atividade está entre 28 a 30ºC. Temperaturas mais elevadas proporcionam maior número de flores masculinas, enquanto que temperaturas mais amenas e com período curto de luz estimulam maior número de flores femininas que darão origem aos frutos. Nos primeiros estádios de desenvolvimento, as plantas são exigentes em água, porque as raízes são ainda superficiais e o armazenamento de água na superfície é praticamente nulo. A deficiência de umidade, associada às temperaturas elevadas no solo ou no ar, pode provocar um déficit hídrico na planta com a conseqüente descoloração das folhas e secamento das plantas. Na fase de polinização e desenvolvimento do fruto, deve-se evitar que a umidade em excesso crie um microclima, ambiente favorável às doenças.

Escolha do local e análise do solo: Área de solos profundos, bem estruturados e drenados, que tenham topografia plana a levemente ondulada são as mais indicadas. O solo ideal é o areno-argiloso, fértil e rico em matéria orgânica. A exposição norte deverá ser a preferencial, por favorecer os aspectos de crescimento vegetativo e de ordem fitossanitária; porém tem-se observado na prática que nas exposições leste e oeste as plantas produzem mais flores femininas. Para melhoria da polinização e conseqüente maior pegamento de frutos é necessário escolher área protegidas dos ventos dominantes ou que tenham quebra-vento. Evitar o plantio em áreas onde, nos dois últimos anos, foram cultivadas outras cucurbitáceas e solanáceas. As espécies da família das cucurbitáceas desenvolvem-se melhor em solos moderadamente ácidos, com pH entre 5,5 e 6,5. Solos de textura média, com teores de argila em torno de 30 a 35% são os mais recomendados. Embora mais de 75% das raízes se encontrem na camadas superiores do solo (0-30cm), é recomendável que o solo tenha profundidade efetiva maior. A análise do solo deve ser feita com antecedência para que o técnico faça a recomendação adequada da adubação e correção da acidez do solo.

Produção de mudas: Ao invés do semeio direto no campo, recomenda-se a produção de mudas em copinhos de papel ou jornal (10 a 12cm de altura), confeccionados com o auxílio de uma lata de refrigerante ou cano de PVC e protegidas em abrigo. Este sistema diminui as perdas ou falhas no campo, melhora a uniformidade do estande e permite um melhor controle fitossanitário e manejo das plantas espontâneas. Além disso, os riscos de perdas de plantas devido ao frio excessivo (as plantas não toleram geadas), praticamente não existe, pois as mudas estariam protegidas. Confecção dos copinhos (Figuras 2, 3 e 4): corta-se uma folha de jornal, sem ser colorida, em cinco tiras, no sentido horizontal da página, com cerca de 11,5 cm de largura cada uma e enrola-se em torno de um cano de PVC (50mm) com 7 cm de comprimento. A extremidade do cilindro de papel é dobrada para dentro, de modo a formar o fundo do copinho e depois bate-se o fundo do cano para comprimir as dobras do fundo do molde. Posteriormente, enche-se o cano com o copinho de papel com o substrato e retira-se o mesmo para confecção de outros copinhos de papel. A reutilização de copos plásticos de refrigerantes descartáveis furados na parte de baixo e protegido em abrigos de plástico com substrato de boa qualidade é outra opção. Semeia-se 3 sementes por copo e realiza-se o desbaste quando as plantas apresentarem uma folha definitiva, deixando-se 2 mudas por copinho. As mudas devem ser transplantadas quando não houver risco de geadas e tiverem duas folhas e no máximo no início de surgimento da terceira folha verdadeira. No caso de copinhos de papel não há necessidade de retirar o papel, pois este se degrada facilmente.

Figura 2. Material necessário para confecção dos copinhos de papel

Figura 3. Confecção de copinho de papel jornal - início

Figura 4. Confecção de copinho de papel jornal – final


Preparo do solo e adubação: Sistema em covas em plantio direto : apresenta a vantagem de melhor proteção do solo e dos frutos, favorece a retenção de água, apresenta menor incidência de plantas espontâneas ("mato") e menor custo da lavoura. No outono semeia-se o adubo verde, que pode ser ervilhaca, aveia preta ou uma mistura de ambas. Após a floração da cobertura verde, no período de formação dos grãos, faz-se seu acamamento com rolo-faca ou roçadeira. Após preparar as covas (30 x30x15cm de profundidade), distribuir e incorporar o adubo; Sistema em faixas em cultivo mínimo : No outono semeia-se o adubo verde, que pode ser ervilhaca, aveia preta ou uma mistura de ambas. Trinta dias antes do plantio, lavrar e gradear em faixas com largura de 0,6 m. As faixas serão distanciadas umas das outras por 3m; Sistema em faixas com preparo do solo: deve ser feita uma aração profunda. Os torrões entre as faixas facilitam a fixação dos ramos pelas garras (gavinhas) evitando o dano pelo vento. Após a aração preparar apenas a faixa de plantio de mais ou menos 60 cm de largura espaçados de 3 em 3 metros. Abre-se um sulco e coloca-se o adubo orgânico, conforme análise do solo. Em geral, para solos de média fertilidade, recomenda-se preferencialmente composto orgânico ou ainda esterco de gado ou de aves curtidos, nas quantidades de 2,4 e 2 kg por metro de sulco , respectivamente, incorporados uniformemente ao solo 10 a 15 dias antes do plantio das mudas. Irrigação: quando necessária, pode ser por aspersão ou preferencialmente localizada.

 Adubação de cobertura: Se necessário (plantas pouco viçosas), deve ser realizada 20 dias após o transplante e/ou no início da frutificação, com base na análise do solo. Manejo de plantas espontâneas: quando necessário é recomendado realizar na época da adubação de cobertura. O manejo deve ser feito antes do desenvolvimento das ramas nas entrelinhas, através de roçadas (cultivo mínimo ou direto) ou grade no caso do terreno lavrado (sistema em faixas). Próximo às plantas usar a enxada.

Principais pragas e doenças: dentre as pragas destacam-se a broca dos frutos na fase de frutificação, vaquinhas (patriotas) no início de desenvolvimento das plantas e os pulgões. A broca perfura o fruto próximo ao botão floral, causando o apodrecimento. Manejo da broca das cucurbitáceas: para o manejo da broca recomenda-se utilizar iscas atrativas, como por exemplo, a abobrinha italiana - caserta (Figura 5) que também atrai a vaquinha – Diabrotica speciosa, especialmente, no início do desenvolvimento das plantas e, pulverizações semanais com dipel (broca), a partir do início da frutificação. No caso do uso de isca atrativa (abobrinha), recomenda-se a destruição das plantas, quando estiverem muito atacadas pela broca. Os pulgões formam colônias na parte de baixo das folhas sugando a seiva e transmitindo viroses. Manejo de vaquinhas e pulgões: recomenda-se os preparados à base de plantas tais como pimenta e cebola para o manejo de pulgões e vaquinhas. Para o manejo de pulgões, outros preparados tais como, cavalinha-do-campo, losna, confrei, samambaia, cinamomo, coentro e cravo-de-defunto também são eficientes (ver como preparar através de matérias já postadas neste blog). No manejo de vaquinhas, ainda existem as plantas que podem servir como iscas atrativas, tais como abobrinha caserta , tajujá , porongo ou cabaça). Dentre as doenças destaca-se o oídio (Figura 5), que é um fungo que desenvolve-se nas folhas, hastes e frutos das cucurbitáceas e feijão-vagem, apresentando uma formação semelhantes ao "pó de giz", espalhando-se por toda a superfície da folha. A doença é favorecida por temperaturas, entre 15 e 18ºC e, umidade relativa do ar, entre 20 e 100%. Manejo do oídio: no cultivo orgânico recomenda-se, preferencialmente, leite de vaca cru na concentração de 10 a 15%, mesmo após o início da infecção no campo ou produtos a base de enxofre (Kolossus ou Thiovit SC). Obs.: em função da maior atividade das abelhas na polinização, pela manhã, recomenda-se pulverizar, se necessário, sempre a tarde.

Figura 5. A abobrinha italiana – caserta (à esquerda) é uma boa isca atrativa da broca das cucurbitáceas e também da vaquinha. 

O fungo oídio que tem como principal sintoma a formação de um pó branco sobre as folhas, ataca o feijão-vagem (foto à direita) e as demais espécies da família das cucurbitáceas (melão, melancia, pepino, abóbora, abobrinha e moranga); o leite cru e fresco à 10% (1 L para 100 L de água) é eficiente no manejo desta doença, mesmo no início da infecção.

Rotação e consorciação de culturas: Esta é considerada a prática mais antiga no manejo de doenças e de pragas e continua sendo uma das mais eficientes entre os métodos culturais de controle. Os princípios de controle envolvido na rotação e consorciação de culturas são a redução ou destruição do meio que serve para multiplicação da doença e pragas e a melhoria das condições físicas, químicas e biológicas do solo. Dentre as famílias botânicas, as cucurbitáceas estão entre as que mais possuem problemas de pragas e doenças. Por isso, a rotação de culturas com espécies que não pertencem às cucurbitáceas é uma prática preventiva muito eficiente no manejo das pragas e doenças. O plantio de abóbora, moranga, abobrinha, pepino, melancia, melão e chuchu na mesma área e na mesma estação de cultivo favorece o aumento das pragas e doenças que são comuns. Também deve-se evitar o escalonamento de plantio destas espécies, pois as plantas mais velhas podem disseminar pragas e doenças para as plantas mais jovens. Outra prática recomendável para manejar as pragas e doenças das cucurbitáceas é a diversificação de cultivos que pode ser feita através da consorciação de cultivos com espécies de outras famílias botânicas. O aproveitamento de áreas, especialmente na implantação de pomares (Figura 6) é altamente recomendável para a consorciação com cucurbitáceas, pois além de cobrir o solo evitando a erosão, diminui a infestação de plantas espontâneas. Outra prática também recomendável visando a melhoria da fertilidade do solo é a consorciação das cucurbitáceas com adubos verdes de inverno; o crescimento lento das cucurbitáceas no final do inverno favorece esta consorciação, mantendo-se inicialmente no limpo as covas e as entrelinhas cobertas pelos adubos verdes. Quando os cultivos começarem a desenvolverem-se mais rapidamente (crescimento das gavinhas) faz-se a roçada ou gradagem nas entrelinhas.

Figura 6. Cultivo de moranga híbrida (abóbora japonesa ou kabotiá) em um pomar de oliveiras recém-implantado na Epagri/Estação Experimental de Urussanga

Produção própria de sementes crioulas: Na produção de hortaliças com base agroecológica recomenda-se resgatar a produção de sementes crioulas. As sementes crioulas são aquelas que foram sendo selecionadas e melhoradas pelos agricultores ao longo do tempo, segundo as suas necessidades e em função das condições de clima e de solo da sua região. Devido a essa seleção na região de cultivo, essas sementes são mais rústicas e resistentes às doenças e às pragas, além de serem de baixo custo e de fácil produção.
Na produção própria de sementes, alguns cuidados são importantes:
• selecionar as plantas mais vigorosas, sadias e produtivas;
• selecionar espécies e variedades adaptadas à região, ao clima e à época de semeadura/plantio;
• colher as sementes na época adequada, ou seja, quando ocorrer a maturação completa;
• armazenar as sementes em lugar fresco, arejado, seco e protegido da luz direta.
Um dos problemas enfrentados, especialmente pelos produtores de hortaliças, é o alto custo das sementes, principalmente de híbridos. Para algumas hortaliças propagadas por sementes, desde que sejam variedades e não-híbridos, pode-se produzir a própria semente para diminuir o custo e evitar a compra todos os anos. É impossível produzir sementes próprias de cultivares híbridas porque são obtidas do cruzamento entre os pais da cultivar que são um segredo de mercado, conhecidos apenas pelo melhorista ou pela companhia de sementes responsável pelo desenvolvimento do híbrido. Essas sementes geram plantas com enorme desuniformidade entre si em relação a velocidade de crescimento, resistência às pragas, doenças e adversidade climáticas, tamanho, formato, coloração, sabor e qualidade do produto final. Em geral, o nível de desuniformidade é tão alto que a exploração econômica da produção fica comprometida.

Colheita e beneficiamento de sementes de cucurbitáceas (cultivares ou sementes crioulas de pepino, moranga, abóboras, abobrinha, melão e melancia)

• Procedimento: selecionar frutos bem formados, completamente maduros, sem defeitos e doenças. Colocar as sementes e a mucilagem (líquido placentário) em vasilhas de plástico por um período de 24 a 48 horas. Após esse período, quando ocorre a fermentação natural, deve-se lavar imediatamente as sementes em água corrente, utilizando-se uma peneira. A secagem deve ser naturalmente à sombra, revolvendo-se as mesmas para diminuir o agrupamento (empelotamento).
• Beneficiamento e armazenamento: retirar as impurezas, guardar as sementes em sacos plásticos, tendo o cuidado de retirar o máximo de ar, e armazená-las em geladeira, na última gaveta da parte inferior.
Obs.: para a colheita e beneficiamento de sementes de hortaliças-frutos pertencentes à família das solanáceais (tomate, pimentão, berinjela e pimenta), recomenda-se o mesmo procedimento.





sábado, 1 de fevereiro de 2020

Cultivo Orgânico de Chicória e Espinafre



Chicória
A chicória (Cichorium endivia L.) é uma planta que tem sua origem na Índia Oriental e é conhecida e utilizada na alimentação humana desde o Egito antigo, na forma cozida ou como salada. Existem duas variedades claramente definidas que são Cichorium endivia var. crispa L., que é a chicória crespa, caracterizada pelas folhas bastante recortadas e, Cichorium endivia var. latifolia L., variedade lisa que tem no Brasil o maior consumo e valor comercial. Ambas têm o característico sabor amargo, que é mais forte nas folhas mais verdes. A chicória (Cichorium endívia), hortaliça-folhosa, de ciclo anual, conhecida também por endívia, escarola e chicarola, pertencente a família botânica das Asteraceae, conhecida também por Compositae ou Compostas; são aproximadamente 50.000 espécies, sendo os representantes desta família a alface, o crisântemo, o girassol, a margarida e muitos outros. A chicória é cultivada na região centro-sul do país e não forma cabeça (Figura 1). Endívias produzidas no escuro têm o sabor mais suave e doce, e coloração branca-amarelada. As flores das chicórias são azuis, muito bonitas e delicadas.

Uso culinário e propriedades nutricionais e terapêuticas: Endívias e escarolas podem ser consumidas cruas, refogadas, cozidas no vapor ou assadas. Na culinária é mais uma opção no preparo de saladas , mas também fica ótima em sopas, purês, cozidos, além de ser especialmente recomendada como recheio de pizzas. Apesar de amargas, elas têm sabor refrescante e são muito apreciadas na culinária européia. Endívias acrescentam um toque de requinte em entradas e combinam muito bem com azeite de oliva, alho, queijos cremosos, coalhadas e tomates secos. Suas folhas côncavas podem ser recheadas e servidas de várias maneiras e têm um excelente efeito na apresentação dos pratos. Elas possuem pouquíssimas calorias, cerca de 17 kcal por 100 gramas e desta forma são muito indicadas para dietas de emagrecimento. As folhas da chicória destacam-se das demais hortaliças pelo seu elevado teor de potássio. Trata-se de uma hortaliça rica em fibras, ótima para o bom funcionamento do intestino. Além disso, contém a vitamina A e é rica em vitaminas do complexo B. Possui , ainda , sais minerais como cálcio , fósforo e ferro, importantes para manter o equilíbrio do organismo.  As principais propriedades medicinais são: limpa o fígado, estimula o baço e, é recomendada para os problemas de visão em geral; também fortalece os ossos, dentes e cabelos e ativa as funções do estômago, intestino e fígado e estimula o apetite. Ativa a função biliar, quando a secreção da bile se mostra escassa, e atua como laxante.


Figura 1. Hortaliça-folhosa: chicória


Cultivo: A chicória produz melhor sob temperaturas amenas, embora haja cultivares tolerantes a temperaturas mais elevadas. Geralmente a semeadura ocorre no outono e inverno, porém pode-se cultivar ao longo do ano, em regiões de altitude. Prefere solos areno-argilosos, férteis, ricos em matéria orgânica, drenados e com o pH entre 6 e 6,8. A semeadura desta hortaliça é realizada da seguinte maneira: primeiramente, na sementeira, procede-se a semeadura utilizando-se 4 g/m2 de sementes. Após ter transcorrido quatro a cinco semanas as plantinhas terão 4 a 6 folhas, momento do transplante para o local definitivo, em canteiros com cerca de 20 cm e irrigado regularmente. A época de cultivo das chicórias varia de acordo com o clima e com a cultivar. A chicória lisa é a variedade com maior valor comercial e é colhida em até 80 dias após a semeação. As diversas cultivares de chicória apreciam o clima ameno, com temperaturas entre 14º e 18ºC. Em climas quentes elas tendem a ficar com o sabor muito amargo. Temperaturas acima de 25ºC afetam o desenvolvimento da planta, que fica com folhas mais grossas e menores. Chicórias são muito exigentes em fertilidade e, se ressentem em caso de excesso ou carência de adubos. Rega-se abundantemente. Para se conseguir chicórias de melhor apresentação, mais claras e tenras, recorre-se ao estiolamento, procedendo da seguinte forma: amarra-se um cordão ou material similar de modo a proteger o "coração" da planta dos raios solares e mantendo-se neste estado por uns 15 dias. As regas não deverão atingir o "coração" da planta.
Outros tratos culturais importantes são as irrigações freqüentes e escarificações, mantendo o solo fofo, a fim de possibilitar à planta melhores condições de desenvolvimento. As doenças e pragas que atacam a chicória são basicamente as mesmas que atacam o alface, que são os pulgões, lesmas, caracóis e insetos que mastigam suas folhas. As doenças mais comuns são a podridão-basal, o vira-cabeça, a septoriose e a queima-de-saia, entre outras. Dentre as medidas preventivas para o manejo das pragas e doenças, estão a adubação equilibrada conforme análise do solo, pois um solo bem suprido de nutrientes dará maior resistência às plantas e a rotação de culturas com espécies de famílias botânicas diferentes; por ser uma hortaliça folhosa é bastante exigente em nitrogênio, por isso, na rotação de culturas recomenda-se, especialmente as leguminosas. Caso seja necessário o uso de produtos alternativos no manejo de doenças e pragas, recomenda-se os utilizados no cultivo de alface (ver matéria postada neste blog em18/01/2011).

Colheita: A colheita deve ser realizada aos 80 a 90 dias após a semeadura, com rendimento aproximado de 25 a 30 toneladas por hectare. A chicória pode ser guardada em geladeira, em sacos plásticos, sem lavar, por até 7 dias.

Espinafre

Os primeiros relatos do cultivo do espinafre (Figura 2) vêm da Espanha na época das cruzadas. Provavelmente foi trazido pelos árabes no seu avanço pela Península Ibérica. Logo foi introduzido na Europa inteira e no século 16 já era uma das verduras mais encontradas no continente. Existem dois tipos de espinafre, originários de diferentes regiões. Um deles pertence à família Chenopodiaceae, é nativo do sul da Ásia e foi levado para a Europa no início do século 12. O outro, mais fácil de ser encontrado no Brasil, é da família Aizoaceae, com origem na Nova Zelândia e Austrália. É cultivado principalmente nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. É muito consumido na Europa e nos Estados Unidos. Atualmente, o consumo no Brasil já é considerado bastante elevado, apesar de proporcionalmente bem menor do que nos países europeus e nos Estados Unidos. A planta (Spinacia oleracea) possui flores masculinas e femininas que, desta forma, são responsáveis pelo desenvolvimento e proliferação deste vegetal. O caule do espinafre é curto e as folhas crescem ao seu redor.

Uso culinário e propriedades nutricionais e terapêuticas: Na culinária, o espinafre é muito utilizado cozido ou em saladas, sopas e recheios de tortas, massas, como pasteis, calzones, raviolis e pizzas, além de patês e molhos cremosos para carnes e massas. O espinafre é uma planta bastante apreciada pelas suas características nutritivas, por conter muitas vitaminas, principalmente a C e por ter apenas 25 calorias em cada 100g.  A hortaliça é rica em ferro, vitaminas A, B1, B2, B5, C, D, E, K, cálcio, fósforo, potássio, magnésio, ferro, sódio, enxofre, cloro e silício. O espinafre é indicado para pessoas com anemia e desnutrição, além de ajudar no combate à pressão arterial alta e colesterol. Porém não é recomendado para quem sofre de ácido úrico, gota e cálculos renais, por ter alta concentração de ácido oxálico, o que atrapalha a absorção de ferro, cálcio e outros minerais. As folhas verde-escuras contêm antioxidantes e bioflavonóides que ajudam a bloquear as substâncias causadoras de câncer, especialmente do pulmão e próstata. Uma xícara de espinafre fresco também fornece 190 mcg (microgramas) de folato, um nutriente especialmente importante para mulheres grávidas ou que estejam planejando engravidar, porque ajuda a prevenir defeitos neurológicos congênitos. A deficiência de folato pode causar também um tipo grave de anemia. As quantidades de vitaminas e minerais em 100 gramas de espinafre cru são:. vitamina A (9376 UI), C (28.1 mg), E (2.0 mg), K (483 mcg), B6 (0.2 mg), niacina (0.7 mg), tiamina (0.1 mg), riboflavina (0.2 mg), folato (194 mcg), cálcio (99.0 mg), ferro (2.7 mg), magnésio (79.0 mg), fósforo (49.0 mg), potássio (558 mg), cobre (0.1 mg) e manganês (0.9 mg).

Figura 2. Hortaliça-folhosa: Espinafre


 Cultivo: Foram desenvolvidas muitas variedades de espinafres, que se dividem em três tipos principais: Savoy (de folhas verde-escuras e crespas, sendo o tipo mais vendido fresco em molhos), Folha plana e lisa (de folhas maiores, arredondas, planas, lisas e mais fáceis de limpar; utilizadas principalmente na indústria de alimentos) e Semi-savoy (tipo híbrido, de folhas crespas porém mais fáceis de limpar; é cultivado tanto para consumo in natura como para a indústria). As cultivares mais antigas tendem a ter um sabor mais amargo e as folhas mais escuras, além de serem mais sensíveis ao calor, florescendo mais rapidamente. Já as cultivares modernas, apresentam sabor mais suave, folhas mais largas e sementes arredondadas, além de serem mais precoces e demorarem mais a florescer. O espinafre é uma hortaliça que se desenvolve melhor em temperaturas médias e amenas, entre 15 e 21 ºC. Em locais com temperaturas um pouco mais altas, dependendo da variedade, o ambiente pode ficar mais favorável ao florescimento. O plantio no Brasil é feito, normalmente, de março a julho, a não ser em regiões com verão mais ameno, onde pode-se plantar o espinafre durante todo o ano. O excesso de calor prejudica o crescimento da hortaliça e facilita o florescimento precoce. No entanto, há cultivares mais tolerantes, que podem ser plantadas o ano inteiro.
Os solos mais indicados para esta cultura são os areno-argilosos, férteis, e adubados de acordo com o resultado da análise de solo. O pH indicado deve ficar entre 6 e 7.  A semeadura é feita diretamente no solo ou em sementeiras, para depois serem transplantadas para o canteiro. Em geral, utiliza-se de 3 a 4g de sementes por metro quadrado de sementeira. Quando as mudas apresentarem de 4 a 5 folhas, devem ser transplantadas para o local definitivo No plantio direto, coloque de duas a três sementes por cova, com profundidade de um a dois centímetros. O espaçamento entre covas pode mudar de acordo com a época do cultivo e variedade cultivada, entre outros fatores. Experiências na Embrapa Hortaliças obtiveram sucesso com espaços de 30 x 20 e de 30 x 30 centímetros Uma dica importante que deve ser utilizada na época do plantio é deixar as sementes imersas em água, durante cerca de 24 horas, antes da semeadura. Esse procedimento é indicado para facilitar a germinação, fazendo com que ocorra mais rápido. É uma planta relativamente resistente a pragas e doenças, sendo as mais comuns alguns tipos de fungos, além de alguns insetos que ''devoram'' as folhas ou sugam a planta. Algumas variedades híbridas são muito resistentes às doenças e às temperaturas bastante elevadas. Por este motivo, a escolha da variedade a ser plantada deve levar em consideração, principalmente, as médias de temperatura da região e a necessidade de resistência maior a algum tipo de praga que possa atacar, naquela região. Os tratos culturais indicados são: regas diárias ou irrigação nas sementeiras e adubação de cobertura, após o transplante das mudas para o local definitivo. Além disso, a adubação deve ser reforçada após cada corte das plantas. O terreno deve ser limpo, sempre que necessário, através de capinas.

Colheita: A colheita deve ser realizada de 40 a 60 dias após a semeadura, quando esta é feita diretamente no local definitivo. Em geral, após este período, as folhas estão com cerca de 25 a 32cm de comprimento, apresentando uma forte coloração verde-escura.




sábado, 28 de dezembro de 2019

Cultivo Orgânico de Alho-poró e Couve de Bruxelas



Alho-porró
O alho-porró (Allium porrum L.), de origem européia, pertence à família botânica das Amarilidáceas (anteriormente era tido como pertencente à família das Liliáceas). O alho-porró, também chamado de alho-francês, alho-macho e alho-poró (Figura 1), é bastante cultivado, especialmente na França e Inglaterra. No Brasil, especialmente no Sul, seu cultivo tende a ser feita em escala crescente, devido às condições favoráveis de clima e solo. Em vez de formar um bulbo arredondado, como a cebola, o alho-porró produz um longo cilindro de folhas encaixadas umas nas outras, esbranquiçadas na zona subterrânea, sendo esta a parte das folhas a mais utilizada na culinária, ainda que a parte verde também possa ser utilizada, por exemplo, em sopas. A planta é herbácea, tenra e bienal, produz talo e folhas no primeiro ano e a haste floral, flores e sementes no segundo ano. As folhas que são compridas e relativamente largas, possuem bainhas longas, que sobrepões umas às outras para forrar um falso caule, cilíndrico, também chamado talo; este, de 10 a 20 cm de comprimento e três a seis cm de diâmetro, tem a base dilatada em forma de bulbo. O sistema radicular é constituído por raízes fasciculadas, semelhantes ao alho comum.

Figura 1. Hortaliça-folhosa: alho-porró


Uso culinário e propriedades nutricionais e terapêuticas: Sua composição nutricional chama a atenção pelas baixas calorias. O alho-porró contém vitamina A, B, C e potássio, mas em pequenas concentrações. A sua principal característica, no entanto, é não conter enxofre em grande quantidade como é o caso da cebola. O alho-porró é útil em uma variedade de pratos, onde seu sabor, semelhante ao da cebola, é apreciado. Pode ser fervido e peneirado com batatas e servido como sopa. Pode-se também refogá-lo em caldo sem gordura para ser servido quente ou pincelar levemente com azeite de oliva e grelhá-lho para servir com legumes. As principais propriedades medicinais do alho-porró são: desinfetante, digestivo, diurético, estimulante, expectorante e laxante; combate a má digestão, melhorando o funcionamento dos rins e intestinos; previne a arteriosclerose, gripes e resfriados e, ainda descongestiona as vias respiratórias. No entanto, deve-se evitar em casos de úlceras e gastrites.

Cultivo: É considerada uma hortaliça de inverno, sendo necessário para o seu bom desenvolvimento, que as temperaturas médias mensais estejam entre 13 e 24ºC. É uma planta pouco tolerante à acidez do solo, preferindo solo com pH entre 6,0 e 6,8. O solo deve ser fértil, profundo com boa capacidade de retenção de umidade, rico em húmus e solto, para facilitar a operação de amontoa, a fim de haver o necessário branqueamento do talo. Para o plantio de um hectare, são necessários, aproximadamente, 700 g de sementes (1 g contém, em média, 400 sementes), no espaçamento de 0,5 m entre linhas por 0,15 m entre plantas. As sementes de alho-porró perdem o poder germinativo e o vigor rapidamente, porém, quando guardadas em latas hermeticamente fechadas e, em local fresco, conservam-se por mais tempo. Caso não seja utilizadas todas as sementes, recomenda-se guardá-las em saco plástico, tomando-se o cuidado de retirar o ar do mesmo, colocando-o na última gaveta da geladeira. São indicadas as seguintes variedades: Gigante-Musselburg, Gigante-de-carentan e Gigante americano. Tendo em vista que as sementes são muito pequenas, recomenda-se, após a semeadura, cobrir-se o solo com capim seco ou sombrite, retirando quando emergirem (6 a 8 dias), para evitar a formação de uma camada superficial dura no solo. As melhores mudas para o transplante devem estar com 10 a 15 cm de altura e com três a quatro folhas, geralmente aos 50 a 65 dias após a semeadura. O canteiro deve ser bem irrigado na ocasião do arrancamento das mudas para facilitar a operação. O sulco para o plantio definitivo deve ter 10 cm de profundidade. As capinas, as escarificações e amontoa são importantes, sendo esta última operação que consiste em chegar terra às plantas (amontoa), cerca de 30 dias antes da colheita (90/100 dias após o plantio), para proporcionar o necessário branqueamento e maciez do talo ou falso caule. A rotação de cultura deve ser feita com milho, arroz, tomate, repolho, etc. É interessante incluir uma leguminosa (adubo verde), na rotação de culturas, como crotalária ou feijão-de-porco, a qual será incorporada ao solo antes de florescer.

Colheita: a colheita se dá cinco a seis meses depois da semeadura, quando, então, as hastes têm de 2,5 a 4 cm de diâmetro. Deve-se cortar as hastes junto ao solo, lavando-as e retirando as folhas secas e, posteriormente amarrando-as em maços para a comercialização. Ao comprar alho-porró, prefira os mais finos, que são mais macios e, escolha os que têm a mesma proporção de parte verde e branca. O alho-porró pode ser conservado na geladeira, envolvido em um saco plástico por 3-4 dias.


Couve-de-bruxelas

A couve-de-bruxelas teve origem na Bélgica nos meados do séc. XVIII, tendo sido uma das ultimas variedades botânicas de Brassica oleracea a serem diferenciadas. É uma hortaliça-folhosa (Brassica oleracea, grupo Gemmifera) que lembra pequenos repolhos e por isso, também é chamada de repolhinho; pertence à família botânica das brássicas, a mesma da couve, repolho, couve-flor, brócolis, couve-rábano, nabo, agrião e rúcula. Ela tem a particularidade de crescer ao longo do talo da planta, que na época da colheita fica totalmente coberto pelos pequenos repolhos (Figura 2).

Figura 2. Hortaliça-folhosa: couve-de-bruxelas

Uso culinário e propriedades nutricionais e terapêuticas: Na cozinha a couve-de-bruxelas é usada de várias maneiras, principalmente recomendada como acompanhamento para carnes. Também pode ser usada no preparo de sopas, ensopados e cozidos. A couve-de-bruxelas é rica em sais minerais, principalmente fósforo e ferro. Contém vitaminas A e C, ambas importantes para os olhos e para a pele. Como tem poucas calorias, pode fazer parte das dietas de emagrecimento. Além disso, é rica em fibras de celulose, sendo recomendada para as pessoas que têm problemas intestinais.

Cultivo: A couve-de-bruxelas se desenvolve de forma semelhante às demais couves e ao repolho, necessitando de uma longa estação fria para o seu crescimento. Devido a sua exigência climática, em torno de 15 °C a 19 °C, nunca obteve uma disseminação muito grande na área produtiva. O solo para o cultivo deve ser bem drenado e rico em matéria orgânica. Solos mais arenosos são aconselháveis para plantas precoces e recomenda-se ajustar o pH do solo para 6,5 ou um pouco mais, quando se busca rendimentos maiores. A forma de propagação da cultura se dá por semente, entretanto a semeadura normalmente não é direta. Primeiramente é realizada a semeadura em sementeiras ou em bandejas de isopor para, posteriormente, efetuar-se o transplante. A época mais recomendada para a semeadura da couve-de-bruxelas é de fevereiro a junho, colocando-se em torno de 200 g de semente por ha, sendo que a germinação ocorre normalmente entre 5 a 7 dias. O transplante para o local definitivo deve ser realizado de preferência em dias nublados, quando as plantas atingirem em torno de 10 cm de altura. Recomenda-se utilizar o espaçamento de 80 cm entre linhas e 40 cm entre plantas, obtendo-se uma população de 31.000 plantas/ha. O desenvolvimento adequado e uma boa produção de couve-de-bruxelas estão diretamente relacionados com a época de semeadura, já que esta é uma cultura de clima frio e necessita de temperaturas adequadas durante 90 dias da germinação até a colheita. Temperaturas frias durante o desenvolvimento dos pequenos repolhos são importantes para sua qualidade e forma compacta. Para cultivos de verão recomenda-se procurar variedades resistentes ao calor, já que os pequenos repolhos que amadurecem em condições de altas temperaturas e umidade estão mais suscetíveis à doenças. Para o manejo de pragas e doenças da couve-de-bruxelas, recomenda-se seguir as orientações mencionadas no cultivo da couve (espécie da mesma família botânica e, por isso, possui pragas e doenças comuns), na matéria postada em 14/08/2012 neste blog (Cultivo orgânico de hortaliças-folhosas - Parte II). É importante lembrar que a rotação e consorciação de culturas, são práticas que devem ser realizadas antes e depois do plantio das brássicas, 

Colheita: deve ser realizada quando os pequenos repolhos apresentarem o tamanho adequado e consistência levemente firme, antes deles sepois ajudar a reduzir as pragas e doenças, além de outros benefícios. A rotação de culturas consiste em plantar um cultivo de uma espécie da família das brássicas e, depois de colher, plantar uma outra planta que não seja desta família como exemplo milho, tomate, cenoura, mucuna, crotalária, aveia e outras. Em outras palavras, não devemos plantar culturas sucessivas de repolho, couve, couve-de-bruxelas, brócolis ou substituir uma lavoura de repolho por couve-flor, brócolis ou couve-de-bruxelas e, assim por diante. Os primeiros repolhos próximos à base da planta ficam prontos para colheita, em torno de 3 meses após o transplante. Retiram-se as folhas abaixo dos repolhos maduros e, em seguida, é efetuada a colheita girando-se os até descolarem do caule. Os repolhos são colhidos à medida que amadurecem, usualmente a cada duas semanas de intervalo. A colheita se estende pelo período em que novos repolhos são formados e vão amadurecendo. A conservação dos repolhos é realizada em câmaras frias a uma temperatura de 0,0 °C a 1,2 °C e umidade relativa de 90% a 95%.





sábado, 21 de dezembro de 2019

Cultivo Orgânico de Couve e Rúcula



Couve
O cultivo de couve (Brassica oleracea L. variedade acephala), muito comum em todo o país é originária da costa do Mediterrâneo onde é cultivada desde antes de Cristo. Pertence à família botânica das brássicas, assim como o repolho, couve-flor , brócolis, couve-de-bruxelas, couve-rábano, rabanete, rúcula, agrião, mostarda e nabo.
Figura 1. Hortaliça-folhosa: Couve

Uso culinário e propriedades nutricionais: especialmente utilizada na culinária portuguesa e brasileira, a couve pode ser frita ou consumida crua. O modo tradicional de consumir couve é cozida. Para preservar as vitaminas A e C, deve-se cozinhá-la rapidamente com pouca água ou preferencialmente cozida no vapor, picada e refogada com outras hortaliças ou ainda cozida em caldo para uma deliciosa sopa. É excelente fonte de beta-caroteno, que o corpo humano transforma em vitamina A, vitamina C e E e, ainda boa fonte de ácido fólico, cálcio, ferro e potássio. Uma xícara de couve contém o dobro das necessidades diárias desses nutrientes. 

Outros nutrientes encontrados numa xícara de couve são: 5 mg de vitamina E, 30 microgramas de folato, 135 mg de cálcio, 2 mg de ferro e 450 mg de potássio. Também fornece mais de 1g de fibras com apenas 50 calorias, o que torna a couve um alimento muito nutritivo, altamente recomendado para quem se preocupa com o peso. Além disso, a couve contém mais ferro e cálcio do que qualquer outra folhosa; seu alto teor de vitamina C aumenta a capacidade de absorção destes minerais pelo organismo. Servir couve com molho de limão ou com outras frutas cítricas na mesma refeição acelera a absorção de ferro e cálcio. O suco de couve crua com limão, além de ser eficaz como remédio contra as lombrigas (parasitoses intestinais), é nutritivo e delicioso; Ingredientes: couve, 1 limão, água e açúcar a gosto. Como fazer: bata a couve com água e coe, esprema o limão e adoce a gosto.

Propriedades terapêuticas: Contém bioflavonóides e outras substâncias que protegem contra o câncer. Ela também contém indóis, compostos que podem diminuir o potencial cancerígeno do estrogênio e induzir a produção de enzimas que protegem contra doenças. A couve, por ser muito rica em cálcio, fósforo e ferro, favorece a formação e manutenção de ossos e dentes e a integridade do sangue. Contém ainda vitamina A, indispensável à boa visão e à saúde da pele e vitaminas do Complexo B, que tem por funções proteger a pele, evitar problemas do aparelho digestivo e do sistema nervoso. Esta hortaliça é ótima remineralizante para o organismo, laxante pela sua grande quantidade em fibras e, boa para a asma e bronquite. Além disso, a couve é muito boa para combater as enfermidades do fígado, como a icterícia e os cálculos biliares, assim como os cálculos renais, as hemorróidas, e as menstruações difíceis ou dolorosas. Em suco, é um tônico excelente, muito recomendado às crianças em fase de desenvolvimento. O caldo da couve cozida é indicado nas enfermidades da pele. A couve  também combate a artrite, desinfeta o intestino, cura as úlceras gástricas e dá ótimo resultado no combate à vermes. Em caso de febre, aplica-se à cabeça do enfermo cataplasma refrescante de folha de couve, que serve, também, para tratar feridas inflamadas. As folhas de couve cozidas ao vapor e aplicadas de hora em hora, em forma de cataplasma quente, são boas para combater a gota, a artrite, as dores reumáticas em geral, e as nevralgias. Também tiram a dor em casos de inflamação dos rins e do fígado. Mesmo cozidas, podem causar flatulência (gases intestinais).

Cultivo:  O cultivo é muito fácil. Para plantar é só lascar o galho de um pé maior de couve e que tenha uns brotinhos próximos das folhas; enterre este galho em uns 10 cm de terra, depois molhe pelo menos uma vez por dia. Dentro de pouco tempo ela brota e começa a sair mais folhas. A melhor época para o plantio vai de fevereiro a maio, mas pode ser cultivada o ano todo. A cultura não é exigente, mas prefere solos levemente argilosos, ricos em matéria orgânica, úmidos e drenados, com pH entre 6 e 6,8. Nas regiões de clima ameno (até 22º C) pode ser plantada o ano inteiro, sendo que nas demais regiões deve-se escolher o período de meses úmidos e de calor menos intenso, sendo portanto uma planta típica de outono e inverno. O meio mais fácil e rápido de propagação é feito por mudas destacadas do "pé-mãe"; essas mudas são brotos que nascem nas axilas das folhas, principalmente durante a época mais quente. Propaga-se também por sementes. Um grama de sementes fornece mudas para cerca de 50 m2. As variedades de couves mais conhecidas são: Manteiga verde lisa, Manteiga verde crespa, Manteiga roxa e Gigante. Dentre as variedades, as couves-manteiga são preferidas por serem mais tenras. Os principais tratos culturais são: capinas, desbrotas e condução da planta de modo a deixar as hastes crescerem livremente. Deve-se também observar que, quando já estiverem bem altas, há possibilidade de se fazer o corte do broto central, favorecendo assim, a formação de mudas. O período crítico de competição com as plantas espontâneas é de até 30 dias após o transplante. As capinas são feitas somente nas linhas de plantio, mantendo-se as plantas de cobertura ou ainda as plantas espontâneas nas entrelinhas. Quando necessário, deve-se roçar nas entrelinhas para evitar competição com a couve. A cobertura morta (palha de arroz, de milho, de feijão, capim-elefante e outros capins é outra alternativa para o manejo de plantas espontâneas, além de conservar a umidade no solo. As adubações de cobertura, se necessário, são feitas 15 a 20 dias após o transplante e 20 dias após a 1ª. Em sistema de produção orgânico equilibrado, não ocorre ataque de pragas e doenças. As principais pragas que podem causar danos às plantas são: as lagartas (Figura 2), traças e pulgões (Figura 3). No manejo das principais pragas, a traça (Plutella xylostella) e o curuquerê da couve (Ascia monuste orseis) recomenda-se, quando necessário, produtos à base de Bacillus thuringiensis, conhecido como dipel ou o preparado de sálvia (planta medicinal e aromática). Modo de preparar a sálvia: derramar 1 L de água fervente sobre 2 colheres (sopa) de folhas secas de sálvia; tampar o recipiente e deixá-lo em repouso durante 10 minutos (infusão). Agitar bem, filtrar e pulverizar imediatamente sobre as plantas para repelir a borboleta branca que coloca os ovos nas folhas das plantas cultivadas, originando as lagartas que comem as folhas. O chá de boldo, aplicado a cada dois dias, também repele as borboletas impedindo-as de colocar os ovos nas plantas. Se houver chuvas logo após a aplicação dos preparados de sálvia ou boldo, deve-se repetir a pulverização. Quando o ataque ocorre em apenas algumas plantas e, dependendo do tamanho da lavoura, a catação manual dos ovos e lagartas é uma prática eficiente. Para o manejo de pulgões, que surgem em condições de tempo seco e quente, recomenda-se diversos preparados à base de plantas (pimenta, alho, cebola, confrei , losna e coentro – ver matéria postada neste blog em 1/7/2010). Modo de preparar a pimenta: colocar num recipiente as pimentas, preferencialmente a malagueta e, em seguida, adicionar álcool até cobrí-las. Deixar em repouso por três dias. Pulverizar as plantas atacadas, utilizando uma colher de sopa do preparado para 1 L de água. Para evitar o odor da pimenta, pulverizar, no mínimo, até 12 dias antes da colheita. A irrigação por aspersão e os inimigos naturais (joaninha), reduzem a incidência de pulgões.
Figura 2. Ataque de lagartas na couve
Figura 3. Ataque de pulgões na folha de couve

As principais doenças são causadas pelos fungos (podridão mole e fusariose), mosaico e a bactéria (podridão negra). A podridão-negra (Xanthomonas campestris pv. Campestris) é causada por bactéria e a alternariose (Alternaria brassicae e A. brassicicola) provocadas por fungos; ocorrem em condições de tempo quente e úmido. Para estas doenças, deve-se fazer o controle preventivo. Entre as medidas, destacam-se: 1) na produção de mudas utilizar sementes sadias, semeadas em bandejas de isopor com substrato isento de doenças; 2) utilizar cultivares resistentes; 3) rotação e consorciação de culturas (Figuras 4 e 5); a rotação e consorciação de culturas com espécies de outras famílias botânicas (com excessão das brássicas), especialmente com adubos verdes, principalmente leguminosas é uma prática altamente recomendável pois além de diminuir as pragas e doenças, melhora a fertilidade do solo através da reciclagem de nutrientes, aumenta a matéria orgânica, fixa o nitrogênio do ar, abafa as plantas espontâneas, cobre o solo diminuindo a erosão e, ainda mantêm a umidade do solo e 4) eliminar restos de culturas anteriores de espécies pertencentes a mesma família botânica (brássicas). Caso necessário, recomenda-se a pulverização com calda bordalesa (0,5%); é importante lembrar que este fungicida é tolerado no cultivo orgânico, mas deve-se obedecer a carência que é de 7 dias entre a última aplicação e colheita das folhas.

Figura 4. Consórcio de couve com mucuna anã e crotalária: as leguminosas, além de melhorarem a fertilidade do solo, reciclando os nutrientes, fixam o nitrogênio do ar e ainda cobrem o solo, abafando as plantas espontâneas, evitando a erosão e mantendo a umidade no solo.
Figura 5. Consórcio de couve com coentro (hortaliça-condimento que atrai inimigos naturais das pragas que atacam as hortaliças)

Colheita: pode ser feita 50 dias após o plantio das mudas e 90 dias após a semeadura. Colhe-se praticamente o ano todo. Uma boa planta produz cerca de 4 a 5 kg de folhas por ano. A couve conserva-se em geladeira em boas condições por uma semana.


Rúcula
Nem todos gostam do sabor levemente 'ardido' da rúcula. Na culinária, o uso da rúcula (Figura 6) é um pouco restrito devido a seu sabor forte que elimina o dos outros alimentos. Mas é justamente essa característica que fez a hortaliça ganhar espaço no cardápio da população brasileira. Planta originária da região do Mediterrâneo e Europa, e conhecida desde a Antiguidade, a rúcula (Eruca sativus Mill.), também conhecida como mostarda persa, pertence à família das brássicas (repolho, couve, couve-flor, brócolis, nabo, agrião, mostarda e rabanete).
Figura 6. Hortaliça-folhosa: rúcula

Uso culinário e propriedades nutricionais e terapêuticas: é servida crua em saladas ou refogada e como ingrediente de tortas, massas e sanduíches; também é utilizada como cobertura de pizza, combinada com tomates secos e muçarela de búfala. A rúcula é um excelente complemento de refeições mais pesadas (ex.: carne de porco). Em feiras, supermercados e centrais de abastecimento, a hortaliça é vendida em maços, mas também há a opção de comprá-la limpa e embalada em grandes redes de varejo. Planta herbácea, tem folhas lisas de 12 a 16 cm de comprimento, macias, perfumadas e de sabor amargo. Seus brotos são comestíveis e muito saborosos. A rúcula é rica em proteínas e vitaminas A e C, com bom teor de cálcio e ferro e pobre em calorias. A rúcula é excelente como estimulante de apetite, depurativa e diurética e, ainda indicada para diabetes.

Cultivo: prefere os climas amenos, pois com o calor emite flores, o crescimento é insatisfatório, além de prejudicar a qualidade das folhas.  A hortaliça apresenta bom crescimento entre 15 e 18 graus, pois em faixas com temperaturas mais elevadas suas folhas ficam menores e com textura inadequada para comercialização. Contudo, é possível o cultivo de rúcula mesmo em locais quentes.  Nas regiões quentes, recomenda-se a semeadura entre março e agosto. Prefere solos equilibrados entre argilosos e arenosos, com muita matéria orgânica e com acidez baixa. Terrenos com risco de encharcamento favorecem surgimento de doenças na cultura. A propagação é feita por sementes, sendo que um grama contém, em média, 525 sementes.  Há dois métodos de plantio: diretamente no canteiro definitivo ou em bandejas de isopor; em ambos deve-se manter de 20 a 25 cm de espaçamento entre linhas e à 0,5 cm de profundidade, cobrindo as sementes com terra. Na semeadura direta, usa-se apenas 0,2 grama de semente por metro linear. Em bandejas, o indicado é usar, em cada célula, de quatro a oito sementes, que germinarão entre três e quatro dias. Nas horas mais frescas do dia, deve-se fazer o transplante assim que a muda apresentar de três a quatro folhas. Quando as plantas estiverem com 10 cm de altura, faz-se o desbaste, deixando as plantas vigorosas a cada 5 cm. Após a semeadura, recomenda-se cobrir o canteiro com capim seco sem sementes, retirando-o no início da germinação das plantas ou então utilizando cobertura com sombrite, sustentada por arcos de bambu. Regas diárias são necessárias, bem como a limpeza dos canteiros, o que estimula novas brotações. Os insetos que mais atacam as plantas são: lagarta-da-couve (o adulto é uma mariposa de asas brancas com pontas pretas), lagarta-rosca (ataca as mudas à noite), traça-das-folhas (pequena lagarta que fura as folhas e as deixa rendadas) e os pulgões (de cor branca, sugam as folhas e transmitem doenças). As doenças mais comuns são: mosaico que deixa as folhas crespas; a podridão mole, mais frequente nos períodos chuvosos, causando lesões úmidas; a podridão negra que ataca as folhas deixando uma mancha na forma de "V"; a fusariose que amarela parte da folha ou do pé e o míldio que são filamentos brancos na parte inferior das folhas. Para o manejo das pragas e doenças da rúcula, vale as mesmas recomendações para a cultura da couve, pois sendo da mesma família botânica estas são comuns. A rotação e de culturas com espécies de outras famílias botânicas (com excessão das brássicas), especialmente com adubos verdes, principalmente leguminosas é uma prática altamente recomendável pois além de diminuir as pragas e doenças, melhora a fertilidade do solo através da reciclagem de nutrientes, aumento da matéria orgânica e fixação do nitrogênio do ar, abafa as plantas espontâneas, cobre o solo diminuindo a erosão e, ainda mantêm a umidade do solo.

Colheita: a hortaliça está pronta para o consumo entre 30 e 40 dias após o plantio. Deve-se evitar passar desse prazo, pois a rúcula inicia o período reprodutivo e as folhas ficam mais fibrosas. A colheita é feita preferencialmente arrancando-se a planta inteira, com folhas e raízes. Porém, pode-se apenas retirar as folhas para permitir nova brotação. Nesse caso, elas devem ser cortadas acima da gema apical. Corta-se as folhas, 3 a 4 vezes, até que se inicie o florescimento. A rúcula é comercializada em maços. Quando fresca, as folhas são bem verdes, firmes e viçosas; se estiver amareladas, murchas ou com pequenos pontos pretos, já não servem para o consumo. Para conservar a rúcula por 2 a 3 dias, coloque em saco plástico e guarde na gaveta inferior da geladeira.