google.com, pub-8049697581559549, DIRECT, f08c47fec0942fa0 VIDA NATURAL: Adubação Orgânica em Horta

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sábado, 29 de julho de 2017

Adubação Orgânica em Horta



Sempre que possível e econômica, a adubação orgânica deve ser efetuada. Para a cana-de-açúcar, o uso de vinhaça e torta de filtro, resíduos importantes da agroindústria canavieira, representam importantes aportes de matéria orgânica e de potássio e fósforo, respectivamente.

A manutenção da palhada sobre o solo também garante importante reciclagem de nutrientes, principalmente de potássio e nitrogênio. Quanto à adubação orgânica, todas as fontes de material orgânico que não contenham elementos tóxicos ou contaminantes podem ser utilizadas. É necessário lembrar que as fontes orgânicas não contém todos os nutrientes em quantidades balanceadas. Portanto, pode ser necessário adicionar, também, adubos químicos.

Para a cana, os resíduos das usinas, como a torta de filtro e a vinhaça, são excelentes fontes de fertilizantes orgânicos. Os compostos formados com essas fontes são, também, de grande eficiência e podem ser adicionados a outros resíduos, como a cama de frango, palhadas, restos de cultura, dejetos animais, lixo orgânico e lodo de esgoto, desde que não contenham metais.

A adição de matéria orgânica melhora, consideravelmente, as características físicas e biológicas do solo. Os maiores benefícios constatados são: 

redução do processo erosivo; 
maior disponibilidade de nutrientes às plantas;
maior retenção de água;
menor diferença de temperatura do solo durante o dia e a noite;
estimulação da atividade biológica;
aumento da taxa de infiltração;
maior agregação de partículas do solo.
A adubação orgânica tem, ainda, outros aspectos bastante favoráveis. Ela utiliza resíduos cujo descarte causaria impactos ambientais. Outro ponto forte desse tipo de adubação é o seu tempo de duração. O processo de absorção dos nutrientes orgânicos envolve decomposição e mineralização. Assim, a adubação orgânica é uma fonte de nutrientes lenta e duradoura.

Contudo, a composição nutricional da adubação orgânica, em alguns casos, pode não ser balanceada, devido à origem da matéria-prima empregada nesse tipo de adubação (Tabela 1), tornando-se necessária a complementação com fertilizantes minerais. 

Tabela 1. Composição química típica de vários materiais orgânicos de origem animal, vegetal e agroindustrial. 


































O maior empecilho do emprego da adubação orgânica em grandes áreas é a falta de equipamentos adequados para a aplicação no campo, pois, geralmente, são materiais com alto teor de umidade, o que torna a atividade pouco eficiente e demorada em relação à adubação mineral. 

Estercos de origem animal

Dos adubos orgânicos, o esterco animal é considerado o mais importante, sendo que seu principal nutriente é o nitrogênio. Sua composição química possui outros elementos, como o fósforo e o potássio. Apesar de ser bastante rico em nutrientes, pelo fato de a concentração dos elementos químicos presentes no adubo ser desbalanceada, o esterco animal deve ser aplicado e complementado por doses adicionais de fertilizantes minerais. A mistura de esterco com adubos fosfatados tem mostrado excelentes resultados, pois além de ajudar a reter o fósforo no solo, reduz as perdas de nitrogênio.

Compostos

O composto é resultado da decomposição de restos vegetais. A decomposição pode ser feita com o auxílio de camadas superficiais de terra ou esterco animal que, pela presença de grande quantidade de microrganismos, aceleram a decomposição do material vegetal. A decomposição dos restos vegetais também é possível por meio da adição de corretivos, como o calcário e a uréia na mistura.

Os compostos podem possuir diferentes quantidades de carbono, nitrogênio e outros nutrientes. A relação entre as quantidades de carbono e nitrogênio e carbono e fósforo dá uma idéia do tempo de liberação dos nutrientes no solo. Assim, é possível prever quando será necessária uma nova aplicação.

Lodo de esgoto e lixo urbano

Os lodos de esgoto, embora muito carentes em potássio, possuem elevados teores de fósforo. Por sua vez, o lixo urbano é rico em nutrientes importantes para as plantas. Porém, a aplicação deles exige alguns cuidados, pois há possibilidade da presença de patógenos e metais pesados em ambos.

O lodo de esgoto ou biossólido e o lixo urbano são recomendados como fonte de nutrientes, principalmente para a manutenção de parques e jardins, culturas de interesse madeireiro ou para produção de alimentos, desde que o produto da colheita, durante seu desenvolvimento, não tenha tido contato direto com o lodo, como exemplo, as espécies frutíferas.

Vinhaça

Além de ser uma excelente fonte de potássio, a vinhaça é também fonte de muitos outros nutrientes, como nitrogênio, cálcio, magnésio, zinco e cobre. A vinhaça é recomendada conforme a fertilidade do solo e o tipo de mosto responsável por sua obtenção. Sua aplicação nas propriedades agrícolas tem sido responsável por aumentos de pH e notável elevação da atividade biológica do solo.

A quantidade de vinhaça a ser aplicada na propriedade varia de 60 a 250 metros cúbicos por hectare, conforme a concentração de potássio existente no solo. A aplicação da vinhaça é uma boa opção para os produtores de cana-de-açúcar, pois, como é gerado pela indústria canavieira, sua obtenção é relativamente fácil.

Torta de filtro

Assim como a vinhaça, a torta de filtro também é um resíduo gerado nas etapas de produção da agroindústria canavieira. Isso facilita a sua obtenção para o produtor de cana-de-açúcar.

Além de possuir alto teor nutricional já no primeiro ano de aplicação, a torta de filtro é capaz de liberar grande quantidade dos seus nutrientes no solo. Outra boa característica é sua capacidade de reter água e de manter a umidade do solo.

O resíduo umidecido pode ser aplicado na cultura da cana-de-açúcar em área total, com uma concentração de 80 a 100 toneladas por hectare. No sulco do plantio pode ser aplicada com uma concentração de 15 a 30 toneladas por hectare e, nas entrelinhas, com uma concentração de 40 a 50 toneladas por hectare.

Adubação orgânica para hortas caseiras

As plantas necessitam de vários nutrientes para se desenvolverem de forma equilibrada e cumprirem sua função no ambiente. São mais de 35 nutrientes absorvidos pela planta, no entanto existem aqueles que são exigidos em maior quantidade.
Para facilitar sua compreensão, os nutrientes essenciais para as plantas foram divididos em Macronutrientes e Micronutrientes. De forma bem simples, os Macronutrientes são os que as plantas absorvem em maior quantidade e os micronutrientes são absorvidos em menor quantidade.
Isso não significa que a importância de um nutriente está na quantidade que a planta absorve. O que importa é o equilíbrio nutricional de tal modo que se aquele nutriente que a planta absorve em pequena quantidade não estiver presente ou em deficiência, pode interferir na absorção de outros nutrientes e, por consequência no desenvolvimento da planta.

Macronutrientes e Micronutrientes

Os macronutrientes são o Nitrogênio (N), Fósforo (P), Potássio (K), Cálcio (Ca), Enxofre (S) e Magnésio (Mg). Os micronutrientes mais importante são o Boro (B), Zinco (Zn), Cobre (Cu), Ferro (Fe), Manganês (Mn), Molibdênio (Mo) e Níquel (Ni).
O símbolo de cada nutriente acompanha a tabela periódica dos elementos, por isso que o Fósforo, por exemplo é representado pela letra “P”, (Phosphorus em latin).
Cada nutriente exerce uma ou mais funções na planta de tal modo que seu excesso ou falta prejudica vários processos vitais para seu desenvolvimento. Há também interações benéficas e maléficas entre os nutrientes como por exemplo a relação Ca/Mg que de acordo com pesquisas para alguns cultivos, deve estar em 4 partes (Ca) para 1 parte (Mg) na planta. Outra exemplo é a função do potássio como estimulante para a planta resistir ao ataque de insetos e pragas.

Fontes de Nutrientes

Todas as fontes de nutrientes para as plantas são naturais, são extraídos da natureza! O que diferencia são os processos químicos e industriais que essas fontes passam para agregar alguma função como a solubilidade, concentração e maior disponibilidade para as plantas.
A agricultura mundial utiliza fontes de nutrientes altamente solúveis baseadas em Nitrogênio (N), Fósforo (P) e Potássio (K), conhecido como N-P-K. Com certeza se você já foi numa loja agrícola ou de jardinagem se deparou com adubos com essas letras.
Ocorre que o uso de adubos muito solúveis trazem alguns efeitos colaterais como a acidificação mais rápida do solo, aumento da infestação de pragas, diminuição dos microrganismos do solo, além de um grande gasto energético nos processos industriais de obtenção.
O uso dessas fontes de nutrientes  é proibido em sistemas de produção de alimentos orgânicos, são preferidos fontes orgânicas provenientes da transformação de restos vegetais e animais através da compostagem (fermentação) realizada por centenas de milhares de microrganismos. Eles decompõem a matéria orgânica, liberando os nutrientes para as plantas.
Então se você já tem ou pretende fazer uma horta orgânica de qualquer tamanho, use somente adubos orgânicos que vão fornecer bem mais que os nutrientes para as plantas. Estão presentes nos adubos orgânicos, microrganismos benéficos ao solo, hormônios vegetais, indutores de crescimento e de resistência às pragas e doenças. Melhora a capacidade do solo em armazenar água, facilita sua aeração e a descompactação.   
As fontes orgânicas de nutrientes mais comuns são: Estercos de animais (bovino, equino, caprino, coelhos, suínos). Húmus de minhocas, obtido pelo processo de digestão da matéria orgânica pelas minhocas, aliás escrevi um artigo sobre o poder do húmus de minhoca e os passos para obtenção.
O problema de sua utilização é a disponibilidade e a qualidade desses tipos de adubos aí na sua região. Você tem dois caminhos: fazer seu próprio adubo orgânico ou compra-lo em lojas de jardinagem e/ou agrícolas.
O primeiro caminho requer mais tempo e matéria orgânica em qualidade e quantidade suficientes, mas esse assunto vou tratar nos próximos artigos. O segundo é mais fácil e rápido e você deve estar atento a origem desse adubo, alguns vêm misturados com fontes solúveis como a uréia (fonte de N), superfosfato simples (fonte de P) e cloreto de potássio (fonte de K).
Aqui vai algumas recomendações que devem ser observadas no momento da compra de adubos orgânicos:
  • Prefira adubos com o Selo Nacional de Conformidade Orgânica, ele é mais uma garantia que é permitido para sua horta;
  • Observe algumas informações no rótulo como a umidade e a garantia mínima de nutrientes. A umidade tem que ser no máximo 30%, cuidado para não comprar mais água a adubos; As garantias mínimas de nutrientes servirão de base para calcular a quantidade de adubos aplicados em sua planta, e se você tem dúvidas em relação a isso, posso te ajudar com recomendações específicas para o seu caso.
  • Uma informação simples mas que muita gente não se atenta é a validade. Adubos orgânicos fora da validade podem estar contaminados com fungos e bactérias que causam doenças em plantas. A quantidade de nutrientes diminui ao longo do tempo. Já atendi muitos agricultores que compraram adubos orgânicos fora da validade ou não se atentaram para essa informação e não tiveram resultado esperado.

Quando e quanto usar?

Cada planta tem  necessidades específicas de nutrientes, e para fazer uma recomendação mais precisa de adubação é necessário conhecer o seu solo. Para isso só coletando uma amostra e enviar para um laboratório para conhecer a quantidade de nutrientes seus índices de fertilidade.
Como sei que para hortas orgânicas caseiras, esse tipo de análise é mais difícil de ser realizada, existem algumas recomendações básicas para o momento de plantio e manutenção da sua horta.

Horta em vasos

A absorção de nutrientes das plantas em vasos é diferente pois as raízes têm impedimentos físicos ao seu crescimento. Dessa forma a absorção  pode ocorrer de forma mais intensa em  todo o volume do vaso, o que não ocorre quando plantadas em canteiros.
Hortaliças folhosas (Alface, cebolinha, coentro, couve e salsa)
Adubação de plantio: 1:1 ( uma parte de terra para uma parte de adubo orgânico)
Adubação e manutenção: 50 a 100 g por vaso a cada 15 dias dependendo do ciclo da hortaliça, para alface por exemplo duas adubações bastam pois ela será colhida com 25 a 35 dias após o plantio nos vasos
Hortaliças que dão frutos (Tomate, pimenta, pimentão, berinjela, abóboras)
Adubação de plantio: 2:1 (duas partes de terra para 1 parte de adubo)
Adubação de manutenção: 150 a 200 g de adubo orgânico por planta após 30 dias do plantio até o início do florescimento, aumentar para 200 a 300 g por planta a cada 15 dias na fase de florescimento e frutificação.



Horta em canteiros e berços
Para hortas orgânicas em canteiros o parâmetro de adubação usado é a quantidade por metro quadrado de canteiro. Berços são orifícios circulares, retangulares ou quadrados feitos no solo para o plantio sem a necessidade de canteiros. É mais comum chamar de covas, no entanto a palavra cova é usada para coisas mortas, neste caso estamos plantando seres vivos, então a palavra berço gera um sentido de cuidado maior, aliás essas plantinhas são verdadeiros bebês.
Hortaliças folhosas
Adubação de plantio: 1 a 2 kg/m2 de adubos orgânicos
Adubação de manutenção: 300g/m2 15 dias após o plantio dependendo do ciclo da hortaliça.


Hortaliça-fruto em berços

Adubação de plantio: 500 a 600g/planta
Adubação de manutenção: 300g/planta 20 dias após o plantio, repetindo a cada 20 dias até o início do florescimento. Nesta fase aumentar para 400g/planta mantendo a mesma frequência de aplicação.

Só lembrando que são recomendações médias baseadas na literatura, e em minha experiência ao longo de 12 anos ajudando agricultores na área urbana e rural a cultivarem hortas e pomares em transição ou em sistemas orgânicos consolidados.
Se você cultiva ou pretende cultivar em áreas acima de 1000 m2 recomendo que faça uma análise química e física do solo e peça para um Agrônomo fazer a interpretação e recomendação da adubação. Sei que ainda ficaram algumas dúvidas, não se acanhe e escreva suas perguntas e sugestões  na área de comentários.

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